Governo Lula quer usar gasoduto Brasil-Bolívia para trazer gás da Argentina

O governo Luiz Inácio Lula da Silva quer importar gás natural da reserva de Vaca Muerta, na Argentina, para garantir o abastecimento das indústrias brasileiras e estuda formas técnicas de fazer essa operação. Existe uma forte preocupação em termos de oferta, porque a Bolívia, principal fornecedor, está com uma produção decrescente. Uma das saídas é usar a parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) para trazer o gás argentino.

Hoje, os bolivianos só enviam ao Brasil 15 milhões de metros cúbicos (m3) por dia, quando deveriam entregar 30 milhões m³/dia. E o Brasil tem uma carência no fornecimento. O gás doméstico é caro e insuficiente, na avaliação do governo.

Porém, as duas possibilidades em estudo para trazer ao Brasil o gás argentino dependem da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até Uruguaiana (RS).

No ano passado, quando o país era presidido por Alberto Fernández, a previsão era que as obras fossem concluídas até o fim de 2024 ou início de 2025. Mas o novo presidente argentino, Javier Milei, ainda não sinalizou se há interesse na obra ou em manter o prazo estimado.

Salto na produção

Dentro do governo Milei, há um grande defensor dessa integração com o Brasil: o ex-embaixador da Argentina em Brasília Daniel Scioli, atualmente secretário de Turismo, Ambiente e Esportes do Ministério do Interior. O Brasil conta com o ex-embaixador para garantir a continuidade da obra. Procurado pelo GLOBO, Scioli não se manifestou sobre a ampliação do gasoduto.

Concluída a segunda etapa do duto argentino, o gás poderia chegar ao Brasil por dois caminhos. O primeiro seria usando uma parte ociosa do Gasbol, inclusive pagando um pedágio aos bolivianos pela passagem. O gás viria ao Brasil por meio de uma conexão entre os gasodutos Norte e Néstor Kirchner.

Disputa pelo comando da Petrobras:

‘Machucado’ e ‘no limite’: o desabafo do presidente da Petrobras a amigos

Prates faz piada: posta que sai da Petrobras… hoje às 20h e volta amanhã às 7h

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Maior empresa privada de energia da Argentina e maior produtora privada do gás de Vaca Muerta, a Pan American Energy (PAE) vê como importante os investimentos na ampliação da malha de gasodutos do país vizinho.

Segundo Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, o gás de Vaca Muerta, segunda maior reserva de gás não convencional do mundo, tem ainda um grande potencial de crescimento.

Gás chegaria ao Brasil em 2025

Ele lembra que a produção da companhia aumentou de 2,5 milhões m3 por dia em 2015 para 13 milhões m3 cúbicos por dia em 2023. Ao citar a importância da infraestrutura, lembrou que parte da produção já é exportada para o Chile, por meio de quatro diferentes redes de gasodutos.

— A Argentina tem gás competitivo. Tem que ser feita infraestrutura para compartilhar esse gás com a região. Acreditamos que isso vai acontecer. É uma fonte competitiva para a região e a integração dos países. O gás é a ponte para o futuro — afirma Catalano.

Segundo ele, a Argentina tem investido na ampliação da infraestrutura. Ele cita a inauguração da Etapa I do Gasoduto Néstor Kirchner, conectando a região de Vaca Muerta a Saliqueló, na província de Buenos Aires.

Cita ainda a perspectiva de início das obras da Etapa II do gasoduto, de Saliqueló até San Jerónimo, de onde teria de ser feita uma ampliação para levar o traçado até o gasoduto que faz a conexão com a cidade gaúcha de Uruguaiana.

Catalano lembra ainda outro investimento importante que será feito este ano: a inversão do Gasoduto Norte na Argentina. Isso permitirá direcionar o gás para a Bolívia, cuja molécula, então, poderá ser integrada ao Gasbol:

— Potencialmente esse gás poderia chegar ao Brasil em 2025. Apesar da complexidade de ter mais países envolvidos, há necessidade de um gás competitivo. Por isso, acreditamos que é possível uma negociação.

A segunda possibilidade seria via Rio Grande do Sul. O gás entraria no estado, mas para isso seria necessário construir um gasoduto de Uruguaiana até Porto Alegre. A obra foi considerada prioritária no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governador Eduardo Leite.

Inversão do fluxo

Segundo empresas ouvidas pelo GLOBO, o desafio é o investimento necessário para isso. A obra, orçada entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão, nunca saiu do papel.

A TSB, que opera o trecho de 25 quilômetros que liga a malha argentina até Uruguaiana e o trecho em Porto Alegre, tem como acionistas Petrobras, Ipiranga, Repsol e Total. Cada uma tem 25% da empresa. Procurada, a Petrobras disse apenas que não é a controladora.

Se a ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre sair do papel, outra questão importante é que será preciso ajustar o Gasbol. Hoje, o gasoduto é uma “via de mão única”, seguindo do Mato Grosso do Sul em direção ao Rio Grande do Sul. Esse fluxo também teria que subir, passando a levar o gás da Região Sul para cima, para atender Minas Gerais, por exemplo, tornando-se uma espécie de pista dupla.

Um interlocutor do governo comentou que há empresas brasileiras interessadas em fornecer equipamentos, como canos, para a construção do gasoduto na Argentina. Mas, se quiserem realizar a obra, não poderão contar com a ajuda do BNDES, que atualmente só financia produtos e mediante apresentação de garantias. Um interlocutor do banco de fomento enfatizou que a liberação de recursos para financiamento de serviços está suspensa.

Elevada reinjeção

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões m3 de gás natural por dia em 2023. Entretanto, metade desse volume, ou o equivalente a 70 milhões m³, foi reinjetado, ou seja, voltou para o poço.

Outros 20 milhões não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões m³ para uma demanda interna estimada em 60 milhões m³ ao dia.

— Vaca Muerta é uma boa saída. Mais de 90% do mercado são dominados pela Petrobras. Como há pouquíssima competição, a empresa forma o preço. Um novo competidor seria muito interessante para nós — afirma Adriano Lorenzon, diretor responsável por gás natural da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de gás e energia do Brasil.

Lorenzon explica que há algumas explicações para que os produtores reinjetem tamanha quantidade de gás. Uma delas é que o mecanismo aumenta a pressão e amplia a produção de petróleo. Outra é que o nível de contaminantes, com ênfase para o CO2, é muito alto.

Para construir a segunda parte do gasoduto, o governo anterior da Argentina anunciou que faria uma licitação. Um integrante do governo brasileiro acredita que Milei poderá abraçar a ideia, dadas as dificuldades econômicas perenes do país vizinho.

Governo Lula quer usar gasoduto Brasil-Bolívia para trazer gás da Argentina

O governo Luiz Inácio Lula da Silva quer importar gás natural da reserva de Vaca Muerta, na Argentina, para garantir o abastecimento das indústrias brasileiras e estuda formas técnicas de fazer essa operação. Existe uma forte preocupação em termos de oferta, porque a Bolívia, principal fornecedor, está com uma produção decrescente. Uma das saídas é usar a parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) para trazer o gás argentino.

Hoje, os bolivianos só enviam ao Brasil 15 milhões de metros cúbicos (m3) por dia, quando deveriam entregar 30 milhões m³/dia. E o Brasil tem uma carência no fornecimento. O gás doméstico é caro e insuficiente, na avaliação do governo.

Porém, as duas possibilidades em estudo para trazer ao Brasil o gás argentino dependem da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até Uruguaiana (RS).

No ano passado, quando o país era presidido por Alberto Fernández, a previsão era que as obras fossem concluídas até o fim de 2024 ou início de 2025. Mas o novo presidente argentino, Javier Milei, ainda não sinalizou se há interesse na obra ou em manter o prazo estimado.

Salto na produção

Dentro do governo Milei, há um grande defensor dessa integração com o Brasil: o ex-embaixador da Argentina em Brasília Daniel Scioli, atualmente secretário de Turismo, Ambiente e Esportes do Ministério do Interior. O Brasil conta com o ex-embaixador para garantir a continuidade da obra. Procurado pelo GLOBO, Scioli não se manifestou sobre a ampliação do gasoduto.

Concluída a segunda etapa do duto argentino, o gás poderia chegar ao Brasil por dois caminhos. O primeiro seria usando uma parte ociosa do Gasbol, inclusive pagando um pedágio aos bolivianos pela passagem. O gás viria ao Brasil por meio de uma conexão entre os gasodutos Norte e Néstor Kirchner.

Disputa pelo comando da Petrobras:

‘Machucado’ e ‘no limite’: o desabafo do presidente da Petrobras a amigos

Prates faz piada: posta que sai da Petrobras… hoje às 20h e volta amanhã às 7h

Disputa em torno do comando da Petrobras cria apreensão no conselho, que teme paralisia na estatal

Haddad, que sempre foi escudo de Prates na Petrobras, não será mais seu fiador

Ministros de Lula selam acordo pelo pagamento de dividendos extras da Petrobras

Maior empresa privada de energia da Argentina e maior produtora privada do gás de Vaca Muerta, a Pan American Energy (PAE) vê como importante os investimentos na ampliação da malha de gasodutos do país vizinho.

Segundo Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, o gás de Vaca Muerta, segunda maior reserva de gás não convencional do mundo, tem ainda um grande potencial de crescimento.

Gás chegaria ao Brasil em 2025

Ele lembra que a produção da companhia aumentou de 2,5 milhões m3 por dia em 2015 para 13 milhões m3 cúbicos por dia em 2023. Ao citar a importância da infraestrutura, lembrou que parte da produção já é exportada para o Chile, por meio de quatro diferentes redes de gasodutos.

— A Argentina tem gás competitivo. Tem que ser feita infraestrutura para compartilhar esse gás com a região. Acreditamos que isso vai acontecer. É uma fonte competitiva para a região e a integração dos países. O gás é a ponte para o futuro — afirma Catalano.

Segundo ele, a Argentina tem investido na ampliação da infraestrutura. Ele cita a inauguração da Etapa I do Gasoduto Néstor Kirchner, conectando a região de Vaca Muerta a Saliqueló, na província de Buenos Aires.

Cita ainda a perspectiva de início das obras da Etapa II do gasoduto, de Saliqueló até San Jerónimo, de onde teria de ser feita uma ampliação para levar o traçado até o gasoduto que faz a conexão com a cidade gaúcha de Uruguaiana.

Catalano lembra ainda outro investimento importante que será feito este ano: a inversão do Gasoduto Norte na Argentina. Isso permitirá direcionar o gás para a Bolívia, cuja molécula, então, poderá ser integrada ao Gasbol:

— Potencialmente esse gás poderia chegar ao Brasil em 2025. Apesar da complexidade de ter mais países envolvidos, há necessidade de um gás competitivo. Por isso, acreditamos que é possível uma negociação.

A segunda possibilidade seria via Rio Grande do Sul. O gás entraria no estado, mas para isso seria necessário construir um gasoduto de Uruguaiana até Porto Alegre. A obra foi considerada prioritária no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governador Eduardo Leite.

Inversão do fluxo

Segundo empresas ouvidas pelo GLOBO, o desafio é o investimento necessário para isso. A obra, orçada entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão, nunca saiu do papel.

A TSB, que opera o trecho de 25 quilômetros que liga a malha argentina até Uruguaiana e o trecho em Porto Alegre, tem como acionistas Petrobras, Ipiranga, Repsol e Total. Cada uma tem 25% da empresa. Procurada, a Petrobras disse apenas que não é a controladora.

Se a ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre sair do papel, outra questão importante é que será preciso ajustar o Gasbol. Hoje, o gasoduto é uma “via de mão única”, seguindo do Mato Grosso do Sul em direção ao Rio Grande do Sul. Esse fluxo também teria que subir, passando a levar o gás da Região Sul para cima, para atender Minas Gerais, por exemplo, tornando-se uma espécie de pista dupla.

Um interlocutor do governo comentou que há empresas brasileiras interessadas em fornecer equipamentos, como canos, para a construção do gasoduto na Argentina. Mas, se quiserem realizar a obra, não poderão contar com a ajuda do BNDES, que atualmente só financia produtos e mediante apresentação de garantias. Um interlocutor do banco de fomento enfatizou que a liberação de recursos para financiamento de serviços está suspensa.

Elevada reinjeção

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões m3 de gás natural por dia em 2023. Entretanto, metade desse volume, ou o equivalente a 70 milhões m³, foi reinjetado, ou seja, voltou para o poço.

Outros 20 milhões não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões m³ para uma demanda interna estimada em 60 milhões m³ ao dia.

— Vaca Muerta é uma boa saída. Mais de 90% do mercado são dominados pela Petrobras. Como há pouquíssima competição, a empresa forma o preço. Um novo competidor seria muito interessante para nós — afirma Adriano Lorenzon, diretor responsável por gás natural da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de gás e energia do Brasil.

Lorenzon explica que há algumas explicações para que os produtores reinjetem tamanha quantidade de gás. Uma delas é que o mecanismo aumenta a pressão e amplia a produção de petróleo. Outra é que o nível de contaminantes, com ênfase para o CO2, é muito alto.

Para construir a segunda parte do gasoduto, o governo anterior da Argentina anunciou que faria uma licitação. Um integrante do governo brasileiro acredita que Milei poderá abraçar a ideia, dadas as dificuldades econômicas perenes do país vizinho.

Lula: “tenho obsessão pela educação profissional”

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O governo federal lançou, nesta quinta-feira (11), a pedra fundamental do Campus Sol Nascente do Instituto Federal de Brasília (IFB). A cerimônia contou com a participarão do presidente Lula, do ministro da Educação, Camilo Santana, da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, além de servidores da educação, estudantes, movimentos populares e comunidade.

Em seu discurso, Lula destacou a importância de uma escola técnica pelas oportunidades que ela oferece. “Tenho ainda uma obsessão pela educação profissional, porque é a formação profissional que faz as pessoas viverem melhor. Quando a gente tem uma profissão, a gente tem possiblidade de ter um bom emprego, de ganhar um salário melhor, de poder constituir família, de ter uma família vivendo em paz e viver dignamente como cidadãos civilizados, vivendo aquilo que todo mundo tem direito”, reforçou.

A unidade integra o plano de expansão dos institutos federais pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). O investimento previsto é de R$ 2,5 bilhões para construção de 100 novos campi pelo Brasil, com a meta de gerar 140 mil novas vagas de educação profissional.

Os novos campi de institutos federais atenderão regiões que ainda não possuem unidades ou que registram número baixo de matrículas em cursos técnicos de nível médio em relação à população da região.

No Distrito Federal, serão duas novas unidades: Sol Nascente e Sobradinho. Cada nova escola tem custo estimado de R$ 25 milhões, sendo R$ 15 milhões para infraestrutura e R$ 10 milhões para aquisição de equipamentos e mobiliário. Quando estiverem concluídas, a expectativa é que as unidades gerem, cada uma, 1.400 vagas, majoritariamente de cursos técnicos integrados ao ensino médio.

Além da expansão com novas unidades, o Novo PAC também contempla R$ 1,4 bilhões para a consolidação de Institutos Federais já existentes, com a construção de refeitórios estudantis, ginásios, bibliotecas, salas de aula e aquisição de equipamentos.

Santana afirmou que o lançamento é conquista para a região. “Aqui, nós vamos ter um instituto federal que vai dar oportunidade para 1.400 jovens do Sol Nascente, que terão a oportunidade de fazer o ensino técnico integrado com o ensino médio, de cursar licenciatura. É enxergar o potencial que cada um aqui do Sol Nascente tem”, declarou.

Os estudantes do IFB foram representados por Thaís Moreira, formada no curso tecnólogo de produção em áudio e vídeo. Segundo ela, a criação dos institutos federais dentro das periferias é muito importante para proporcionar aos moradores dessa região a democratização e a qualidade da educação, de modo que a juventude possa ter a oportunidade de acessar as universidades públicas, assim como o mercado de trabalho.

“Hoje, celebramos uma grande conquista para os moradores do Sol Nascente. Isso demonstra um grande avanço pela educação. E desejo que assim se mantenha não só apenas as estruturas [dos institutos federais], mas a valorização do plano de carreira dos nossos docentes, pois eles são a alma e o coração dessa instituição. Eu não teria chegado até o fim sem a ajuda dos auxílios estudantis e de toda a rede de apoio que me cerca. Eu gostaria que todos os estudantes futuros também tivessem essa oportunidade”, afirmou.

Sol Nascente foi transformada em região administrativa em agosto de 2019, após ter sido desmembrada de Ceilândia. É considerada, segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma das maiores comunidades urbanas do Brasil.

De acordo com a reitora do IFB, Veruska Machado, a construção do Campus Sol Nascente é fruto de um trabalho coletivo, em prol de uma educação de qualidade e de oportunidade de transformar vidas. “Todos os dias, como trabalhadora da educação, acompanho transformação de vidas. Essas vidas transformam os territórios em que elas estão inseridas e é isso que a gente pretende trazer, nesse momento, para o Sol Nascente. As pessoas transformadas transformam as suas vidas e das suas famílias”, disse.

O termo de cessão de uso do terreno em que vai ser construído o novo campus do IFB foi assinado pelo presidente da Terracap, Izídio Santos, e pela reitora Veruska Machado. A vice-governadora do DF, Celina Leão, afirmou que a iniciativa reafirma o compromisso do governo do Distrito Federal com a educação. “Nós acreditamos na educação, temos 18 unidades de educação profissional [do GDF] e agora serão 12 do governo federal”, pontuou.

João Campos filia secretários a partidos aliados e cria alternativas ao PT por vice no Recife

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), articulou a filiação de quatro secretários municipais a partidos aliados como alternativas para a vaga de vice na chapa dele que buscará a reeleição nas eleições de outubro.

As filiações, durante a janela partidária encerrada no sábado (6), acontecem no momento em que o prefeito é pressionado pelo PT, que quer preencher a vaga na expectativa de assumir a prefeitura em caso de renúncia do prefeito para ser candidato a governador em 2026 ou de ter apoio dele para um eventual candidato petista no enfrentamento contra a governadora Raquel Lyra (PSDB).

O PSB prefere que um aliado de confiança de João Campos e com perfil para virar prefeito seja o vice do prefeito. Na visão do partido, os quatro secretários que se aliaram a partidos da base de João Campos se encaixam nesses critérios.

Entraram em partidos, na reta final do prazo de filiação, os secretários municipais de Finanças, Maíra Fischer (União Brasil); Infraestrutura, Marília Dantas (MDB); de Planejamento, Felipe Matos (Republicanos); e o chefe de gabinete, Victor Marques (PC do B), que também tem status de secretário.

Victor Marques tem perfil mais político, embora não tenha disputado mandatos. Ele é considerado o braço direito de João Campos. Ambos são engenheiros. Também é amigo do prefeito há anos e de extrema confiança dele. O PC do B, partido ao qual Victor agora é filiado, foi vice de Geraldo Julio no Recife de 2013 a 2020 e de Paulo Câmara em Pernambuco de 2015 a 2022.

Marília Dantas comanda uma pasta com Orçamento de R$ 1 bilhão por ano e as obras com mais impacto na cidade, como encostas em morros, pontes e calçamento de ruas. Ela foi presidente da Emlurb, estatal que cuida da limpeza urbana na gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB).

Maíra Fischer é responsável pelas finanças da prefeitura. Ela foi chamada por João Campos quando era secretária-executiva de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco no governo Paulo Câmara, à época do PSB.

Felipe Matos tem perfil mais discreto, mas é tido na prefeitura como o responsável pelas inovações digitais e é responsável pelas parcerias público-privadas da gestão. Ele é oriundo da iniciativa privada e está no governo João Campos desde o início em 2021.

João Campos externou publicamente que pretende definir apenas o nome para a vice na chapa apenas em julho, após o início das convenções partidárias, que se estendem até o começo de agosto. Entretanto, a definição pode ser antecipada para o início de junho, quando secretários que vão disputar eleições para prefeito ou vice precisam deixar seus cargos.

Com as filiações, João Campos buscou também prestigiar os partidos aliados. O MDB anunciou apoio à sua reeleição recentemente, enquanto o Republicanos é chefiado pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que é definido nos bastidores como “uma coisa só” junto com João Campos, em razão da unidade dos dois na atuação política. O PC do B é aliado histórico, ao ponto de já ter divergido do PT, principal aliado no plano nacional, para ficar ao lado do PSB em Pernambuco.

Ainda no páreo, o PT —até agora o partido que mais se mostra interessado em ocupar a vice— tem dois nomes como pré-candidatos à vaga: o assessor do Ministério das Relações Institucionais, Mozart Sales, e o deputado federal Carlos Veras (PE).

Mozart tem apoio da maioria no diretório municipal do partido no Recife, do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e da senadora Teresa Leitão (PT-PE), enquanto Veras é aliado do senador Humberto Costa (PT-PE).

Os petistas de Pernambuco dizem que o presidente Lula (PT) poderá ser decisivo na tentativa de convencer João Campos a colocar um integrante do PT como vice.

O entorno do prefeito diz que, se Lula insistir, o chefe do Executivo municipal jamais diria não ao presidente, mas há dúvidas tanto no PT quanto no PSB se Lula estaria disposto a se mostrar irredutível no assunto.

Um fator que atrapalha o PT, reconhecido no próprio partido, é a divisão. Por isso, os movimentos para buscar uma unificação foram ampliados nas últimas semanas, ainda sem êxito.

No Recife, o PT abriu inscrições para a candidatura a vice-prefeito, mesmo sem ter a certeza de que ocupará a vaga. O episódio foi entendido como uma pressão sobre o prefeito, que não deu sinais de que acatará o calendário petista, que queria definir a situação até o fim de abril.

Desde o início de março, João Campos articulou os apoios de MDB, Avante e Solidariedade à sua reeleição. No caso do Solidariedade, ele fez as pazes com a ex-deputada Marília Arraes após os primos de segundo grau terem trocado farpas durante a disputa do segundo turno nas eleições do Recife em 2020, quando ela estava no PT. Marília quer ser candidata ao Senado numa eventual chapa de João Campos como candidato a governador em 2026.

A próxima batalha envolve a União Brasil, mas o prefeito está confiante na aliança, mesmo com o deputado federal Mendonça Filho, desafeto do PT, na presidência da legenda no Recife. O fato da secretária Maíra Fischer ter sido aceita como filiada do partido já é um indicativo de que as tratativas estão avançadas.

O prefeito conta com o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho como voz na União Brasil a seu favor e diz acreditar que haverá um acordo no Recife, mesmo se Mendonça Filho tiver posição pessoal diferente. Coelho que quer disputar o Senado em 2026 numa eventual chapa de João.

Na oposição, os principais candidatos são o ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto (PL) e o secretário de Turismo do Governo de Pernambuco, Daniel Coelho, recém-filiado ao PSD, que tem apoio de Podemos, PP e da federação PSDB/Cidadania, da governadora Raquel Lyra.

O deputado federal Túlio Gadêlha (Rede) e a deputada estadual Dani Portela (PSOL) disputam a candidatura na federação entre os dois partidos. Dani tem a maioria no diretório em Pernambuco, mas Túlio articula para obter aval da direção nacional da federação para ser candidato. Caso se viabilize, deverá ter apoio do PDT.

Menos linhas de ônibus, fim da segunda pista seletiva e limitação de caminhões: especialistas apontam soluções para engarrafamentos na Brasil

O primeiro dia útil de funcionamento ampliado do BRT Transbrasil — com veículos circulando pelo corredor exclusivo de 4h à meia-noite, com intervalos de dez minutos — foi marcado, a exemplo do que já havia acontecido no período de testes há uma semana, por sensações bastantes distintas: enquanto uns comemoravam o trânsito livre e a viagem rápida a bordo dos veículos articulados, outros reclamavam do engarrafamento nas pistas reservadas ao tráfego misto. Enquanto a prefeitura afirma que precisa de tempo para fazer os ajustes, especialistas dão alguns caminhos possíveis para destravar o tráfego para todos como reordenamento de linhas de ônibus comuns, eliminação da segunda pista seletiva e limitação do tráfego de caminhões.

‘Engarrafamento agora só pela janela’, diz passageiro do BRT Transbrasil que chegou 1h40 mais cedo ao trabalho Guerra urbana: Estudante da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro é morto em tiroteio no Centro de Seropédica; duas crianças baleadas e mãe ferida

— A gente tem estudado e pensado num cardápio de soluções, mas é cedo para ter qualquer conclusão, precisamos observar como o tráfego vai comportar ao longo do tempo, não tem outro jeito. Não podemos tomar uma medida agora e outra medida na semana que vem. A gente entende a angústia da população e vamos trabalhar para fazer os ajustes necessários. De imediato temos que comemorar o sucesso que tem sido a operação do BRT Transbrasil — analisa Maína Celidonio, secretária municipal de Transportes.

BRT Transbrasil

1 de 6 BRT Transbrasil tem ponto final no Terminal Gentileza, na região central do Rio, onde se conecta a outros modais — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo/Arquivo 2 de 6 A passagem do VLT custa R$ 4,30 e a sua integração com o BRT e os ônibus está garantida no Terminal Gentileza. — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

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3 de 6 Avenida Brasil na altura da Fiocruz. Operação do novo corretor BRT Transbrasil dá início à calha segregada — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo 4 de 6 Estação do BRT Transbrasil em frente à Fiocruz, na Avenida Brasil — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo 5 de 6 Transbrasil: corredor tem 26 quilômetros — Foto: Fabio Rossi 6 de 6 BRT TransBrasil — Foto: Editoria Arte

BRT Transbrasil agora funciona de 4h à meia-noite, com intervalos de dez minutos.

Para Clarisse Cunha Linke, diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP Brasil), parte da solução pode vir da integração do BRT Transbrasil com linhas intermunicipais.

— Para que o corredor seja eficiente é necessário que tenha uma integração efetiva com o transporte intermunicipal. Esse é um dos grandes desafios que a gente identifica no momento. Por enquanto há uma ausência do Governo do Estado nesse projeto o que é necessário para que proporcione uma integração operacional, tarifária, de infraestrutura, mas isso infelizmente ainda não está acontecendo. Com essa integração intermunicipal a gente espera que tenha menos ônibus na faixa de tráfego misto o que já ajudaria a melhorar no fluxo — explica Clarice, que considera o BRT um ganho para a cidade — O corredor Transbrasil é um marco para cidade, pode beneficiar até 58% da população aumentando acesso às oportunidades de emprego para pelo menos 23% da população de baixa renda. É um corredor importante estrategicamente para a cidade.

Por meio de nota, a secretaria estadual de Transporte e Mobilidade Urbana informou que tem participado de “reuniões periódicas com a secretaria municipal de Transportes a fim de definir as atribuições e avaliar a oferta de transporte público no corredor Transbrasil, além de discutir os custos para a conclusão das obras” e que “em 2020, o Estado cedeu o terreno para construção do Terminal Deodoro” que ficou à cargo da prefeitura assim como a de “outros terminais, incluindo Margaridas e Missões” que ainda não saíram do papel.

2 de 3 BRT Transbrasil em operação — Foto: Hermes de Paula BRT Transbrasil em operação — Foto: Hermes de Paula

A criação de regras para a circulação de caminhões pela Avenida Brasil também é apontada como medida capaz de aliviar o engarrafamento nas pistas comuns da via. A medida chegou a ser ventilada pela prefeitura e seria implementada em março, mas foi abandonada após reunião com representantes de transportadoras, do setor de logística e caminhoneiros.

— É claro que restrições quanto ao horário de circulação para os caminhões tem um impacto de custo. Então houve uma reação . A questão é que um carro comum, quando enguiça, tem um tempo de resolução muito mais rápido do que o enguiço de um caminhão. Então, não apenas tem muito caminhão circulando, que são veículos de grande porte e ocupam mais espaço, que têm uma outra velocidade (mais lenta), mas além disso quando há um enguiço causa muito dano na faixa de tráfego misto — argumenta Clarisse Linke.

Outra forma de tentar melhorar o trânsito na nova Avenida Brasil seria remanejamento de algumas das linhas de ônibus paradores.

— Acredito que possa ser feito um deslocamento de algumas linhas para bairros adjacentes. Além disso, com o tempo o que vai acontecer é que muitos desses motoristas que estão passando com seus carros vão passar para o BRT e então serão menos carros na via e consequentemente menos engarrafamento, esta é a lógica — diz Ronaldo Balassiano. professor aposentado do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ.

Mais uma medida apontada como eficaz para amenizar os congestionamentos seria a supressão faixa seletiva à direita, destinada a ônibus expressos , veículos de serviço e táxis.

— O ideal é fazer o BRT funcionar na faixa dele não obrigatoriamente reservando duas faixas, assim seria possível devolver a outra faixa para o tráfego misto. Logicamente que teria que ser pensada a programação das linhas que funcionariam ali, mas em princípio seria possível conviver os ônibus de linha e os BRTs naquela faixa — aponta José Eugênio Leal, professor emérito da PUC-Rio.

Duas visões

Acostumado a perder mais de duas horas de Ricardo de Albuquerque, onde mora, até a Penha, onde trabalha — ambos bairros da Zona Norte do Rio —, o guia de turismo Caio Rafael de Abreu, de 30 anos, agora só vê o engarrafamento pela janela do BRT Transbrasil. Com o articulado seguindo em pista livre, o passageiro, que saiu do terminal Deodoro às 9h24 cronometrou a viagem, feita em pouco mais de 22 minutos.

3 de 3 O guia de turismo Caio Rafael de Abreu gastou pouco mais de 22 minutos no trajeto até o trabalho — Foto: Geraldo Ribeiro/Agência O Globo O guia de turismo Caio Rafael de Abreu gastou pouco mais de 22 minutos no trajeto até o trabalho — Foto: Geraldo Ribeiro/Agência O Globo

— Agora vai ficar mais fácil até quando tiver que ir para a Zona Sul. Antes eu precisava sair mais cedo de casa. Está muito bem. Engarrafamento agora só pela janela — disse Caio.

Na contramão da alegria de Caio, motoristas dos carros de passeio, caminhões e os passageiros dos ônibus paradores, que não seguem pela pista seletiva tiveram que encarar mais uma segunda-feira de trânsito ruim na Avenida Brasil.

Os trechos mais engarrafados ficavam na altura dos bairros de Irajá, Penha, Cidade Alta e Manguinhos. De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), às 7h15, o gráfico de trânsito do Waze apontava congestionamento 15% maior que a média de três semanas, ressaltado que nesse período, houve uma colisão entre caminhão e moto na pista central da via, na altura de Bonsucesso, o que contribuiu para piorar o congestionamento.

Para mostrar a diferença do que enfrentam os passageiros do BRT, que viajam em pista exclusiva para os demais usuários da Avenida Brasil, a reportagem do GLOBO percorreu os 25 quilômetros que separam o terminal Deodoro do TIG, separados por 17 estações e cortando 18 bairros. A viagem feita pelo corredor Transbrasil durou 44 minutos no articulado que saiu de Deodoro às 9h24. De carro, o mesmo itinerário, no mesmo horário, durou 1h20m.

Entre Deodoro e Irajá, a distância de carro foi feita em apenas dez minutos. A partir daí o trânsito começou a ficar lento. Da altura da Ceasa até a entrada da Ilha do Governador piorou ainda mais, principalmente porque os automóveis passaram a disputar espaço na pista com os caminhões.

— A Avenida Brasil está um lixo. Tiraram duas faixas dos motoristas para dar preferência para os passageiros do BRT e deu nisso. Fora da seletiva, além do volume de carros ainda tem os ônibus (paradores) que complicam o trânsito. Está mal planejado — reclama o representante comercial e motorista de aplicativo, Rodrigo Daher Pacheco, de 40 anos, que ontem fez em uma hora o trajeto de Irajá a Benfica.

No início da noite de ontem, o RJTV da TV Globo mostrou que havia lentidão no trânsito entre o Caju e Ramos. Pouco depois das 19h o trânsito já fluía bem na região de Irajá.

Ao GLOBO, a Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela, informou que registrou, ontem, pico de 5 km de congestionamento, no sentido Fundão, no período da manhã, dois quilômetros a mais que o considerado normal para uma segunda-feira.

Responsável pela operação da ponte Rio-Niterói, a Ecoponte disse que “está cedo para analisar o impacto do início da operação do BRT Transbrasil na Ponte Rio-Niterói”. A concessionária “observou o trânsito mais lento na saída para Avenida Brasil ao longo da última semana, principalmente no período da tarde”.

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Elon Musk domina internet por satélite na Amazônia com antenas em 90% das cidades

A Amazônia se tornou o principal mercado no Brasil da Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário sul-africano Elon Musk.

Lançada na região em setembro de 2022, a Starlink já é líder isolada entre os provedores de banda larga fixa por satélite na Amazônia legal, com antenas instaladas em 90% municípios da região até julho deste ano, segundo um levantamento exclusivo da BBC News Brasil.

A maior parte destes clientes estão em regiões de difícil acesso na Amazônia, onde não há infraestrutura tradicional de internet de banda larga.

Em maio de 2022, depois de apertar as mãos do então presidente Jair Bolsonaro em um resort de luxo no interior de São Paulo, o empresário disse estar “super animado para o lançamento da Starlink para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da Amazônia”.

A promessa não saiu do papel, segundo o ministério da Educação e secretarias estaduais informaram à reportagem.

Mas dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) analisados pela BBC News Brasil em outubro de 2023 revelam que a empresa já tem clientes privados em 697 dos 772 municípios da Amazônia legal (formada por Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão).

A Starlink possibilita avanços importantes, como a possibilidade de uso de cartões de crédito e débito e Pix em cidades que não tinham internet de alta velocidade. Mas a expansão da tecnologia de Musk também impulsiona atividades ilegais, apontam autoridades brasileiras à BBC News Brasil.

“O Ibama informa que se tornou recorrente encontrar antenas Starlink nos garimpos”, afirmou o órgão à reportagem.

Imagens obtidas com exclusividade pela BBC mostram antenas da empresa de Musk junto a armas, munição e ouro recolhidos em operações da Polícia Federal e do Ibama.

O domínio da empresa na conexão de regiões isoladas levanta questões sobre segurança e soberania nacional, segundo especialistas brasileiros e estrangeiros ouvidos pela reportagem, especialmente depois da controvérsia recente sobre a dependência ucraniana de antenas da Starlink na guerra contra o Exército russo (veja mais abaixo).

Entre todos os 124 municípios que formam a faixa de fronteira da Amazônia legal com outros países, segundo o levantamento feito pela reportagem, apenas um não possuía antenas Starlink até o mês de julho.

Procurada diversas vezes, a empresa liderada por Elon Musk não respondeu a pedidos de comentários da BBC News Brasil sobre sua rápida expansão no Brasil, a promessa de internet em escolas, e o uso de sua tecnologia para atividades criminosas na floresta.

Soberania nacional

A Starlink revolucionou o mercado ao lançar uma enorme constelação de satélites que orbita o planeta em baixa altitude, tornando a velocidade de conexão entre os satélites e o solo mais rápida.

Mais de 5 mil satélites Starlink já foram lançados no espaço, disse à BBC News Brasil a Celestrak, laboratório norte-americano que monitora satélites.

Este enorme conjunto permite à empresa de Elon Musk levar conexão de qualidade à internet a lugares remotos e distantes, onde não há infraestrutura local como cabos e postes — caso de boa parte da Amazônia.

Mas isso pode colocar decisões importantes sobre países e governos nas mãos do empresário.

A Starlink virou alvo de debates sobre segurança de dados no mundo todo no início de setembro, quando Elon Musk admitiu não ter permitido que o governo da Ucrânia tivesse acesso à rede Starlink para evitar relação com o que definiu como um “grande ato de guerra”.

“Se tivesse concordado com o pedido, a SpaceX (empresa que envia os satélites usados pela Starlink para o espaço) seria explicitamente cúmplice de um grande ato de guerra e escalada de conflitos”, disse Musk, que foi criticado por autoridades ucranianas.

À BBC News Brasil, o professor T.S. Kelso, ex-chefe do Instituto de Tecnologia e da Divisão de Análise Espacial do Comando Espacial da Força Aérea dos Estados Unidos, disse que o debate sobre soberania nacional é “especialmente significativo”.

“Sistemas de comunicação são frequentemente mantidos sob controle governamental por vários motivos, da prevenção de comportamentos ilícitos à supressão de dissidências”, ele diz.

“É de vital importância para a segurança nacional, por exemplo, para a Defesa, ter sistemas de comunicação seguros e confiáveis. Permitir que qualquer empresa – ou indivíduo – decida unilateralmente estas questões parece ter sérias implicações para a segurança nacional”, continua.

O especialista em antropologia da tecnologia David Nemer, professor da Universidade da Virginia (EUA), concorda.

“Quando a gente fala de internet, não está falando só de Twitter ou Facebook. Falamos de serviços vitais para o funcionamento de uma cidade. Dar esse poder à Starlink é muito preocupante”, avalia.

O Ministério da Defesa disse à reportagem que não se posicionaria sobre o tema.

Garimpo

Ouro, armas, munição pesada e antenas Starlink viraram “o novo normal” em apreensões de forças de segurança brasileiras em áreas de garimpo ilegal, segundo um porta-voz do Ibama informou à BBC News Brasil.

De acordo com o órgão, do início do ano até o dia 4 de setembro, 32 termos de apreensão de antenas foram realizados em operações de combate ao garimpo ilegal.

Só na última grande operação contra garimpeiros em terras indígenas no rio Tapajós (PA), cinco antenas Starlink foram apreendidas ou destruídas.

“Em geral as antenas são colocadas nos acampamentos e nas dragas de garimpo”, disse o órgão.

O acesso à internet de alta velocidade facilitou o trabalho de garimpeiros e traficantes de madeira e drogas da região, afirmam especialistas.

Até a chegada da empresa, o principal meio que eles tinham em locais isolados para se comunicarem sobre a chegada de carregamentos ou operações de repressão da Polícia Federal era o rádio.

“Agora eles fazem tudo por WhatsApp”, diz um funcionário da Polícia Federal que pediu anonimato.

Para o professor Nemer, da Universidade da Virginia, o uso das antenas em garimpos “não é uma surpresa”.

“Um dos argumentos com os quais Elon Musk tenta promover a Starlink é o de levar a internet para onde a internet jamais chegou. Mas estes são lugares precarizados, onde as pessoas não têm meios para comprar e manter uma conexão de internet por satélite, que ainda é extremamente cara”, diz.

“Essa propaganda sobre inclusão digital é uma falácia, um mito. Quem de fato pode bancar esses serviços são pessoas com algum poder financeiro (…) Então não me surpreende que essas essas antenas tenham caído nas mãos de garimpeiros, já que eles têm condição de pagar.”

O valor inicial da mensalidade Starlink no Brasil é de R$ 185 reais. O kit de instalação custa a partir de R$ 1.400 — mas revendedores chegam a cobrar até R$ 5 mil pela antena em locais remotos da Amazônia em grupos de garimpeiros.

Transformação em comunidades isoladas

A tecnologia, ao mesmo tempo, trouxe transformações positivas a cidades e comunidades distantes dos grandes centros.

Em janeiro, indígenas yanomami instalaram uma antena Starlink que agora permite a comunicação em alta velocidade entre profissionais de postos de saúde e familiares de doentes em comunidades isoladas da Terra Indígena.

“Nossa internet está funcionando perfeitamente”, disse à BBC News Brasil Junior Yanomami, presidente da associação yanomami Urihi.

“Tem ajudado de forma excepcional, tanto para equipe de saúde, que diariamente repassa informações e solicitações de resgate, como para os yanomami, que nos comunicam sobre tudo que acontece na região em que está instalada a internet”, completa o líder indígena.

Em cidades em Roraima e no Acre, moradores finalmente podem usar cartões de débito ou crédito — e até mesmo fazer pagamentos via Pix —, graças à estabilidade e velocidade da conexão à internet via Starlink.

“Eu passei dez dias com o pessoal yawanawá lá no Acre e foi uma experiência muito interessante. A internet (Starlink) é uma coisa nova no território deles (…) e facilitou muito essa comunicação entre as aldeias”, afirma David Nemer.

“Eles fazem trocas e estão o tempo todo lidando com o ‘homem branco’ nas cidades. Eles têm conta bancária, e é mais fácil realizar transações bancárias. A internet facilita muito a venda de artesanatos. (…) É algo que eles ainda estão explorando e investigando, então é um pouquinho cedo pra ver o que, de fato, a longo prazo, isso pode trazer para o território.”

Controvérsia sobre escolas

Elon Musk usou sua conta pessoal no Twitter para anunciar “o lançamento da Starlink para 19 mil escolas desconectadas” na Amazônia em maio de 2022, meses antes do início das atividades da empresa na região Norte do país.

Mais de um ano depois, a BBC News Brasil consultou o ministério da Educação, e secretarias de educação de todos os Estados que formam a Amazônia legal sobre o andamento do programa.

“Verificamos junto à área de Tecnologia e Inovação da Educação Básica que não existe parceria formal, no âmbito do Ministério da Educação (MEC), com a Starlink”, informou o órgão federal.

A secretaria de Educação e Desporto de Roraima informou que “até a presente data, nenhuma escola da rede estadual de ensino possui internet via Starlink”.

O governo do Pará disse que “o referido anúncio de parceria entre o governo passado e a Starlink não beneficiou as escolas paraenses” e que está preparando uma licitação própria para expandir a digitalização escolar.

O governo do Tocantins afirmou que “escolas públicas do Estado não receberam nenhum sinal de internet via Starlink.”

A secretaria do Maranhão informou “que não tem parceria com a empresa”.

Os governos de Amazonas, Amapá, Rondônia, Mato Grosso e Acre não responderam à reportagem.

*Esta reportagem foi publicada originalmente em outubro de 2023 e atualizada em 8 de abril de 2024.

Visão do Correio: Jogo de soma zero prejudica a Petrobras

Não importa quem tem razão na disputa entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. A discussão sobre a gestão dos dividendos da empresa no contexto de uma disputa de poder entre facções políticas, como está se apresentando, é um jogo de soma zero. Ou seja, os interesses dos jogadores são opostos, e não cooperativos, suas perdas e danos são individuais, mas afetam direta e negativamente o valor de mercado da empresa.

A crise entre ambos deu lugar a uma disputa de poder entre o PSD, aliado do governo, e o PT, que pretende se aproveitar das divergências para emplacar no comando da Petrobras o atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Será mais um contraponto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sofre permanente “fogo amigo” dos petistas. Assim, terá repercussão geral no ambiente econômico e na credibilidade do governo junto aos investidores.

A polêmica entre Silveira e Prates pôs na ordem do dia, da pior forma possível, a troca de comando da empresa. A última reunião do atual Conselho de Administração será no próximo dia 19; assembleia geral para eleição dos novos conselheiros, em 25 de abril. Mesmo que Prates seja mantido no cargo, substituir Pietro Mendes, presidente do Conselho de Administração da Petrobras e aliado de Silveira, pelo ex-senador Aloizio Mercadante, economista desenvolvimentista, mostra a intenção de um grau de interferência política do PT na gestão da empresa que contraria as boas regras de gestão corporativa.

Há precedentes de erros estratégicos cometidos na gestão da Petrobras durante os governos do PT, que levam desconfiança ao mercado. Não se trata apenas do escândalo da Petrobras, mas também de uma concepção de expansão das atividades da empresa para setores que não são diretamente ligados à atividade-fim, a produção de energia. É o caso da Sete Brasil, empresa criada para fabricar sondas de exploração do pré-sal, que foi a joia da coroa do chamado “Petrolão” e causou enormes prejuízos à empresa.

Silveira também foi protagonista da crise provocada pela fracassada tentativa de emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da Vale. Embora possa agradar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua atuação no “enquadramento”de estatais de sua pasta denota uma tendência de intervenção política na gestão da empresa. O Brasil tem uma cultura avessa à gestão de ativos públicos por critérios de excelência e meritocracia.

A gestão de ativos públicos pode impulsionar ou prejudicar o crescimento econômico. Muitos países sofrem com a falta de investimentos em infraestrutura porque gerenciam mal os seus ativos. Está provado que a democracia tem mais chances de atuar em prol do interesse comunitário quando os governantes se preocupam mais com os consumidores e entregam esses ativos à administração profissional e, para isso, lançam mão do que existe de melhor na gestão corporativa.

Um novo fracasso na gestão da Petrobras, como o que ocorreu nos governos petistas anteriores, pode arrastar a imagem do presidente Lula ladeira abaixo e resultar, mais à frente, na privatização integral da empresa. Não faltam exemplos de privatizações bem-sucedidas para a oposição construir uma narrativa com esse objetivo.

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Visão do Correio: Jogo de soma zero prejudica a Petrobras

Não importa quem tem razão na disputa entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. A discussão sobre a gestão dos dividendos da empresa no contexto de uma disputa de poder entre facções políticas, como está se apresentando, é um jogo de soma zero. Ou seja, os interesses dos jogadores são opostos, e não cooperativos, suas perdas e danos são individuais, mas afetam direta e negativamente o valor de mercado da empresa.

A crise entre ambos deu lugar a uma disputa de poder entre o PSD, aliado do governo, e o PT, que pretende se aproveitar das divergências para emplacar no comando da Petrobras o atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Será mais um contraponto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sofre permanente “fogo amigo” dos petistas. Assim, terá repercussão geral no ambiente econômico e na credibilidade do governo junto aos investidores.

A polêmica entre Silveira e Prates pôs na ordem do dia, da pior forma possível, a troca de comando da empresa. A última reunião do atual Conselho de Administração será no próximo dia 19; assembleia geral para eleição dos novos conselheiros, em 25 de abril. Mesmo que Prates seja mantido no cargo, substituir Pietro Mendes, presidente do Conselho de Administração da Petrobras e aliado de Silveira, pelo ex-senador Aloizio Mercadante, economista desenvolvimentista, mostra a intenção de um grau de interferência política do PT na gestão da empresa que contraria as boas regras de gestão corporativa.

Há precedentes de erros estratégicos cometidos na gestão da Petrobras durante os governos do PT, que levam desconfiança ao mercado. Não se trata apenas do escândalo da Petrobras, mas também de uma concepção de expansão das atividades da empresa para setores que não são diretamente ligados à atividade-fim, a produção de energia. É o caso da Sete Brasil, empresa criada para fabricar sondas de exploração do pré-sal, que foi a joia da coroa do chamado “Petrolão” e causou enormes prejuízos à empresa.

Silveira também foi protagonista da crise provocada pela fracassada tentativa de emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da Vale. Embora possa agradar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua atuação no “enquadramento”de estatais de sua pasta denota uma tendência de intervenção política na gestão da empresa. O Brasil tem uma cultura avessa à gestão de ativos públicos por critérios de excelência e meritocracia.

A gestão de ativos públicos pode impulsionar ou prejudicar o crescimento econômico. Muitos países sofrem com a falta de investimentos em infraestrutura porque gerenciam mal os seus ativos. Está provado que a democracia tem mais chances de atuar em prol do interesse comunitário quando os governantes se preocupam mais com os consumidores e entregam esses ativos à administração profissional e, para isso, lançam mão do que existe de melhor na gestão corporativa.

Um novo fracasso na gestão da Petrobras, como o que ocorreu nos governos petistas anteriores, pode arrastar a imagem do presidente Lula ladeira abaixo e resultar, mais à frente, na privatização integral da empresa. Não faltam exemplos de privatizações bem-sucedidas para a oposição construir uma narrativa com esse objetivo.

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Censo 2022: complexos do Alemão e da Maré perderam moradores, enquanto Rocinha e Vidigal cresceram

Dados preliminares do Censo de 2022 copilados pelo Instituto de Urbanismo Pereira Passos (IPP), da Prefeitura do Rio, divulgados na última segunda-feira revelam que as comunidades da Rocinha e do Vidigal, na Zona Sul da cidade, registraram um aumento no número de moradores em comparação com a contagem anterior, feita pelo IBGE em 2010. No período, a Rocinha ganhou 1.538 novos moradores. Com isso, a população da comunidade passou de 69.356 para 70.894. Já no Vidigal, o Censo contou 15.112 moradores — ou seja 2.315 pessoas a mais do que na última edição.

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Atendimento à população: Centro de atendimento para as pessoas em situação de rua, na Central do Brasil, realiza 124 serviços na estreia Confira: Sargento dos Bombeiros é baleada na Tijuca após perseguição policial

Infográfico — Foto: Editoria de Arte

Algumas comunidades, porém, também registraram redução populacional. Esses foram os casos do Complexo do Alemão, na Zona Norte, que perdeu 21,6% de sua população em comparação com a contagem de 2010. Foram identificados 14.941 moradores a menos. Hoje, o Alemão tem 54.202 moradores contra 69.143 há pouco mais de dez anos. Na Maré, também na Zona Norte, o total de habitantes sofreu uma redução de 129.770 para 124.832 moradores, ou seja, 4938 pessoas a menos.

O fenômeno também foi identificado na Cidade de Deus, na Zona Oeste, que perdeu 5.939 no período, passando de 36.515 habitantes para 30.576 em 2022.

As informações disponíveis até o momento no IPP não identificam outras comunidades de forma individual porque não são reconhecidas como bairros da cidade, ao contrário de Rocinha, Vidigal, Alemão e Maré, critério adotado pela instituição para divulgar as estatísticas. Nos dados ainda não disponibilizados pela prefeitura estão comunidades de grande porte como Rio das Pedras, na Zona Oeste, por exemplo, estão inseridas em dois bairros distintos: Itanhangá e Jacarepaguá, na mesma região. Pela extensão, há ainda favelas que os limites do que é bairro e o que seria a comunidade são difíceis de distinguir. Isso acontece, por exemplo em duas delas na Zona Norte: Jacarezinho (35.348 moradores, 2.491 a menos do que em 2010) e Manguinhos (28.855 moradores, 7.305 a menos do que na contagem passada).

Por nota, o IPP informou que ainda não se aprofundou na análise dos dados sobre os bairros porque aguarda a liberação de mais informações dos setores censitários.

As informações consolidadas pelo IPP mostram ainda que a Zona Norte sofreu um esvaziamento desde do censo anterior de 2010, enquanto a população da Zona Oeste aumentou de forma expressiva, em áreas que nem sempre têm a infraestrutura adequada. Santa Cruz, por exemplo, ganhou 31.797 habitantes adicionais. Em menor proporção, Centro e zona Sul também perderam moradores no período.

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O fenômeno também foi identificado na Cidade de Deus, na Zona Oeste, que perdeu 5.939 no período, passando de 36.515 habitantes para 30.576 em 2022.

As informações disponíveis até o momento no IPP não identificam outras comunidades de forma individual porque não são reconhecidas como bairros da cidade, ao contrário de Rocinha, Vidigal, Alemão e Maré, critério adotado pela instituição para divulgar as estatísticas. Nos dados ainda não disponibilizados pela prefeitura estão comunidades de grande porte como Rio das Pedras, na Zona Oeste, por exemplo, estão inseridas em dois bairros distintos: Itanhangá e Jacarepaguá, na mesma região. Pela extensão, há ainda favelas que os limites do que é bairro e o que seria a comunidade são difíceis de distinguir. Isso acontece, por exemplo em duas delas na Zona Norte: Jacarezinho (35.348 moradores, 2.491 a menos do que em 2010) e Manguinhos (28.855 moradores, 7.305 a menos do que na contagem passada).

Por nota, o IPP informou que ainda não se aprofundou na análise dos dados sobre os bairros porque aguarda a liberação de mais informações dos setores censitários.

As informações consolidadas pelo IPP mostram ainda que a Zona Norte sofreu um esvaziamento desde do censo anterior de 2010, enquanto a população da Zona Oeste aumentou de forma expressiva, em áreas que nem sempre têm a infraestrutura adequada. Santa Cruz, por exemplo, ganhou 31.797 habitantes adicionais. Em menor proporção, Centro e zona Sul também perderam moradores no período.

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