Por que a influência de Delfim Netto atravessou décadas na economia e na política brasileiras

O ex-ministro da Fazenda, Antonio Delfim Netto, morreu ontem, aos 96 anos, encerrando a longa trajetória de um dos personagens mais marcantes dos cenários político e econômico do Brasil desde meados do século passado. Ele estava internado desde a última segunda-feira no Hospital Israelita Albert Einstein em decorrência de complicações no seu quadro de saúde.

As notas de pesar da direita à esquerda, nos mais diferentes setores políticos e econômicos, sugere a forte influência que o economista teve no país. A revisão de sua vida pública ajuda a explicar como ele conseguiu tal façanha.

“Nós não temos competência para acabar com o Brasil. O Brasil vai sobreviver a todas as bobagens que nós fizermos e vai sair melhor do que começou.”

Era assim, sem dispensar o humor refinado, uma marca pessoal, que o economista e ex-ministro Antônio Delfim Netto olhava as perspectivas para o Brasil no fim de 2015, em meio ao aprofundamento da crise econômica e aos sinais já bastante claros do turbilhão político, que meses depois levaria ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Bem antes, foi sob seu comando na economia que o país viveria um ciclo de forte expansão da economia, que ficaria conhecido como “milagre econômico”. Delfim esteve à frente da Fazenda entre 1967 e 1974, durante as presidências dos generais Costa e Silva e Médici, na ditadura militar.

Foi nessa época que o Produto Interno Bruto (PIB) deu um salto e chegou a crescer 14% ao ano — mas em uma expansão fortemente concentradora de renda e calcada em desequilíbrios que levariam o país a crises anos depois.

Mais Sobre Delfim Netto

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Acadêmico destacado

Formado pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Delfim Netto fez doutorado com uma tese sobre a economia do café, tornando-se catedrático de Economia Brasileira na mesma escola em 1958.

Ainda estudante, trabalhou no Departamento de Estradas de Rodagens do governo paulista. Entre junho de 1966 e janeiro de 1967, foi secretário de Fazenda no governo de transição de Laudo Natel, que substituiu o titular, Adhemar de Barros, cassado na ditadura.

Apoio ao AI-5

Em seguida, integrou o grupo de Planejamento do governo Carvalho Pinto. No mesmo ano, aos 39 anos, se tornaria ministro da Fazenda a convite do marechal Arthur da Costa e Silva, posto em que permaneceria ainda durante a presidência do general Emílio Garrastazu Médici. Foi o mais jovem a assumir o cargo.

Foi a época das grandes obras. Com financiamento externo e sob um regime de exceção, os governos militares construíram a Ponte Rio-Niterói, a Transamazônica, a Usina Hidrelétrica de Itaipu e a Refinaria de Paulínia, entre outros.

Mas as políticas desenvolvimentistas da década de 1970 legaram ao país sérios problemas de desequilíbrio externo, o que acabou levando à hiperinflação que marcou o início da redemocratização.

Em 13 de dezembro de 1968, Delfim Netto participaria no Palácio das Laranjeiras, no Rio, da reunião do Conselho de Segurança Nacional, convocada por Costa e Silva, na qual seria aprovado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que suprimiu os direitos constitucionais e ampliou a repressão.

De acordo com o livro “A ditadura envergonhada”, do jornalista Elio Gaspari (leia artigo do autor na página 14), naquela reunião o jovem ministro da Fazenda, então com 40 anos, “pisou no acelerador”.

“Queria que a concentração de poderes pedida por Costa e Silva desse ao governo mão livre para legislar sobre matéria econômica e tributária”, descreve Gaspari. Depois de afirmar aos presentes que estava “plenamente de acordo” com a proposição que estava em análise, ele acrescentaria, dirigindo-se a Costa e Silva:

“Eu acredito que deveríamos atentar e deveríamos dar a Vossa Excelência a possibilidade de realizar certas mudanças constitucionais que são absolutamente necessárias para que este país possa realizar o seu desenvolvimento com maior rapidez.”

Autonomia em relação aos militares

Em entrevista ao GLOBO em março de 2014, pouco antes de completar 86 anos, Delfim foi veemente ao negar interferência dos militares na gestão econômica. Também rebateu a ideia de que sua gestão foi facilitada pelo regime de força. Segundo ele, tudo o que foi feito caberia em um período de democracia plena.

Sobre as alegações de adversários de que aquele salto fora forjado à custa de um arrocho salarial, endividamento externo e manipulação de preços, rebateu:

— Todos melhoraram, mas alguns melhoraram mais que outros. Quem eram esses que melhoraram mais? Exatamente aqueles que tinham sido privilegiados com educação superior e cuja demanda cresceu enormemente no processo de desenvolvimento.

Sob a presidência de Médici e a batuta de Delfim, o PIB teve taxas de expansão entre 9% e 14% ao ano, período que ficou conhecido como o milagre econômico. Houve avanços na infraestrutura do país, e o emprego aumentou, puxado pelos investimentos estatais em obras e na indústria.

De volta a Brasília com Figueiredo

Depois de servir como embaixador do Brasil em Paris no governo do general Ernesto Geisel, Delfim voltaria ao primeiro escalão do Executivo na administração de João Baptista Figueiredo (1979 a 1985), inicialmente à frente do Ministério da Agricultura (de março a agosto de 1979).

Com o pedido de demissão de Mario Henrique Simonsen (que fora seu sucessor na Fazenda, com Geisel), assumiu a pasta do Planejamento, onde ficou até março de 1985, enfrentando as sucessivas turbulências causadas pelo elevado endividamento externo do país, em meio a crises como a do petróleo (a segunda, em 1979) e a da alta dos juros nos EUA.

Em 1983, Delfim tornara-se professor titular de análise macroeconômica na USP, onde ganharia o título de professor emérito. Dois anos depois, elegeu-se deputado federal pelo PDS e participou da Assembleia Nacional Constituinte, instalada em 1º de fevereiro de 1987, importante passo da redemocratização do país. Foi reeleito para cinco mandatos seguidos.

Trajetória política à direita

Ao longo da carreira, o economista transitou por partidos de direita como o PPR e o PPB, até que em 2005 filiou-se ao PMDB. Mas, em 2006, não conseguiu se reeleger pela sigla. Voltou a atuar em seu escritório de consultoria econômica, no bairro paulista do Pacaembu, e à vida acadêmica.

Em 2014, Delfim doou para USP sua biblioteca pessoal, com mais de 100 mil títulos, acumulados em quase oito décadas — o que a tornou uma das mais relevantes do país. Tem mais de dez livros publicados sobre problemas da economia brasileira e centenas de artigos e estudos, e foi colunista em diferentes veículos, como a revista Carta Capital e os jornais Folha de S.Paulo e Valor Econômico.

É autor de uma série de livros, como “O problema do café no Brasil”, escrito ainda nos anos 1960, “O Brasil e a ciência econômica, volumes I e II”, “Planejamento e desenvolvimento econômico” e “O Brasil do século XXI”.

Conselheiro de Lula e Dilma

Durante o governo do PT, Delfim foi conselheiro frequente de Luiz Inácio Lula da Silva em seus dois mandatos. Manteria essa condição até pouco antes do naufrágio da gestão da sucessora de Lula, Dilma Rousseff.

Em nota, o presidente Lula lamentou a morte do economista, afirmando que ele foi “um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social.” O presidente lembrou que criticou o economista por 30 anos, mas pediu desculpas públicas a Delfim em 2006, durante sua campanha pela reeleição:

“Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, escreveu.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lamentou a morte do economista numa nota breve na rede social X: “Merece respeito por ter se dedicado ao progresso econômico brasileiro.”

Delfim morreu ontem, aos 96 anos. Estava internado desde a última segunda-feira no Hospital Albert Einstein. Deixa uma filha e um neto.

Saiba como a crise na Venezuela prejudica a relação com o Brasil

A diplomacia brasileira adota uma posição de cautela frente às eleições na Venezuela, apesar da proximidade ideológica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolás Maduro. Segundo o Itamaraty, a prioridade atual é garantir a divulgação das atas e a manutenção de um canal com o regime chavista. Além disso, o Brasil também tem interesses em comum com o país vizinho, como a compra de energia e a expansão do comércio que poderia sofrer consequências em um eventual corte de relações diplomáticas, com a perda regional de influência e o aumento do impacto de uma crise migratória. Apesar das precauções em relação ao pleito, a demora por um posicionamento mais duro abre precedentes na América Latina, apontam especialistas ouvidos pelo Correio.

Do ponto de vista geopolítico, a Venezuela é um país sensível para todo o continente, mas especialmente para o Brasil, com quem tem 2,2 mil quilômetros de fronteira. Sob cerco com as sanções dos Estados Unidos, o regime de Nicolás Maduro se aproximou ao longo dos anos da China e da Rússia, que forneceram apoio essencial para manter o chavista no poder e ter um aliado estratégico na América do Sul. A Rússia, por exemplo, investiu na produção de petróleo venezuelana e se tornou o principal fornecedor de armas e equipamentos militares ao país.

Já a China, por sua vez, tem uma relação econômica mais próxima ainda: estima-se que os investimentos na Venezuela somam US$ 60 bilhões, espalhados em diferentes projetos. O valor é metade do total investido pelos chineses na América do Sul e no Caribe.

O Brasil também fez um empréstimo de US$ 1,5 bilhão, via BNDES, ao governo de Nicolás Maduro

Evidência da proximidade é que o russo Vladimir Putin e o chinês Xi Jinping estão entre os poucos chefes de Estado que reconheceram imediatamente a reeleição de Maduro, mesmo com uma série de indícios de fraude. Para o professor do Instituto de Relações Internacionais (Irel) da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Jorge Ramalho da Rocha, a aproximação de outras potências gera tensões no continente, enfraquecendo tanto a influência brasileira entre os seus vizinhos quanto o objetivo do governo Lula de unir a governança regional.

“No plano geopolítico global, (a Venezuela) associou-se a potências extrarregionais (Rússia, China, Turquia e Irã), cujas presenças na região geram tensões com os países sul-americanos, com os EUA e com a Europa”, disse o professor. Na prática, essa influência se soma à preocupação mais concreta de uma nova crise econômica e convulsão social na Venezuela. Analistas temem que a escalada da violência do regime Maduro e o endurecimento de sanções internacionais possam levar a Venezuela a uma nova crise, potencializando conflitos e fluxos de migrantes para os países vizinhos, como o Brasil. Nesse cenário, Maduro poderia convidar uma interferência estrangeira na região.

“(Ele) é irresponsável o bastante para fazê-lo, se achar que isso aumenta as chances de permanecer no poder. Seu respeito pelos vizinhos aproxima-se do que demonstra ter pela própria população: nenhum. Mas atenção: não se deve subestimá-lo. É pragmático, tem sistema de inteligência e polícia política eficazes, e entende que não lhe interessa romper relações com o Brasil. O risco de ele romper relações com o Brasil é baixo”, calcula, ainda, Ramalho da Rocha.

“No plano geopolítico global, (a Venezuela) associou-se a potências extrarregionais (Rússia, China, Turquia e Irã), cujas presenças na região geram tensões com os países sul-americanos, com os EUA e com a Europa”

Segundo o doutor em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Ricardo de Toma-García, esse risco de instabilidade na fronteira norte obriga o Brasil a tomar o protagonismo na prevenção de incidentes. “A eventual erosão de ordem política e social da Venezuela e a subsequente eclosão de um conflito que envolva os interesses de potências extrarregionais e a inserção de contratistas militares colocam o Brasil em uma situação de relativa vulnerabilidade no entorno amazônico”, explicou. Estima-se que uma nova crise pode levar à saída de entre 20% a 25% da população venezuelana atual, ou seja, até 7 milhões de novos refugiados no continente.

O Brasil também tem valores a receber do empréstimo de US$ 1,5 bilhão feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a realização de obras de infraestrutura no país. Sobre a balança comercial, porém, o país sulamericano tem pequena participação nos comércios com o Brasil. Em 2023, o fluxo foi de US$ 1,153 bilhão, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços. A estimativa para 2024 é que o número se aproxime de US$ 1,2 bilhão neste ano. Em 2013, no auge das relações comerciais, o valor foi de mais de US$ 6 bilhões.

Todos esses fatores ajudam a explicar a cautela do Itamaraty ao tratar do tema. O ministério cobra a divulgação das atas eleitorais, mas sem acusar a possibilidade de fraude na reeleição de Maduro. A posição destoa da adotada por outros países, como Chile e Argentina. Porém, possibilita que o Brasil tenha um canal de diálogo tanto com o ditador quanto com a oposição — países que denunciaram fraude tiveram suas representações diplomáticas expulsas. Há expectativa de que o presidente Lula converse com Maduro por telefone, mas acompanhado dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador.

“A eventual erosão de ordem política e social da Venezuela e a subsequente eclosão de um conflito que envolva os interesses de potências extrarregionais e a inserção de contratistas militares colocam o Brasil em uma situação de relativa vulnerabilidade no entorno amazônico”

Porém, a própria manutenção do governo Maduro traz riscos ao Brasil, como a mobilidade do crime organizado entre as fronteiras, a mineração ilegal e exploração do meio ambiente e a falta de políticas para a saúde, que impõem riscos sanitários. Ramalho da Rocha avalia que a existência de um regime autoritário estimula outras “aventuras ditatoriais”, como a de Nayib Bukele, em El Salvador, e a de Daniel Ortega, na Nicarágua — com quem o Brasil protagonizou um embate diplomático recente, após a expulsão dos respectivos embaixadores.

“E também no Brasil. A questão não é ideológica; é moral. Não se trata de opção de ‘esquerda’ ou ‘direita’, como se quer insinuar. Trata-se, isto sim, de desrespeito às leis, às instituições democráticas e aos direitos fundamentais da pessoa humana. O ex-presidente Jair Bolsonaro, que se diz conservador e ‘de direita’, tentou implantar no Brasil modelo parecido com o que (Hugo) Chávez e Maduro implantaram na Venezuela. Aliás, ele sempre elogiou o ex-presidente Chávez. Só discordava da atenção que o tenente-coronel dispensava aos pobres”, afirma o professor.

Por sua vez, Toma-García aponta que, embora a posição brasileira tenha sido interpretada como um gesto de prudência, a demora por uma cobrança mais dura é preocupante e abre precedentes na América Latina. “É inaceitável que o representante da maior democracia da América do Sul seja tolerante ante situações que jamais seriam aceitas no Brasil, entre elas a ausência de transparência nos atos de escrutínio, a perseguição dos testemunhas dos partidos, a proclamação do Maduro como presidente eleito mesmo sem provas e a judicialização da questão, incluindo a abertura de processos criminais contra o candidato Gonzalez e a líder da oposição Machado, além da prisão de mais de 1200 ativistas”, enumera.

“O Brasil não pode desconsiderar a negativa do CNE em realizar o processo de totalização das atas no período de 48 horas estabelecido pela lei eleitoral da Venezuela. Acredito que o país deveria estudar os fundamentos apresentados pelo Carter Center e outras organizações que tradicionalmente participaram do processo. Sob nenhuma circunstância deve ser recomendada a realização de novos processos eleitorais enquanto o Estado venezuelano não permitir a auditoria real e imparcial do processo.”

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Veja o que é #FATO ou #FAKE no 1º debate entre os candidatos à Prefeitura de SP

O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo aconteceu na noite desta quinta-feira (8). Promovido pela TV Bandeirantes, o encontro reuniu Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).

A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações do candidato. Leia:

Guilherme Boulos (PSOL)

“O prefeito [Ricardo Nunes] está sendo acusado de receber cheque, rachadinha de volta de creche. Está sendo investigado pela Polícia Federal por causa disso. Ele tem a rachadinha própria dele, e vem querer falar aqui dos outros.”

Não é bem assim — Foto: G1

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Em julho deste ano, a PF pediu autorização da Justiça para continuar investigando o suposto envolvimento da empresa da mulher e da filha de Ricardo Nunes no relatório final da Operação Day Care, que apura o desvio dinheiro público de creches conveniadas da Prefeitura de São Paulo. A PF já indiciou 116 pessoas na conclusão do inquérito, mas Nunes não faz parte desse grupo.

Os investigadores identificaram um cheque de R$ 31,5 mil para a conta do prefeito. O valor saiu da conta de uma das empresas investigadas por emitir notas frias.

Leia a nota da assessoria do prefeito Ricardo Nunes sobre o caso:

“Boulos mente. Não há nenhuma investigação da Polícia Federal contra o prefeito Ricardo Nunes. O inquérito da chamada Máfia das Creches foi concluído com mais de 100 indiciados, e o prefeito não é um deles. Após a divulgação de um vídeo de uma dessas indiciadas, com acusações ao prefeito, foi a defesa de Ricardo Nunes que pediu instauração de inquérito para esclarecimento dos fatos e investigação de uma possível armação.”

“O atual prefeito, Ricardo Nunes, foi o único prefeito desde a Marta [Suplicy] que não entregou nenhum CEU. Nenhum. Tinha 12 no plano de metas dele. Não entregou nenhum – iniciou obra de cinco.”

Fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: A gestão de Marta Suplicy (2001-2004) entregou 24 unidades do Centro de Educação Unificado. A gestão José Serra (2005-2006) e Gilberto Kassab (2006-2012) entregou 24 CEUs. Fernando Haddad (2013-2016) inaugurou apenas uma unidade. A gestão João Doria e Bruno Covas (2017-2020) inaugurou 12 CEUs. O plano de metas da gestão Bruno Covas (falecido em 2021) e Ricardo Nunes prevê, até 2024, a inauguração de 12 novas unidades, segundo o Programa de Metas 2021-2024. Em março deste ano, uma publicação no site da Prefeitura menciona 5 CEUs (Cidade Ademar, Cidade Líder, Ermelino Matarazzo, Grajaú e Imperador) em construção, como parte de um primeiro lote do modelo de Parceria Público-Privada (PPP) assinado entre a Prefeitura e a concessionária Integra.

José Luiz Datena (PSDB)

“Ele [Ricardo Nunes] não completou nem o mínimo dos 40 quilômetros de vias de ônibus.”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: O Programa de Metas 2021-2024 da Prefeitura de São Paulo prevê, de fato, viabilizar 40 quilômetros de novos corredores de ônibus até este ano e a execução está bem abaixo. Segundo o relatório anual de monitoramento do programa da própria Prefeitura, até 2023 foram 6,8 novos quilômetros de corredores de ônibus viabilizados (trechos com obras iniciadas).

“Começa com o prefeito, que não cumpriu metade das metas expostas pelo Bruno Covas.”

Informação não é bem assim — Foto: G1

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Levantamento do g1 publicado em 20 de julho aponta que, em três anos e meio de gestão Bruno Covas/Ricardo Nunes na Prefeitura de São Paulo, foram cumpridas 48% de 58 promessas feitas durante a campanha eleitoral, em 2020. Outras 36% foram cumpridas em parte. E nove não foram cumpridas.

O levantamento acompanha 58 promessas referentes a administração pública, direitos humanos, economia, educação e cultura, habitação, infraestrutura, meio ambiente, mobilidade urbana, saúde e segurança pública.

Entre 1º de janeiro de 2021 e julho de 2024:

28, ou 48%, das promessas foram cumpridas 21, ou 36%, foram cumpridas em parte 9, ou 15,5%, não foram cumpridas

Um outro levantamento, publicado em abril de 2024, aponta que 32 das 86 metas foram concluídas. O balanço aponta dados atualizados até o fim de 2023 e foi publicado em abril pela administração municipal.

Procurada, a assessoria da Prefeitura afirma que a atualização do site oficial é feita semestralmente. “Até o final da gestão, teremos o maior percentual de metas cumpridas historicamente, com medição desde 2008.”

Pablo Marçal (PRTB)

“Quatro milhões de pessoas em situação de miserabilidade nessa cidade”

Selo Fake — Foto: Selo Fake

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Segundo estudo divulgado em fevereiro deste ano pela Fundação Seade SP, órgão estadual que produz e analisa dados econômicos e demográficos paulistas, a cidade de São Paulo possuía 1,9 milhão de pessoas em situação de pobreza, com outras 360 mil em situação de extrema pobreza. Em ambos os casos, são as maiores populações nesta situação em termos absolutos em todo o estado.

O candidato não explicou o que seria “situação de miserabilidade”, mas as pessoas inscritas no Cadastro Único que podem receber Bolsa Família são aquelas cuja renda familiar per capita mensal seja de no máximo 218 reais.

Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento Social, que gere o Cadastro Único do governo federal, havia 1,64 milhão de pessoas nesta situação na capital paulista em julho deste ano.

Já as pessoas “inscritas no Cadastro Único em famílias com renda per capita mensal até meio salário mínimo” na capital paulista somavam 2,57 milhões no último mês.

“Só tem um prefeito do PSOL no país. Com reprovação de 70%”

Selo Não é Bem Assim — Foto: Selo Não é Bem Assim

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Nas eleições de 2020, o PSOL elegeu cinco prefeitos no Brasil. Entretanto, somente uma dessas prefeituras é uma capital, Belém, governada por Edmilson Rodrigues (PSOL). Em março deste ano é #FATO que ele teve 75% de desaprovação.

As outras prefeituras onde o PSOL elegeu prefeitos em 2020 são Marabá Paulista (SP), Potengi (CE), Ribas do Rio Pardo (MS) e Janduís (RN).

“Nós temos 2,2 milhões de empresas na cidade de São Paulo”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo o Mapa de Empresas do governo federal, que utiliza informações da Base de Dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), em junho deste ano a cidade de São Paulo possuía 2.105.852 empresas ativas. Desde o começo do ano, foram abertas 35.255 empresas na cidade e extintas 16.904 empresas.

“Aumento de 23% na situação de rua das pessoas desde dezembro do ano passado até agora. Tem mais de 80 mil pessoas em situação de rua em São Paulo”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: A cidade de São Paulo atingiu no último mês de junho o total de 80.369 pessoas vivendo em situação de rua, segundo reportagem do G1 mostrando um levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Os dados apontam aumento de 24% em relação a dezembro de 2023, quando o levantamento contabilizava um total de 64.818 pessoas nessa situação pelas ruas da capital.

Os números do OBPopRua são extraídos do Cadastro Único (CadÚnico), base de dados do governo federal para recebimento de benefícios sociais, atualizados pelas próprias prefeituras, através dos chamados CRAS (Centros de Referência em Assistência Social).

Ricardo Nunes (MDB)

“Está acontecendo hoje, só pra você ter ideia, 1.425 obras. Só aquelas acima de R$ 500 mil (meio milhão de reais)”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: A Secretaria Executiva de Planejamento e Entregas Prioritárias informou que, atualmente, mais de 1.400 obras com valor superior a R$ 500 mil estão em andamento na cidade.

Após o debate, no entanto, a prefeitura indicou o site de acompanhamento da própria gestão municipal, o Obras Abertas. A base de dados completa do portal traz somente 452 obras.

A assessoria do prefeito alegava que as obras de outras secretarias não estão no site. E, nesta sexta, apresentou a indicação de mais de 1.400 obras com valor superior a R$ 500 mil em andamento, de acordo com a Secretaria Executiva de Planejamento e Entregas Prioritárias.

Em razão dos novos números, o selo passa de #NÃOÉBEMASSIM para #FATO. A atualização foi feita às 20h23 desta sexta-feira (9).

“O apresentador José Luiz Datena já foi condenado por imputar crime a pessoas inocentes. Eu quero repetir: o apresentador José Luiz Datena já foi condenado por imputar crimes a pessoas inocentes.

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Minutos após a declaração de Nunes, no mesmo debate, Datena afirmou a Nunes: “O senhor disse que eu fui condenado em vários processos. Fui sim. Principalmente condenado acusando bandidos que teriam cometido crimes que na realidade julgados pela Justiça foram considerados, alguns, inocentes. Toda decisão judicial é justa.” A declaração de Nunes não deixa claro a que decisão ele se refere. É possível encontrar em sites de tribunais de justiça registros de processos em que Datena foi condenado, cabendo recurso ou não.

“Quando você entrava em um equipamento de urgência e emergência com infarto, 30% das pessoas iam a óbito. Um procedimento que a gente adotou, um protocolo que adotamos, com aplicação do trombolítico, caiu para 4%”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Existe uma estimativa de que, com a implementação de um protocolo único para as unidades de saúde municipal, que vem sendo estruturado nos serviços de urgência e emergência da rede municipal na última década, o número de óbitos decorrentes de infarto agudo do miocárdio na rede tenha sido reduzido de 30% para 4%. A linha de cuidado prevê que a rede municipal garanta que as pessoas que sofreram infarto agudo recebam um medicamento trombolítico (que dissolvem coágulos sanguíneos) ainda na rede pré-hospitalar, com a cobertura dos custos garantida pelo município. Uma linha de cuidado para infarto agudo do miocárdio lançada pelo Ministério da Saúde em 2021 previa o uso de trombolíticos entre as estratégias para “aprimorar o atendimento e tratamento para combater a principal causa de morte no país.” Há registros que mostram que um medicamento similar ao usado pela prefeitura chegou a ser incluído em 2011 pelo SUS.

“Em 2016, o Orçamento da saúde era de R$ 10 bilhões; nós passamos para R$ 20 bilhões, nós dobramos o orçamento da saúde”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Em 2016, até o último bimestre, tinham sido empenhados (valores reservados) R$ 10,2 bilhões em despesas totais com saúde na cidade de São Paulo, de acordo com Demonstrativos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) apresentados pela Prefeitura. Em 2021, quando Ricardo Nunes, que era vice-prefeito de Bruno Covas, assumiu a Prefeitura, o empenho total em saúde foi de R$ 15,7 bilhões. Em 2022 e 2023, com Nunes inteiramente à frente da Prefeitura de São Paulo, os empenhos foram de R$ 18,1 bilhões e R$ 20,4 bilhões, respectivamente. Em 2024, até o terceiro bimestre, as despesas totais empenhadas com saúde foram de R$ 15,4 bilhões.

Tabata Amaral (PSB)

“O candidato que está ao meu lado [Pablo Marçal] foi condenado por formação de quadrilha no esquema de fraudes bancárias. Eu queria saber o que ele fará pra proteger os idosos que vivem caindo em golpes de WhatsApp como esse. Ele também é investigado pela Polícia Federal por falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de dinheiro.”

Informação não é bem assim — Foto: G1

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Em abril de 2010, Marçal foi condenado pela Justiça Federal de Goiás a dois anos e seis meses de prisão por integrar um grupo responsável por fraudes bancárias que envolviam obter dados de contas das vítimas para acesso a home banking. Apesar dos demais envolvidos terem sido condenados por crimes que incluíam formação de quadrilha, Marçal foi enquadrado apenas em furto qualificado, que resultou em uma pena que ele não chegou a cumprir.

Segundo a sentença do juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, Marçal – então com menos de 18 anos – “não era o responsável pela concretização material dos furtos cibernéticos sob foco, em prol da quadrilha por ele integrada. Porém, o réu cuidava da manutenção dos equipamentos de informática do grupo criminoso, além de realizar a captação de listas de e-mails para a quadrilha.”

Em um vídeo publicado em 2022 em suas redes sociais, Marçal relata o que chamou de “a prisão da sobrevivência”. Ele afirma no vídeo que consertava computadores para um “cara da igreja”, que “os computadores ficavam rodando” e que “ia lá, só consertava e ia embora.” Ele diz que todas as pessoas “nessa situação foram condenadas e cumpriram pena”, mas ele foi o único que teve “extinção da punibilidade” e que não tem “nenhuma dívida com o Estado.”

Já em julho de 2023, Marçal foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal em São Paulo. A operação foi parte de uma investigação para apurar crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro ocorridas durante as eleições de 2022.

“Sou autora de projetos importantes, como o Pé-de-Meia e a distribuição de absorventes nas escolas.”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: O chamado Pé-de-Meia é um programa criado este ano que prevê uma espécie de poupança para estudantes do Ensino Médio. O objetivo é fornecer um incentivo financeiro para estudantes de baixa renda permanecerem estudando, combatendo a evasão escolar.

Segundo os registros da Câmara dos Deputados, o projeto que deu origem à lei 14.818/24 foi o de número 54/2021, apresentado pela deputada Tabata Amaral e com 17 coautores.

A deputada Tabata Amaral também apresentou duas propostas relativas à distribuição de absorventes. A primeira, o PL 428/2020, previa que fosse realizada “a distribuição de absorventes higiênicos em espaços públicos de acordo com as normas regulamentadoras.”

Em maio de 2021, quando outra proposta, da então deputada Marília Arraes (PT-PE) já era analisada na Câmara e havia recebido parecer favorável em uma das comissões da Casa, Tabata apresentou um segundo projeto, o PL 1.999/21, mais focado na possibilidade de distribuição dos absorventes em ambientes escolares.

Os dois projetos apresentados pela agora candidata a prefeita foram “apensados” ao texto apresentado em 2019. No jargão do Congresso, “apensar” um projeto a outro é fazer com que a proposta seja analisada juntamente com outro projeto de tema parecido ou associado. Na prática, foram 14 os projetos apresentados sobre o tema da distribuição de absorventes, entre 2019 e 2021, que tramitaram apensados ao primeiro.

Quando isso ocorre, é comum que o conteúdo dos projetos anexados depois seja incorporado ao texto do original. No fim, no entanto, apenas um projeto, em geral o que tramita há mais tempo, é efetivamente aprovado. Neste caso, os registros oficiais sobre o projeto que deu origem ao Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual fazem menção ao PL 4.968/19, de Arraes, e não ao PL 1.999/21, de Tabata.

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Síndicos se unem para estabilizar a inclinação dos prédios tortos da orla de Santos, SP

A cidade de Santos (SP) é conhecida em todo o país pelos prédios tortos, já que mais de 300 construções na orla da cidade pendem para um dos lados. Apesar da situação peculiar, esses imóveis são um incômodo diário para os moradores. Por isso, um grupo de síndicos de prédios tortos na orla de Santos se reuniu para mobilizar as autoridades e buscar ‘estabilizar’ a inclinação.

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Apesar da fama dos prédios tortos na orla, um levantamento feito pela Prefeitura de Santos revelou que a situação é observada em outras partes da cidade. Ao todo, são 319 edifícios nessas condições, sendo que os 65 em frente às praias apresentam maior inclinação.

Uma primeira reunião foi realizada, na tarde de terça-feira (6), no salão de festas do Condomínio Conjunto Tertulia, no bairro Gonzaga, e contou com a presença de políticos. Segundo a síndica Eliana de Mello, o objetivo é reunir os 65 responsáveis pelos prédios inclinados da orla para que seja feita uma associação.

No primeiro encontro, 12 síndicos participaram, além da participação de subsíndicos. O grupo deseja criar a ‘Associação de Síndicos dos Prédios Inclinados da Orla da Praia’. Eliana contou que eles tiveram acesso aos contatos dos demais síndicos que não participaram do primeiro encontro para convidá-los a participar do próximo. Outra reunião foi marcada para o dia 27 de agosto.

De acordo com a síndica, a associação pretende solicitar um financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou do Banco Mundial.

“É o cartão-postal e pode correr o risco de um deles colapsar, então a gente vai fazer uma associação, pelo menos, desses 65 que são os prédios inclinados da orla para depois tentar conseguir [o financiamento]”, explicou Eliana.

“É o cartão-postal e pode correr o risco de um deles colapsar, então a gente vai fazer uma associação, pelo menos, desses 65 que são os prédios inclinados da orla para depois tentar conseguir [o financiamento]”, explicou Eliana.

Ela relembrou que a maioria desses imóveis paga o laudêmio [taxa devida ao governo, que incide sobre a valorização de imóveis localizados em áreas compartilhadas com a União]. “É muito justo que o governo federal nos ajude e abrace a situação”.

O que diz a prefeitura?

Em nota, a Prefeitura de Santos esclareceu que não tem nenhum prédio torto em situação de embargo na cidade, muito menos na cota máxima permitida. Desta forma, cabe aos condomínios divulgarem seus percentuais de inclinação, identificados nos laudos de vistoria.

A administração municipal disse que analisa e monitora os edifícios com declividade, em especial os 65 mais acentuados, que estão situados entre o canal 2 e o 6, nos bairros do Gonzaga, Boqueirão, Embaré e Aparecida.

O levantamento inicial foi efetuado pela prefeitura e ocorreu os anos de 2012 e 2013 e, a partir de então, as análises das medições de desaprumo e análise da segurança estrutural passaram a ser de responsabilidade dos condomínios através do estabelecido na Lei de Autovistoria (leia mais abaixo).

‘A Torre de Pisa’

Em uma entrevista ao g1, o turista – morador de São Paulo – e psicólogo Elizeu Ramos do Nascimento, de 52 anos, disse que os prédios tortos em Santos são tão surreais quanto a torre inclinada de Pisa, na Itália.

“Ao mesmo tempo é surreal ver pessoas morando nesses prédios. São seguros, dizem que não tem risco, mas não vejo muito como morar em um lugar desse”, disse.

“Ao mesmo tempo é surreal ver pessoas morando nesses prédios. São seguros, dizem que não tem risco, mas não vejo muito como morar em um lugar desse”, disse.

A Torre de Pisa, construída no século 12, é conhecida mundialmente por sua angulação, mas especialistas dizem que ela agora está se endireitando. Em 2018, o grupo que acompanhava a restauração do edifício anunciou que a torre está ‘estável e bem lentamente vai reduzindo sua inclinação’.

Imóveis cobiçados

Santos ficou conhecida nacionalmente como a ‘capital’ dos prédios tortos no Brasil. Apesar da situação peculiar, esses imóveis, muitos localizados na orla da praia, são bastante cobiçados e podem valer até R$ 1,7 milhão, com aluguéis estimados em até R$ 7 mil.

O corretor de imóveis e gerente comercial da Roda Imóveis, Caio Ferreira de Souza, explicou que os prédios tortos são mais difíceis de serem vendidos, não apenas pela inclinação, mas por outros fatores como dificuldade de financiamento, ausência de vaga de estacionamento e preço do condomínio.

“Esses apartamentos são com venda à vista porque os bancos não financiam mais. Não é que eles desvalorizam, mas a gente não consegue vender por financiamento”, explicou Souza.

“Esses apartamentos são com venda à vista porque os bancos não financiam mais. Não é que eles desvalorizam, mas a gente não consegue vender por financiamento”, explicou Souza.

Ele ressaltou, no entanto, que a locação não é difícil, o que dificulta é o preço dos condomínios, que são altos por causa de funcionários antigos ou pela troca por portaria terceirizada. “Da mesma forma que encarece a locação, acaba tendo desvalorização na venda”.

Levantamento

A análise sobre a quantidade de edifícios tortos em Santos foi realizada por técnicos da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Edificações (Siedi) após solicitação apresentada à prefeitura pelo vereador José Teixeira Filho, o Zequinha Teixeira (PP), que inclusive já recebeu ofício com os dados coletados.

Zequinha demandou o Executivo após cobranças da população sobre o tema. “Precisamos saber o aumento do grau de inclinação a cada um ou dois anos, e se isso coloca os moradores em risco”.

De acordo com a prefeitura, apesar de os prédios estarem tortos, as condições atuais deles não indicam comprometimento das seguranças estruturais.

Ao g1, o engenheiro civil Franco Pagani afirmou que nenhum prédio inclinado na cidade apresenta risco de queda, mas explicou que edifícios estreitos e altos demandam maior atenção pois inclinam com mais facilidade, enquanto os grandes e retangulares afundam e não geram perigo.

Lei e laudos por segurança

A Prefeitura de Santos informou que, a cada dois anos, exige que os edifícios apresentem laudos sobre a inclinação dos prédios. O objetivo é acompanhar se aumentou, estacionou e se alguma intervenção deve ser feita.

A cobrança é feita com base na Lei Complementar 441 de 2001, que requer a apresentação de laudo de autovistoria técnica atestando as condições de segurança e estabilidade.

As medições são acompanhadas pelo Programa dos Prédios Inclinados de Santos. A avaliação da necessidade de obras de reparos ou de manutenção da edificação são analisadas pelo responsável técnico pelo laudo.

A prefeitura ressaltou que existem soluções técnicas e viáveis para resolver o problema da inclinação, mas é do condomínio a responsabilidade pela contratação de empresa especializada para execução das obras, enquanto o município fiscaliza.

VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos

Inclusão produtiva e a crise do clima

VIVIANNE NAIGEBORIN — Superintendente da Fundação Arymax e MARCELO FURTADO —H ead de sustentabilidade da Itaúsa, diretor-executivo do Instituto Itaúsa e diretor da Nature Finance

As mudanças climáticas têm pautado o dia a dia do país e do mundo, com impactos gigantescos em todas as sociedades, como assistimos no caso do sul do Brasil. Não é mais possível dissociar esse tema da transição para a sustentabilidade, seja de um país, um setor ou uma corporação, e da garantia de condições de vida no futuro. O enfrentamento às mudanças climáticas exige uma reflexão sobre tecnologia, finanças, infraestrutura, mobilidade e cultura, além das questões ambientais. Entretanto, qualquer estratégia somente terá êxito se incluir um olhar social e humano nessa trajetória. Especialmente no contexto de uma crise climática que tem registrado tragédias em níveis local e internacional, cada vez mais intensas e frequentes, uma perspectiva econômica que considere a justiça social é inevitável e urgente.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que representa mais de 4 mil cientistas e 195 países, vem alertando para a forma como as mudanças climáticas têm atingido especialmente as pessoas mais vulneráveis e os ecossistemas mais frágeis. Falta ainda, porém, a definição de ações sobre o foco humano no debate da transição sustentável, como equidade, inclusão, acesso a recursos, capacitação e outros. A sustentabilidade somente será uma realidade se passar pela redução das desigualdades sociais, processo para o qual a inclusão produtiva digna de pessoas em vulnerabilidade é uma etapa importante. Além disso, o desenvolvimento da economia verde em alinhamento com oportunidades socioeconômicas pode contribuir para o enfrentamento das desigualdades.

O Brasil tem vantagens competitivas e comparativas no desenvolvimento de uma bioeconomia positiva para o clima, natureza e pessoas. Essa é certamente uma das grandes motivações que levou o país a propor este ano a Iniciativa de Bioeconomia do G20. A bioeconomia representa a possibilidade de um futuro rico em oportunidades de investimento e desenvolvimento, geração de emprego e renda.

O estudo Inclusão Produtiva e Transição para a Sustentabilidade: Oportunidades para o Brasil, realizado pelo Instituto Veredas a pedido da Fundação Arymax, B3 Social, Instituto Golden Tree e do Instituto Itaúsa, se debruçou sobre o tema e indica 19 áreas para o desenvolvimento dessa nova economia com potencial de ações de inclusão produtiva digna. Foram localizadas oportunidades nos setores de sistemas alimentares e de uso da terra, indústria, energia, cidades e infraestrutura no Brasil.

Com ações intersetoriais, o país pode ter condições de aproveitar plenamente a transição para a sustentabilidade sem deixar ninguém para trás. São aspectos que não podemos ignorar se quisermos avançar, de fato, como um país comprometido com um modelo econômico que seja sustentável, responsável e justo não só com nossos recursos, mas também com nossos cidadãos. Há papel para todos nesse processo e são urgentes políticas públicas e iniciativas privadas para criar meios de incluir produtivamente a população, especialmente os mais vulneráveis.

As empresas têm responsabilidade fundamental nesse processo, como, por exemplo, em identificar e investir na capacitação e nas competências que serão necessárias na transição para um novo modelo econômico. É fundamental, também, que atuem pelo desenvolvimento sustentável dos territórios em que estão inseridas, que promovam a apropriação justa dos benefícios pelos envolvidos nos diferentes elos de produção e que fomentem a inserção de micro e pequenas empresas em seus arranjos produtivos, entre outras medidas.

Já aos governos, cabe a formulação de políticas públicas que possam promover o direcionamento estratégico de um projeto de transição positivo para o clima, a natureza e as pessoas. É fundamental, também, a criação de critérios para os investimentos e tecnologias prioritárias, um ambiente favorável para que diferentes setores possam somar esforços no processo de transição. O poder público deve manter um olhar de longo prazo e estabelecer sistemas de desenvolvimento de capacidades que antecipem e respondam às demandas da transição, avançando na adoção de uma abordagem adaptativa para a proteção social do país.

O processo de transição para a sustentabilidade terá mais sucesso se conseguir posicionar os diferentes atores envolvidos na exploração da terra e na proteção do meio ambiente, falando uma língua comum, que tenha o enfrentamento à pobreza e às desigualdades sociais como missão prioritária. Para tal, é preciso criar caminhos em que a sustentabilidade também garanta a inclusão produtiva. As oportunidades são muitas e oferecem ao país a chance de ocupar um lugar de protagonismo nas economias do futuro, levando cada cidadão junto para essa perspectiva promissora.

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Estaremos prontos para 2033?

MARILEN RAMOS — Diretora de sustentabilidade e relações institucionais do Grupo Águas do Brasil

O Brasil está em meio a uma importante transformação em seu setor de saneamento básico, impulsionada pelo recente Marco Legal que estabelece metas ambiciosas para a universalização dos serviços até 2033, com a possibilidade de extensão até 2040 em casos excepcionais. Mas, nestes três anos de Marco, o que mudou? Hoje, são mais de 100 milhões de pessoas sem coleta de esgoto e 30 milhões sem acesso à água tratada. Apenas uma em cada três pessoas tem esgoto tratado no país.

Os próximos nove anos serão cruciais para atingir a meta de universalização, em 2033, o que vai demandar investimentos vultosos de governos e iniciativa privada e uma governança muito bem estruturada no setor. Segundo estimativas da Abcon, serão necessários mais de R$ 300 bilhões em investimentos somente nos próximos quatro anos.

Um ajuste significativo é a crescente participação do setor privado, antes liderado por empresas estatais. Leilões e parcerias público-privadas têm expandido a eficiência dos serviços, direcionando investimentos para a modernização da infraestrutura. Desde a aprovação do Marco, novos contratos já asseguram mais de R$ 64,6 bilhões em investimentos. Com leilões recentes e a privatização da Sabesp, este volume irá dobrar, atingindo cerca de R$ 130 bilhões, traduzindo-se em novas estações de tratamento e melhorias na qualidade do abastecimento, especialmente em regiões desfavorecidas.

Entretanto, a transição para um modelo mais diversificado não está isenta de desafios. A regulação eficaz desse setor complexo é crucial para garantir o cumprimento dos contratos e o alcance das metas estabelecidas. Nesse contexto, o papel da Agência Nacional de Águas (ANA) e o fortalecimento das entidades reguladoras subnacionais são fundamentais para assegurar a qualidade e a sustentabilidade dos serviços prestados.

A sustentabilidade financeira do setor também é um desafio. Modelos de tarifação que equilibrem a acessibilidade da população e a necessidade de investimentos são necessários. A adoção de tarifas sociais para populações de baixa renda e uma gestão eficiente dos recursos podem contribuir para a equidade no acesso aos serviços.

Entretanto, a reforma tributária ameaça o equilíbrio dos contratos ao triplicar a carga de impostos para o setor. É crucial que o Congresso Nacional corrija este equívoco, estendendo ao setor o mesmo tratamento tributário dado ao setor de saúde, pois, sem saneamento, não há saúde. No contexto de tornar nossas cidades mais resilientes às ameaças impostas pelas mudanças climáticas, a redução das perdas de água e a universalização da coleta e tratamento dos esgotos são imperativos urgentes, não apenas para preservar os recursos hídricos, mas também para mitigar os impactos destas mudanças.

O compromisso do Brasil em reduzir suas perdas para 25% até 2033 demanda investimentos substanciais em infraestrutura, tecnologia e gestão eficiente. As perdas de água atualmente representam um desperdício significativo que compromete a eficácia dos serviços e exaure os recursos naturais, fazendo da sua mitigação uma prioridade estratégica. As perdas de água representam 37,8% do volume de captado dos nossos mananciais em 2022, segundo o Instituto Trata Brasil. A verdade é que não precisaremos captar mais água se conseguirmos reverter as perdas.

O saneamento inadequado tem consequências devastadoras para o meio ambiente e a saúde pública. Além da poluição dos corpos hídricos, a falta de tratamento adequado dos esgotos reflete na saúde e na qualidade de vida da população. Comunidades sem acesso a serviços de saneamento estão mais expostas a doenças transmitidas pela água. Em 2021, houve quase 130 mil hospitalizações por doenças de veiculação hídrica, com uma incidência de 6,04 casos por 10 mil habitantes, gerando gastos de cerca de R$ 55 milhões.

Para além dos desafios técnicos e operacionais, a implementação do novo Marco Legal também requer um esforço coordenado de educação e conscientização. A população precisa ser informada e engajada nos processos de melhoria do saneamento, entendendo a importância do uso responsável da água e da adesão às práticas de saneamento sustentável. Campanhas educativas e programas de capacitação são ferramentas essenciais para garantir o sucesso das políticas implementadas.

O Brasil está diante de uma jornada desafiadora, mas cheia de oportunidades. Com o comprometimento de governos, empresas e sociedade civil, é possível superar os obstáculos e alcançar a universalização dos serviços de saneamento. Essa transformação beneficiará a saúde, o meio ambiente e contribuirá para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida de toda a nação.

A implementação eficaz do Marco do Saneamento Básico é, portanto, uma questão de vontade política, investimentos bem direcionados e engajamento coletivo. Somente com uma abordagem integrada e colaborativa será possível alcançar as metas estabelecidas e transformar o setor de saneamento no Brasil, tornando-o um exemplo de sucesso para outras nações em desenvolvimento.

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Biocombustíveis são piores que petróleo

MARCELO COUTINHO – Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) e especialista na indústria do hidrogênio verde

O macroclima se deteriorou significativamente. Basta ligar o noticiário para ver os primeiros resultados disso. A transição energética começou tarde. Porém, ela vem ganhando celeridade. O mundo conseguiu frear bastante o aumento do uso dos combustíveis fósseis. A matriz elétrica mundial é cada vez mais limpa, e os carros elétricos seguem ganhando espaço. Isso é ainda insuficiente, mas é alguma coisa nada desprezível.

Os brasileiros estão cientes do desafio climático, embora ninguém queira pagar o preço da transição energética, mesmo que o preço de não fazer a transição seja muito maior, como nos mostrou o Rio Grande do Sul. Quando não é chuva demais e inundações, é a seca. Estudo recente publicado na revista Nature Communications mostra que a seca no Cerrado é a maior dos últimos sete séculos. O solo está, em média, tão quente que a água da chuva não chega aos aquíferos porque evapora antes. A seca também piora muito no Pantanal. E há um processo de desertificação na Caatinga que deve, agora, acelerar.

O Brasil que se tornou exemplo ao mundo por causa das fontes elétricas renováveis, agora, parece dar um passo em falso com os biocombustíveis, que emitem carbono e promovem a destruição dos biomas. Os biocombustíveis se tornaram mais lesivos para o clima do que o próprio petróleo por dois motivos. Primeiro, são também combustíveis orgânicos, e a mudança no uso da terra que os produz tornou-se a principal emissora de carbono do país, superando até mesmo o setor de transporte. Segundo, o aumento do cultivo de soja, milho e cana — com os quais se faz os biocombustíveis — tem deteriorado os solos e criado bolsões de calor bem no meio do país, o que acaba afetando as demais regiões.

O governo e o Congresso adicionaram, compulsoriamente, mais quantidades desses biocombustíveis na frota nacional. Etanol, biodiesel e similares vêm de plantas. Plantas precisam de terras, e essas terras cultivadas têm avançado sobre os biomas de uma forma cada vez mais agressiva, agravando, exponencialmente, as massas de ar quente e seco. No entanto, o lucro empresarial e conveniências políticas alimentam a ilusão nociva na sociedade de que os biocombustíveis são uma solução genial para combater as mudanças climáticas, sendo, na verdade, um dos vilões do aquecimento global.

Sendo bem claro: os incêndios florestais são propositais. O plano em andamento no país é destruir os biomas para continuar ampliando a produção de commodities, que afinal de contas é o que sustenta a economia brasileira. Antes era para atender a demanda chinesa crescente, sobretudo para o rebanho de porcos. Mas a China já não aumenta suas compras de grãos como nas últimas décadas, de modo que o agronegócio agora devasta as florestas e as matas brasileiras para produzir não somente alimentos de exportação, e, sim, principalmente biocombustíveis para uso local. Tudo isso com o incentivo do governo, que tenta apagar o fogo com etanol.

É um círculo vicioso. Precisamos das commodities, elas concentram os investimentos, incentivos fiscais e regulatórios, e passamos a depender ainda mais delas. Em 2015, publiquei um livro intitulado Dependência Restaurada que chamava atenção para esse problema que só se agravou desde então. Em resumo, antes éramos um país bastante industrializado e com parcerias internacionais diversificadas, nos últimos 20 anos voltamos a ser uma economia primária exportadora, sempre associada ao subdesenvolvimento. A novidade agora, é que esse primarismo econômico começou a se estender também para a produção de combustíveis de abastecimento interno.

A transição energética é uma excelente oportunidade para a reindustrialização brasileira que está sendo desperdiçada. O lógico seria o Brasil aproveitar a economia sustentável porque tem enormes vantagens comparativas. Mas se auto- engana com os lobbies ruralistas. A industrialização com os combustíveis verdes é a nossa última chance de sair de uma jaula fazendária, em que dependemos cada vez mais das commodities que, por sua vez, não solucionam os deficits fiscais estruturais. A maior das reformas agora é a reforma ecológica. Infelizmente, de última hora, houve uma movimentação nos bastidores, e o marco legal aprovado no Congresso quase duplicou o teto de emissão de carbono só para beneficiar fontes sujas de hidrogênio, sobretudo oriundos do etanol, que nunca vai se enquadrar às normas internacionais de descarbonização.

Embora a Lei do Hidrogênio, aprovada no país, não seja a ideal, o mais importante é que essa etapa foi concluída. O hidrogênio verde é a grande chance de o Brasil, finalmente, desenvolver-se, pois é o combustível limpo que o mundo está adotando, e temos vantagens comparativas. Não acontecerá da noite para o dia, mas deu-se início, sim, à corrida do ouro dos novos tempos.

O hidrogênio verde ainda é muito mais caro do que o hidrogênio cinza, e a infraestrutura de escoamento da produção levará alguns anos para ser instalada. Portanto, o ideal é disparar agora plantas de fábricas com produção menor, porém, viáveis economicamente, como no caso dos projetos da SL Energias no Maranhão, onde têm abundância de água e energia renovável, e também compradores, poderá haver uma fábrica de H2V no país. E com o tempo, vai-se ampliando a escala.

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HOTEX – Feira de turismo e hotelaria em São Paulo debateu temas de grande relevância

HOTEX – Feira de turismo e hotelaria em São Paulo debateu temas de grande relevância (Foto: Maarten Van Sluys)

Aconteceu na semana passada, entre os dias 16 à 19 de julho, no amplo e bem estruturado Centro de Convenções São Paulo Expo, situado às margens da Rodovia dos Imigrantes, na capital paulista, a primeira edição da HOTEX BRASIL – feira brasileira especializada em turismo, hotelaria e gastronomia. Nesta pioneira iniciativa que reuniu profissionais, empresas e fornecedores do segmento foram apresentadas e debatidas as mais recentes novidades, tendências e soluções para o setor.

O evento surgiu de uma parceria de cerca de dez anos entre a feira da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração – ABIMAD, que neste ano celebrou sua 38ª edição, e a prestigiada Revista USE DESIGN, mídia oficial do evento.

A primeira edição da feira ABIMAD aconteceu no ano de 2004, com 64 expositores, no centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Um grupo de empresários, com grande expertise no mercado de móveis na região Sul do país, criou essa inovadora feira de negócios para apresentar ao mercado grandes marcas, tendências e os melhores lançamentos do setor no Brasil e no exterior.

A HOTEX

O setor de turismo, hotelaria e gastronomia do Brasil apresenta um crescimento significativo nos últimos anos, contribuindo atualmente com aproximadamente 11% do PIB nacional e gerando milhões de empregos. A HOTEX veio como uma resposta a essa expansão,

“Começamos projetando o espaço ‘USE DESIGN EXPERIENCE’, que é um trabalho de validação de produtos com network e negócios, onde as empresas expunham produtos para serem validados por lojistas e profissionais que frequentam a ABIMAD, bem como por novos convidados do setor de hospitalidade. Essa iniciativa deu tão certo que foi crescendo naturalmente ao longo dos anos e, como o público hoteleiro foi ficando cada vez mais cativo, ajustamos o nome para Hotel Experience, e que agora abreviado se tornou HOTEX”, explica a “Publisher” da revista Use Design e CEO da feira, Sol Andreassa. A nova feira visa desempenhar um papel crucial no setor da hospitalidade de modo geral, além de incentivar melhorias na infraestrutura e serviços oferecidos aos setores englobados.

Os quatro dias da HOTEX foram marcados por uma atmosfera de entusiasmo. Os estandes estavam repletos de visitantes de todo país (cerca de 25 mil pessoas transitaram na feira), muito “networking” onde os expositores apresentaram produtos que iam desde soluções de software para gestão hoteleira até novos conceitos de design de interiores para hotéis. Palestras e “Talks” realizadas por especialistas renomados ofereceram insights valiosos sobre a evolução do trade.

Perspectivas da hotelaria de alto padrão: cenários global e nacional

Minha participação aconteceu durante a tarde da quinta-feira (dia 18). O tema que escolhi para falar ao qualificado público foi “Perspectivas da Hotelaria de alto padrão: Cenários Global e Nacional”. Neste âmbito, abordei as perspectivas atuais e futuras dos mercados: luxo, e seu recente subsegmento denominado luxo acessível, em franca expansão através das novas marcas e categorias que estão sendo lançadas tanto por redes hoteleiras como hotéis e pousadas de charme, boutique ou design.

Independentemente da nomenclatura e as respectivas classificações adotadas, observamos uma grande movimentação em curso, seja em novos projetos chamados de “Greenfield” ou “Retrofit” através do qual meios de hospedagem existentes remodelam sua estrutura física, somando a isso incremento em serviços ofertados, de olho no crescente público disposto a pagar mais em troca de experiências realmente superlativas em suas viagens e hospedagens nos destinos “premium” que se multiplicam a cada dia através de “trends” de consumo potencializadas pela força das redes sociais e do marketing turístico, cada dia mais criativo e bem estruturado.

Turismo em crescimento

A exemplo de Minas Gerais, conforme dados divulgados pela SECULT MG na semana passada, o setor de hotéis, bares e restaurantes no estado de São Paulo também cresceu mais do que a indústria em 2023 e outras áreas da economia. Juntos, esses três segmentos registraram alta de 5,4% no volume de contratações em relação a 2022, com 70 mil novos postos de trabalho.

O turismo já representa 10% do PIB paulista. Os dados são do levantamento do Núcleo de Pesquisa e Estatística da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de São Paulo (Fhoresp).

“O crescimento do turismo no estado foi maior do que a média nacional: o Brasil cresceu 3% e São Paulo teve aumento de 5,1%. Esses são dados baseados em pesquisas”, diz Ênio Miranda, diretor de Planejamento Estratégico da Fhosresp, que palestrou com o tema “Conheça a maior rede de defesa e promoção de hotéis, restaurantes, bares e entretenimento.”

Miranda afirmou ainda que esse bom resultado reflete o trabalho realizado pela Federação que conta com vários serviços em prol do setor. “Realizamos um trabalho na Federação que oferece abrangente suporte para os sindicalizados. Temos área de capacitação, treinamento, profissionalização, tecnologias e núcleo de pesquisas. Trazemos para o empresário dados econômicos e estatísticos do setor. Também atuamos nas relações públicas e comunicação, pois é importante que o setor tenha uma entidade com visibilidade na mídia para que as pessoas possam reconhecer o trabalho das entidades”.

Hotelaria evoluindo

Maria José Dantas, consultora especializada em hospitalidade, presidente da ABG – Associação Brasileira de Governantas e Profissionais de Hotelaria por ela fundada palestrou sobre “Os Princípios da Hospitalidade: Encantando o cliente!”. Através de sua larga experiência em mais de 30 anos atuando na hotelaria ela enfatizou as prioridades do setor para proporcionar encantamento dos hóspedes. Apresentou um retrospecto cronológico da evolução da área de governança desde os registros mais antigos (1895). Seus estudos aprofundados na área promoveram a criação do método ABC de “Housekeeping” hoje amplamente adotado por profissionais do setor. “A dedicação das equipes, cumprimento de processos e em especial a comunicação são a base de sucesso de uma entrega qualitativa”, mencionou a executiva.

Focado no setor hoteleiro independente, com a palestra “Mercado e Oportunidades da Hotelaria Independente no Brasil”, Marco Buonomo, CEO da Brazil Sales Hotelaria e Turismo, apresentou aspectos de serviços baseados na gestão de custos, proporcionando maior eficiência para o negócio. “Serviços inovadores, excelência em atendimento e expertise de mercado são as soluções apresentadas”, afirmou. Plataformas existentes que oferecem serviços de venda e marketing, gestão comercial com central de reservas, representações de contratação de unidades ou redes hoteleiras e dão maior visibilidade do negócio com distribuição de vendas on-line e marketing. “O setor hoteleiro independente abrange quase 80% da oferta de hospedagem no Brasil, somados hotéis, pousadas, flats e outros”, atestou Buonomo.

”A próxima edição da HOTEX BRASIL já está confirmada para acontecer em São Paulo entre os dias 5 e 8 de agosto de 2025, estaremos lá!”

Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria)

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6 destinos para praticar Turismo Esportivo no Brasil

6 destinos para praticar Turismo Esportivo no Brasil (Aproveite o clima dos Jogos Olímpicos de Paris e explore o vasto calendário de eventos esportivos que nosso país tem a oferecer. (Foto: Divulgação))

Descubra a diversidade do turismo esportivo no Brasil, onde a paixão pelo esporte se encontra com paisagens deslumbrantes e eventos de classe mundial. Do kitesurfe na Praia do Preá ao Ironman em Florianópolis, são inúmeras as experiências inesquecíveis para atletas e entusiastas de todos os níveis.

Aproveite o clima dos Jogos Olímpicos de Paris e explore o vasto calendário de eventos esportivos que nosso país tem a oferecer.

Rio de Janeiro – RJ

Conhecido por sediar grandes eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, a cidade maravilhosa é um destino de destaque para o turismo esportivo.

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Assista a jogos no icônicos Maracanã e participe de eventos de surfe e vôlei nas praias cariocas.

Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

Preá – CE

Uma das grandes novidades nos Jogos Olímpicos de Paris é a chegada de duas novas modalidades de esportes aquáticos: o widsurf e o kitesurf.

Destino de destaque com ventos perfeitos, a Praia de Preá atrai praticantes do mundo todo.

Preá (Foto: Divulgação)

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Florianópolis – SC

Florianópolis recebe o Ironman Brasil, uma das provas de triatlo mais desafiadoras do mundo.

O percurso inclui natação nas águas cristalinas da ilha, ciclismo por estradas cênicas e corrida em um ambiente vibrante.

A cidade oferece a combinação de natureza exuberante e infraestrutura, propiciando aos atletas e espectadores uma experiência inesquecível.

Florianópolis (Foto: Divulgação)

São Paulo – SP

A clássica Corrida Internacional de São Silvestre, em 2024, chega a sua 99ª edição, com previsão de 35 mil participantes amadores e profissionais. A prova ocorre no último dia do ano.

Outro evento esportivo dos mais aguardados, e que atraem turistas de todo o mundo à capital paulista, é o GP de Brasil de Fórmula 1, emoção e competição acirrada no Autódromo de Interlagos.

São Paulo (Foto: Divulgação)

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Salvador – BA

A Maratona de Salvador, que reuniu cerca de 8 mil pessoas no ano passado, será realizada no dia 22 de setembro. São quatro provas como opção de inscrição: maratona 42 km, meia maratona 21 km, corrida 10 km e 5 km.

Vale conhecer também o Desafio Faróis, que conta com cinco modalidades – canoa havaiana, surfski, paddleboard, caiaque oceânico e stand up paddle.

Salvador (Foto: Divulgação/Paulo Lima)

Manaus – AM

Conheça o Manaus Adventure, que inclui pesca esportiva, natação em águas abertas e competição de stand up paddle. Participe dessas atividades e explore a rica herança indigna da Amazônia.

Manaus (Foto: Divulgação/valoramazonico.com)

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Botafogo e Bahia se enfrentam em meio à polêmica de SAF’s

Botafogo e Bahia brigam por uma vaga nas quartas de final da Copa do Brasil nesta terça-feira (30), às 21h30, no Nilton Santos. Ambos são duas Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) e que nesta temporada estão se destacando com altos investimentos que tem dado retorno em campo. Atualmente, as duas equipes brigam na parte de cima da tabela do Campeonato Brasileiro. O carioca está em segundo com 40 pontos, já o time baiano, em sétimo, com 32.

Longe dos gramados, o embate entre os clubes também acontece. Recentemente, John Textor, acionista majoritário da SAF Botafogo, levantou uma questão: ele defende que exista um teto de gastos no futebol brasileiro, pois teme que o Bahia, administrado pelo Grupo City, se torne uma potência invencível no país.

“O Brasil trouxe o dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos nada, se não criarmos um teto salarial, o Bahia vai ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos”, disse Textor ao “ge”.

Amir Somoggi, especialista em gestão esportiva, não concorda com esse questionamento. Primeiro, segundo ele, o Botafogo está afundado em prejuízo, então o empresário não pode falar de equilíbrio e ainda, que apesar do investimento, o Bahia não tem chances de ser imbatível.

“O time do Textor está afundado em prejuízo. Então, quer dizer, como é que um cara que gere o clube gastando muito mais do que pode vem falar em equilíbrio? Esse cara, na verdade, tinha que ser questionado por que ele está acumulando tanto prejuízo e aumentando tanto as dívidas. O Bahia não vai ser campeão, porque o Bahia não é o Manchester City. O Bahia é a 15ª, 16ª força do futebol brasileiro atual. O Fortaleza é muito mais potente que o Bahia atualmente, então não tem o menor risco do Bahia dominar o cenário. O problema é o Botafogo, o presidente do Botafogo, ficar defendendo algo que ele faz da pior maneira, que é o descontrole financeiro”, afirma.

Pra finalizar, Amir ainda explicou porque esse alto investimento no Bahia não é o suficiente para ser um time que vá ganhar tudo nos próximos anos.

“O Bahia não vai ser campeão nunca, porque tem outras questões. O Bahia é o time que mais viaja junto com o Fortaleza, por estar no Nordeste, o Bahia não tem a torcida que tem o Flamengo, o Bahia não tem o dinheiro do Palmeiras, então nunca o Bahia vai ser campeão no modelo de injeção de recursos, vai crescer organicamente para ser campeão, como todos que foram campeões no Brasil. Crescimento orgânico, fortalecimento da gestão e aí acaba sendo campeão, e não o contrário, esse modelo gestão não tem mais espaço no futebol brasileiro, tanto é que os todos que estão sendo campeões são todos os bem administrados”, disse.

Somoggi ainda faz críticas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

“A situação da CBF é o motivo dessa bagunça que virou futebol brasileiro. Nenhum desses clubes estaria na atual situação se houvesse uma regulação, mas a CBF é incompetente. Os clubes não perceberam que é isso que ela quer, esse desequilíbrio, porque aí ela não precisa se preocupar com nada, como é o que ela sempre fez. E no final das contas, o futebol brasileiro vai indo de voo de galinha, porque o Vasco já perdeu o investidor, o investidor que vinha acomodando o prejuízo. Vamos ver quanto tempo esse Textor vai brincar, o Botafogo é um brinquedinho na mão dele, assim como é o Manchester City na mão do City Group”, reforçou.

No Botafogo, ficou definido em contrato no início de 2022 um investimento de, no mínimo, R$ 350 milhões em quatro anos por 90% das ações do clube-empresa, dividido em quatro aportes. Os três primeiros, que giram em torno de R$ 316 milhões, já foram realizados. Falta o quarto e último, em 2025, no valor de R$ 50 milhões.

Já no Bahia, o acordo no fim de 2021 garante um investimento de R$ 1 bilhão no Tricolor ao longo de 15 anos. Sendo dividido em, no mínimo, R$ 500 milhões para a compra de jogadores, R$ 300 milhões para o pagamento de dívidas e R$ 200 milhões para infraestrutura, categorias de base, capital de giro, entre outros.

Dessa forma, em um planejamento de médio a longo prazo, a ideia era que as equipes se tornassem referência no futebol brasileiro nos próximos anos. No entanto, o Botafogo foi uma surpresa na última temporada e faz um bom ano também em 2024. O time carioca brigou pelo título do Campeonato Brasileiro até as rodadas finais – sofreu, inclusive, uma virada histórica para o Palmeiras. E neste ano, também briga pelo troféu, além de ainda estar nas disputas da Copa do Brasil e da Libertadores.

Além disso, é possível notar a movimentação no mercado em busca de jogadores de qualidade, independente do preço. O clube além de equacionar dívidas, investe na contratação de jogadores caros e não se importa com a concorrência. Isso não era possível há dois anos, mas, pode vir a se tornar um rombo financeiro.

E o Bahia, que subiu da Série B em 2022 e brigou para não cair no ano passado, este ano já fez altos investimentos para ter uma temporada mais vitoriosa. O time baiano contratou Everton Ribeiro, que foi a principal aquisição do Tricolor desde a venda da SAF ao Grupo City, além de conseguir segurar Cauly, jogador cobiçado, vencer na disputa com o Palmeiras por Caio Alexandre e realizar a maior compra da história do futebol nordestino com Luciano Rodríguez.

Fora de campo, no entanto, as empresas acumulam prejuízos. Segundo Amir, o Botafogo já acumula quase R$ 350 milhões e o Bahia cerca de R$ 144 milhões, ambas em dois anos.

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