Menos linhas de ônibus, fim da segunda pista seletiva e limitação de caminhões: especialistas apontam soluções para engarrafamentos na Brasil

O primeiro dia útil de funcionamento ampliado do BRT Transbrasil — com veículos circulando pelo corredor exclusivo de 4h à meia-noite, com intervalos de dez minutos — foi marcado, a exemplo do que já havia acontecido no período de testes há uma semana, por sensações bastantes distintas: enquanto uns comemoravam o trânsito livre e a viagem rápida a bordo dos veículos articulados, outros reclamavam do engarrafamento nas pistas reservadas ao tráfego misto. Enquanto a prefeitura afirma que precisa de tempo para fazer os ajustes, especialistas dão alguns caminhos possíveis para destravar o tráfego para todos como reordenamento de linhas de ônibus comuns, eliminação da segunda pista seletiva e limitação do tráfego de caminhões.

‘Engarrafamento agora só pela janela’, diz passageiro do BRT Transbrasil que chegou 1h40 mais cedo ao trabalho Guerra urbana: Estudante da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro é morto em tiroteio no Centro de Seropédica; duas crianças baleadas e mãe ferida

— A gente tem estudado e pensado num cardápio de soluções, mas é cedo para ter qualquer conclusão, precisamos observar como o tráfego vai comportar ao longo do tempo, não tem outro jeito. Não podemos tomar uma medida agora e outra medida na semana que vem. A gente entende a angústia da população e vamos trabalhar para fazer os ajustes necessários. De imediato temos que comemorar o sucesso que tem sido a operação do BRT Transbrasil — analisa Maína Celidonio, secretária municipal de Transportes.

BRT Transbrasil

1 de 6 BRT Transbrasil tem ponto final no Terminal Gentileza, na região central do Rio, onde se conecta a outros modais — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo/Arquivo 2 de 6 A passagem do VLT custa R$ 4,30 e a sua integração com o BRT e os ônibus está garantida no Terminal Gentileza. — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

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3 de 6 Avenida Brasil na altura da Fiocruz. Operação do novo corretor BRT Transbrasil dá início à calha segregada — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo 4 de 6 Estação do BRT Transbrasil em frente à Fiocruz, na Avenida Brasil — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo 5 de 6 Transbrasil: corredor tem 26 quilômetros — Foto: Fabio Rossi 6 de 6 BRT TransBrasil — Foto: Editoria Arte

BRT Transbrasil agora funciona de 4h à meia-noite, com intervalos de dez minutos.

Para Clarisse Cunha Linke, diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP Brasil), parte da solução pode vir da integração do BRT Transbrasil com linhas intermunicipais.

— Para que o corredor seja eficiente é necessário que tenha uma integração efetiva com o transporte intermunicipal. Esse é um dos grandes desafios que a gente identifica no momento. Por enquanto há uma ausência do Governo do Estado nesse projeto o que é necessário para que proporcione uma integração operacional, tarifária, de infraestrutura, mas isso infelizmente ainda não está acontecendo. Com essa integração intermunicipal a gente espera que tenha menos ônibus na faixa de tráfego misto o que já ajudaria a melhorar no fluxo — explica Clarice, que considera o BRT um ganho para a cidade — O corredor Transbrasil é um marco para cidade, pode beneficiar até 58% da população aumentando acesso às oportunidades de emprego para pelo menos 23% da população de baixa renda. É um corredor importante estrategicamente para a cidade.

Por meio de nota, a secretaria estadual de Transporte e Mobilidade Urbana informou que tem participado de “reuniões periódicas com a secretaria municipal de Transportes a fim de definir as atribuições e avaliar a oferta de transporte público no corredor Transbrasil, além de discutir os custos para a conclusão das obras” e que “em 2020, o Estado cedeu o terreno para construção do Terminal Deodoro” que ficou à cargo da prefeitura assim como a de “outros terminais, incluindo Margaridas e Missões” que ainda não saíram do papel.

2 de 3 BRT Transbrasil em operação — Foto: Hermes de Paula BRT Transbrasil em operação — Foto: Hermes de Paula

A criação de regras para a circulação de caminhões pela Avenida Brasil também é apontada como medida capaz de aliviar o engarrafamento nas pistas comuns da via. A medida chegou a ser ventilada pela prefeitura e seria implementada em março, mas foi abandonada após reunião com representantes de transportadoras, do setor de logística e caminhoneiros.

— É claro que restrições quanto ao horário de circulação para os caminhões tem um impacto de custo. Então houve uma reação . A questão é que um carro comum, quando enguiça, tem um tempo de resolução muito mais rápido do que o enguiço de um caminhão. Então, não apenas tem muito caminhão circulando, que são veículos de grande porte e ocupam mais espaço, que têm uma outra velocidade (mais lenta), mas além disso quando há um enguiço causa muito dano na faixa de tráfego misto — argumenta Clarisse Linke.

Outra forma de tentar melhorar o trânsito na nova Avenida Brasil seria remanejamento de algumas das linhas de ônibus paradores.

— Acredito que possa ser feito um deslocamento de algumas linhas para bairros adjacentes. Além disso, com o tempo o que vai acontecer é que muitos desses motoristas que estão passando com seus carros vão passar para o BRT e então serão menos carros na via e consequentemente menos engarrafamento, esta é a lógica — diz Ronaldo Balassiano. professor aposentado do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ.

Mais uma medida apontada como eficaz para amenizar os congestionamentos seria a supressão faixa seletiva à direita, destinada a ônibus expressos , veículos de serviço e táxis.

— O ideal é fazer o BRT funcionar na faixa dele não obrigatoriamente reservando duas faixas, assim seria possível devolver a outra faixa para o tráfego misto. Logicamente que teria que ser pensada a programação das linhas que funcionariam ali, mas em princípio seria possível conviver os ônibus de linha e os BRTs naquela faixa — aponta José Eugênio Leal, professor emérito da PUC-Rio.

Duas visões

Acostumado a perder mais de duas horas de Ricardo de Albuquerque, onde mora, até a Penha, onde trabalha — ambos bairros da Zona Norte do Rio —, o guia de turismo Caio Rafael de Abreu, de 30 anos, agora só vê o engarrafamento pela janela do BRT Transbrasil. Com o articulado seguindo em pista livre, o passageiro, que saiu do terminal Deodoro às 9h24 cronometrou a viagem, feita em pouco mais de 22 minutos.

3 de 3 O guia de turismo Caio Rafael de Abreu gastou pouco mais de 22 minutos no trajeto até o trabalho — Foto: Geraldo Ribeiro/Agência O Globo O guia de turismo Caio Rafael de Abreu gastou pouco mais de 22 minutos no trajeto até o trabalho — Foto: Geraldo Ribeiro/Agência O Globo

— Agora vai ficar mais fácil até quando tiver que ir para a Zona Sul. Antes eu precisava sair mais cedo de casa. Está muito bem. Engarrafamento agora só pela janela — disse Caio.

Na contramão da alegria de Caio, motoristas dos carros de passeio, caminhões e os passageiros dos ônibus paradores, que não seguem pela pista seletiva tiveram que encarar mais uma segunda-feira de trânsito ruim na Avenida Brasil.

Os trechos mais engarrafados ficavam na altura dos bairros de Irajá, Penha, Cidade Alta e Manguinhos. De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), às 7h15, o gráfico de trânsito do Waze apontava congestionamento 15% maior que a média de três semanas, ressaltado que nesse período, houve uma colisão entre caminhão e moto na pista central da via, na altura de Bonsucesso, o que contribuiu para piorar o congestionamento.

Para mostrar a diferença do que enfrentam os passageiros do BRT, que viajam em pista exclusiva para os demais usuários da Avenida Brasil, a reportagem do GLOBO percorreu os 25 quilômetros que separam o terminal Deodoro do TIG, separados por 17 estações e cortando 18 bairros. A viagem feita pelo corredor Transbrasil durou 44 minutos no articulado que saiu de Deodoro às 9h24. De carro, o mesmo itinerário, no mesmo horário, durou 1h20m.

Entre Deodoro e Irajá, a distância de carro foi feita em apenas dez minutos. A partir daí o trânsito começou a ficar lento. Da altura da Ceasa até a entrada da Ilha do Governador piorou ainda mais, principalmente porque os automóveis passaram a disputar espaço na pista com os caminhões.

— A Avenida Brasil está um lixo. Tiraram duas faixas dos motoristas para dar preferência para os passageiros do BRT e deu nisso. Fora da seletiva, além do volume de carros ainda tem os ônibus (paradores) que complicam o trânsito. Está mal planejado — reclama o representante comercial e motorista de aplicativo, Rodrigo Daher Pacheco, de 40 anos, que ontem fez em uma hora o trajeto de Irajá a Benfica.

No início da noite de ontem, o RJTV da TV Globo mostrou que havia lentidão no trânsito entre o Caju e Ramos. Pouco depois das 19h o trânsito já fluía bem na região de Irajá.

Ao GLOBO, a Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela, informou que registrou, ontem, pico de 5 km de congestionamento, no sentido Fundão, no período da manhã, dois quilômetros a mais que o considerado normal para uma segunda-feira.

Responsável pela operação da ponte Rio-Niterói, a Ecoponte disse que “está cedo para analisar o impacto do início da operação do BRT Transbrasil na Ponte Rio-Niterói”. A concessionária “observou o trânsito mais lento na saída para Avenida Brasil ao longo da última semana, principalmente no período da tarde”.

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