BID aprova aumentos de capital para ampliar desembolsos anuais em 50%

Como parte do objetivo de ampliar em 50% a média anual de desembolsos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Assembleia de Governadores da instituição multilateral aprovou neste domingo, em reunião anual realizada em Punta Cana, balneário caribenho na República Dominicana, um aumento de capital de US$ 3,5 bilhões no BID Invest, braço que financia empresas e projetos privados.

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A ampliação será feita num prazo de até sete anos, período ao fim do qual o capital do BID Invest, hoje em US$ 3,2 bilhões, mais do que duplicará.

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A Assembleia de Governadores também aprovou um aumento de capital de até US$ 400 milhões no BID Lab, o braço de inovação do organismos multilateral, que hoje apoia em torno de 100 fundos de capital empreendedor e já financiou cerca de 850 startups. Em sete anos, o BID Lab poderá ampliar sua capacidade de financiamento em US$ 1,2 bilhão.

As medidas fazem parte dos esforços para aumentar a média anual de desembolsos de todo o grupo BID em mais US$ 11,2 bilhões por ano num prazo de dez anos, salto de 50% ante a média anual atual, conforme estimativas anunciadas pelo presidente da instituição, o economista brasileiro Ilan Goldfajn, na quinta-feira.

2 de 3 Presidente do BID, Ilan Goldfajn, durante reunião do organismo em Punta Cana, na República Dominicana — Foto: Divulgação Presidente do BID, Ilan Goldfajn, durante reunião do organismo em Punta Cana, na República Dominicana — Foto: Divulgação

Alterações nas políticas operacionais, também aprovadas neste domingo, para permitir ao BID, ao BID Invest e ao BID Lab correrem mais risco nas operações financeiras, possibilitarão que a capacidade de financiar cresça numa proporção ainda maior do que o dobro.

Com mais financiamentos, especialmente para empresas, via o BID Invest, a expectativa é que o apoio do banco multilateral também atraia mais fontes de investimento privado.

Assim como a IFC, do Banco Mundial, o BID Invest financia concessões de infraestrutura e projetos de investimento de empresas que sejam estratégicos. Em outubro do ano passado, o BID Invest aprovou um empréstimo de longo prazo de R$ 1,5 bilhão para a Águas do Rio, concessionária de água e esgoto controlada pela Aegea, que opera duas das áreas antes sob gestão da Cedae.

– Esse aumento de capital é a melhor forma de mobilizar capital privado – afirmou Goldfajn, em discurso na sessão de encerramento da Assembleia de Governadores.

Brasil aportará US$ 434 milhões em 7 parcelas anuais

Assim como outros bancos multilaterais, tipo o Banco Mundial, o capital do BID é formado por aportes dos países participantes. Portanto, o aumento aprovado neste domingo exigirá investimentos de cada país, em valores proporcionais à sua participação no capital.

O Brasil, com participação de 11,35%, aportará US$ 434 milhões, em sete parcelas anuais de US$ 62 milhões, informou, na semana passada, a secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento do Ministério do Planejamento e Orçamento, Renata Amaral.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que é governadora do Brasil no BID, defendeu, ao deixar uma série de reuniões bilaterais paralelas que manteve com ministros de países participantes do evento do BID em Punta Cana:

– São US$ 3,5 bilhões, divididos por todos os países e não é de uma vez só, é parcelado a partir de 2025.

3 de 3 Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participa de encontro durante a reunião anual da Assembleia de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Punta Cana, República Dominicana — Foto: Divulgação/Ministério do Planejamento e Orçamento Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participa de encontro durante a reunião anual da Assembleia de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Punta Cana, República Dominicana — Foto: Divulgação/Ministério do Planejamento e Orçamento

Segundo a ministra, a ampliação da capacidade de emprestar do grupo BID como um todo interessa a todos os países da região.

– No caso do BID Invest, é o braço de financiamento para empreendimentos privados, como micro, pequenos e médio empreendedores. Para todos os países isso interessa. São mais empréstimos, é mais investimento no país, é mais geração de emprego, de renda e de crescimento da economia.

Mais voz para o Brasil

Questionada se o BID precisaria passar por reformas de governança para dar mais voz aos países emergentes e menores, como reivindica o governo Lula em sua política externa, Simone destacou que o Brasil já vem ampliando sua influência no banco regional.

– O Brasil conseguiu mudar a agenda do BID, graças ao fato de termos um presidente brasileiro, que, portanto, com as portas abertas para o Brasil, incluiu nos sete focos estratégicos, três agendas muito por influência do Brasil – afirmou a ministra.

As três agendas mencionadas por Simone são ampliar a “transversalidade” dos esforços para ampliar a igualdade de gênero, o apoio do BID ao projeto de construção de infraestrutura logística intrarregional lançado pelo Ministério do Planejamento em dezembro passado e o programa Amazônia para Sempre, no qual o banco regional concentrou seu apoio a projetos na região amazônica.

* O repórter viajou a convite do BID

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Missão empresarial busca investimentos nos Emirados Árabes

Dubai, Emirados Árabes — A contar pelas exposições de árabes e brasileiros na Brazil Emirates Conference, promovida pelo Lide (líderes empresariais), Brasil e Emirados Árabes têm tudo para promover a parceria perfeita na área do agro e infraestrutura. Na segunda etapa da visita de empresários brasileiros ao Oriente Médio, nesta quinta-feira (7), o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues foi incisivo ao dizer aos árabes que, sem recursos e financiamentos, o Brasil não atingirá a previsão da OCDE a respeito do crescimento de alimentos no mundo — que calcula a necessidade de, em 10 anos, ampliar em 40% a produção brasileira para que a oferta mundial cresça 20%. “Temos terra, mas não temos recursos”, afirmou.

Se os brasileiros precisam de financiamento, os Emirados pretendem ser o entreposto para a região onde vivem. “A maior parte dos países da região importa alimentos. Portanto, vislumbramos um papel estratégico para os Emirados se tornarem um corredor, um porto ideal para a região”, disse o presidente do Grupo de Indústria de Alimentos dos Emirados Árabes, Saleh Lootah. A entidade equivale, na organização da indústria brasileira, à Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNC).

Lootah já esteve algumas vezes no Brasil e dá um conselho aos empresários e ao governo brasileiro: “Gostaria de ver o Brasil fazendo mais marketing e uma abordagem mais agressiva. Segurança alimentar é um problema para nós. Quando fomos atingidos pela covid foi um desafio, porque a maior parte dos países importa alimentos. Importamos proteínas, carnes, frango, soja, olhamos para frutas, café e outros, porque pode ter grande potencial. É preciso explorar mercado”.

O que vale para os agricultores, em termos de exportação, pode valer para os empresários da área de infraestrutura. Porém, em vez de abastecer o mercado brasileiro, o interesse é de grandes fundos de investimentos explorar o mercado na América do Sul. “O Brasil está entrando num superciclo de investimentos.

A área de Transporte e mobilidade apresenta uma oportunidade gigantesca. Precisamos da ajuda do investimento que vem desta região do planeta”, diz Miguel Seta, CEO da CCR, empresa que detém a concessão de 17 aeroportos no Brasil, além de rodovias. Seta começou esta semana um road show no Oriente Médio a fim de levar investidores para esse segmento de infraestrutura.

O Brasil hoje tem poucos recursos para investir nessa área. Em 2023, os investimentos foram de 1,79% do PIB, perto de R$ 200 bilhões, sendo R$ 47 bilhões do setor público. Para este ano, espera-se 1,87% do PIB. “O Brasil poderia estar rodando com 4% do seu PIB em investimento em infraestrutura. Há potencial para isso, mas é preciso parcerias”, disse Seta, durante sua palestra no Lide Brazil Emirates Conference.

Esses investimentos podem, inclusive, servir para fortalecer o agro. Francisco Matturo, secretário de Agricultura de São Paulo durante o governo Doria, está preocupado com as mudanças climáticas e lembra que o país hoje depende muito de caminhões para o escoamento da produção. “Transporte e armazenagem é o que mais precisamos”, diz.

A repórter viajou a convite do grupo Lide

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Missão empresarial busca investimentos nos Emirados Árabes

Dubai, Emirados Árabes — A contar pelas exposições de árabes e brasileiros na Brazil Emirates Conference, promovida pelo Lide (líderes empresariais), Brasil e Emirados Árabes têm tudo para promover a parceria perfeita na área do agro e infraestrutura. Na segunda etapa da visita de empresários brasileiros ao Oriente Médio, nesta quinta-feira (7), o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues foi incisivo ao dizer aos árabes que, sem recursos e financiamentos, o Brasil não atingirá a previsão da OCDE a respeito do crescimento de alimentos no mundo — que calcula a necessidade de, em 10 anos, ampliar em 40% a produção brasileira para que a oferta mundial cresça 20%. “Temos terra, mas não temos recursos”, afirmou.

Se os brasileiros precisam de financiamento, os Emirados pretendem ser o entreposto para a região onde vivem. “A maior parte dos países da região importa alimentos. Portanto, vislumbramos um papel estratégico para os Emirados se tornarem um corredor, um porto ideal para a região”, disse o presidente do Grupo de Indústria de Alimentos dos Emirados Árabes, Saleh Lootah. A entidade equivale, na organização da indústria brasileira, à Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNC).

Lootah já esteve algumas vezes no Brasil e dá um conselho aos empresários e ao governo brasileiro: “Gostaria de ver o Brasil fazendo mais marketing e uma abordagem mais agressiva. Segurança alimentar é um problema para nós. Quando fomos atingidos pela covid foi um desafio, porque a maior parte dos países importa alimentos. Importamos proteínas, carnes, frango, soja, olhamos para frutas, café e outros, porque pode ter grande potencial. É preciso explorar mercado”.

O que vale para os agricultores, em termos de exportação, pode valer para os empresários da área de infraestrutura. Porém, em vez de abastecer o mercado brasileiro, o interesse é de grandes fundos de investimentos explorar o mercado na América do Sul. “O Brasil está entrando num superciclo de investimentos.

A área de Transporte e mobilidade apresenta uma oportunidade gigantesca. Precisamos da ajuda do investimento que vem desta região do planeta”, diz Miguel Seta, CEO da CCR, empresa que detém a concessão de 17 aeroportos no Brasil, além de rodovias. Seta começou esta semana um road show no Oriente Médio a fim de levar investidores para esse segmento de infraestrutura.

O Brasil hoje tem poucos recursos para investir nessa área. Em 2023, os investimentos foram de 1,79% do PIB, perto de R$ 200 bilhões, sendo R$ 47 bilhões do setor público. Para este ano, espera-se 1,87% do PIB. “O Brasil poderia estar rodando com 4% do seu PIB em investimento em infraestrutura. Há potencial para isso, mas é preciso parcerias”, disse Seta, durante sua palestra no Lide Brazil Emirates Conference.

Esses investimentos podem, inclusive, servir para fortalecer o agro. Francisco Matturo, secretário de Agricultura de São Paulo durante o governo Doria, está preocupado com as mudanças climáticas e lembra que o país hoje depende muito de caminhões para o escoamento da produção. “Transporte e armazenagem é o que mais precisamos”, diz.

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Missão empresarial busca investimentos nos Emirados Árabes

Dubai, Emirados Árabes — A contar pelas exposições de árabes e brasileiros na Brazil Emirates Conference, promovida pelo Lide (líderes empresariais), Brasil e Emirados Árabes têm tudo para promover a parceria perfeita na área do agro e infraestrutura. Na segunda etapa da visita de empresários brasileiros ao Oriente Médio, nesta quinta-feira (7), o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues foi incisivo ao dizer aos árabes que, sem recursos e financiamentos, o Brasil não atingirá a previsão da OCDE a respeito do crescimento de alimentos no mundo — que calcula a necessidade de, em 10 anos, ampliar em 40% a produção brasileira para que a oferta mundial cresça 20%. “Temos terra, mas não temos recursos”, afirmou.

Se os brasileiros precisam de financiamento, os Emirados pretendem ser o entreposto para a região onde vivem. “A maior parte dos países da região importa alimentos. Portanto, vislumbramos um papel estratégico para os Emirados se tornarem um corredor, um porto ideal para a região”, disse o presidente do Grupo de Indústria de Alimentos dos Emirados Árabes, Saleh Lootah. A entidade equivale, na organização da indústria brasileira, à Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNC).

Lootah já esteve algumas vezes no Brasil e dá um conselho aos empresários e ao governo brasileiro: “Gostaria de ver o Brasil fazendo mais marketing e uma abordagem mais agressiva. Segurança alimentar é um problema para nós. Quando fomos atingidos pela covid foi um desafio, porque a maior parte dos países importa alimentos. Importamos proteínas, carnes, frango, soja, olhamos para frutas, café e outros, porque pode ter grande potencial. É preciso explorar mercado”.

O que vale para os agricultores, em termos de exportação, pode valer para os empresários da área de infraestrutura. Porém, em vez de abastecer o mercado brasileiro, o interesse é de grandes fundos de investimentos explorar o mercado na América do Sul. “O Brasil está entrando num superciclo de investimentos.

A área de Transporte e mobilidade apresenta uma oportunidade gigantesca. Precisamos da ajuda do investimento que vem desta região do planeta”, diz Miguel Seta, CEO da CCR, empresa que detém a concessão de 17 aeroportos no Brasil, além de rodovias. Seta começou esta semana um road show no Oriente Médio a fim de levar investidores para esse segmento de infraestrutura.

O Brasil hoje tem poucos recursos para investir nessa área. Em 2023, os investimentos foram de 1,79% do PIB, perto de R$ 200 bilhões, sendo R$ 47 bilhões do setor público. Para este ano, espera-se 1,87% do PIB. “O Brasil poderia estar rodando com 4% do seu PIB em investimento em infraestrutura. Há potencial para isso, mas é preciso parcerias”, disse Seta, durante sua palestra no Lide Brazil Emirates Conference.

Esses investimentos podem, inclusive, servir para fortalecer o agro. Francisco Matturo, secretário de Agricultura de São Paulo durante o governo Doria, está preocupado com as mudanças climáticas e lembra que o país hoje depende muito de caminhões para o escoamento da produção. “Transporte e armazenagem é o que mais precisamos”, diz.

A repórter viajou a convite do grupo Lide

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Homenagem: Booking.com indica seis destinos pelo mundo que carregam nomes de mulheres

Homenagem: Booking.com indica seis destinos pelo mundo que carregam nomes de mulheres (Foto: Freepik)

O dia 8 de março é uma data que ninguém mais esquece. É nesse dia que se celebra o Dia Internacional da Mulher, uma efeméride chancelada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 70 e que simboliza a luta histórica de mulheres pela igualdade na sociedade. Para homenageá-las, a Booking.com destacou seis destinos pelo mundo que carregam nomes de mulheres e traz dicas para quem deseja conhecê-los.

Carolina (Maranhão, Brasil)

A cidade de Carolina, que fica no estado do Maranhão, leva esse nome devido a uma homenagem à primeira imperatriz do Brasil, Carolina Leopoldina, esposa de D. Pedro I. A localidade conta com cerca de 25 mil habitantes e está perto da divisa com o estado do Tocantins. O que chama a atenção em Carolina é a beleza natural do local, que conta com cachoeiras e sítios ecológicos e arqueológicos. Carolina também é uma escolha de ponto de partida para a Chapada das Mesas, um dos mais novos parques nacionais do Brasil, criado em 2005. Parte da infraestrutura que chama turistas para o local, o Ventanas Hotel Boutique é uma acomodação na região que ganhou nota 8,8 para viagem a dois na Booking.com e elogios ao café da manhã com mesa posta.

Ventanas Hotel Boutique, Carolina, Maranhão (Foto: Divulgação)

Atenas (Grécia)

A capital da Grécia ganhou o nome de Atenas em homenagem à deusa Atena, uma divindade da mitologia grega conhecida como a deusa da sabedoria. Uma curiosidade sobre a história e os mitos do país é que a Grécia antiga vivia um regime de regras patriarcais estritas e rígidas, no entanto, as mulheres dessa parte da história são figuras do mais alto escalão de religiosidade e hierarquia, que enfrentavam qualquer tipo de opressão. Hoje, a cidade é bastante conhecida por abrigar a Acrópole e o Partenon, duas construções antigas e icônicas da cultura e da história da região. Inclusive, o Athens Cypria Hotel é uma acomodação que dispõe de um bar na cobertura com vista da Acrópole e está a 10 minutos a pé do Novo Museu da Acrópole.

Athens Cypria Hotel, Atenas, Grécia (Foto: divulgação)

Charlotte (Estados Unidos)

A cidade de Charlotte é a mais populosa da Carolina do Norte e está localizada no Condado de Mecklenburg – um dos 100 condados do estado. Sua localização explica a origem de seu nome, já que tanto o condado, quanto a cidade foram nomeados em homenagem ao povo alemão por meio da Princesa Carlota – o que também justifica o apelido de “Queen City” (Cidade Rainha). A refinada metrópole cosmopolita é famosa por ser o epicentro das corridas da NASCAR e por abrigar a sede da modalidade, mas, por lá, também dá para curtir outro tipo de aventura no parque de diversões Carowinds ou conhecer mais sobre ciência e natureza no museu Discovery Place Science and Nature. Uma acomodação que chama a atenção na localidade é The Ivey’s Hotel, uma hospedagem que mistura o clássico com o moderno e cujas camas se destacam pelo conforto na avaliação dos hóspedes na Booking.com.

The Ivey’s Hotel, Charlotte, EUA (Foto: Divulgação)

Siena (Itália)

O nome dessa cidade não faz menção a personagens mulheres históricas, no entanto, é inspiração para diversas mães da modernidade que dão à luz filhas meninas. Acredita-se que a origem do nome Siena para essa cidade italiana veio de uma palavra em inglês que significa “vermelho-alaranjado”. O local, que faz parte da região da Toscana, é uma das cidades medievais mais conhecidas e visitadas da Itália. Conhecida por sua incrível arquitetura, Siena possui um centro histórico declarado Patrimônio Mundial da UNESCO e um complexo que integra alguns dos principais pontos turísticos: a Catedral de Siena, a Biblioteca Piccolomini e o Museo dell’Opera del Duomo. A apenas 2 km do centro histórico, a acomodação Borgo Grondaie é uma propriedade construída em uma antiga quinta toscana com clima bucólico e relaxante, de onde dá para ir à cidade a pé.

Borgo Grondaie, Siena, Itália (Foto: Divulgação)

Vitória (Austrália)

O estado de Vitória, na Austrália, leva o nome da rainha que governou o Reino Unido e a Irlanda entre os anos de 1819 e 1901. O local é majoritariamente colonizado pelos ingleses e até mesmo sua bandeira faz referência ao país. O local é considerado a segunda maior economia da Austrália, logo atrás de Nova Gales do Sul, onde fica a cidade de Sydney. A capital de Vitória é a cidade de Melbourne, considerada desde 2023 a área urbana mais populosa do país, e é um dos pontos por onde passa a Great Ocean Road, uma estrada na beira do litoral com cerca de 240 km de extensão que constitui uma das rotas de viagem mais famosas do país. Ali em Melbourne, a 5 minutos de carro do Queen Victoria Market – outro lugar imperdível na cidade –, está o Larwill Studio, uma acomodação moderna e descolada que possui a certificação Travel Proud da Booking.com, ou seja, reconhecida por ter concluído o treinamento de hospitalidade da plataforma e por seu compromisso contínuo de oferecer estadias acolhedoras a todas as pessoas.

Larwill Studio, Melbourne, Austrália (Foto: Divulgação)

Rosário (Argentina)

A cidade de Rosário fica a aproximadamente 3 horas de carro de Buenos Aires e 4 horas, também de automóvel, de Córdoba, o que permite que o destino seja uma das paradas em uma road trip pela Argentina. A localidade leva esse nome como homenagem à Virgem do Rosário, uma figura religiosa cuja imagem permanece na Catedral Basílica Nossa Senhora do Rosário – um dos pontos turísticos do local. Rosário mistura vibrações jovens, por ser universitária, com um clima de interior e fica às margens do Rio Paraná. O Balneário La Florida é outro ponto turístico imperdível no destino: se trata de uma praia de água doce com infraestrutura completa. Para ficar em um lugar confortável e com mais privacidade, o Departamento Fabuloso é um apartamento com todas as facilidades necessárias para passar os dias e que fica a aproximadamente duas quadras do Boulevard Oroño, um passeio público bonito e agradável para uma caminhada.

Departamento Fabuloso, Rosário, Argentina (Foto: Divulgação)

Siga o @portaluaiturismo no Instagram.

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Mossoró: “Responsabilidade pela fuga é do governo federal”, diz Fátima Bezerra

Lisboa — A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), fez um périplo nos últimos dias por Portugal com uma missão clara: mostrar para os turistas estrangeiros, em especial, os portugueses, que é seguro viajar para o estado. O trabalho de convencimento, que ocupou boa parte da agenda dela na Bolsa de Turismo de Lisboa, coincidiu com a fuga de dois presos da penitenciária federal de Mossoró, no interior potiguar. Sempre que questionada sobre assunto, recorria a números para mostrar que os índices locais de violência despencaram, resultado de um trabalho de gestão, que passou pela criação de uma secretaria só para cuidar do sistema prisional. Mais: o controle da cadeia de Mossoró é de responsabilidade exclusiva do governo federal.

“Em 2018, o Rio Grande do Norte era o estado mais violento do Brasil. No ano passado, segundo dados do Ministério da Justiça, foi a unidade da Federação que mais reduziu as mortes violentas. Nossos índices caíram 15,6% contra menos de 4% de média nacional”, diz a governadora. Ela reconhece, porém, que há muito ainda por ser feito na área de segurança, sobretudo, na reposição de pessoal nas polícias e na renovação de equipamentos. “Desde 2019, foram realizados nove concursos. Estamos repondo as vagas gradualmente, dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Havia áreas que ficaram sem concursos por 20 anos. Portanto, o deficit é grande”, acrescenta.

Durante a feira de turismo em Lisboa, uma das maiores do mundo no setor, Fátima Bezerra apresentou o Rio Grande do Norte como o estado mais verde do Brasil, por ser campeão nacional em produção de energia renovável. Também exaltou as belezas dos 400 quilômetros de costa litorânea. Ela reconhece, porém, que é preciso muito mais para atrair os viajantes estrangeiros, que, além de segurança, querem passagens mais baratas, boa infraestrutura hoteleira e de restaurantes. No ano passado, mais de 70 mil estrangeiros aterrissaram em território potiguar. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Correio.

É claro que um episódio como esse, que é muito delicado, impacta. Infelizmente, há dificuldade, inclusive, de recaptura desses fugitivos. Agora, me permite aqui, de uma forma muito séria, separar as coisas. Isso aconteceu em uma prisão federal, sob gestão do governo federal. É evidente que o governo do estado fez e continua fazendo o seu papel, chegando junto. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, desde o primeiro momento, entrou em contato conosco, que se mantém permanente. Há um trabalho integrado em toda a operação, sob a coordenação do secretário Nacional de Política Penal e da Polícia Federal, com o governo estadual apoiando, como é o nosso dever, disponibilizando efetivo e equipamentos. Então, estamos todos empenhados. Ao mesmo tempo, vale destacar que, em decorrência desse incidente, as medidas corretivas já estão em curso, porque não basta só recapturar esses fugitivos, o mais importante é corrigir todas as falhas que permitiram esse tipo de coisa. O governo federal realmente está muito atento, muito empenhado na correção dessas falhas.

O que eu posso dizer é que isso faz para da política de gestão do sistema prisional federal. De tempos em tempos, o Ministério da Justiça faz esse rodízio por questão de segurança.

O nosso sistema prisional está sob controle, está seguro. Se olharmos os rankings de 2023 sobre fugas de presídios, no Rio Grande do Norte foi zero. Desde que nós assumimos, a partir de 2019, a curva se inverteu, com redução da violência. Até 2018, o Rio Grande do Norte aparecia como o estado mais violento do Brasil. O mais recente anuário da segurança pública, do Ministério da Justiça, aponta que, em 2023, entre os 26 estados e o Distrito Federal, o Rio Grande do Norte aparece em primeiro lugar, como o que mais reduziu os índices de criminalidade, no item mortes violentas. De 2022 para 2023, houve redução de 15,6%, queda muito maior do que a média nacional, que foi abaixo de 4%. Também estamos reduzindo os crimes contra o patrimônio e os assaltos. O carnaval deste ano, quando houve a fuga de Mossoró, foi o mais seguro da história. Em 2022, houve 14 mortes violentas, neste ano, foram seis, com um detalhe, nenhuma relacionada com o polo carnavalesco. É preciso que se ressalte isso. São dados concretos, nada está sendo inventado.

Trabalho, gestão. Mesmo pegando um estado desmantelado como eu peguei, em 2019, foi possível superar as dificuldades. Estamos investindo muito na área de segurança. Fizemos nove concursos para as polícias penal, civil, militar e bombeiros. Estamos repondo as vagas de forma gradativa, dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), pois o deficit de pessoal é muito grande. Em algumas áreas, foram quase 20 anos sem concursos. Outro ponto: o Rio Grande do Norte passou 30 anos com cinco delegacias de atendimento a mulher. Em quatro anos, abri sete. Assim, na segurança pública, os dados são de queda, não de aumento da violência.

Sim. No meu primeiro mandato, foi criada a Secretaria de Administração Penitenciária, o que se comprovou, aliás, extremamente necessário, sem dúvida nenhuma. Os especialistas realmente recomendam que haja uma estrutura direcionada para cuidar do sistema prisional. Evidentemente, há uma conexão com todo o sistema de segurança. Isso fez uma diferença grande. Não há como não ter uma estrutura direcionada para uma área tão complexa, como o sistema prisional no Brasil. A secretaria, por sinal, está sob o comando de pessoas muito preparadas.

O turismo tem crescido muito, sobretudo de estrangeiros. Tanto que o número de voos ligando Lisboa a Natal passou de três para sete durante a semana. Em 2023, foram 70.912 passageiros internacionais. O ano passado começou com três voos, que passaram para cinco e, agora, são sete. Comparando apenas o segundo semestre em relação ao primeiro, houve aumento de 30% no número de turistas.

Com certeza, o espaço é enorme. Para isso, temos feito e vamos intensificar a promoção das belezas do estado, capacitar ainda mais todos os setores envolvidos e ampliar a nossa acessibilidade.

Primeiro, temos o estado mais verde do Brasil e do mundo. Isso porque nós fizemos o dever de casa e temos 95% da energia que produzimos de fontes renováveis. Praticamente tudo vem de energia eólica, do vento. O Brasil ocupa espaço de destaque mundial nesse quesito de energia limpa graças à produção advinda do Nordeste, que está no centro da agenda da mudança climática, da transição energética. O país tem hoje 937 parques eólicos, dos quais 827 estão no Nordeste e, desses, mais de 250 estão no Rio Grande do Norte. Neste exato momento, o nosso estado está completando uma década como maior produtor de energia eólica do Brasil. Produzimos 7,4 gigawatts de energia e consumimos apenas 2,2 gigawatts. O restante abastece o sistema interligado nacional. E já estamos nos preparando para a nova fase, de eólica offshore (no mar) e de hidrogênio verde, inclusive, com várias empresas europeias.

Queremos avançar cada vez mais no turismo sustentável. As pessoas que chegam no Rio Grande do Norte pisam no chão do estado mais verde do Brasil. Temos nossas belezas naturais. São mais de 400 km de costa, com belos destinos, como os de Pipa e São Miguel do Gostoso, conhecidos mundo afora. Há, também, a Rota das Serras, o turismo religioso. Agora, estamos avançando em outra pauta muito importante, que é o turismo de aventura, o turismo histórico, através do geoparque reconhecido pela Unesco. O Brasil tem cinco geoparques listados pela entidade, e um deles fica no Rio Grande do Norte, na região do Seridó, em Currais Novos. São seis municípios envolvidos. Eu havia lançado, em 2023, na Bolsa de Turismo de Lisboa, a proposta de fazermos um fórum, começando por reunir os geoparques da Unesco dos países da língua portuguesa para a troca de experiência, de intercâmbio. E essa proposta prosperou. O primeiro fórum será entre 25 e 28 de março, em Currais Novos.

Sempre é desejável o barateamento das passagens aéreas, tanto as nacionais, quanto as internacionais. Mas essa carestia não é de agora.

Com certeza. Estamos nesse processo de aumentar o fluxo de voos internacionais. E temos de ressaltar um passo importante nesse sentido: a conclusão do processo de relicitação do Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante. Infelizmente, esse processo teve início em 2019 e não andava. Passamos três anos com um grande prejuízo. Um aeroporto espetacular, que estava abandonado. Lutei muito para que a relicitação saísse, mas só andou agora, com o governo Lula.

Assim que saiu o parecer do TCU, houve o leilão de concessão em maio do ano passado, na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Quem ganhou a disputa foi a Zurich Airport, uma empresa conceituada, que já atua em Santa Catarina e no Espírito Santo. Então, o aeroporto tem um novo operador. Isso agrega muito e nos abre perspectivas de atração de mais voos nacionais e internacionais.

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Mossoró: “Responsabilidade pela fuga é do governo federal”, diz Fátima Bezerra

Lisboa — A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), fez um périplo nos últimos dias por Portugal com uma missão clara: mostrar para os turistas estrangeiros, em especial, os portugueses, que é seguro viajar para o estado. O trabalho de convencimento, que ocupou boa parte da agenda dela na Bolsa de Turismo de Lisboa, coincidiu com a fuga de dois presos da penitenciária federal de Mossoró, no interior potiguar. Sempre que questionada sobre assunto, recorria a números para mostrar que os índices locais de violência despencaram, resultado de um trabalho de gestão, que passou pela criação de uma secretaria só para cuidar do sistema prisional. Mais: o controle da cadeia de Mossoró é de responsabilidade exclusiva do governo federal.

“Em 2018, o Rio Grande do Norte era o estado mais violento do Brasil. No ano passado, segundo dados do Ministério da Justiça, foi a unidade da Federação que mais reduziu as mortes violentas. Nossos índices caíram 15,6% contra menos de 4% de média nacional”, diz a governadora. Ela reconhece, porém, que há muito ainda por ser feito na área de segurança, sobretudo, na reposição de pessoal nas polícias e na renovação de equipamentos. “Desde 2019, foram realizados nove concursos. Estamos repondo as vagas gradualmente, dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Havia áreas que ficaram sem concursos por 20 anos. Portanto, o deficit é grande”, acrescenta.

Durante a feira de turismo em Lisboa, uma das maiores do mundo no setor, Fátima Bezerra apresentou o Rio Grande do Norte como o estado mais verde do Brasil, por ser campeão nacional em produção de energia renovável. Também exaltou as belezas dos 400 quilômetros de costa litorânea. Ela reconhece, porém, que é preciso muito mais para atrair os viajantes estrangeiros, que, além de segurança, querem passagens mais baratas, boa infraestrutura hoteleira e de restaurantes. No ano passado, mais de 70 mil estrangeiros aterrissaram em território potiguar. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Correio.

É claro que um episódio como esse, que é muito delicado, impacta. Infelizmente, há dificuldade, inclusive, de recaptura desses fugitivos. Agora, me permite aqui, de uma forma muito séria, separar as coisas. Isso aconteceu em uma prisão federal, sob gestão do governo federal. É evidente que o governo do estado fez e continua fazendo o seu papel, chegando junto. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, desde o primeiro momento, entrou em contato conosco, que se mantém permanente. Há um trabalho integrado em toda a operação, sob a coordenação do secretário Nacional de Política Penal e da Polícia Federal, com o governo estadual apoiando, como é o nosso dever, disponibilizando efetivo e equipamentos. Então, estamos todos empenhados. Ao mesmo tempo, vale destacar que, em decorrência desse incidente, as medidas corretivas já estão em curso, porque não basta só recapturar esses fugitivos, o mais importante é corrigir todas as falhas que permitiram esse tipo de coisa. O governo federal realmente está muito atento, muito empenhado na correção dessas falhas.

O que eu posso dizer é que isso faz para da política de gestão do sistema prisional federal. De tempos em tempos, o Ministério da Justiça faz esse rodízio por questão de segurança.

O nosso sistema prisional está sob controle, está seguro. Se olharmos os rankings de 2023 sobre fugas de presídios, no Rio Grande do Norte foi zero. Desde que nós assumimos, a partir de 2019, a curva se inverteu, com redução da violência. Até 2018, o Rio Grande do Norte aparecia como o estado mais violento do Brasil. O mais recente anuário da segurança pública, do Ministério da Justiça, aponta que, em 2023, entre os 26 estados e o Distrito Federal, o Rio Grande do Norte aparece em primeiro lugar, como o que mais reduziu os índices de criminalidade, no item mortes violentas. De 2022 para 2023, houve redução de 15,6%, queda muito maior do que a média nacional, que foi abaixo de 4%. Também estamos reduzindo os crimes contra o patrimônio e os assaltos. O carnaval deste ano, quando houve a fuga de Mossoró, foi o mais seguro da história. Em 2022, houve 14 mortes violentas, neste ano, foram seis, com um detalhe, nenhuma relacionada com o polo carnavalesco. É preciso que se ressalte isso. São dados concretos, nada está sendo inventado.

Trabalho, gestão. Mesmo pegando um estado desmantelado como eu peguei, em 2019, foi possível superar as dificuldades. Estamos investindo muito na área de segurança. Fizemos nove concursos para as polícias penal, civil, militar e bombeiros. Estamos repondo as vagas de forma gradativa, dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), pois o deficit de pessoal é muito grande. Em algumas áreas, foram quase 20 anos sem concursos. Outro ponto: o Rio Grande do Norte passou 30 anos com cinco delegacias de atendimento a mulher. Em quatro anos, abri sete. Assim, na segurança pública, os dados são de queda, não de aumento da violência.

Sim. No meu primeiro mandato, foi criada a Secretaria de Administração Penitenciária, o que se comprovou, aliás, extremamente necessário, sem dúvida nenhuma. Os especialistas realmente recomendam que haja uma estrutura direcionada para cuidar do sistema prisional. Evidentemente, há uma conexão com todo o sistema de segurança. Isso fez uma diferença grande. Não há como não ter uma estrutura direcionada para uma área tão complexa, como o sistema prisional no Brasil. A secretaria, por sinal, está sob o comando de pessoas muito preparadas.

O turismo tem crescido muito, sobretudo de estrangeiros. Tanto que o número de voos ligando Lisboa a Natal passou de três para sete durante a semana. Em 2023, foram 70.912 passageiros internacionais. O ano passado começou com três voos, que passaram para cinco e, agora, são sete. Comparando apenas o segundo semestre em relação ao primeiro, houve aumento de 30% no número de turistas.

Com certeza, o espaço é enorme. Para isso, temos feito e vamos intensificar a promoção das belezas do estado, capacitar ainda mais todos os setores envolvidos e ampliar a nossa acessibilidade.

Primeiro, temos o estado mais verde do Brasil e do mundo. Isso porque nós fizemos o dever de casa e temos 95% da energia que produzimos de fontes renováveis. Praticamente tudo vem de energia eólica, do vento. O Brasil ocupa espaço de destaque mundial nesse quesito de energia limpa graças à produção advinda do Nordeste, que está no centro da agenda da mudança climática, da transição energética. O país tem hoje 937 parques eólicos, dos quais 827 estão no Nordeste e, desses, mais de 250 estão no Rio Grande do Norte. Neste exato momento, o nosso estado está completando uma década como maior produtor de energia eólica do Brasil. Produzimos 7,4 gigawatts de energia e consumimos apenas 2,2 gigawatts. O restante abastece o sistema interligado nacional. E já estamos nos preparando para a nova fase, de eólica offshore (no mar) e de hidrogênio verde, inclusive, com várias empresas europeias.

Queremos avançar cada vez mais no turismo sustentável. As pessoas que chegam no Rio Grande do Norte pisam no chão do estado mais verde do Brasil. Temos nossas belezas naturais. São mais de 400 km de costa, com belos destinos, como os de Pipa e São Miguel do Gostoso, conhecidos mundo afora. Há, também, a Rota das Serras, o turismo religioso. Agora, estamos avançando em outra pauta muito importante, que é o turismo de aventura, o turismo histórico, através do geoparque reconhecido pela Unesco. O Brasil tem cinco geoparques listados pela entidade, e um deles fica no Rio Grande do Norte, na região do Seridó, em Currais Novos. São seis municípios envolvidos. Eu havia lançado, em 2023, na Bolsa de Turismo de Lisboa, a proposta de fazermos um fórum, começando por reunir os geoparques da Unesco dos países da língua portuguesa para a troca de experiência, de intercâmbio. E essa proposta prosperou. O primeiro fórum será entre 25 e 28 de março, em Currais Novos.

Sempre é desejável o barateamento das passagens aéreas, tanto as nacionais, quanto as internacionais. Mas essa carestia não é de agora.

Com certeza. Estamos nesse processo de aumentar o fluxo de voos internacionais. E temos de ressaltar um passo importante nesse sentido: a conclusão do processo de relicitação do Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante. Infelizmente, esse processo teve início em 2019 e não andava. Passamos três anos com um grande prejuízo. Um aeroporto espetacular, que estava abandonado. Lutei muito para que a relicitação saísse, mas só andou agora, com o governo Lula.

Assim que saiu o parecer do TCU, houve o leilão de concessão em maio do ano passado, na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Quem ganhou a disputa foi a Zurich Airport, uma empresa conceituada, que já atua em Santa Catarina e no Espírito Santo. Então, o aeroporto tem um novo operador. Isso agrega muito e nos abre perspectivas de atração de mais voos nacionais e internacionais.

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‘Não quero tomar chuva, quero ser meu patrão’: o que leva pedreiros a desistir da profissão e provoca alerta no setor

Durante 45 anos, o pai de Rodrigo Silva exerceu a profissão de armador na construção civil. Com mãos ágeis, José Pereira da Silva moldava as estruturas de concreto e aço de grandes obras da cidade de São Paulo.

Ser armador era valorizado na maior e mais rica cidade da América Latina, e José ensinou a Rodrigo tudo sobre a atividade, que ele seguiu por uma década.

Mas, há dois anos, Rodrigo, hoje com 38 anos, trocou o canteiro de obras pelas ruas paulistanas, fazendo entregas com sua moto. Foi o ponto final de um ciclo.

“Não quero mais acordar cedo, passar frio e tomar chuva para ser pressionado por encarregado e supervisor”, diz Rodrigo à BBC News Brasil.

“Hoje, ganho mais do que antes, folgo quando quero e sou meu patrão.”

O ex-armador e agora entregador diz que outro fator que o fez trocar de profissão foi a instabilidade.

“Você começa a receber bem, mas logo depois dizem que estão tendo prejuízo e te demitem”, diz Rodrigo.

A mudança, explica ele, foi pensando no seu próprio bem-estar e da sua família.

“Meu pai falava para eu não me apegar a nenhuma obra e nem à profissão. Dizia que, se aparecesse algo melhor, era para eu ir”, afirma.

Ainda assim, Rodrigo fez questão de viajar à Nova Soure, na Bahia, onde seu pai mora atualmente, para perguntar se ele o autorizava a mudar de área.

“Ele concordou na hora.”

‘Apagão’ de mão de obra

A história da família de Rodrigo ajuda a entender por que lideranças da indústria e profissionais do setor ouvidos pela BBC News Brasil apontam para uma falta de mão obra na construção civil em São Paulo.

As fontes concordam, no entanto, que não há números exatos sobre esse eventual déficit no Estado, que representa cerca de um terço do mercado nacional, segundo o sindicato que representa os trabalhadores do setor.

De acordo com dados do Sistema do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil encerrou o ano de 2023 com um saldo anual positivo de 158,9 mil contratações na construção civil.

Mas, no longo prazo, o número de trabalhadores no setor vem caindo.

O país tem atualmente 2,6 milhões de pessoas trabalhando diretamente na área. Em 2010, eram 3,2 milhões, quase 19% a menos.

Outro termômetro em números vem da pesquisa nacional Sondagem da Construção, feita mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O levantamento de fevereiro apontou que 25,7% dos empresários do setor estavam preocupados com a escassez de mão de obra no país.

Para David de Fratel, coordenador do SindusCons-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil), que representa as empresas do setor no Estado de São Paulo, há falta de profissionais especializados, ainda que ele não conheça levantamentos confiáveis para confirmar a percepção.

“O que existe é um déficit causado pela falta de interesse de novos entrantes”, diz Fratel.

“O jovem de hoje não quer mais a construção civil. Ele quer ser motorista de aplicativo e trabalhar em um carro com ar condicionado ou algo ligado à tecnologia”, complementa.

A visão de Fratel é reforçada por um estudo do SindusCon, feito com quase 800 mil profissionais da construção civil em 22 Estados.

O levantamento apontou que houve entre 2016 e 2023 um aumento da média de idade das pessoas que trabalham na construção de 38 para 41 anos.

“O que está acontecendo é muito grave e pode causar um apagão nas obras”, diz Fratel.

“Nossa pirâmide etária lembra a de países desenvolvidos, com entrada de poucos jovens e bastante gente mais velha. Falta atratividade e melhores condições de trabalho para atrair mão de obra.”

Renato de Sousa Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), concorda.

Ele afirma que os mais jovens estão se desinteressando pelo setor da construção por causa da exigência física da atividade.

“A pessoa precisa carregar saco pesado nas costas, tomar sol. Esse é o ponto”, diz Correa.

O presidente da CBIC reforça que não há uma pesquisa que indique a falta de trabalhadores na construção, mas afirma que, “em todas as áreas, está faltando mão de obra e vai piorar”.

No momento, o Brasil assiste ao aquecimento do mercado de trabalho em geral.

De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o trimestre encerrado em janeiro de 2024 fechou com uma taxa de desemprego de 7,6% no Brasil.

Essa é a menor taxa para um trimestre desse período desde 2015, quando o país registrou 6,9%.

“É muito difícil ter um índice de desemprego da construção, porque a pessoa está temporariamente na profissão, mas quando sai do emprego não faz mais parte do setor. Ela pode ser o que ela quiser, padeiro, motorista etc. Portanto, acho muito difícil haver um dado segmentado de desemprego”, diz Correa.

Ele ressalta outra característica do setor, a informalidade: “Hoje, temos 7,5 milhões de pessoas no setor, mas apenas 2,6 milhões são CLT”.

Ressaca pós-pandemia, eleição, novo PAC

Entre as lideranças dos trabalhadores, o diagnóstico não muda muito.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de São Paulo (Sintracon-SP), Antônio Ramalho, também usa o termo “apagão” para falar da falta de profissionais.

Ramalho diz que faltam tanto incentivos para a entrada de novos trabalhadores como treinamento para desempregados que queiram tentar a sorte na construção.

Ele aponta ainda outro fator que torna o fenômeno ainda mais evidente: o aumento da demanda a partir do fim de 2023.

“Desde novembro, houve uma retomada de obras públicas pelo governo federal e, quando você pega as prefeituras, vê que São Paulo virou um canteiro de obras”, afirma Ramalho.

Ana Maria Castelo, professora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), afirma que a construção civil está demonstrando resiliência e cita como outro fator de aumento da demanda o fato de 2024 ser um ano eleitoral.

“Esse mercado também está aquecido por conta de um novo ciclo de leilões de infraestrutura, obras do metrô e o anúncio do Novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, diz Castelo.

Em agosto passado, o governo Lula relançou o PAC, que marcou seu segundo mandato e a gestão Dilma Rousseff (PT), para alavancar os investimentos em infraestrutura e gerar empregos.

A promessa é investir R$ 371 bilhões do Orçamento da União em quatro anos.

O programa, somado às obras típicas de períodos eleitorais, como recapeamento, promete movimentar um setor que viveu altos e baixos nos últimos anos.

A construção civil teve um forte crescimento no início desta década, mas enfrentou uma queda acentuada de produção em 2023 até o novo impulso no fim do ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) do setor disparou 12,6% em 2021, reflexo das pequenas reformas domésticas durante a pandemia, e manteve-se alto em 2022, ainda que em um patamar mais baixo, com avanço de 6,8%.

Mas, em 2023, houve uma retração de 0,5%, segundo o IBGE — enquanto isso, o PIB brasileiro cresceu 2,9%.

Ainda assim, no quarto e último trimestre do ano passado, o setor cresceu 4,2%, e a expectativa é que volte a crescer em 2024.

Baixos salários e esforço físico

Adriano José Cordeiro, de 40 anos, que trabalha como pedreiro e azulejista confirma que o mercado está aquecido e não falta serviço, mas reclama dos baixos salários.

Mesmo assim, ele não pensa em deixar a profissão, porque diz amar o que faz.

“Eles pagam diárias de R$ 150 há alguns anos. Tem muita gente pulando fora por causa disso”, diz.

“Na pandemia, só trabalhei com aplicativo (de entregas). Mas, agora, eu consegui um emprego registrado na construção e só faço entrega nas horas vagas.”

Segundo o IBGE, cerca de 1,5 milhão de brasileiros trabalhavam com aplicativos e plataformas digitais em 2022, como serviços de entrega e transporte de passageiros.

Esse número era o equivalente a 1,7% da mão de obra do setor privado.

O engenheiro civil Denis Sousa coordena as obras de três condomínios que estão sendo erguidos na Zona Leste de São Paulo e também percebe transformação nos canteiros de obras em que trabalha.

“As novas gerações têm mais acesso a outras oportunidades, e esse ensinamento de pai para filho na construção está se perdendo”, diz.

Sousa diz que, na sua percepção, os trabalhadores que mais abandonaram os canteiros foram aqueles de áreas que fazem mais esforço e correm mais risco, como carpinteiro e armador, a antiga função de Rodrigo Silva, que prefere ser entregador em tempo integral.

“O armador carrega muito peso e trabalha sob sol ou chuva. Já o eletricista raramente trabalha em locais sem cobertura e não pega tanto peso. É um trabalho que não sacrifica tanto”, explica.

O engenheiro diz que, por enquanto, o impacto principal tem sido sentido principalmente nas obras em fase inicial, quando essas funções são mais requisitadas.

Mas aponta que isso é um alerta de que também pode faltar mão de obra nos canteiros mais para a frente.

“Esse é um sinal de que em um ou dois anos isso também vai se refletir no mercado de pintores e gesseiros, por exemplo”, diz Sousa.

‘Leilão’ de pedreiros

Com o mercado aquecido e a pressão para terminar as obras antes do prazo, empresas têm feito um leilão informal por pedreiros em São Paulo, segundo Antonio Ramalho, do Sintracon-SP.

“Isso tem acontecido constantemente. A concorrência precisa do trabalhador e vai até a obra do vizinho oferecer 30% a mais para ele trabalhar na dele”, diz.

Trabalhadores de canteiros de obras em São Paulo visitados pela reportagem confirmam que as ofertas de empregos fazem parte da rotina de trabalho.

Eles contam que são frequentemente sondados por outras construtoras no canteiro de obras. Alguns chamam de “oportunidade”, outros de “leilão”.

“Quase toda semana tem encarregado esperando a gente sair na calçada para perguntar se a gente aceita ir para outra obra por um salário melhor”, diz um dos profissionais.

“Esse leilão é um sinal de que eles estão desesperados. De vez em quando, eu aceito para me valorizar.”

Outro trabalhador, que dá expediente na mesma construção, disse que nega os convites que recebe.

“Eu fico com pé atrás. Vai que eu largo meu trabalho fixo para ir para o incerto, e a obra para. Minha família fica como?”, afirma.

“Deixo isso para os mais jovens que podem se arriscar.”

Ramalho afirma que as empresas têm buscado saídas para a falta de pedreiros.

“Uma das mais usadas é muito perigosa. Estão fazendo os funcionários trabalharem 12 horas por dia, aos feriados e fins de semana para compensar essa falta de trabalhadores e não atrasar as obras”, diz Ramalho.

“Os funcionários ganham mais dinheiro, mas, por outro lado, sofrem mais lesões e problemas de saúde. As obras também ficam mais caras por conta do pagamento de tantas horas extras.”

O sindicalista defende uma qualificação em massa de profissionais para atuar na construção civil e afirma estar debatendo com empresários e governos para criar o programa “Escola Canteiro”.

Segundo ele, pela iniciativa, trabalhadores desempregados ou que recebem seguro-desemprego aprenderiam a profissão fazendo obras em bairros periféricos.

Já a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que reúne 75 companhias do setor, informou em nota à reportagem que a “falta de mão de obra especializada é um ponto de atenção”.

Mas diz que treina constantemente seus colaboradores para que as obras avancem “sem interrupções significativas”.

Especialização e futuro da construção

Com o atual panorama, os especialistas do setor ouvidos pela BBC News Brasil afirmaram que as construtoras passaram a buscar saídas em mudanças na produção.

“Vemos uma busca pela industrialização da construção civil, com materiais pré-moldados e até módulos inteiros”, diz Ana Maria Castelo, professora da FGV.

A transformação diminuiria a necessidade de profissionais nas obras e agilizaria o processo de construção, apontam os especialistas.

O azulejista Adriano afirma que pretende se especializar para crescer na profissão e aproveitar o bom momento do mercado.

“Talvez eu faça um curso de mestre de obra para ser promovido e me tornar encarregado”, diz Adriano.

O azulejista avalia que, mesmo com os baixos salários oferecidos pelo mercado, não haverá escassez de mão de obra, pois muitos profissionais aceitam ganhar o que as empresas oferecem.

“Eu participo de muitos grupos de WhatsApp (com ofertas de emprego). E, sempre que aparece uma vaga, por menor que seja o salário, alguém sempre aceita”, diz.

Já Rodrigo Silva, que está há dois anos longe da construção civil, conta que já recebeu muitas ofertas para trabalhar novamente como armador e negou todas.

“Já me chamaram muitas vezes para voltar. Mas eu não tenho mais paciência para trabalhar em local fechado e com muita gente querendo mandar”, diz.

Questionado se ensinaria a profissão de armador ao filho, Rodrigo Silva diz que, se for necessário, ensinará “com muita honra”.

“Meu filho tem 2 anos e não sei como estará a construção civil quando ele crescer, mas vou tentar colocar ele para trabalhar com outra coisa. Quero ele na frente do computador.”

‘Quando super-ricos não pagam impostos, é o resto da população que paga’, diz economista Gabriel Zucman

O trabalho do economista francês Gabriel Zucman, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, têm sido um dos principais pilares de sustentação dos argumentos em defesa da tributação de grandes riquezas nos últimos anos.

Uma de suas publicações mais recentes, o relatório global sobre evasão de impostos de 2024, mostrou que um imposto global de 2% sobre a fortuna de bilionários poderia arrecadar US$ 250 bilhões (R$ 1,24 bilhão) – tributando menos de 3 mil pessoas em todo o mundo.

Discípulo do economista francês Thomas Piketty, Zucman defende que sistemas tributários que facilitam que os super-ricos não paguem impostos levam à instabilidade política e à corrosão das instituições democráticas no longo prazo.

“Quando os super ricos conseguem não pagar pagar impostos, é o resto da população que paga, e isso é insustentável”, diz o economista, que também é diretor do Observário de Impostos da União Europeia, em entrevista à BBC News Brasil.

“Grande concentração de riqueza é também grande concentração de poder, o que corrói a democracia.”

Vencedor de prêmios como a prestigiada medalha John Bates Clark para jovens economistas, Zucman tem sido convocado em diversos países para dar conselhos sobre políticas econômicas – notoriamente, foi considerado o “guru tributário” dos candidatos presidenciais americanos Bernie Sanders e Elizabeth Warren, que concorreram às primárias em 2020.

Na última semana, o economista esteve em São Paulo a convite do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para dar uma palestra em um dos encontros do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo.

Ele discursou para ministros da Economia dos países do grupo com o objetivo de convencer líderes mundiais das vantagens de um imposto global mínimo a ser pago pelos super-ricos.

Em entrevista à BBC News Brasil pouco antes do encontro, Zucman defendeu não apenas as vantagens de uma medida do tipo, mas também a viabilidade de tal acordo.

Ele diz que já existem experiências econômicas internacionais bem-sucedidas e que pesquisas recentes mostram onde os países erraram em tentativas de tributar bilionários no passado.

O economista diz ainda que não haveria um impacto negativo de um imposto sobre riquezas para a grande maioria da população e refuta argumentos de que isso poderia prejudicar o crescimento econômico.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida por Zucman à BBC News Brasil.

BBC News Brasil – Em seu trabalho o sr. propõe um imposto mínimo sobre grandes riquezas, um imposto global de pelo menos 2%. Qual a diferença entre cobrar imposto sobre riqueza e imposto de renda?

Gabriel Zucman – Essa é uma questão importante. Um ponto de partida é que, de acordo com estudos feitos em diversos países, os super-ricos pagam muito menos imposto proporcionalmente do que o resto da população. O motivo é que, quando você é muito rico, é muito fácil estruturar sua riqueza de forma que ela não gere o que é considerado renda.

Por exemplo, indivíduos como Jeff Bezos [fundador da Amazon] ou Elon Musk [presidente da Tesla], algumas das pessoas mais ricas do mundo, às vezes não têm nenhuma renda passível de tributação. Porque a noção de renda não é muito bem definida para os ricos, eles podem minimizar sua renda.

Então, nossa proposta é que haja um imposto global mínimo sobre riqueza, porque a riqueza é mais bem definida. Se você é bilionário, isso normalmente significa a soma do valor de mercado de todos os seus ativos menos a dívida.

Então, para as pessoas que pagam imposto de renda, não haveria cobrança a mais, mas, para os super-ricos, a cobrança seria uma porção da sua riqueza.

BBC News Brasil – Isso se aplicaria somente aos bilionários? Qual seria o ponto de corte?

Zucman – A ideia é um imposto mínimo global para os muito ricos, e quem entraria nessa categoria é algo que precisa ser discutido. Mas, para começar, cobrar 2% sobre a riqueza dos bilionários é algo que afetaria menos de 3 mil pessoas no mundo todo e geraria uma receita de US$ 250 bilhões.

Conceitualmente, não há nenhum motivo para taxar somente os bilionários, poderíamos taxar pessoas com centenas de milhões de dólares. Mas a ideia geral é ser um imposto para os super-ricos. Não é um imposto para quem só está bem de vida.

BBC News Brasil – Um acordo internacional do tipo é viável? É uma proposta bastante ambiciosa.

Zucman – É viável, com certeza. Quais são as principais dificuldades? Existe o risco de evasão fiscal. Mas a gente pode aproveitar uma iniciativa de grande sucesso em cooperação internacional da última década: a criação do sistema automático de troca de informações bancárias. Isso tornou mais difícil para os ricos esconderem ativos.

Existe a questão de como medir a riqueza, mas, para isso, só precisamos formalizar regras comuns para a avaliação da riqueza, e isso é factível. Outro risco é a competição tributária [quando países ou Estados diminuem os impostos para atrair os ricos], mas um acordo internacional diminui as chances de países “perderem” residentes, porque vai haver um imposto mínimo global.

BBC News Brasil – Mesmo se houver uma cooperação internacional para um imposto mínimo, pode haver países que decidam não aderir. O que impede os super-ricos de se mudarem para esses países? Isso seria algo que precisaria ser unânime para dar certo?

Zucman – Com certeza, haveria países que ficariam de fora do acordo. Mas não precisamos de um consenso global, porque nunca vai haver um consenso realmente global. É possível ter um grande número de países, como aconteceu em 2021, quando 130 países concordaram com um imposto mínimo de 15% para multinacionais.

Alguns países não ratificaram o acordo, mas há uma cláusula que diz que os países que ratificam o acordo têm o direito de tributar as empresas multinacionais dos países que não cooperarem para que a sua taxa efetiva de imposto também atinja 15%, então, poderíamos aplicar essa lógica na tributação dos super-ricos.

É possível que um grande número de países concordem, mas mesmo que alguns não concordem, isso não seria um problema, porque sempre podemos arrecadar os impostos que os outros países não arrecadam. Os países podem dizer, ‘olha, mesmo que você se mude para um paraíso fiscal, vamos continuar cobrando o imposto, então a mudança nem faz mais sentido’. Cria-se um mecanismo que, se um país não arrecadar aquele imposto, vai ter mais dinheiro na mesa para os outros arrecadarem.

BBC News Brasil – Como isso funcionaria?

Zucman – Haveria dificuldades se fosse um acordo somente de países pequenos. Mas, se grandes países do G20 concordarem e uma grande massa crítica aderir, não seria um problema se alguns outros países não aderissem, porque os países que aderissem poderiam cobrar os bilionários até atingir 2% da riqueza total – na medida em que eles têm necessariamente investimentos nos países que ratificaram ou durante o tempo em que passam nesses países.

Hoje, os muito ricos obtêm sua riqueza por possuírem empresas que têm clientes em todo o mundo e produzem em todo o mundo. Foi assim que se resolveu o problema da competição tributária no acordo para o imposto mínimo sobre multinacionais.

O resumo é que é possível criar esse imposto de uma forma que os ricos não poderiam evitá-lo se mudando. É muito importante entendermos que a competição tributária internacional não é uma lei da natureza. É uma escolha política. Podemos escolher tolerar isso ou não.

BBC News Brasil – Falamos de dificuldades operacionais e soluções, mas e as dificuldades políticas?

Zucman – A gente vê que há um caminho político em muitos países para isso. Um exemplo marcante são os Estados Unidos. Olha a evolução, é bem incrível. Em 2019, 2020, o presidente Joe Biden fez campanha contra um imposto sobre muito ricos. E, agora, ele apresentou um imposto de 25% sobre a renda de bilionários – com uma noção bem abrangente do que é renda.

Se você olhar para pesquisas de opinião de muitos países, vê que existe um apoio popular enorme para um sistema tributário mais progressista. Estamos falando de 70% a 80% de apoio entre pessoas de diversas orientações políticas.

Hoje, existe um entendimento melhor do que precisa ser feito concretamente para lidar com imposto sobre grandes riquezas. Muitos países tiveram impostos sobre riqueza no passado, mas que foram muito mal desenvolvidos, havia muita evasão fiscal, e os países toleravam a competição fiscal. Mas, desde então, tem havido muita pesquisa para entender essa experiência histórica, para aprender com os erros que alguns países cometeram. Então existem condições ideais para isso em muitos países grandes.

BBC News Brasil – Um argumento frequentemente usado por quem se opõe a essa ideia é que o imposto poderia desencorajar o crescimento econômico e diminuir o ritmo de geração de riqueza.

Zucman – O impacto negativo de um imposto sobre grandes fortunas seria zero para a grande maioria dos contribuintes e seus negócios. O impacto sobre o crescimento econômico seria, na verdade, positivo, porque a arrecadação poderia ser usada para ampliar o acesso à educação e à saúde e ampliar a infraestrutura, que são a chave do crescimento econômico.

Para a sociedade, o efeito seria muito positivo não só pelos investimentos possíveis gerados pela arrecadação, mas por outras razões. Quando os super-ricos conseguem não pagar impostos, é o resto da população que paga, e isso não é sustentável.

Um acordo reforçaria a confiança nas instituições democráticas e tornaria a globalização mais aceitável. E, com isso, os bilionários teriam benefícios, e seus negócios também. Eles deveriam apoiar – alguns apoiam.

BBC News Brasil – Quais são as áreas que criam mais oportunidades para evasão fiscal? Em seu relatório, o sr. citou o mercado imobiliário.

Zucman – Sim, o mercado imobiliário é uma das áreas, porque não está incluído no sistema de troca automática de informação bancária. É um ponto cego, mas a solução é muito simples: basta incluir propriedades imobiliárias no sistema.

BBC News Brasil – E as outras áreas? Hoje há uma preocupação com criptomoedas.

Zucman – Há evasão no mercado de criptomoedas com certeza. Mas, hoje, a principal forma dos muito ricos de evitar pagar impostos é criar empresas fantasmas, holdings artificiais que administram os negócios para evitar qualquer imposto de renda.

É um tipo de planejamento tributário, uma zona cinzenta entre evitar impostos e evasão fiscal. Essas empresas não têm nenhuma atividade econômica de fato. Esse é um problema que um imposto mínimo global sobre riquezas ajudaria a resolver.

BBC News Brasil – No Brasil, não são cobrados impostos sobre lucros e dividendos. O que o sr. pensa sobre isso?

Zucman – É um erro. Quase todos os países que têm imposto de renda também tributa dividendos. O problema de fazer isso é que dividendos são uma das principais formas de renda dos muito ricos, então, o que está acontecendo é que você não está tributando os mais ricos, o que é muito injusto.

O outro problema é que cria uma forma de evitar o pagamento de impostos. Uma das regras para uma legislação tributária eficiente é tributar diferentes formas de renda da mesma forma, assim as pessoas não podem estruturar sua renda para pagar menos impostos.

BBC News Brasil – A escola de pensamento que o sr. e Thomas Piketty seguem argumenta que o aumento da desigualdade vai gerar instabilidade política no longo prazo. Seu trabalho é uma crítica ao capitalismo ou uma maneira de “salvá-lo”?

Zucman – Meu trabalho é uma crítica ao capitalismo, no sentido de que há necessidade de uma crítica, porque sempre podemos fazer melhor. A forma como tributamos neste momento tem esse problema muito óbvio e gritante: o fato de favorecer a concentração de riquezas e a desigualdade. Concentração de riqueza significa também concentração de poder, o que corrói a democracia.

Estou muito focado em corrigir esse problema específico. Não vai consertar o capitalismo. Mas, junto com um imposto de renda progressivo, junto com um imposto sobre grandes heranças, pode ter um efeito grande.

O imposto sobre grandes riquezas não vai salvar o capitalismo, mas é um primeiro passo.

Os mapas sonoros que protegem onça-pintada de caçadores ilegais

As cataratas do Iguaçu ficam na Floresta Atlântica do Alto Paraná. No lado brasileiro, fica o Parque Nacional do Iguaçu. E, no lado oposto, o Parque Nacional Iguazú, na Argentina.

A região abriga mais de 2 mil espécies de plantas e uma imensa variedade de animais, incluindo a tão popular onça-pintada.

Para os mais de um milhão de turistas que visitam o local todos os anos, o cenário pode parecer apenas uma amostra de uma área que seria imensa e repleta de biodiversidade.

Mas, para as pessoas que conhecem bem a região, como a bióloga Yara de Melo Barros, os dois parques nacionais da região das cataratas, na verdade, são apenas “uma ilha de vida em meio ao desmatamento”.

Barros é coordenadora do projeto de conservação da onça-pintada chamado Onças do Iguaçu.

Ela ensina que, em 140 mil quilômetros quadrados da Mata Atlântica, existem apenas 300 onças-pintadas. E até um terço delas vive agora no estreito corredor de 2,4 mil km² protegido pelos parques nacionais do Brasil e da Argentina, na região das cataratas do Iguaçu.

Atualmente, a onça-pintada enfrenta alguma forma de ameaça em quase todo o seu habitat, que vai do sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. E um estudo da Cites – a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Selvagem – indica que essas ameaças estão aumentando.

À medida que o desmatamento se amplia e aumentam as incursões das estradas e da agricultura na floresta, a quantidade de presas diminui e os caçadores ilegais ganham cada vez mais acesso às áreas mais remotas.

E não são apenas os grandes felinos que estão enfrentando os riscos causados pelo desmatamento e pela caça ilegal. As populações de animais selvagens monitorados na América Latina e na região do Caribe como um todo diminuíram em catastróficos 94% nas últimas décadas, segundo o relatório Living Planet de 2022, elaborado pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigla em inglês).

“A caça precisa ser controlada com urgência” afirma Barros. “Os caçadores entram para caçar outros animais e acabam matando a onça-pintada.”

Mas evitar a caça ilegal de qualquer criatura não é uma tarefa fácil, especialmente quando os parques mantêm relativamente poucos funcionários, frequentemente responsáveis pelo patrulhamento de grandes áreas.

Por isso, os pesquisadores e os funcionários dos parques da região das cataratas passaram a explorar novos meios para prever onde podem estar agindo os caçadores ilegais. E eles estão buscando ajuda em novas tecnologias de mapeamento.

Mapeando o problema

No início dos anos 2000, os guarda-parques ainda preenchiam relatórios de campo manualmente, segundo Cecilia Belloni. Ela trabalha há muito tempo como guarda-parque na fronteira leste do Parque Nacional Iguazú, na Argentina.

“Agora, usamos telefones via satélite na floresta, além do sistema Smart (sigla em inglês para Ferramenta de Monitoramento e Relatório Espacial) e do Sistema de Informações Geográficas Quantum para análises espaciais”, explica Belloni.

Segundo ela, “os Sistemas de Informações Geográficas podem aumentar a eficiência das patrulhas dos guarda-parques”, pois permitem que as equipes florestais registrem melhor os dados e quantifiquem qualquer informação relevante que seja observada.

Esses dados podem incluir desde incêndios até desmatamento e mudanças do uso da terra, dentro e fora das áreas protegidas.

O aplicativo Smart nos celulares ou tablets ajuda os guarda-parques a selecionar e padronizar todos os novos dados registrados. Esse software livre, de código aberto, e suas ferramentas de análise foram especialmente projetados para auxiliar os gerentes de conservação no seu trabalho de vigilância.

O aplicativo foi disponibilizado para os guarda-parques argentinos pela primeira vez em 2014, durante uma viagem de treinamento para a Tailândia, e foi testado em seguida no Parque Nacional Iguazú.

Atualmente, 20 dos 50 parques nacionais argentinos adotam o sistema Smart, segundo o técnico de serviços de informações geográficas Leónidas Lizarraga, da Administração de Parques Nacionais da Argentina (APN).

Lizarraga explica que, ao registrar fotos geolocalizadas de cada cápsula de munição encontrada, os guarda-parques podem definir uma trilha de caça.

“[Isso] acaba permitindo que eles sigam a trilha e encontrem pessoas que estão além das áreas de visitação pública”, afirma ele.

Os caçadores ilegais também costumam usar árvores frutíferas como isca, segundo Belloni, como o timbó, que serve de alimento para as antas.

Marcando (ou “geolocalizando”) no software a localização dessas árvores e sua estação de frutificação, os guarda-parques também podem planejar melhor suas patrulhas.

A APN pretende expandir o uso do Smart para todos os parques nacionais argentinos no início deste ano, segundo o guarda-parque Federico Rodríguez Mira, encarregado de operações do Parque Nacional Iguazú.

“A APN pretende adquirir equipamentos eletrônicos como smartphones e tablets resistentes a condições meteorológicas extremas, para aprimorar substancialmente a coleta de dados de campo e auxiliar na tomada de decisões”, explica ele.

Ouvindo a floresta

Mas a utilidade da tecnologia Smart depende dos dados disponíveis para alimentar o sistema.

Após 18 anos de monitoramento da população de onças-pintadas nos parques nacionais do Iguaçu, o número desses animais atingiu um pico de 105 em 2018. Desde então, a população de onças vem caindo e já atingiu cerca de 93.

“A situação operacional como um todo melhorou muito, mas a realidade é que [ainda] enfrentamos um alto número de caçadores”, segundo Belloni. E os conservacionistas da região das cataratas procuram constantemente novas formas de mapear e prever onde estarão os caçadores ilegais.

Existe ainda uma outra ferramenta de mapeamento baseada no som. Em agosto de 2018, pesquisadores brasileiros e argentinos começaram a usar métodos de monitoramento acústico para mapear os locais de caça nos dois lados da fronteira.

Apoiados pelo Projeto Yaguareté (o equivalente argentino do Onças do Iguaçu), a equipe de pesquisa instalou 20 gravadores de áudio dentro e fora da região das cataratas. O experimento durou sete meses.

A bióloga argentina Julia Martínez Pardo registra as coordenadas de um gravador automático que irá ajudar sua equipe a monitorar a atividade de caça de animais silvestres.

O estudo cobriu uma enorme área sem precedentes – 4.637 km². Posicionando os gravadores automáticos no alto das árvores, fora da visão dos caçadores, os pesquisadores conseguiram gravar os sons de tiros disparados a uma distância de até 2 km de cada local.

Ao final dos sete meses, eles haviam registrado tiros em 43 dos 90 locais de monitoramento – e cada uma dessas 43 estações registrou de um até 68 tiros.

Os pesquisadores usaram as informações para elaborar um mapa de previsão da atividade de caça ilegal. Eles também validaram seu modelo com viagens de campo em busca de evidências físicas, como cartuchos de balas e cortes de vegetação.

Essa validação confirmou que o mapa teve 82% de confiabilidade, segundo a líder do projeto, a bióloga de conservação Julia Martínez Pardo, do Instituto de Biologia Subtropical de Misiones, na Argentina.

No futuro, a aplicação prática desse sistema poderá ajudar ainda mais os guarda-parques a patrulhar com mais eficiência.

Pardo afirma que, cruzando os dados de monitoramento acústico com as trilhas de patrulha, os guarda-parques podem determinar se as suas patrulhas coincidem com os locais com maior incidência de tiros. E, se os mapas não coincidirem, as operações podem ter seus trajetos alterados.

O designer e engenheiro eletrônico Sergio Moya, da Universidade Nacional de Misiones, foi o criador do algoritmo usado pela equipe de Julia Martínez Pardo.

“Hoje em dia, a quantidade de recursos alocados à conservação é muito escassa”, segundo ele. “Por isso, precisamos inevitavelmente confiar na tecnologia, para otimizar as ações e concentrar os esforços onde eles são realmente necessários.”

Já existem outras provas de que essa combinação de fontes de dados pode produzir resultados concretos.

Desde 2017, a ONG internacional Panthera vem desenvolvendo uma técnica similar de monitoramento acústico no seu trabalho de combate à caça ilegal na Guatemala e em Honduras. E, em três anos, as autoridades locais conseguiram usar os dados acústicos para prender três caçadores.

A coordenadora do Panthera para a Guatemala, Bárbara Escobar, explica que seu trabalho na região de Sierra del Caral, na fronteira com Honduras, é especialmente importante para as onças-pintadas.

Estudos genéticos demonstram que a conectividade da espécie na América Central e no México está sendo perdida.

“Embora tenhamos descoberto que a caça na região se concentra nas presas da onça-pintada, ela também é uma ameaça para o grande felino”, afirma Escobar, “pois a perda das presas e o desmatamento do seu habitat contribuem para a perda de conectividade.”

Além do mapa

Voltando às cataratas do Iguaçu, a combinação de sensores visuais e acústicos ajudaria as equipes de guarda-parques a concentrar seus esforços, segundo Federico Rodríguez Mira. Da mesma forma, a adoção de drones também pode ajudar a vigilância em áreas de difícil acesso.

Por isso, Rodríguez Mira afirma que a APN argentina tem planos de incorporar estas e outras tecnologias em 2024. A esperança é que os novos equipamentos ajudem a orientar seu trabalho de vigilância da caça ilegal e liberem tempo dos funcionários para que possam monitorar e auxiliar os mais de um milhão de visitantes que visitam o parque nacional todos os anos.

O estudo de Julia Martínez Pardo também concluiu que melhorar o mapeamento e o patrulhamento pode ser muito útil para reduzir a caça ilegal.

Seu modelo demonstrou que os principais fatores determinantes da ocorrência de caça foram a distância até os postos de controle dos guarda-parques (que servem de entraves para a atividade ilegal) e a proximidade e fácil acesso a assentamentos humanos, que são locais convenientes para os caçadores. Quando o acesso às cidades e vilarejos é mais fácil, a atividade de caça aumenta.

Por isso, também é essencial combater as ameaças à vida selvagem na fonte – especialmente depois da posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, que pretende enfraquecer a proteção ambiental.

O estudo de Pardo recomenda, entre outras medidas, melhorar a situação socioeconômica dos moradores locais. O turismo pode trazer novas fontes de renda, mas também aumenta as dificuldades, já que a infraestrutura turística ajuda os caçadores.

No Brasil, o analista ambiental Ivan Carlos Baptiston, ex-chefe do Parque Nacional do Iguaçu, destaca que os recentes planos de reabertura da Estrada do Colono, que atravessa áreas protegidas do Parque Nacional do Iguaçu, foram suspensos. Por outro lado, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro assinou uma nova concessão para o parque em 2022.

“As novas propostas ainda estão em discussão, mas elas autorizariam novos mirantes e pontes no já saturado circuito das Cataratas, que divide a floresta em volta das quedas d’água”, explica Baptiston. Ele está preocupado com o impacto dessas medidas sobre a biodiversidade da região.

Os métodos adotados pelos caçadores também estão ficando cada vez mais sofisticados. Yara Barros destaca que, no Brasil, eles usam temporizadores para liberar iscas e atrair as presas, além de silenciadores para despistar as patrulhas e, em alguns casos, até GPS e walkie-talkies.

As multas para os infratores podem ser consideráveis. Em 2023, um caçador foi multado na Argentina em 3,77 milhões de pesos – o equivalente a quase US$ 11 mil (cerca de R$ 53,6 mil), ou 29 vezes o salário mínimo médio da Argentina, na época.

Ainda assim, muitos caçadores ainda se livram da prisão, segundo Nicolás Lodeiro Ocampo, um dos fundadores e diretor-executivo da ONG argentina Red Yaguareté.

“Na Argentina, as sentenças de menos de três anos de prisão por qualquer delito são cumpridas em liberdade”, afirma ele. “Por isso, precisamos aumentar as penas para pelo menos quatro ou oito anos.”

A coordenadora do Programa Paisagens Terrestres da Fundação Vida Silvestre Argentina, Lucía Lazzari, acredita que os esforços para introduzir novas ferramentas tecnológicas, como o sistema Smart e o monitoramento acústico, devem sempre fazer parte de um conjunto maior de ações de conservação ambiental.

Estas ações devem incluir o trabalho de conservação, restauração e conexão de habitats, além do combate ao desmatamento ilegal e à degradação da floresta, bem como a promoção de práticas de produção sustentáveis.

“O desmatamento é a ameaça mais importante enfrentada pela nossa floresta hoje em dia”, afirma Lazzari. “[Ele] afeta não só os animais, como a onça-pintada, mas também as pessoas que vivem e dependem dos serviços do ecossistema [da floresta].”

Para Yara Barros, o uso de mapas de alta tecnologia para melhorar as patrulhas dos guarda-parques deve ser combinado com o trabalho junto às comunidades locais. E, se não houver mudanças, ela teme pelo pior.

“Não quero viver em um mundo onde os olhos dourados da onça-pintada não existem mais”, conclui a bióloga.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.