No acumulado do ano, fogo já consumiu o equivalente a 15 vezes a área da cidade do Rio
As queimadas no Pantanal no mês de outubro cresceram 2.025% em relação ao mesmo mês em 2018, segundo dados compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O aumento foi impulsionado pelo clima seco combinado em boa parte à ação humana,como mostrou O GLOBO no último domingo. No acumulado do ano, 18.138 km² de vegetação foram destruídos pelos incêndios, o equivalente a 15 vezes a área da cidade do Rio.
O índice supera os números de todo o ano de 2018 em 586%. Somente no mês passado, foram 2.430 focos de incêndio — o pior número em 17 anos. Desde janeiro, foram 9.417. O fogo tem ameaçado a fauna local, incluindo espécies raras, além de áreas de proteção ambiental e propriedades.
Embora cresça desde junho, o fogo no Pantanal registrou um aumento expressivo em agosto, quando os termômetros costumam registrar altas temperaturas na região. A tendência, no entanto, persistiu na medida em que o período de seca, incomum nesta época do ano, se prolongou, favorecendo a expansão do fogo. A alta ocorrência de chuvas em 2018 produziu muita biomassa, outro fator que contribuiu para a disseminação dos incêndios.
As queimadas, no entanto, também estão relacionadas à abertura de áreas na mata para pastagem, exatamente como na Floresta Amazônica. Recentemente, a liberação do plantio da cana-de-açúcar nos dois biomas acendeu um sinal de alerta entre especialistas. No fim de outubro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) reconheceu que os incêndios eram “aparentemente intencionais”.
Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, aponta que a transformação de campos naturais em pastagem exótica, com capim braquária, também abre caminho para incêndios descontrolados, uma vez que o manejo destas áreas é feito com o fogo, que acaba se espalhando para áreas naturais.
Fonte: Época Negócios