Portugal inicia transição de governo, em guinada para a direita

Lisboa — Dez dias depois das eleições em que deu uma guinada à direita, Portugal, finalmente, começou seu processo de transição política. Antes mesmo de tomar posse — a cerimônia está marcada para 2 de abril —, o futuro primeiro-ministro, Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática, se apresentou à presidente do Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, e emitiu um recado claro aos demais partidos para que não criem dificuldades ao novo governo. Para ele, o país deve mostrar à população, aos agentes econômicos e aos parceiros europeus que tem maturidade suficiente para manter a estabilidade que sempre o caracterizou.

“Não há motivo, nem interno nem externo, para se duvidar da capacidade administrativa do novo governo. Não há nenhuma razão para duvidar da maturidade democrática dos portugueses, seja dos que votaram, seja dos que assumiram responsabilidades, no governo e na oposição”, disse Montenegro. Na avaliação dele, embora não disponha de maioria absoluta na Assembleia da República, o novo governo tem a confiança dos eleitores e do que se exige dos atores políticos, ou seja, o sentido de responsabilidade. Da presidente da Comissão Europeia, ele recebeu a garantia de que terá todo o apoio necessário para governar Portugal. Montenegro também se reuniu com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

Um fato inédito chamou a atenção em Bruxelas: as presenças do atual premiê português, o socialista António Costa, e de seu sucessor. Os dois conversaram e ressaltaram a importância de se colocar em primeiro plano o desejo da população de um país melhor. “Não sou voz da oposição, até estou rouco”, disse Costa. Apesar do bom momento econômico de Portugal, com crescimento acima da média europeia, desemprego em baixa e contas públicas arrumadas, há um descontentamento enorme dos cidadãos, que reclamam dos impactos da recente inflação, da severa crise na habitação e da deterioração dos serviços da saúde e da educação. Foi esse sentimento de desproteção que levou mais de 1,1 milhão de portugueses a elegerem 50 deputados do partido Chega, de extrema-direita.

Revisão do Orçamento

O primeiro grande desafio de Montenegro será obter os votos necessários na Assembleia da República para revisar o Orçamento de 2024, feito pela administração que está saindo. Ele prometeu cortar impostos, mas, ao mesmo tempo, dar aumentos salariais para professores, policiais, médicos e aposentados e pensionistas. O Partido Socialista admitiu apoiar algumas medidas, porém, ressaltou que fará uma oposição responsável e aguerrida. O Chega, que tentou, de todas as formas, aderir ao novo governo e foi rechaçado pelo líder da Aliança Democrática, indicou que vai esperar um sinal mais claro de Montenegro para se posicionar.

Para não ficar tão refém de votos conquistados na oposição, o futuro primeiro-ministro de Portugal conta com a adesão ao governo da Iniciativa Liberal (IL), com seus oito deputados. O casamento ainda não foi selado. Também há possibilidade de o Livre, de centro-esquerda, com quatro parlamentares na Assembleia da República, se posicionar a favor de Montenegro em votações mais importantes. O líder do partido, Rui Tavares, afirmou que fará uma oposição “leal, construtiva e vigorosa”, mas rechaçou qualquer apoio se Montenegro ceder a uma parcela da Aliança Democrática que defende um acordo com a extrema-direita.

Montenegro informou que os novos ministros serão apresentados em 28 de março. Ele pretende dar uma cara mais liberal ao governo e passar aos investidores e ao comando da União Europeia a visão de que fará uma gestão responsável, uma vez que Portugal é extremamente dependente dos repasses de Bruxelas para tocar investimentos, sobretudo, na área de infraestrutura. Ele recebeu apoio de Úrsula von der Leyen, mas esse suporte veio acompanhado do alerta de que o momento vivido pela Europa é crucial. Há uma guerra nas suas franjas, entre a Ucrânia e a Rússia; a região vê o crescimento de movimentos anti-imigração; há falta de moradias e a ultradireita ganha força.

Lisboa — Os portugueses que vivem no Brasil, mas mantêm o direito de voto em Portugal, foram fundamentais para que um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no país europeu perdesse o mandato de deputado para um representante da extrema-direita. Augusto Santos Silva, do Partido Socialista (PS), que ainda preside a Assembleia da República, não conseguiu obter os votos necessários no exterior para garantir uma vaga no Parlamento que tomará posse nos próximos dias.

Envolvidos pela máquina bolsonarista — especializada em difundir fake news nas redes sociais —, os portugueses que moram em território brasileiro garantiram 24,6% dos votos ao Chega, contra apenas 15,3% do Partido Socialista. O Chega também venceu de forma expressiva no circuito europeu, graças às votações maciças na Suíça e em Luxemburgo, para onde estão seguindo os jovens portugueses, que se sentem excluídos do atual processo político e econômico. Muitos consideraram o apoio desse grupo etário à ultradireita como um protesto.

O socialista Augusto Santos Silva: derrota para os ultraconservadores

Dos quatro deputados da Assembleia da República eleitos com votos do estrangeiro, o Chega ficou com dois, entre eles, José Dias Fernandes, que, durante anos, foi imigrante ilegal na França, sendo expulso duas vezes do país. Já o PS garantiu um parlamentar, e a Aliança Democrática, do futuro primeiro-ministro, Luís Montenegro, um.

Santos Silva tomou a frente na defesa de Lula na cerimônia em comemoração do 25 de Abril no ano passado. O líder brasileiro havia sido convidado para discursar no Parlamento no dia em que se celebra a Revolução dos Cravos, que garantiu o retorno da democracia em Portugal, mas enfrentou um protesto de deputados do Chega, que gritavam e batiam nas mesas enquanto o petista falava. O presidente da Assembleia interveio e pediu respeito ao líder brasileiro, alegando que se tratava do discurso de um chefe de Estado com fortes ligações com Portugal. Ele conseguiu controlar a situação.

A decepção com a não reeleição de Santos Silva foi grande no Partido Socialista e no governo brasileiro. Em entrevista à rede de tevê SIC, o político afirmou que a sua não reeleição reflete o péssimo momento enfrentado pelo Partido Socialista, depois de oito anos à frente do governo. A atual administração caiu por causa de denúncias de corrupção que atingiram o primeiro-ministro, António Costa, e vários de seus auxiliares. Costa pediu renúncia e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou eleições. Passados quatro meses da Operação Influencer, comandada pelo Ministério Público, nada foi provado contra nenhum dos acusados. (VN)

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Nas Olimpíadas de 2024 faça turismo com segurança

Nas Olimpíadas de 2024 faça turismo com segurança ((Foto: Freepik/ montagem))

Segurança nas Olimpíadas de 2024: Os jogos olímpicos são a maior competição e celebração esportiva de todo o mundo. As competições, como conhecemos na atualidade, foram idealizadas pelo francês Barão Pierre de Coubertin. No ano de 2024, as competições serão realizadas na França, na cidade de Paris, com abertura dos eventos em cerimônia aberta, às margens do rio Sena.

Por intermédio dos jogos, a cada quatro anos atletas de todos os continentes disputam diversas modalidades esportivas. As competições são realizadas em versões de inverno e verão, além das paralimpíadas, disputadas por atletas com alguma deficiência.

O objetivo principal dos jogos olímpicos é a promoção da paz, pela integração e a união entre os países componentes. Ainda, a visão do movimento olímpico está fundada na construção de um mundo melhor através do desporto, com a promoção dos valores da excelência, da amizade e do respeito.

A preparação para as Olimpíadas de 2024 está em ritmo acelerado, pois as celebrações e jogos estão com início programado para o mês de julho. Por se tratar de um evento global, de grande notoriedade e interesse mundial, a corrida para os ingressos dos eventos, reservas de hotéis e passagens é frenética, segundo sites especializados.

O mundo, o terrorismo, os ataques cibernéticos e as Olimpíadas de 2024

Os jogos olímpicos são eventos disputadíssimos por pessoas de todos os continentes. O trânsito de autoridades e turistas crescerá de forma exponencial, acarretando um incremento obrigatório nos níveis, protocolos e medidas de segurança e proteção.

Em contraponto ao espírito desportivo, o mundo atravessa uma fase de inconstâncias e disputas de toda natureza, que merecem ser trazidas como forma de alerta, para a segurança dos turistas. Há uma grande turbulência globalizada nos panoramas políticos e bélicos, fatos que criam grande instabilidade.

Nesse prisma, o terrorismo e os ataques cibernéticos são considerados pelos organizadores do evento os maiores temores para as pessoas durante a realização das cerimônias, dos jogos e de toda a estrutura envolvida.

Uma das questões mais trabalhadas pelos responsáveis pela estruturação das olimpíadas está ligada à cerimônia de abertura, pois ocorrerá em local aberto, às margens do rio Sena. O que potencializa o risco e as possíveis ações terroristas e criminosas.

Histórico de ataques em jogos olímpicos

Na história das olimpíadas, era moderna, há registros oficiais de ataques terroristas em duas edições. O mais gravoso ocorreu durante os jogos em Munique no ano de 1972. Naquele momento fatídico 11 membros da delegação de Israel foram sequestrados e assassinados. O outro fato foi registrado em 1996, em Atlanta, quando um artefato explosivo foi detonado fazendo uma vítima fatal, deixando outras 110 pessoas feridas.

Além das disputas e conflitos diversos pelo planeta, neste ano de 2024 temos um cenário de guerra envolvendo países que estarão presentes na disputa dos jogos. Tal fato pode potencializar a existência de possíveis retaliações ou ataques diretos. Ou mesmo, serem utilizados como pano de fundo para a atuação de grupos terroristas divergentes.

A bem-estar físico e moral das autoridades, atletas, turistas e dos moradores locais é um ponto sempre observado nas publicações e artigos sobre a estruturação dos esquemas de segurança para as olimpíadas.

Os planos e ações são apresentados ao mundo para que as atividades sejam consideradas confiáveis no quesito segurança.

Saiba como está a situação política na França

Vivenciou-se um passado recente com bastantes conturbações em território francês. As mobilizações populares estiveram perceptivelmente inflamadas nos últimos anos, em especial pelas questões sociais, políticas e raciais. Atualmente, ainda se percebe uma adequação das questões apresentadas.

No que se refere aos eventos olímpicos, uma outra situação a ser considerada está afeta às estruturas necessárias para o devido atendimento do turista nas questões emergenciais e de infraestrutura.

Segundo notícias e movimentações ocorridas no início deste mês, trazidas pela Confederação Geral do Trabalho (em francês, Confédération générale du travail, CGT), os setores de serviços franceses cogitam a paralisação, por estado de greve, durante o período olímpico.

Estas nuances devem ser devidamente acompanhadas pelos viajantes que estarão presentes durante os eventos das olimpíadas.

Dicas para a sua segurança durante as Olimpíadas de 2024

As olimpíadas atrairão um número expressivo de turistas de todo o mundo. É fundamental que você, como turista muito antenado que deve ser, esteja atento a fatores que potencializem sua segurança, comodidade e bem-estar durante sua experiência.

Planejamento

O planejamento e devido acompanhamento dos passos e informações relativas aos eventos (transporte, hospedagem, ingressos, etc.) devem ter uma checagem rotineira. Especialmente, por se tratar de uma viagem internacional, os detalhes precisam ser seguidos e cumpridos para o sucesso da atividade.

Seguro viagem

Não se esqueça de contratar um bom seguro de viagem, observando as peculiaridades e tranquilidade que esta ferramenta pode apresentar em casos de um evento fortuito.

Deslocamentos, documentos e pertences

Mesmo cercado de todo o aparato que ocorre durante eventos dessa natureza, evite o deslocamento por locais menos seguros ou afastados. Nos deslocamentos procure utilizar transportes oficiais ou aplicativos. Mantenha seus documentos e pertences de maior valor em local seguro. Mantenha bolsas e carteiras sempre próximas ao corpo.

Contatos

É necessário estar de posse de uma relação de contatos e pontos oficiais de apoio. Conheça os ambientes para atendimentos emergenciais e de socorrimento.

Como em todo evento de grande monta, o número excessivo de pessoas transitando e aglomeradas deverá ser uma constante. Tenha em mente que adotar uma postura de segurança é fundamental para evitar transtornos.

Haja vista ser um evento de grande notoriedade e capilaridade, muitos fatores de segurança além dos convencionais devem ser observados. Quaisquer dúvidas procure as autoridades locais, em casos extremos busque uma representação diplomática do Brasil naquele ambiente.

LEIA TAMBÉM: Quebec: agora ficou mais fácil chegar a Mont-Tremblant

Como dica de segurança em suas viagens busque sempre por ambientes que possam disponibilizar um sentimento de segurança ou uma entrega de benefícios, através de constatações físicas e presenciais de suas estruturas.

Sua segurança, sempre em primeiro lugar. Não caia em furadas e divirta-se em suas viagens.

No mais busque atividades que transmitam um sentimento de segurança, mesmo nas aventuras mais radicais. Caso queira compartilhar suas experiências, de forma que a coluna possa contribuir para a segurança dos demais turistas, envie sua sugestão no nosso Instagram.

Siga o @portaluaiturismo no Instagram e no TikTok @uai.turismo

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Embratur cria programa para aumentar número de voos internacionais para o Brasil

O governo quer atrair novos voos internacionais com destino ao Brasil. Para isso, criará um programa, executado pela Embratur, que prevê o uso de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), no qual as companhias de aviação e aeroportos poderão promover, em parceria, as rotas aéreas estreantes em campanhas de publicidade e outras ações.

Deverá ser publicado hoje no Diário Oficial o primeiro edital do Programa de Aceleração do Turismo Internacional (Pati), que prevê a realização de parceria público-privada com as companhias aéreas e aeroportos. A meta é ampliar o número de assentos e voos internacionais que aterrissam no Brasil.

Segundo interlocutores do governo, a primeira fase será de testes e ajustes, com previsão de investimentos de cerca R$ 7 milhões. Metade desse valor será de recursos públicos, e o restante, das empresas.

O edital convida as companhias aéreas e aeroportos a lançarem novos voos internacionais com destino ao Brasil e apresentarem propostas de investimento na promoção desses trajetos.

São exemplos campanhas publicitárias no país de origem dos voos e a realização de viagens promocionais com jornalistas, influenciadores digitais e operadores de turismo estrangeiros.

‘Mercados estratégicos’

Segundo o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, esse programa é inédito no país. Ele destacou que serviram de referência para o Brasil iniciativas adotadas por países como Reino Unido, Espanha, Irlanda e Suécia.

— O alcance das metas de crescimento do turismo internacional no Brasil está intrinsecamente associado a um fator de mercado, que é a conectividade aérea. Não adianta o crescente interesse internacional em conhecer o Brasil, se não houver voo direto ou com conexões curtas, em preço competitivo. Com esse programa, adaptamos para nossa realidade as melhores práticas internacionais de atração de novos voos — disse Freixo.

A estimativa é que o programa gere cerca de 83 mil novos assentos. Atualmente, há em torno de 13 milhões de assentos em aviões internacionais que vêm para o país, e a previsão para este ano, sem o programa, é que o volume atinja cerca de 15 milhões.

O edital também estabelece critérios que privilegiam voos a partir de países considerados “mercados estratégicos” — ou por já enviarem uma grande quantidade de turistas para o Brasil, ou porque são grandes emissores internacionais.

É o caso, por exemplo, de Alemanha e China, segundo e terceiro maiores emissores de turistas no mundo, mas que ocupam apenas a oitava e a vigésima posições entre os que mais visitam o Brasil, respectivamente.

Em 2023, mais de 60% dos turistas alemães que visitaram o Brasil vieram em voos com conexão em outros locais da Europa, o que evidencia a baixa conectividade com aquele país. Já os voos diretos da China para o Brasil serão retomados apenas em maio deste ano.

A contrapartida da Embratur é financeira: com recursos do FNAC, a estatal vai bancar parte das ações de promoção das novas rotas aéreas. Serão R$ 40 para cada assento em novo voo que pouse no Brasil, durante o período de 27 de outubro deste ano a 29 de março de 2025. A companhia aérea também entraria com R$ 40.

Pontuação vai variar

O edital prevê pontuações crescentes para as propostas que projetem um investimento privado maior que o público. Ao mesmo tempo, estabelece penalidade na pontuação das propostas com contrapartidas menores que o valor investido pela Embratur.

Para pleitear o recurso, a companhia tem de garantir um crescimento da malha aérea em relação à temporada anterior. Assim, o dinheiro estará vinculado aos novos assentos e deverá ser investido na promoção das rotas.

Mais Sobre Infraestrutura

Renegociação de concessões oferece oportunidade de recuperar rodovias

Renovação de concessões de rodovias pode atrair R$ 110 bi de investimentos

Na disputa por recursos do FNAC, a criação de rotas que decolem de aeroportos que não têm voo direto para o Brasil ganhará pontos. A frequência semanal maior do voo também será premiada com maior pontuação, assim como a conveniência do horário de chegada e partida, com preferência para o intervalo entre 9h e 18h.

Também serão mais bem ranqueadas as propostas que usarem aeronaves mais modernas, que emitam menos carbono na atmosfera. Além disso, terão mais chances empresas com políticas de sustentabilidade e meio ambiente, combate ao tráfico de pessoas, atendimento à mulher, inclusão social e diversidade.

Empresas aéreas cancelam voos SP-RJ por mau tempo mesmo sem intempéries

Quase metade dos cancelamentos de voos da ponte aérea no ano passado feitos sob alegação de má condição climática em um dos aeroportos ocorreu em dias nos quais nem Congonhas (São Paulo) nem Santos Dumont (Rio de Janeiro) fecharam um minuto sequer.

Empresas aéreas, especialistas e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmam que a identificação de mau tempo inclui outras variáveis além do fechamento do aeroporto, como modelo da aeronave, certificados dos pilotos e rajadas de ventos momentâneas.

Contudo, o levantamento mostra cancelamentos em dias nos quais tanto Congonhas como o Santos Dumont operavam nas melhores condições climáticas possíveis. Uma das companhias aéreas reconheceu o erro na justificativa dada em um dos casos apontados.

Como mostrou reportagem da Folha, as companhias apresentaram no ano passado justificativas divergentes aos dois aeroportos para cancelar voos da ponte aérea. Há também um vácuo na fiscalização dessas informações, já que nenhum órgão do setor assumiu a responsabilidade pela tarefa.

Toda rota de voo utiliza dois slots: um no aeroporto de partida e outro no de chegada. Ao cancelar um voo da ponte aérea, as companhias são obrigadas a apresentar uma justificativa para cada um dos aeroportos por não utilizarem o espaço reservado a elas.

A cobrança ocorre porque Santos Dumont e Congonhas são considerados aeroportos coordenados, em que há intensa disputa por uma posição a ser operada.

AdChoices

ADVERTISING

Resolução da Anac exige das empresas um índice de utilização de 80% dos slots. No entanto, não são considerados no cálculo cancelamentos por motivos fora da capacidade de gerenciamento das empresas, como má condição climática.

Folha Mercado

Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.

Carregando…

Dos 2.004 cancelamentos de voos nessa rota, 634 indicaram em ao menos uma das justificativas condição climática adversa no aeroporto de partida ou de chegada (código 71 e 72 da portaria da Anac sobre o tema). O levantamento não inclui mau tempo na rota (código 73).

Neste grupo, 279 (14% do total e 44% dos cancelamentos por mau tempo) ocorreram em dias nos quais nenhum dos dois aeroportos fechou.

Entre os 634 voos cancelados com indicação de má condição climática em um dos aeroportos, também foi identificado 368 divergências em relação ao código atribuído no outro ponto da rota (partida ou chegada).

Além disso, em 121 desses cancelamentos, o outro código atribuído não confere abono no cálculo do índice (6% do total de cancelamentos ou 19% dos que indicam mau tempo em um dos aeroportos).

Foi, por exemplo, o que ocorreu com o voo 3916 da Latam, que partiria às 14h do dia 25 de maio do ano passado de Congonhas para Santos Dumont. No aeroporto de partida, a empresa atribuiu o código 99 (“motivos diversos”) para justificar a não utilização do slot —causa não abonável no índice de regularidade. No de chegada, porém, incluiu o código 72 (“problema no aeroporto de destino causado por condições climáticas adversas”).

Dados da Rede de Meteorologia da Aeronáutica mostram, porém, que o Santos Dumont operou em condições visuais ao longo de todo o dia —são as melhores condições de voo, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. Não houve, também, qualquer fenômeno naquele dia que impedisse o pouso.

Algo semelhante ocorreu com o voo 1031 da Gol em 29 de março de 2023, que sairia do Santos Dumont em direção a Congonhas às 14h40. A companhia atribuiu o código 72 como justificativa do cancelamento nos dois aeroportos.

Leia mais

Ponte aérea tem voos cancelados por razões divergentes e sem fiscalização

Veja as justificativas dadas para o cancelamento de seu voo na ponte aérea em 2023

Veja os direitos do consumidor em caso de voo cancelado ou adiado

O aeroporto de São Paulo operou ao longo de quase todo o dia em VFR (operação segundo as regras do voo visual), tendo uma leve piora apenas as 17h —mais de uma hora depois do horário previsto para pouso do voo. A companhia reconheceu o erro na atribuição do código, mas afirma que o correto seria outra justificativa também abonável no índice de regularidade —colisão de aeronave com um pássaro.

Entre as divergências nas justificativas, há também casos de contradição flagrante. Em 32 voos, o motivo dado para o cancelamento no aeroporto de partida foi má condição climática no de chegada (código 72), enquanto no de destino foi apontado motivo inverso: mau tempo na partida (código 71). Um é da Azul e os 31 restantes, da Latam.

A indicação de má condição climática em ao menos um dos aeroportos foi mais comum na Azul. Ela aparece em 85% dos 129 voos cancelados nesta rota no ano passado. Neste grupo da companhia, há divergência entre os códigos em 30% dos casos. Em 9%, a outra justificativa dada não confere abono.

A Latam inclui os códigos 71 e 72 em 44% dos cancelamentos que realizou no período nesta rota. Em 30% houve divergência entre os códigos, e em 10% a outra causa impacta no cálculo do índice de regularidade.

A Gol foi a que proporcionalmente menos usou condição climática adversa nos aeroportos como justificativa (6% dos cancelamentos).

Folha Mercado

Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.

Carregando…

O coordenador do curso de Aviação Civil da Universidade Anhembi Morumbi, Alexandre Kaperaviczus, diz que o aeroporto estar aberto não é o suficiente para indicar a possibilidade de pouso e decolagem.

“Não basta o aeroporto estar aberto. Isso é decisão do piloto. Ele vai analisar os dados meteorológicos. Dentro do avião, ninguém toma decisão se não for o piloto”, afirma.

Aroldo Soares, mestre em segurança de voo pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), diz que há aeronaves que têm limitações específicas. Rajadas de vento, mesmo em boas condições meteorológicas, podem impedir a decolagem e o pouso. Ele afirma, porém, que há a possibilidade de uso sem critério da justificativa.

“Usam esse termo ‘condições meteorológicas’ para tudo, quando na verdade são outros fatores que acabam interferindo.”

Nem todas as adversidades climáticas fecham aeroporto, diz Anac

Em nota, a Anac diz que “nem todas as adversidades climáticas se referem à visibilidade mínima, que é o parâmetro típico para que um aeródromo declare operação abaixo dos mínimos”.

“Condições climáticas adversas abarcam um escopo amplo de incidências climatológicas. Além de chuva forte, são consideradas condições climáticas adversas ventos fortes que possam interferir no equilíbrio da aeronave durante uma manobra de aproximação ou neblinas que prejudiquem a visibilidade, por exemplo”, afirma a agência.

“O próprio impacto da meteorologia em operações é amplamente relativo e dependerá de aspectos como os procedimentos de segurança operacional da empresa e do piloto que comanda o voo, o próprio horário da operação, entre outros. Trata-se, portanto, de um dado complexo e de avaliação metódica”, diz a nota.

A agência não comentou os casos de divergência nas justificativas, por afirmar não ter a atribuição para fiscalizar os motivos de não utilização dos slots.

A Azul afirma que “pousos e decolagens podem ser afetados por uma série de fatores, decisões operacionais da tripulação ou do centro de operações da companhia, seja por ventos fortes, incidência de chuvas, contingenciamento de tráfego aéreo e outros fatores, mesmo que o aeroporto esteja apto e aberto para operações”.

A Latam diz que “a maior parte dos cancelamentos ocorre por questões alheias ao seu controle” e que registrou “95% de regularidade nos voos da ponte aérea” no ano passado.

“Quando uma aeronave é impossibilitada de decolar ou pousar em algum aeroporto por situações alheias ao seu controle, como questões meteorológicas ou de infraestrutura, os demais voos programados para aquela aeronave podem ser impactados em uma espécie de ‘efeito cascata'”, diz a companhia.

A companhia não se posicionou sobre o cancelamento voo 3916 do dia 25 de maio.

A Gol afirma que voos podem ser afetados por um efeito cascata de cancelamentos causados por má condições climáticas em outros aeroportos —motivo não incluído nos códigos 71 e 72, usados no levantamento.

“Os aviões não estão restritos a rotas específicas diariamente, e entram numa escala conhecida como ‘trilho’, utilizando um jargão do setor aéreo. No mesmo dia, as aeronaves, assim como as tripulações, podem atender de dois a sete aeroportos distintos, obedecendo a um trilho previamente planejado. Essa versatilidade, embora valiosa, também significa que condições adversas em qualquer uma dessas localidades pode impactar negativamente as etapas subsequentes da aeronave”, diz a companhia.

A companhia, porém, reconheceu equívoco na atribuição do código 72 para justificar o cancelamento do voo 1031 do dia 29 de março do ano passado. A Gol afirma que ele ocorreu em razão da colisão de uma aeronave com um pássaro em Congonhas, o que levou ao fechamento temporário do aeroporto.

“A Gol salienta que tanto o código 72 (meteorologia adversa no aeroporto de destino) como o 81 (tráfego aéreo) são usados em situações não gerenciáveis pela empresa aérea.”

Com 8,1 mil casos, afastamentos do trabalho por transtornos mentais e burnout no Ceará aumenta 46%

A quantidade de afastamentos do trabalho no Ceará por questões relacionadas à saúde mental — como ansiedade generalizada, fobia social, depressão e — aumentou 46% em 2023, na comparação com o ano anterior. No ano passado, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concedeu 8,1 mil benefícios acidentários ou previdenciários no Estado, enquanto em 2022 esse número foi de 5,5 mil.

Esse aumento ocorre após uma redução de 5% em 2022, quando comparado a 2021. No primeiro ano da série histórica enviada pelo Instituto ao , 5,8 mil benefícios haviam sido concedidos pelos CID-10 — o código internacional de doenças — relativos a transtornos mentais e comportamentais e esgotamento. A média de afastamentos mensais em 2021 foi de 489. Esse número reduziu para 464 em 2022 e depois saltou para 678 em 2023.

Os transtornos mentais e comportamentais estão entre as principais causas de afastamento do trabalho no Ceará. O do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab) aponta que essas doenças foram responsáveis por 11% dos casos em 2022 — correspondendo a um em cada nove afastamentos naquele ano, o mais recente disponível na plataforma.

O contexto em relação ao trabalho cria um cenário propício para o adoecimento mental, explica Iratan Bezerra de Sabóia, doutor em Psicologia e professor do mestrado de Psicologia e Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará (UFC), no Campus de Sobral.

Três fatores são citados pelo docente: o fato de as pessoas passarem cerca de metade do dia no trabalho, uma série de pressões sofridas pelos trabalhadores e a lógica de se trabalhar com algo que permita acesso ao mínimo para a subsistência — e não necessariamente por interesse na área em que se atua.

O professor ainda acrescenta o atual ritmo de vida “muito intenso” e a cobrança por se manter sempre atualizado quanto às tendências de mercado e aos processos de trabalho. Tudo isso enquanto há um volume de informações que “sequer conseguimos cognitivamente processar e reter”.

Isso sem falar em toda a pressão social que sofremos hoje porque a posição social está muito vinculada ao nosso poder de consumo — que, no final das contas, está vinculado ao trabalho. Então, o trabalho é também uma medida social, de bem-aventurança social. Todo esse caldo é muito propício para o adoecimento. Não é à toa que depressão, ansiedade e burnout são considerados males do século, estão entre as doenças que mais afetam a população no mundo e em especial no Brasil.

Iratan Bezerra de Sabóia

Doutor em psicologia e professor do Campus de Sobral da UFC

SAÚDE MENTAL E MERCADO DE TRABALHO

Em novembro de 2023, após 24 anos, o Ministério da Saúde atualizou a lista de doenças relacionadas ao trabalho, com incorporação de 165 novas patologias, como Covid-19, doenças de saúde mental e distúrbios musculoesqueléticos. Com a mudança, a quantidade de códigos de diagnósticos inseridos no documento passou de 182 para 347.

Entre essas novas doenças na lista está a síndrome de . Incluída na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID 11) como um fenômeno ocupacional, ela consta na CID 10 entre os “problemas relacionados com a organização de seu modo de vida”. No Ceará, a quantidade de afastamentos por esse motivo aumentou a cada ano, entre 2021 e 2023.

Considerado uma síndrome laboral, o foi a causa de 70 benefícios concedidos pelo INSS no Ceará em 2023. Destes, foram 47 benefícios previdenciários — sem relação com o trabalho — e 23 acidentários — em que há relação com afunção. Iratan Bezerra de Sabóia aponta a dificuldade para se estabelecer um nexo causal entre o adoecimento mental e o trabalho como causador desse quadro. Apesar disso, ele afirma que esse entendimento tem mudado ao longo do tempo.

Durante muito tempo foi muito complicado, principalmente em termos legais, termos uma associação entre a saúde mental e os impactos que o trabalho tem na saúde mental. Isso porque a relação de causa e efeito entre um acontecimento e a provável doença mental, o agravamento em relação à saúde mental do trabalhador, é meio distante. É diferente de uma causa física.

Iratan Bezerra de Sabóia

Doutor em psicologia e professor do Campus de Sobral da UFC

Sobre a quantidade de benefícios concedidos pelo INSS no Ceará ao longo dos últimos anos, o docente destaca o salto “de uma ordem absurda” entre 2022 e 2023. Foram 2,5 mil afastamentos a mais entre os dois anos. “É uma tendência que temos hoje em dia, inclusive podendo nem só estar relacionado ao trabalho, mas ao adoecimento mental de uma forma geral”, comenta.

Sabóia aponta, ainda, o impacto da desregulamentação do mercado e da precarização do trabalho para a saúde mental, em um contexto de crescente informalidade e no qual o trabalhador precisa do salário para sobreviver enquanto os empregadores têm “um exército de reserva disponível”.

“No cenário de uma economia fragilizada, o primeiro corte feito é na mão de obra. Agora, imagina esse trabalhador sendo demitido. O que ele vai fazer? Como ele vai levar comida para casa? Obviamente, isso causa uma pressão nessa pessoa que vai impactar a saúde mental dela”, reflete.

O professor também destaca o direito ao uso do tempo, que é prejudicado quando é necessário dedicar “um tempo excessivo ao trabalho para garantir minimamente uma condição material para a família”.

Toda a conjuntura na qual as pessoas sentem que trabalham muito, ganham pouco e a vida não melhora tem ainda outro impacto, segundo o professor: uma virada de radicalização em torno do espectro social e guinadas autoritárias na política em todo o mundo.

“Está intimamente ligado a essa resposta inadequada que temos tido no campo do trabalho, do que o trabalho devolve para a pessoa não só como bem material, mas como bem psicológico. De a pessoa enxergar algum sentido no seu trabalho ou ter condição de ter outros espaços sociais e tempos sociais para se fazer como sujeito”, complementa.

“ATÉ O DESCANSO TEM CERTA CULPA”

O ápice do cansaço — mental e físico — para Felipe* (nome fictício) foi em outubro de 2023. Um dia, acordou triste, sem ânimo. O corpo e a mente estavam cansados. Com dores de cabeça, no ouvido e no corpo, sensibilidade ao barulho e falta de paciência, ele avisou ao chefe que precisava ir a uma emergência hospitalar.

“Se você não teve febre e não está com coriza, podemos descartar algumas síndromes gripais. Me parece, portanto, que você está encaminhando para um ”, disse o médico, ao ouvir a lista de sintomas. Mas Felipe não podia parar. O máximo que conseguiu foi um atestado de três dias — o total de faltas que poderia ter em um mês. “Na segunda-feira da semana seguinte, tive que retornar ao trabalho, porque, enfim, a vida demandava. E fui tentando lidar com esse cansaço”, lembra.

Recém-concursado, Felipe é professor da rede pública de um município cearense. Ele já era bolsista de doutorado antes de assumir o cargo com jornada de oito horas diárias e, quando estava focado apenas na pós-graduação, conta que tinha tempo para o lazer. Com o novo emprego e a distância percorrida de casa até a escola, a rotina mudou, o tempo para dedicar à escrita da tese ficou mais escasso e a preocupação passou a rondar seus pensamentos.

“Estou trabalhando, não tenho tempo para escrever. Quando tenho tempo livre, no final de semana, minha cabeça já está muito estressada, muito cansada, meu corpo está cansado. Fico desejando descanso. Só que até o descanso tem certa culpa, porque minha cabeça não para, ela fica: ‘poxa, você tem que estar escrevendo, tem que aproveitar esse tempo para escrever, tem que aproveitar esse tempo para ler, para continuar a tese, ou não vai dar tempo’. Então, toda essa preocupação foi se somatizando ao longo desse último ano”, narra.

Felipe cita a infraestrutura da escola — que não oferece “o mínimo de conforto” para o professor e para o estudante — e questões sociais relacionadas à realidade dos alunos como pontos que dificultam o trabalho.

A prefeitura, por mais que se preocupe com isso, quer resultados. E os resultados são quantificáveis, não são qualitativos. Ela quer saber se o aluno está tirando nota 10, se a escola está sendo aprovada, se a quantidade ‘X’ de alunos está sendo aprovada. Não pode reprovar aluno. Todas essas questões tiram um pouco da nossa saúde mental, vão consumindo você aos poucos.

Felipe*

Professor e estudante de doutorado

Depois da conversa com o médico no ano passado, o professor passou a intensificar as atividades físicas e pensar menos na tese, uma vez que o estado probatório não permite afastamento para finalizar o doutorado. Em consequência, o processo de escrita ficou mais lento e ele solicitou, pela segunda vez, o adiamento do prazo para a defesa.

“Estou no aguardo, nessa ansiedade de saber se o programa vai ou não aceitar esse pedido. Até lá, (estou) tentando escrever no ritmo que posso, sem violentar o meu corpo, sem violentar a minha mente”, afirma.

TIPOS DE BENEFÍCIO E DIREITOS DO TRABALHADOR

Os dados concedidos à reportagem pela assessoria de imprensa do INSS dizem respeito a benefícios previdenciários (código B-31) e acidentários (código B-91) concedidos no Ceará por incapacidade temporária e permanente. O juiz do Trabalho em Sobral Raimundo Dias de Oliveira Neto, gestor do Programa Trabalho Seguro (PTS) no Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT Ceará), explica haver uma “diferença fundamental” entre os efeitos jurídicos deles.

Enquanto o benefício previdenciário é concedido devido a doenças comuns, sem relação com o trabalho, o funcionário tem direito ao benefício acidentário em casos de acidentes de trabalho ou doenças relacionadas à função. Nesse último caso, é reconhecido o nexo causal entre a doença e a atividade desempenhada no trabalho.

O magistrado explica que, nos casos de acidente de trabalho ou doenças relacionadas à atividade, o empregado só poderá voltar às funções após a alta pelo perito médico do INSS. Além disso, após o retorno, o trabalhador tem garantida a manutenção do contrato de trabalho por pelo menos um ano. Essa determinação consta no artigo 118 da Lei 8.213, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social.

“Caso a empresa, antes de completado este período, dispense o trabalhador sem que ele tenha cometido qualquer falta grave, deverá indenizar o período restante da estabilidade provisória, mediante pagamento dos salários, 13º salário, férias mais ⅓ e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)”, explica. O período de estabilidade pode ser maior, se isso for previsto na convenção coletiva de trabalho ou em acordo coletivo aplicável à categoria profissional.

Por outro lado, quando o nexo de causalidade não é reconhecido, o benefício é concedido como doença comum e o trabalhador não tem direito à estabilidade no emprego nem aos depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nesse período.

É importante destacar que, quando a Previdência não reconhece o nexo de causalidade entre a doença e a atividade laboral, o empregado pode judicializar o caso na Justiça Federal, contra a Autarquia Previdenciária, reclamando o enquadramento como doença relacionada ao trabalho, para que obtenha, se acolhida a ação judicial, o benefício previdenciário com direitos mais amplos.

Raimundo Dias de Oliveira Neto

Juiz do Trabalho e gestor do Programa Trabalho Seguro (PTS) no TRT Ceará

O juiz também afirma que as empresas podem ser responsabilizadas pelo adoecimento mental dos trabalhadores, “desde que incorram em práticas que contribuam para tal”. Assédio moral praticado por gestores ou chefes imediatos estão entre os exemplos mais comuns — como quando há cobrança com rigor excessivo de produtividade ou tratamento clara e comprovadamente discriminatório.

“É comum que, em casos tais, os trabalhadores venham à Justiça do Trabalho pedir indenizações por danos morais, materiais ou existenciais, inclusive pensão vitalícia, em casos mais extremos”, complementa.

Os casos mais comuns relacionados à saúde mental que chegam à Justiça do Trabalho por meio de ações ajuizadas pelos trabalhadores estão relacionados principalmente à depressão e à síndrome de , segundo Raimundo Neto. “Infelizmente, também tem aumentado o número de suicídios”, acrescenta.

“Segundo a International Stress Management Association (ISMA), com base em dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), o Brasil ocupa o 2º lugar no mundial de casos de , com 30% dos trabalhadores atingidos pela doença, atrás apenas do Japão (70%)”, comenta o juiz do Trabalho.

Em busca de promover ações de conscientização e prevenção de acidentes e doenças do trabalho, Raimundo Neto explica que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) implantou o Programa Trabalho Seguro em 2012, do qual é gestor regional ao lado da desembargadora Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno. O projeto realiza eventos em diferentes datas, como o Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral no Trabalho, em 2 de maio, e o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, em 10 de setembro.

Além disso, há o Grupo de Trabalho Interinstitucional do Programa Trabalho Seguro (Getrin), do TRT Ceará, que reúne entidades parceiras e representantes de empregadores e empregados. Outra iniciativa, ainda em fase embrionária, é o projeto CIPA Escolar, que visa promover, em salas de aula, discussões sobre temas relacionados a questões tratadas em Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPAs).

“Acreditamos firmemente que essa atuação conjunta com a sociedade nesse trabalho extrajudicial de conscientização há de contribuir como política pública de prevenção aos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais”, afirma Raimundo Neto.

Tempo que o brasileiro fica sem energia está em queda, diz Aneel

Os consumidores brasileiros ficaram, em média, 10,43 horas sem energia durante interrupções de fornecimento em 2023. Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a duração dos blecautes é a menor em 15 anos. O dado representa uma queda de 6,9% em comparação a 2022, quando a soma do tempo sem luz chegou a 11,2 horas.

Segundo a agência, houve melhora na qualidade de prestação do serviço. A frequência (FEC) das interrupções se manteve em trajetória decrescente, reduzindo de 5,47 interrupções em 2022 para 5,24 interrupções em média por consumidor no ano passado, o que significa uma melhora de 4,2% no período.

Duas grandes interrupções marcaram 2023. Em agosto, erros em dados usados para funcionamento de usinas geradoras causaram corte de energia em 25 unidadas da Federação e no Distrito Federal. O evento começou em uma linha de transmissão entre Quixadá e Fortaleza, no Ceará, que pertence à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), uma subsidiária da Eletrobras. Roraima foi a única unidade federativa não atingida pelo episódio porque o estado é isolado e não faz parte do sistema integrado nacional.

Em novembro, mais de 2 milhões de pessoas foram prejudicadas por um apagão na grande São Paulo. Embora a maioria das regiões atingidas tenha passado 72 horas no escuro, alguns locais chegaram a ficar quase uma semana sem energia. O episódio teve início com uma forte tempestade que atingiu o estado, com rajadas de vento de mais 100km/h, que provocaram a queda de centenas de árvores e diversos alagamentos. Segundo a Enel, principal distribuidora que atua na região, a força dos ventos danificou a rede de distribuição, quebrou centenas de postes, derrubou transformadores e rompeu cabos elétricos.

A frequência de interrupções e a duração vêm caindo, sucessivamente, desde 2015. No entanto, os dois episódios acenderam alerta para fragilidades no sistema elétrico brasileiro. Em tempos de mudanças climáticas, o assessor político para o tema de Energia do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Cássio Cardoso, afirmou que os efeitos, que já são devastadores, tendem a ser agravados. “O setor não consegue atender à demanda devido, principalmente, à falta de mão de obra e investimentos na infraestrutura”, avaliou Cardoso, a exemplo do que aconteceu em São Paulo.

Os valores de compensação, que são pagos pelas distribuidoras aos consumidores que sofreram níveis altos de interrupção no fornecimento de energia, registraram alta no último ano, passando de R$ 765 milhões em 2022 para R$ 1,08 bilhão em 2023. A compensação é paga automaticamente por meio de descontos na conta de luz, sem que haja a necessidade de que o consumidor acione a distribuidora.

“O valor de compensações pagas aos consumidores aumentou sensivelmente no ano passado, fruto do trabalho de regulação da agência que aperfeiçoou as regras de compensação para direcionar maiores valores para os consumidores com piores níveis de continuidade”, destacou a Aneel, em nota.

A quantidade de compensações também aumentou, de 20 milhões para 22 milhões. A agência destacou que a forte redução na quantidade de compensações de 2021 para 2022 ocorreu em virtude de mudança na regulação sobre o tema, com o objetivo de direcionar maiores valores para os consumidores com piores níveis de continuidade. Assim, o valor de compensação pago individualmente aumentou, em média, cerca de quatro vezes.

A Aneel avaliou o desempenho de todas as concessionárias de energia no Brasil por meio do Desempenho Global de Continuidade (DGC). Entre as distribuidoras de grande porte, as com pior avaliação foram a Equatorial GO, em Goiás, na 29º posição, a CEEE, braço da Equatorial no Rio Grande do Sul, em 28º, e a Neoenergia Brasília, em 27º lugar.

A Aneel avalia o desempenho das distribuidoras de energia de acordo com dois critérios: o indicador de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), que mede o tempo médio que cada unidade consumidora, como casas e comércios, ficou sem energia elétrica, e a Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), número médio de interrupções ocorridas. Cada distribuidora tem uma meta individual para esses indicadores.

A concessionária que atua no Distrito Federal caiu uma posição em relação ao ranking de 2022. Em nota enviada ao Correio, a Neoenergia Brasília afirmou que a classificação “não se trata de um índice da empresa que tem a melhor qualidade em nível nacional”. Segundo a concessionária, a qualidade do fornecimento percebida pelos consumidores do DF é melhor do que a dos clientes de outras distribuidoras mais bem posicionadas no ranking. “Isso é evidenciado quando observamos a quantidade de tempo que o brasileiro ficou sem energia (aproximadamente 12 horas) e comparamos com a quantidade de tempo que o brasiliense ficou sem energia (6,87 horas) no último ano”, destacou a empresa.

Entre as concessionárias que atendem a mais de 400 mil unidades consumidoras, a mais bem avaliada pela Aneel foi a CPFL (Companhia Jaguari de Energia) Santa Cruz, que opera no interior de São Paulo. Em seguida, estão a Equatorial PA (Pará) e Cosern, braço da Neoenergia no Rio Grande do Norte.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Os reflexos da segurança na promoção do turismo

Os reflexos da segurança na promoção do turismo (Foto: Freepik)

Há uma relação intrínseca do turismo e economia, haja vista uma constatação fática da importância da atividade na geração de dividendos ao país. Segundo dados oficiais, 8% do PIB está ligado à indústria do turismo. Conforme o Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged) o setor foi responsável pela criação de 214.086 vagas de empregos formais no ano de 2023.

Nesse mesmo período, pelos dados do Banco Central (Bacen) e do Ministério do Turismo, só os turistas internacionais trouxeram um aporte financeiro de aproximadamente 35 bilhões de Reais no ano de 2023. Esse quantitativo financeiro se configura, na entrada de cerca de 5,91 milhões de turistas estrangeiros que estiveram em território nacional no ano citado. Os dados da entrada de estrangeiros são certificados pela Polícia Federal.

A Embratur, na sua função de promoção internacional do turismo, afirma que o circuito ligado às atividades turísticas, tais como transporte aéreo, hotelaria, gastronomia, agências de viagens, dentre outros tiveram um crescimento de 7,5% no ano de 2023.

Os voos ofertados em 2023 foi cerca de 40% a mais que no ano anterior, redundando na oferta de 32,47% a mais no número de assentos disponibilizados.

Os dados disponibilizados apresentam a importância e grandeza da atividade turística no contexto da economia nacional.

Panorama da segurança no turismo

Notadamente, sem a necessidade de uma pesquisa censitária, o quesito segurança é primordial para a realização de quaisquer atividades econômicas. O tema é presente e compõe todos os discursos, políticos ou não, na obtenção de recursos e investimentos.

Tendo como referência a imensa indústria do turismo e, consequentemente, os diversos setores e pessoas que estão atrelados a todas as atividades, torna-se imprescindível uma rede de segurança e apoio para a realização dos diversos circuitos turísticos e atividades inerentes ao turismo.

Não há nenhuma dúvida, mesmo que por percepção empírica, que o fator segurança tem grande influência na atração de investimentos e recursos. Além, de ser determinante na escolha de destinos uma grande parcela de viajantes.

Em todos os segmentos envolvidos para a estruturação da atividade turística o fator segurança está permeado. As questões de infraestrutura relativas ao transporte, hospedagem e serviços de toda natureza devem estar contempladas por esses preceitos daquela natureza.

Turismo e segurança pública

O Brasil, por suas dimensões continentais, possui uma geografia extremamente diversificada, um dos fatores de atração de uma gama de viajantes. Lindas praias, biomas maravilhosos, uma rica biodiversidade, cartões postais conhecidos mundialmente, além de um povo gentil e acolhedor em sua grande maioria.

Cada ambiente apresenta padrões e comportamentos distintos que necessitam de medidas próprias do poder público através das ferramentas estatais para a proteção e segurança da coletividade.

Podemos citar a segurança em seu conceito mais amplo, o relativo à atividade estatal, ou seja, a segurança pública, como presente e necessária, cooperando em todos os ambientes e cadeias produtivas do turismo.

A garantia da estabilidade necessária para a execução de todos os elementos constitutivos das diversas atividades dessa imensa indústria do turismo. Não podemos deixar de assinalar a estrutura estatal de apoio ao turista, em especial ao internacional, através de entes especializados no atendimento e socorrimento desses viajantes.

Certamente, a segurança no turismo faz parte desse sistema complexo, interligado e, por vezes independente, que compõe a atividade. A estruturação física e social deve ser implementada nos espaços destinados ao turismo, compondo uma equação adequada ao propósito, ou seja, a segurança dos envolvidos.

Por esta abordagem, todas as ações no âmbito do turismo, devem ser pautadas numa perspectiva ampla que inclua os usuários, a infraestrutura e as políticas de segurança, necessárias para o bem-estar de todos.

Reflexos da segurança em ambientes turísticos

Turistas não estão isentos de possíveis ações humanas, por intermédio da criminalidade, ou do acontecimento de acidentes ou fenômenos naturais que possam colocar em risco sua integridade.

No entanto, a sensação de segurança deve ser explorada e transmitida para que os turistas se sintam confortáveis em visitar determinado destino. O ambiente ideal deve ser aquele em que o público local e o turista tenham a mesma percepção de tranquilidade.

A diferença, no entanto, está no sentimento daquele que está em férias ou desfrutando do lazer em outro ambiente. Pois, sem dúvida, está buscando o entretenimento, por vezes desconsiderando quesitos formais de segurança. Por essa circunstância o turista tende a estar mais vulnerável pela condição de explorar ao máximo a experiência.

Por essas questões peculiares, os destinos turísticos tendem a receber maior atenção no que diz respeito às questões de proteção.

A inobservância dessa percepção e a ausência de medidas protetivas podem comprometer grandemente as atividades turísticas, e por consequência as questões econômicas.

Acidentes e prevenção no turismo

Eventos naturais ou provocados pelo homem podem impactar economicamente ambientes com grande potencial turístico. Contratempos e intempéries podem ocorrer, em sua maioria, quando quesitos de segurança não são observados ou são deixados de lado.

Neste cenário, um grande desafio é a prevenção de acidentes e fenômenos de toda natureza. Há uma necessidade premente de conscientização das pessoas, em especial os turistas, das peculiaridades ambientais, das restrições de segurança e das limitações técnicas de profissionais envolvidos nas incontáveis atividades turísticas presentes no país.

Segundo literatura especializada na atividade turística cerca de 90% dos acidentes ocorrem por falta de comunicação dos riscos. Foram elencadas as principais causas dessas situações:

Não há dúvida que um turismo seguro atrai e garante a manutenção da atividade laboral e econômica.

Não podemos deixar de trazer aquelas tradicionais dicas. Assim, tenha a condição de segurança como fator preponderante para a escolha dos ambientes de suas aventuras. Sua segurança, sempre em primeiro lugar.

Não caia em furadas e divirta-se em suas viagens. No mais busque atividades que transmitam um sentimento de segurança, mesmo nas aventuras mais radicais. Caso queira compartilhar suas experiências, de forma que a coluna possa contribuir para a segurança dos demais turistas, envie sua sugestão no nosso Instagram @portaluaiturismo.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Apex Brasil dá início a encontros nos EUA para ampliar negócios

Washington – Estados Unidos e Canadá são países estratégicos para as relações comerciais do Brasil e, a fim de alavancar negócios com esses dois países, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) deu início, nesta terça-feira (12/3), ao encontro de quatro dias com representantes de Setores de Promoção Comercial (Secoms) e com secretários de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sectecs) e de Agricultura com os países da América do Norte, em Washington.

Como os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, o presidente da Apex, Jorge Viana, é pragmático em relação à maior economia do planeta e prefere deixar a preferência política de lado na hora de fazer negócio. “Eu tenho falado, o Brasil tem que aprender a fazer negócio. Agora, os chineses fazem isso, os Estados Unidos, fazem isso. O Brasil precisa fazer isso, não por conta de preferências ou por conta de problemas circunstanciais. A gente tem que valorizar as empresas, a geração de emprego e a presença do nosso país no mundo”, destacou ele em pronunciamento. O encontro tem como objetivo ouvir os empresários sobre as dificuldades nesses mercados e buscar aproximar mais as empresas e o governo brasileiro e com a Apex.

Viana ainda lembrou que a Apex já realizou, no ano passado, eventos parecidos na África, no Panamá e na Colômbia, e, em breve, deverá ir para a Ásia com o mesmo objetivo. Ele contou que, antes de chegar em Washington, deu uma passada em Boston (Massachusetts, EUA), para participar de um evento do setor de pescados e destacou que o Brasil não pode ter apenas 0,2% da participação do mercado global dessa proteína. “O Brasil tem que entrar forte nesse setor e ampliar também o mercado de frutas, porque temos boas empresas e podemos exportar mais”, disse ele, lembrando que o governo brasileiro abriu, por exemplo, o mercado de abacate na Índia, agora o país mais populoso do planeta. “Parece pouca coisa, mas não é”, pontuou.

Antes da fala de Viana, na abertura do evento, a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti, destacou que há inúmeras oportunidades de negócios entre os dois países, especialmente nas áreas de tecnologia, da transição energética e da Saúde. “Parecem especialmente alvissareiras as perspectivas nas áreas de transição energética e de fortalecimento do mercado de hidrogênio verde, assim como na esfera da economia digital. Como sabem, nós temos um mecanismo muito interessante de coordenação entre o Brasil e os Estados Unidos, que envolve o governo e o setor privado”, afirmou. Segundo ela, no fim do ano passado, houve uma discussão muito interessante sobre essas novas oportunidades, em Brasília, e os dois países têm o interesse em dar seguimento a essas conversações em Washington, provavelmente, em abril, para apresentar não só o bom momento da economia brasileira, mas os diversos programas lançados para a promoção de investimentos, para transição ecológica, e dar mais detalhes sobre a reforma tributária e o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

< ” aria-label=”Botão para direita” style=”color: black;”>>

De acordo com a embaixadora, a proposta feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao governo dos EUA, no ano passado, para uma nova parceria para a transição energética focada no hidrogênio de baixo carbono e em combustíveis sustentáveis de aviação (SAFs) com o objetivo de aproveitar e potencializar as vantagens dos dois países nesses setores. “Essa iniciativa trará importantes benefícios para nossos produtores e impactos em matéria de qualificação de mão de obra”, afirmou Viotti. Segundo ela, os dois países também têm realizado conversas para o desenvolvimento de cadeias na área de tecnologia, como a da produção de semicondutores.

“Naturalmente, os Estados Unidos têm grande interesse nos esforços que vínhamos desenvolvendo de preservação da Floresta Amazônica. Por isso, é muito importante que haja uma atenção grande de nossa parte nessas questões, ao mesmo tempo que isso também abre mercados potenciais em setores associado à bioeconomia e à agricultura sustentável e oferece também maiores oportunidades de associação de produtos com a marca Brasil no mercado, que, embora amplo e dinâmico, é caracterizado por forte concorrência de uma presença consolidada de empresas e marcas domésticas e importadas”, ressaltou a embaixadora.

De acordo com integrantes do governo brasileiro, o interesse de investidores norte-americanos pelo Brasil cresceu após a troca de governo, tanto que o país foi o segundo maior destino global de investimento estrangeiro direto em 2023, atrás apenas dos Estados Unidos. O fato da corrida eleitoral deste ano, a agenda bilateral de transição energética não deverá ser ameaçada, porque é uma pauta que está na prioridade da maioria das empresas.

A expectativa deles, inclusive, é que o interesse pelo país tende a crescer devido ao grande número de eventos que devem ser realizados no Brasil, como a Cúpula do G20 — grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta mas a União Europeia —, no fim deste ano, no Rio de Janeiro, e a 30ª conferência sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (COP 30), em 2025, no Pará.

“Essa é uma conjunção de fatores que contribui para perspectivas muito positivas para este ano e 2025, com o Brasil presidindo o G20 e o país sediando a COP 30, em 2025. Portanto, eu penso que as nossas discussões de hoje e nos próximos dias contribuirão para encontrarmos maneiras de tornar tão boas oportunidades uma realidade muito melhor”, afirmou Maria Luiza Viotti.

Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), lembrou que o Brasil é um país que se desindustrializou precocemente e, portanto, é necessário uma política industrial que mostre um rumo para que o investidor brasileiro e estrangeiro volte a apostar no país. E, por conta disso, a nova política industrial que prevê alavancar R$ 300 bilhões até 2026 está focada em áreas como o complexo industrial da Saúde, a agroindústria, a defesa, a infraestrutura e a mobilidade. “Essas são as missões estratégicas da nova indústria e os investimentos podem chegar a US$ 300 bilhões somados ao PAC, mas ainda é um volume pequeno se comparado ao dos EUA nesse segmento, de US$ 1,9 trilhão”, comparou.

Rosa destacou que há um consenso no Congresso para a aprovação do combustível do futuro, que poderá regulamentar a produção do SAF e do biometano, além de ampliar a mistura do etanol na gasolina para até 35%. “Com isso, abre-se um novo mercado e o Brasil precisa deixar claro para o mundo qual é o rumo que ele vai seguir”, apontou.

Conforme dados levantados pela Apex, em 2023, o Brasil exportou US$ 36,9 bilhões para os EUA, volume com crescimento médio de quase 5,5% ao ano desde 2019. Em 2021 o estoque de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) dos EUA no Brasil cresceu 48% em comparação a 2020, fechando o ano em US$ 206,2 bilhões – o maior valor anual investido pelos EUA no Brasil entre 2012 e 2021.

De acordo com dados do MDIC, existem mais de 3,6 mil empresas estadunidenses presentes no Brasil, e a maior parte é concentrada na indústria de transformação. O Canadá foi o 10º destino das exportações brasileiras e o 14º com maior fluxo de comércio com o Brasil em 2023. O estoque de investimentos canadenses no país é de US$ 20 bilhões, relativos a setores como serviços, engenharia, transformação, máquinas industriais, peças automotivas e componentes eletrônicos e de mineração.

Criada como agência autônoma, em 2023, no governo Lula, a Apex, com origem no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), atualmente, apoia mais de 17 mil empresas, das quais 43% são de micro e pequeno porte. Rosa, do Mdic, lembrou que investimentos em promoção comercial são multiplicadores. “Cerca de US$ 60 mil em promoção comercial pode atrair US$ 5 milhões. O mundo todo faz esse trabalho”, disse.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Concurso Unificado terá emprego da Força Nacional para garantir transporte de provas e segurança da banca

Para assegurar que o Concurso Nacional Unificado (CNU) corra dentro dos conformes, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) incluiu o emprego da Força Nacional de Segurança Pública em pontos-chave da operação. A medida visa proteger tanto o processo de elaboração quanto o transporte e armazenamento das provas. As provas estão agendadas para serem realizadas no dia 5 de maio em 220 cidades, localizadas em todas as Unidades da Federação.

Veja: Sem reajuste e negociação, professores estaduais do Rio compartilham drama financeiro e profissional Geap: Justiça reverte decisão sobre reajuste de plano de saúde dos servidores públicos

Leia Mais

Em reuniões recentes do governo, autoridades do sistema de segurança pública federal, como a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Secretaria Nacional de Segurança Pública, se uniram para discutir o planejamento da operação de reforço na segurança do certame.

A presença da Força Nacional é considerada essencial em duas situações específicas:

Garantir a segurança nas instalações da Fundação Cesgranrio, localizadas na cidade do Rio de Janeiro, onde serão elaboradas, impressas e armazenadas as provas, no período de 11 de março a 18 de junho de 2024 Assegurar a segurança nos locais de guarda e armazenagem das provas nos municípios brasileiros participantes do certame, no período de 3 a 6 de maio de 2024

A ministra do MGI, Esther Dweck, enfatizou a importância da iniciativa.

– Esse é o maior concurso público que o Brasil já fez. Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 15 não têm inscritos no CNU. Precisamos zelar para que esse certame ocorra bem. Queremos que a única preocupação dos candidatos seja estudar – defendeu.

‘Raio-X’ do concurso

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos traçou, em fevereiro, um perfil dos candidatos ao Concurso Nacional Unificado, que oferece 6.642 vagas em 21 órgãos públicos federais, com salários de até R$ 23 mil. Ainda que tenham sido feitas 2,6 milhões de inscrições, o certame teve 2,1 milhões de cadastros confirmados: 1,5 milhão de pagantes e 600 mil isentos.

Dentre os concorrentes, as mulheres são maioria. Foram cadastradas 1,2 milhão de pessoas do sexo feminino, ao passo que o concurso computou 938 mil inscrições do sexo masculino. O processo seletivo contará ainda com 475 mil participantes cotistas; sendo 420 mil negros, 45 mil pessoas com deficiência (PcDs) e dez mil indígenas.

Com as inscrições, o governo arrecadou R$ 126 milhões, valor suficiente para a cobertura dos custos. Dos 1,5 milhão de pagamentos feitos, a maioria das inscrições foi voltada para os blocos que exigem nível superior, com 1,113 milhão de candidatos.

Na divisão por blocos, porém, o que terá mais concorrentes é o que exige apenas nível intermediário.

Veja lista, com número de vagas e candidatos para cada bloco:

Infraestrutura, Exatas e Engenharias (727 vagas) – 121.838 inscritos Tecnologia, Dados e Informação (597 vagas) – 77.943 inscritos Ambiental, Agrário e Biológicas (530 vagas) – 102.922 inscritos Trabalho e Saúde do Servidor (971 vagas) – 336.284 inscritos Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (1.016 vagas) – 300.766 inscritos Setores Econômicos e Regulação (359 vagas) – 74.283 inscritos Gestão Governamental e Administração Pública (1.748 vagas) – 429.370 inscritos Nível Intermediário (692 vagas) – 701.029 inscritos

Perfil socioeconômico

A maior parte dos inscritos (20,5%) recebe entre R$ 2.825 e R$ 4.236.

Na sequência, estão pessoas que ganham entre R$ 1.413 e R$ 2.824 e as que recebem entre R$ 4.237 e R$ 7.060, ambos grupos com 20,3%.

Outros 16,5% têm renda mensal de até R$ 1.412, e 16% tem provimentos entre R$ 7.061 e R$ 14.120.

Apenas 6,3% dos participantes recebem acima de R$ 14.120.

Estado do Rio tem mais de 127 mil inscritos

De acordo com informações do MGI, o Estado do Rio de Janeiro registrou 127 mil inscritos no Concurso Nacional Unificado. A unidade da federação ficou atrás apenas do Distrito Federal, que conta com 220 mil candidatos.

As oportunidades no Rio de Janeiro incluem as carreiras de:

Médico Psicólogo Arquivista Bibliotecário Contador Antropólogo Assistente social Economista Engenheiro especialista em ciência e tecnologia Analista em reforma agrária

No Rio de Janeiro, o Concurso Nacional Unificado terá 11 cidades nas quais as provas serão aplicadas. São elas:

Rio de Janeiro Cabo Frio Campos dos Goytacazes Belford Roxo Duque de Caxias Niterói Nova Iguaçu São Gonçalo São João de Meriti Volta Redonda Petrópolis

Datas importantes

Divulgação dos cartões de confirmação: a partir de 25 de abril Aplicação das provas objetivas e discursiva: 5 de maio Divulgação preliminar dos gabaritos das provas objetivas: 7 de maio Divulgação das notas finais das provas objetivas e da nota preliminar das provas discursivas: 21 de junho Divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas da prova discursiva: 29 de junho Envio dos títulos: 29 de junho a 1º de julho Resultado preliminar da avaliação de títulos: 16 de julho Previsão de divulgação dos resultados finais: 30 de julho Início da convocação de candidatos aprovados para posse ou cursos de formação: 5 de agosto

Concurso Nacional Unificado: qual a melhor estratégia de estudos, agora que o carnaval passou?

Passado o carnaval, os foliões começaram a deixar as fantasias de lado, voltando à rotina de trabalho e estudos. Com a prova do Concurso Nacional Unificado (CNU) batendo à porta — no dia 5 de maio —, é preciso estar atento para garantir uma das vagas de ingresso no serviço público. Portanto, é preciso estar com o aprendizado em dia para não ficar de fora do maior certame da história.

Desde o lançamento dos editais, os cursinhos preparatórios começaram a reorganizar as aulas para abordar os temas previstos e o novo modelo de aplicação das provas. O conteúdo voltado ao nível superior surpreendeu diretores e professores pela ausência de matérias que tradicionalmente fazem parte de concursos.

No bloco voltado às carreiras de nível médio, a principal novidade é a exigência de conhecimentos de realidade brasileira, que envolvem temas como políticas públicas, direitos humanos, diversidade, inclusão e meio ambiente. Diretor e professor da Central de Concursos, Gabriel Henrique Pinto salienta que, para quem deixou os estudos de lado durante a folia, é preciso fazer uma boa revisão nos conteúdos.

— A recapitulação pode ser feita por meio de exercícios de fixação, bem como também pela leitura de resumos e mapas mentais. Depois disso, é fundamental focar os estudos nos demais tópicos do conteúdo programático de cada disciplina. No entanto, não basta só ler a teoria. É fundamental também praticar. É indispensável realizar exercícios de fixação e, sobretudo, provas anteriores da Cesgranrio, que é a organizadora do concurso — aconselha.

Além das provas objetivas, serão aplicadas questões discursivas aos candidatos. Aos de nível superior, a depender do bloco temático escolhido, a avaliação discursiva terá somente uma questão. Metade da nota será voltada à análise do conteúdo, e a outra metade, ao correto uso da língua portuguesa.

Conforme as semanas passam e a prova fica cada vez mais perto, o tempo de estudo deve ser dedicado mais à resolução de questões do que à teoria, aponta Gabriel Henrique Pinto.

— Sugiro também que, sobretudo faltando cerca de 45 dias para as provas, os candidatos passem a realizar, se possível todas as semanas, um simulado. Além de ser uma forma de mensurar os conhecimentos sobre todas as disciplinas que serão cobradas nas provas, ele também estará treinando ‘gestão de tempo’ (para responder às questões e preencher o cartão-resposta) e se preparando psicologicamente para tudo o que envolve o dia do concurso — complementa.

Divisão em blocos

O novo modelo de seleção adotado pelo Concurso Nacional Unificado permite que os participantes concorram a mais de um cargo dentro de uma área escolhida. As vagas foram divididas em oito blocos, sendo sete destinados a cargos de nível superior e um para nível médio.

Cada um desses blocos terá cinco eixos temáticos. Cada órgão definiu pesos diferentes para cada eixo temático. Ou seja, mesmo com as vagas agrupadas em um mesmo bloco, os conteúdos cobrados terão pesos diferentes, dependendo do cargo selecionado.

Victor Dalton, fundador e diretor do Direção Concursos, dá um conselho para quem está determinado a participar do processo seletivo:

— Como o conteúdo programático é radicalmente diferente do que vimos nos concursos na última década, o ideal é ter uma rotina de estudos de modo a passar por todas as matérias ao longo de uma semana. Desta forma, o candidato sempre estará em contato com todo o conteúdo do concurso. Assim, ele diminui as chances de esquecer a matéria à medida que avança nos estudos.

Análise de títulos

Além da prova, diversos cargos preveem uma fase de análise de títulos. Essa etapa será classificatória somente. Por isso, é importante que os candidatos tenham todos os documentos que comprovem suas titulações.

Victor Tanaka, especialista em Concursos Públicos do Estratégia Concursos, detalha que a preparação deve ser muito focada no estudo de modelo de prova aplicado pela banca. Uma outra dica é trabalhar muito a atenção nas matérias que são inéditas, conteúdos que o aluno nunca viu e que têm um peso maior, diz:

Canais do EXTRA no WhatsApp: Assine o canal INSS, FGTS e seus direitos e receba as principais notícias do dia

— A tendência é a de que a banca, inevitavelmente, acabe repetindo formas de cobrança de conteúdos prévios, nem que seja a maneira interpretativa da questão. Então, é fundamental a resolução de muitas questões da banca Cesgranrio. E, ao mesmo tempo, aliar com revisões periódicas. Numa reta final, eu recomendo menos aquela revisão do dia seguinte e mais aquela revisão semanal ou por blocos.

Filipe Chagas, professor da ZeroHum Concursos, destaca a necessidade dos alunos ingressarem em cursos preparatórios.

– Embora pareça uma propaganda, essas escolas já têm conteúdos organizados e focados para a prova, o que poupa tempo de organização dos alunos — afirma.

Tire suas dúvidas

Quando serão aplicadas as provas?

Em 5 de maio. O resultado final será anunciado em 30 de julho, e o início das convocações ocorrerá em 5 de agosto.

Como ser aprovado e continuar no meu estado?

Não foi possível escolher preferência geográfica no ato da inscrição, apenas de vagas. Para permanecer no mesmo estado, o candidato tinha que observar se as vagas dentro do bloco escolhido eram, majoritariamente, voltadas para sua região.

Qual será a validade da seleção?

A validade do certame, que estava prevista para dois anos, foi modificada para um ano, podendo ser prorrogada por mesmo período, caso o governo federal avalie a necessidade. A ideia é que a realização do “Enem dos Concursos” seja mais frequente, informam fontes no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

Onde serão aplicados os testes?

As provas serão aplicadas em 220 cidades, em 5.141 locais. Serão alocados 46 candidatos por sala. Cerca de 350 mil pessoas atuarão na aplicação das provas.

Qual a novidade no cadastro de reserva?

O governo federal informou que as pessoas no cadastro de reserva do Concurso Nacional Unificado poderão ser convocadas para contratações temporárias em ministérios e órgãos. Ainda assim, o candidato será mantido no cadastro.

Como será o dia de provas?

Aos candidatos de nível superior, no bloco matutino, com duração de 2h30, serão aplicadas as provas objetivas de conhecimentos gerais, com 20 questões. Junto, será entregue uma prova discursiva de conhecimento específico do bloco. No bloco vespertino, com duração de 3h30 e 50 questões, serão cobrados conhecimentos específicos, em questões objetivas.

Aos candidatos de nível médio, no bloco matutino, com duração de 2h30, serão aplicadas as provas objetivas de conhecimentos gerais, com 20 questões. Junto, será entregue uma redação a ser escrita. O bloco vespertino terá duração de 3h30 e 40 questões objetivas.

Blocos temáticos

As vagas estão distribuídas em oito blocos temáticos. No ato da inscrição, os candidatos podiam se inscrever para mais de um cargo, desde que estivessem no mesmo bloco. Veja:

Infraestrutura, Exatas e Engenharias (727 vagas) Tecnologia, Dados e Informação (597 vagas) Ambiental, Agrário e Biológicas (530 vagas) Trabalho e Saúde do Servidor (971 vagas) Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (1.016 vagas) Setores Econômicos e Regulação (359 vagas) Gestão Governamental e Administração Pública (1.748 vagas) Nível Intermediário (692 vagas)

Como se planejar para alcançar a carreira dos sonhos?

É preciso partir do pressuposto: “Qual cargo almejado?”. Diante das ambições do candidato, é necessário montar um planejamento condizente com a recompensa, alerta Marco Brito, diretor pedagógico do Degrau Cultural:

— Se a pessoa quer o cargo com maior salário, precisa estar estudando há um tempo. É preciso construir conhecimento com o passar dos dias de estudo.

Qual o perfil da banca?

De acordo com especialistas ouvidos pelo EXTRA, a Cesgranrio costuma focar na interpretação de texto dos candidatos e cobrar menos conteúdos que exigem “decoreba”.

Quais foram as retificações realizadas nos editais?

O governo federal fez alterações nos editais do Concurso Público Nacional Unificado, conforme publicado no Diário Oficial da União. As alterações incluíram atualizações na formação exigida, detalhes sobre as remunerações de alguns cargos e adição de tabelas de titulação. As mudanças foram específicas para determinados cargos, e os candidatos foram aconselhados a lerem atentamente o edital de retificação.

Uma das principais alterações foi referente à inclusão de formação em Engenharia Geológica ou Geologia para o cargo de analista de planejamento, gestão e infraestrutura em informações geográficas e estatística. Também foram atualizadas tabelas de atribuição de pontos por avaliação de títulos e quadros de retribuição por titulação para diversos cargos.

Canais do EXTRA no WhatsApp: Assine o canal Descontos e promoções e receba as principais notícias do dia

Os órgãos que retificaram os editais foram: Advocacia-Geral da União (AGU), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A União já tinha realizado mudanças que abrangeram uma variedade de aspectos, incluindo requisitos de formação, locais de trabalho, remuneração, remanejamento de vagas e critérios de pontuação na fase de avaliação de documentos.

Um ajuste relevante dizia respeito às vagas de auditor-fiscal do trabalho no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), onde a exigência inicial de os candidatos serem “especialistas em auditoria e fiscalização” foi modificada para permitir a inscrição de candidatos de qualquer área do conhecimento.

Outra alteração notável ocorreu no Edital 5, relacionado à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), especificamente para o cargo de técnico de assuntos educacionais, que originalmente aceitava formação em qualquer área, mas foi corrigido para exigir um diploma em Pedagogia.

Em resposta às modificações, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) classificou as retificações como “formais” e assegurou que não causarão prejuízos aos candidatos.

Canais do EXTRA no WhatsApp: Assine o canal Emprego e concursos e receba as principais notícias do dia

O ministério defendeu a natureza das retificações como uma medida preventiva para evitar interpretações equivocadas do edital, “visando a garantir a integridade e imparcialidade no processo de seleção dos futuros servidores públicos”.

Também foram adicionadas informações sobre a intensificação dos procedimentos de segurança durante a realização das provas, proibindo determinados comportamentos, como permanecer na sala após o fechamento dos portões, registrar ou divulgar a prova por meio de imagem, vídeo ou som, e o consumo de substâncias proibidas no local de aplicação.

“Será proibido levar ou ingerir bebidas alcoólicas ou utilizar drogas ilícitas ou cigarro e outros produtos derivados do tabaco no local de provas”, complementou o MGI.

Mais recente Próxima Feira de empregos para pessoas com deficiência vai oferecer 300 vagas no Rio nesta terça-feira

BID aprova aumentos de capital para ampliar desembolsos anuais em 50%

Como parte do objetivo de ampliar em 50% a média anual de desembolsos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Assembleia de Governadores da instituição multilateral aprovou neste domingo, em reunião anual realizada em Punta Cana, balneário caribenho na República Dominicana, um aumento de capital de US$ 3,5 bilhões no BID Invest, braço que financia empresas e projetos privados.

Vaivém do dólar: Governo lança programa de proteção cambial para investimento verde com R$ 27 bilhões do BID Transição energética: Corrida global por energia limpa deve triplicar produção de etanol no Brasil

A ampliação será feita num prazo de até sete anos, período ao fim do qual o capital do BID Invest, hoje em US$ 3,2 bilhões, mais do que duplicará.

Criptomoedas: Sabe o que é ‘halving’? Fenômeno que vai ocorrer em abril deve disparar o preço do bitcoin

A Assembleia de Governadores também aprovou um aumento de capital de até US$ 400 milhões no BID Lab, o braço de inovação do organismos multilateral, que hoje apoia em torno de 100 fundos de capital empreendedor e já financiou cerca de 850 startups. Em sete anos, o BID Lab poderá ampliar sua capacidade de financiamento em US$ 1,2 bilhão.

As medidas fazem parte dos esforços para aumentar a média anual de desembolsos de todo o grupo BID em mais US$ 11,2 bilhões por ano num prazo de dez anos, salto de 50% ante a média anual atual, conforme estimativas anunciadas pelo presidente da instituição, o economista brasileiro Ilan Goldfajn, na quinta-feira.

2 de 3 Presidente do BID, Ilan Goldfajn, durante reunião do organismo em Punta Cana, na República Dominicana — Foto: Divulgação Presidente do BID, Ilan Goldfajn, durante reunião do organismo em Punta Cana, na República Dominicana — Foto: Divulgação

Alterações nas políticas operacionais, também aprovadas neste domingo, para permitir ao BID, ao BID Invest e ao BID Lab correrem mais risco nas operações financeiras, possibilitarão que a capacidade de financiar cresça numa proporção ainda maior do que o dobro.

Com mais financiamentos, especialmente para empresas, via o BID Invest, a expectativa é que o apoio do banco multilateral também atraia mais fontes de investimento privado.

Assim como a IFC, do Banco Mundial, o BID Invest financia concessões de infraestrutura e projetos de investimento de empresas que sejam estratégicos. Em outubro do ano passado, o BID Invest aprovou um empréstimo de longo prazo de R$ 1,5 bilhão para a Águas do Rio, concessionária de água e esgoto controlada pela Aegea, que opera duas das áreas antes sob gestão da Cedae.

– Esse aumento de capital é a melhor forma de mobilizar capital privado – afirmou Goldfajn, em discurso na sessão de encerramento da Assembleia de Governadores.

Brasil aportará US$ 434 milhões em 7 parcelas anuais

Assim como outros bancos multilaterais, tipo o Banco Mundial, o capital do BID é formado por aportes dos países participantes. Portanto, o aumento aprovado neste domingo exigirá investimentos de cada país, em valores proporcionais à sua participação no capital.

O Brasil, com participação de 11,35%, aportará US$ 434 milhões, em sete parcelas anuais de US$ 62 milhões, informou, na semana passada, a secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento do Ministério do Planejamento e Orçamento, Renata Amaral.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que é governadora do Brasil no BID, defendeu, ao deixar uma série de reuniões bilaterais paralelas que manteve com ministros de países participantes do evento do BID em Punta Cana:

– São US$ 3,5 bilhões, divididos por todos os países e não é de uma vez só, é parcelado a partir de 2025.

3 de 3 Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participa de encontro durante a reunião anual da Assembleia de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Punta Cana, República Dominicana — Foto: Divulgação/Ministério do Planejamento e Orçamento Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participa de encontro durante a reunião anual da Assembleia de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Punta Cana, República Dominicana — Foto: Divulgação/Ministério do Planejamento e Orçamento

Segundo a ministra, a ampliação da capacidade de emprestar do grupo BID como um todo interessa a todos os países da região.

– No caso do BID Invest, é o braço de financiamento para empreendimentos privados, como micro, pequenos e médio empreendedores. Para todos os países isso interessa. São mais empréstimos, é mais investimento no país, é mais geração de emprego, de renda e de crescimento da economia.

Mais voz para o Brasil

Questionada se o BID precisaria passar por reformas de governança para dar mais voz aos países emergentes e menores, como reivindica o governo Lula em sua política externa, Simone destacou que o Brasil já vem ampliando sua influência no banco regional.

– O Brasil conseguiu mudar a agenda do BID, graças ao fato de termos um presidente brasileiro, que, portanto, com as portas abertas para o Brasil, incluiu nos sete focos estratégicos, três agendas muito por influência do Brasil – afirmou a ministra.

As três agendas mencionadas por Simone são ampliar a “transversalidade” dos esforços para ampliar a igualdade de gênero, o apoio do BID ao projeto de construção de infraestrutura logística intrarregional lançado pelo Ministério do Planejamento em dezembro passado e o programa Amazônia para Sempre, no qual o banco regional concentrou seu apoio a projetos na região amazônica.

* O repórter viajou a convite do BID

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout