Grêmio reúne dupla vitoriosa de 2016 e 2017 na área da performance

A contratação de Rogério Dias como preparador físico do Grêmio marca o reencontro com Rafael Barleze, atual coordenador de Saúde e Performance do clube. Os dois profissionais desempenharam papéis diferentes, mas fundamentais nas conquistas da Copa do Brasil em 2016 e da Libertadores em 2017.

Naquela época, Rogerinho era o preparador físico, enquanto Barleze prestava consultoria para mais de 20 atletas do elenco multicampeão, colaborando com o sucesso do time.

A relação entre os dois é de longa data, marcada por respeito mútuo e um forte alinhamento profissional. Inclusive, Rogerinho foi um dos principais defensores da ideia de trazer Barleze para assumir a coordenação científica do Grêmio ainda em 2017.

Na ocasião, algumas reuniões foram realizadas com o então executivo de futebol, André Zanotta, mas as negociações não avançaram. Pouco depois, Roberto Melo, na época vice de futebol do Inter, fez uma proposta semelhante, levando Barleze a integrar o clube rival.

Oito anos depois, o cenário mudou: Rogerinho retorna ao Grêmio, após passagens por Bahia, Al Wasl (EAU), Santos e Al Riyadh (ARA), para se juntar a Barleze, que chegou em 2023 vindo do Athletico Paranaense.

Desde então, Barleze tem liderado uma profunda reestruturação do Departamento de Ciência, Saúde e Performance do clube, com melhorias significativas na infraestrutura e resultados expressivos em curto prazo.

Agora, a parceria entre Rogerinho e Barleze resgata a química que trouxe sucesso recentemente e terá um papel fundamental no clube na próxima temporada.

Guerra do Paraguai, 160 anos: as descobertas que contradizem o que a escola ensinou sobre o conflito sangrento

Ao longo de pelo menos duas décadas, a maior parte dos estudantes brasileiros aprendeu uma história errada sobre a Guerra do Paraguai, o maior e mais sangrento conflito armado internacional já ocorrido na América Latina.

A versão mais contada pelos professores de história era aquela popularizada pelos ideólogos de esquerda que faziam oposição ao regime militar que comandou o Brasil durante a ditadura, de 1964 a 1985. Com foco em uma aversão ao imperialismo estrangeiro e qualquer interferência das grandes potências nos destinos sul-americanos, vendia-se a narrativa de que o conflito do século 19 havia sido causado, financiado e indiretamente capitaneado pela Grã-Bretanha.

Nessa história, o Paraguai ascendia como um país que caminhava para ser considerado desenvolvido, com industrialização, justiça social e uma produção de riquezas sem igual, de forma independente, configurando assim uma exceção naquele contexto de novos países americanos que estavam conseguindo autonomia frente aos colonizadores a preço de uma dependência econômica de nações ricas.

Vendo-se ameaçados por aquele paisinho que se tornaria um concorrente de sua influência, sobretudo no Brasil e na Argentina, os ingleses despejaram dinheiro e reforços bélicos. O resultado: um massacre que teria condenado ao Paraguai à pobreza e ao subdesenvolvimento. Fim do sonho sul-americano.

“Onde está qualquer documento que prove que foi a Inglaterra? Não existe um documento oficial, não existe nada que mostre que o governo inglês tinha interesse em fazer uma guerra na região”, diz o historiador Francisco Doratioto, professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB). O especialista concedeu entrevista à BBC News Brasil na manhã de terça-feira (10/12).

A visão contemporânea que se tem do conflito, deflagrado oficialmente com a declaração de guerra do Paraguai ao Brasil em 13 de dezembro de 1864, véspera da invasão das forças do país vizinho à então província do Mato Grosso, é aquela que foi construída por historiadores como Doratioto depois de minuciosa pesquisa em documentos históricos paraguaios, brasileiros, argentinos, uruguaios e ingleses.

Em 2002, o historiador lançou seu mais conhecido livro: Maldita Guerra: Nova História da Guerra do Paraguai, consolidando-se como autoridade no tema. Outros estudiosos que foram reconhecidos pela reescrita da história dessa guerra foram os historiadores Ricardo Salles (1950-2021) e, de forma pioneira, Moniz Bandeira (1935-2017).

A Guerra do Paraguai durou de dezembro de 1864 a março de 1870. De um lado estava a pequena República do Paraguai, com cerca de 400 mil habitantes. De outro, a Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai — juntos, somavam pouco mais de 11 milhões de habitantes.

O resultado foi arrasador. Calcula-se que a população paraguaia tenha se reduzido para menos de 190 mil pessoas. “90% dos homens morreram”, afirma Doratioto. “Do sexo masculino, sobraram apenas idosos e crianças.”

Versão da história atribuiu ao Duque de Caxias, comandante das tropas brasileiras, atrocidades na guerra com o Paraguai

Guerra de versões

Doratioto explica que a versão outrora ensinada no Brasil acabou se tornando a mais conhecida e difundida no país, sobretudo por conta da ditadura militar. E seu registro mais popular foi o livro Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai, publicado em 1979, de autoria do jornalista Júlio José Chiavenato.

“Ele não é historiador e comete erros de metodologia que qualquer aluno de graduação [se o fizesse] não seria aprovado na matéria”, aponta Doratioto. “Mas tem o grande mérito de reviver o tema que estava abandonado pelos historiadores e por militares que vinham com uma visão ufanista e oficial da guerra.”

Nessa obra, nota-se que o autor tenta passar sua indignação pelas crueldades cometidas pela guerra. “Ele vai pelos corações e ganha pela emoção”, analisa Doratioto. “Na época, ao ler aquilo, eu achei correto.”

Tanto que o historiador foi um dentre a imensa maioria de sua geração que contava essa versão nas salas de aula, quando professor de colégios em São Paulo.

“Eu ensinei isso”, admite. “Lembro-me que tinha um aluno brilhante que, no final de uma aula, me perguntou: mas, professor, se a Inglaterra queria acesso ao mercado paraguaio e fez a guerra para ter esse acesso, qual era a lógica de destruir esse mercado?”

O revisionismo que trouxe à tona essa narrativa, na época, tinha um foco: desmoralizar os militares que autoritariamente chefiavam o país. E, de quebra, criticar a influência imperialista de forças estrangeiras.

“No momento histórico em que aquilo foi escrito, em pleno regime militar, os setores democráticos da sociedade tinham perdido o espaço”, contextualiza.

“De repente apareceu um livro que dizia que o Caxias, que é o patrono do exército brasileiro, tinha feito crimes de guerra praticamente, mandando jogar cadáveres coléricos no rio Paraguai para contaminar tropas paraguaias”, comenta Doratioto. “O livro desmoralizava os ícones do regime militar. Dava à guerra ideológica uma vantagem contra o regime militar.”

Nesse exemplo trazido pelo historiador, a narrativa é de que o marechal Luís Alves de Lima e Silva (1803-1880), o Duque de Caxias, que comandava as tropas brasileiras no Paraguai, teria determinado que os corpos daqueles que haviam morrido por uma epidemia de cólera que matou 4 mil de seus soldados fossem jogados no rio Paraguai, nos arredores de Humaitá, para que contaminassem os soldados paraguaios entrincheirados a quilômetros ali, em uma guerra biológica.

Mas Doratioto aponta contradições: a primeira, de cunho geográfico. O sentido em que corre o rio é contrário ao que faria sentido nessa narrativa. “Os cadáveres nadaram contra a corrente? Isto é absurdo”, provoca o historiador.

O outro é o fato de que os militares tinham o costume de queimar ou enterrar os que morriam durante as campanhas. “Como era uma região pantanosa, a água do rio acabou contaminada. E isso provocou a epidemia que matou ainda mais soldados brasileiros”, explica ele.

Em carta destinada à mulher, Caxias lamentou que havia perdido “um exército” antes mesmo de entrar em combate, já que quase 4 mil soldados brasileiros morreram de cólera no episódio.

Outro problema da narrativa difundida por Chiavenato foi pintar o Paraguai como um país em outro patamar de desenvolvimento, com industrialização avançada, ferrovias e uma sociedade baseada na justiça social.

Ilustração mostra um acampamento de militares brasileiros durante a Guerra do Paraguai

“Indústria pesada no Paraguai em 1864? Praticamente não existia. Tinha uma fundição. Protossocialismo? Como protossocialismo? Era uma estrutura de exploração do camponês que colhia erva-mate e mesmo pela lógica marxista havia uma, entre aspas, mais-valia apropriada pelo Estado paraguaio do camponês”, exemplifica.

Para Doratioto, a ideia de mirar no imperialismo inglês e vilanizá-lo pelas crueldades da guerra também encontra justificativa no cenário da ditadura. A esquerda ideológica brasileira tinha como inimigo o imperialismo norte-americano, pois os Estados Unidos financiaram o golpe de 1964 e eram apoiadores dos governos militares. Assim, mudava-se o protagonista, mas havia uma mesma semântica para configurar o “inimigo”.

Se essa versão revisionista da história se tornou popular no Brasil por conta da esquerda, o curioso é que na Argentina ela se consolidou pela direita.

“[No país vizinho, essa narrativa] É basicamente o pensamento autoritário da direita xenófoba que vem desde as década de 1920 e 1930, um pensamento que se constrói contra os ingleses, contra o imperialismo inglês”, afirma. “E no Brasil ele é reciclado frente a um sentimento anti-Estados Unidos.”

Por que a guerra?

Desde a sua independência, em 1811, o Paraguai vivia uma situação atípica. Encurralado e sem acesso ao mar, tinha dificuldade para escoar internacionalmente seus produtos — erva-mate e madeira, basicamente.

No centro do continente e sem oferecer as riquezas que eram importantes no mundo colonial, ou seja, metais preciosos, o Paraguai já havia experimentado um certo isolamento durante o domínio espanhol. Isso impactou na formação de sua sociedade.

“Era e ainda é a única sociedade na América do Sul bilíngue, com a cultura guarani entranhada na cultura do colonizador”, exemplifica Doratioto.

Além disso, a população feminina era maior do que a masculina. Isso se dava justamente porque, com a falta de ouro e prata, o território acabou se tornando ponto de passagem para o contrabando — as mulheres se fixavam, mas os homens iam e vinham.

Com a independência das antigas colônias hispânicas, a elite de Buenos Aires “tentou se tornar um centro de poder”, explica o historiador. “Eles buscavam manter subordinadas a ela todas as províncias do antigo Vice-reino do Rio da Prata, ou seja, Uruguai, Bolívia e Paraguai”, diz ele.

O Paraguai se recusou e acabou sozinho.

No comando do país estava o ditador Gaspar de Francia (1766-1840). “Ele estabeleceu uma ditadura impressionante, quase surrealista”, analisa Doratioto. “Para se ter uma ideia, ele rompeu com Roma e estabeleceu uma Igreja Católica própria. E proibiu casamento interculturais, prendeu parte da elite…”

Foto antiga mostra o Exército brasileiro na Guerra do Paraguai

O isolamento sul-americano só fortaleceu seu regime, pois acabava justificando a necessidade de seu poder autoritário e centralizado.

Seu sucessor foi Carlos Antonio López (1790-1882) que, segundo Doratioto, “tinha uma visão muito clara da situação” complicada que enfrentava o país. “Ele tenta abrir o Paraguai, controladamente”, comenta.

Nesse processo, ganhou o apoio do Império Brasileiro. Que também tinha seus interesses: não queria que a Argentina fosse tão poderosa, no xadrez geopolítico que se desenhava na América do Sul.

López decidiu criar uma elite preparada em seu país. Financiou o envio de duas dezenas de jovens para estudar na Europa, contratou uma empresa inglesa para representar os interesses paraguaios junto às grandes potências e começava a investir em material bélico. Ele também contratou técnicos ingleses para fazer obras pontuais de infraestrutura em seu território.

“Mas o Paraguai era um país agrícola, não tinha escolas em nível superior, tinha apenas uma fundição de ferro e uma pequena ferrovia que ligava Assunção a um acampamento militar e que foi a terceira da América Latina”, aponta.

A modernização experimentada pelo Paraguai, segundo o historiador, tinha finalidades apenas militares, de defesa. Não visava a uma sociedade igualitária ou à justiça social.

Com sua morte, a presidência foi assumida pelo filho, Francisco Solano López (1827-1870). Que, menos pragmático do que o pai, acabou sendo o autor da declaração de guerra que tornaria o conflito entre os países sul-americanos inevitável.

De acordo com o historiador Moniz Bandeira, a motivação do conflito foi de natureza econômica. Naquela década de 1860, o isolado Paraguai estava sem caixa para continuar o tímido porém calculado projeto de modernização empreendido pelo López pai.

“Para aumentar as exportação, o Paraguai precisava achar uma saída para o mar”, resume Doratioto. O historiador, contudo, comenta que mesmo se esse acesso fosse possível o país teria dificuldades. “Era um pequeno país de agricultura de técnicas medievais. E nenhum agricultor [paraguaio] tinha interesse em produzir mais para a exportação. Eram agricultores de subsistência, em um nível muito baixo.”

O investimento inglês

Um dos achados de Doratioto que indicam que a Grã-Bretanha não queria uma guerra na América do Sul é uma carta do diplomata Edward Thornton, então o embaixador britânico na Argentina e no Paraguai — baseado em Buenos Aires, já que Assunção não contava com este posto.

Dirigindo-se ao chanceler paraguaio José Berges, o inglês escreveu que “a Inglaterra também está em atritos com o Brasil” e que “particularmente sim, se puder servir, no mínimo que seja, para contribuir para a reconciliação dos dois países [Paraguai e Brasil], espero que Vossa Excelência não hesite em me utilizar”.

A carta é datada de 7 de dezembro de 1864, cinco dias antes da declaração de guerra emitida pelo governo paraguaio.

Um dos principais pontos da historiografia revisionista é dizer que a prova do interesse e do envolvimento inglês seria o fato de que houve financiamento da potência europeia nas campanhas brasileira e argentina que acabariam dizimando metade do Paraguai.

De fato, esses empréstimos ocorreram. Mas Doratioto tem argumentos para contextualizar esse fato. “A lógica do capital não tem nacionalidade nem patriotismo. O capital está em busca de remuneração e garantia”, pontua. “Banqueiros ingleses emprestaram para o Brasil e para a Argentina, claro. Vão emprestar para o Paraguai, um país isolado no interior do continente, sem acesso ao mercado externo, sem ouro e fazendo guerra contra três países por iniciativa própria?”

Ele ainda lembra que esse financiamento inglês nem foi tão representativo como se imagina para o lado brasileiro da guerra. Segundo o historiador, cerca de 12% das despesas de guerra do Brasil foram bancadas com empréstimos estrangeiros, apenas.

Violência militar

Brasil cometeu atrocidades na Guerra do Paraguai, mas elas também foram usadas para manchar a imagem do patrono do Exército, diz o historiador

Sobre as atrocidades da guerra cometidas por Duque de Caxias e suas tropas, Doratioto concorda que elas foram ressaltadas para manchar a imagem do patrono do exército no contexto da ditadura. Mas ele as confirma.

Em seu livro, por exemplo, o historiador conta que os combatentes brasileiros chegaram a matar crianças que se passavam por soldados nas trincheiras paraguaias.

“Guerra é sempre uma selvageria. As acusações contra o Caxias fazem parte de uma dialética da guerras: todos os chefes militares em combate deram ordem para matar, até a Segunda Guerra vencia uma guerra quem matava mais”, argumenta.

Doratioto avalia que a figura histórica do Duque de Caxias “até hoje não foi suficientemente explorada pelos historiadores”. E entende que “desmoralizá-lo”, na época da ditadura, “era desmoralizar o regime militar”.

De grandes shows a corridas e encontros de negócios e tecnologia, Rio tem temporada de eventos com mais de 5 milhões de pessoas

O que Carlos Alcaraz, Madonna, Emmanuel Macron e o maior time de Counter-strike do mundo têm em comum? Em 2024, a resposta é óbvia: o Rio. No ano em que exibiu sua temporada de eventos mais agitada desde a pandemia, a cidade jogou nas 11.

Viu a maior estrela emergente do tênis sucumbir no primeiro jogo no Jockey; bateu o recorde histórico de público da Rainha do Pop nas areias de Copacabana; recebeu um dos maiores torneios de e-sports do planeta; e encerrou o ano ciceroneando os principais líderes políticos globais no G20… Isso sem falar do carnaval, do Rock in Rio, das corridas de rua e da crescente agenda de eventos de negócios e tecnologia que tornam a cidade destino imperdível para quem busca o que fazer no país.

— Foi um ano extremamente positivo, que começou com um carnaval e um réveillon fantásticos. Provou que o Rio é um dos poucos lugares do mundo capazes de fazer um show para mais de um milhão de pessoas e se projetou no noticiário internacional com o G20 — afirma Carlos Werneck, presidente-executivo do Visit Rio, fundação privada sem fins lucrativos que promove a cidade como destino turístico.

Até outubro, o Rio realizou 443 eventos relevantes em termos de público em 2024, um terço a mais do que no ano anterior e em 2019 (referência pré-pandemia), segundo levantamento exclusivo do Visit Rio. Esses eventos reuniram mais de cinco milhões de pessoas e movimentaram quase US$ 1,2 bilhão em receitas. Só em arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) para a prefeitura, a cifra foi de US$ 58,8 milhões.

— A imagem da segurança no Rio sempre é uma questão, mas o setor turístico registra crescimento. No setor hoteleiro, houve um aumento de 3% a 4% na ocupação média, além de um crescimento de quase 10% na diária média em relação a 2023 — calcula Alexandre Sampaio, diretor do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), que faz parte da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Tanto Werneck, do Visit Rio, quanto Sampaio concordam que um dos impulsos para o turismo no Rio foi a revitalização do Aeroporto Internacional do Galeão, por meio da restrição de capacidade imposta ao Santos Dumont. Os dados mostram que as mudanças elevaram o total de voos e a circulação de passageiros nos terminais do Rio.

Mais voos para o Rio

Levantamento da Fecomércio RJ, feito com base em dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), estima que haverá crescimento de 26,7% no número de voos internacionais chegando ao Tom Jobim até o fim de março de 2025. Segundo a projeção, serão 1.530 desembarques a mais em comparação com a temporada do ano anterior.

— Para ser um hub, a cidade precisa que seu maior aeroporto esteja movimentado; caso contrário, perde em capacidade de conexão — analisa Carlos Werneck, que também é sócio do Janeiro Hotel, na Praia do Leblon, com Oskar Metsavaht, fundador da Osklen.

Em paralelo, o Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, consolidou-se como terminal de voos comerciais, ampliando a infraestrutura turística da cidade. Desde que a XP assumiu, em meados do ano passado, o aeroporto foi reformado e terá um terminal VIP em 2025.

A Azul ampliou o número de voos que partem de Jacarepaguá, com destinos como Congonhas, Campinas e Confins. Desde maio, a companhia aérea também vende bilhetes internacionais com embarque a partir do aeroporto da Barra da Tijuca.

O fluxo turístico também foi intenso no Píer Mauá, que recebe cruzeiros de todo o mundo.

— A temporada de navios 2023/2024 foi a maior dos últimos dez anos, com 460 mil passageiros. Tem sido tão boa quanto na época da Olimpíada. A demanda reprimida da pandemia ainda existe, com muita gente querendo viajar — conta Denise Lima, diretora do Píer Mauá, empresa que possui a concessão para operar o terminal até 2049. — Isso também se reflete nos eventos. Praticamente não tivemos nenhuma brecha na agenda dos galpões este ano, que receberam convenções como o ROG.e (antigo Rio Oil & Gas) e o Rio Innovation Week.

Falando em inovação e tecnologia, o Rio bateu recorde de público em sua edição do Web Summit, uma das maiores conferências internacionais sobre o tema, cuja versão brasileira ocorre no Riocentro.

— O Web Summit é um dos pontos altos do nosso calendário — afirma Silvia Albuquerque, diretora regional de Espaços da GL Events no Rio e responsável pelo Riocentro e pela Farmasi Arena. — Sempre que o pessoal do setor hoteleiro me pergunta se a agenda do Riocentro está indo bem, eles sabem que o movimento no espaço é determinante para o fluxo dos hotéis da cidade.

Para o próximo ano, o Visit Rio projeta um crescimento de cerca de 20% no número de eventos na cidade.

— A Shakira já confirmou seu show para o Rio em 2025. O show da Madonna foi emblemático, teve um impacto enorme no crescimento de voos para a cidade e mostrou nossa capacidade em termos de serviço e infraestrutura. Temos a oportunidade de fazer disso uma parte do calendário — conclui Werneck, do Visit Rio.

Para 2025, a aposta é que Lady Gaga seja a próxima estrela a realizar um show na Praia de Copacabana. Ela afirmou ao “Fantástico” recentemente que “mal podia esperar para voltar ao Brasil”.

Impulso de âncoras do calendário

Entre os eventos previstos para 2025 estão o Rio2C, da indústria do entretenimento e da produção audiovisual, o Energy Summit Global, a Maratona do Rio e o Smart Summit. Há ainda algumas âncoras do calendário do Rio, como a Bienal do Livro — maior evento do Riocentro e que tem a própria GL Events como organizadora — e a LAAD, maior feira dos setores de defesa e segurança da América Latina e que também ocorre no centro de convenções da Zona Oeste do Rio.

— Ano ímpar sempre traz ao Rio eventos emblemáticos, como LAAD e Bienal, mas teremos outras novidades importantes. Em outubro, será realizada no Riocentro a Abav Expo, a maior feira de turismo da América Latina e que é organizada pela Associação Brasileira de Agências de Viagens. Na Farmasi Arena, estão previstos shows internacionais já no começo do ano, como Simply Red, Offspring e Sting. Outra atração internacional que sempre atrai público e está confirmada é o Disney on Ice — informa Silvia Albuquerque, da GL Events.

Outros eventos menores ganharam espaço garantido no calendário do Riocentro, acrescenta a executiva. O espaço fechou contrato para realização do Congresso Brasileiro de Ginecologia por cinco anos seguidos, disse ela.

Futebol feminino

No Píer Mauá, a temporada atual de cruzeiros começou no fim de outubro e se encerra no fim de abril. A expectativa é receber ao todo 37 navios, sendo 26 de longo curso e 11 navios de cabotagem — que vêm de fora e se nacionalizam na costa.

— É uma temporada com fluxo um pouquinho menor, porque a última ainda registrava o reflexo da demanda reprimida na pandemia. Mas, na temporada 2025-26, a expectativa é de novo incremento — afirmou a diretora, acrescentando que o espaço de feiras do Píer Mauá já confirmou edições de eventos como Ler — Festival do Leitor, Rio Art Tattoo e Rio Innovation Week.

No mais longo prazo, embora o assunto ainda não tenha entrado para a pauta cotidiana dos cariocas, a cidade voltará a receber uma Copa do Mundo: a edição de 2027 de futebol feminino será no Brasil e terá o Rio com uma das dez cidades-sede. O Maracanã, a propósito, será um dos estádios mais utilizados no torneio, sendo o palco de oito partidas — entre elas a de abertura e a final do torneio, as mais importantes.

— Isso é mais um legado da nossa experiência com Copa do Mundo e Olimpíada, provando a capacidade do Rio de realizar eventos de envergadura global e colocando a cidade no foco da mídia de todo o planeta mais uma vez — conclui Carlos Werneck, presidente-executivo do Visit Rio.

3 praias deslumbrantes para conhecer em Maragogi

Conhecida como o “Caribe Brasileiro”, Maragogi é um paraíso natural situado no litoral norte de Alagoas. O destino é famoso por suas piscinas naturais, também chamadas de “galés”, formadas durante a maré baixa, onde os visitantes podem observar uma vasta vida marinha em águas cristalinas. Com um clima agradável o ano todo, Maragogi oferece um cenário perfeito para atividades aquáticas e é um dos melhores lugares do Brasil para snorkeling e mergulho, atraindo tanto famílias quanto aventureiros.

Além de suas famosas piscinas naturais, Maragogi possui uma série de praias de areias brancas e águas azul-turquesa que compõem um visual de cartão-postal. A cidade tem uma atmosfera acolhedora e conta com uma boa infraestrutura turística, incluindo pousadas charmosas, hotéis à beira-mar e uma gastronomia que destaca os frutos-do-mar frescos e pratos típicos da região.

A Praia de Antunes tem águas claras e tranquilas (Imagem: Felipe Carvalho Brito | Shutterstock)

1. Praia de Antunes

Uma das mais belas de Maragogi, a Praia de Antunes encanta com suas águas claras e tranquilas. O cenário paradisíaco é ideal para quem busca relaxar e tirar fotos deslumbrantes.

2. Praia de Barra Grande

Esta praia é famosa por suas piscinas naturais e pelo pôr do sol espetacular. As águas são perfeitas para mergulhos, onde se pode admirar a vida marinha de perto.

3. Praia de Maragogi

A principal praia da região, com uma boa estrutura de barracas e restaurantes, onde partem os passeios para as galés. As águas mornas e a faixa de areia ampla são perfeitas para famílias.

Por Cláudia Costa, Eliria Buso e Patrícia Chemin – revista Qual Viagem

Um ano de Milei na Argentina: como o libertário mudou a economia do país até agora

Quando Javier Milei assumiu a Presidência da Argentina em 10 de dezembro de 2023, ele se tornou o primeiro economista na história do país a ocupar esse cargo.

Mas este marco seria apenas um dos muitos que o primeiro libertário a governar uma nação alcançaria em seu primeiro ano de mandato.

Apesar de não ter muita experiência política — ele só ocupou seu primeiro cargo público em 2021, como deputado —, o ex-comentarista de TV dominou completamente a cena nacional neste ano, deixando até mesmo sua marca na política externa (foi o primeiro chefe de Estado estrangeiro a se reunir com Donald Trump após sua vitória nas eleições presidenciais dos EUA).

“Ele tem uma centralidade absoluta, que se baseia em sua forma ‘disruptiva’ de fazer política e em sua capacidade de iniciativa”, diz o cientista político Miguel De Luca, do Instituto de Pesquisa Gino Germani da Universidade de Buenos Aires (UBA).

Milei, de 54 anos, assumiu a Presidência prometendo fazer frente às duas principais preocupações dos cidadãos: recuperar a economia do país com a inflação mais alta do mundo e reduzir a insegurança.

E, em apenas um ano, fez grandes avanços em ambas as áreas.

A inflação, que havia subido acima de 25% ao mês quando ele assumiu o cargo, caiu para 2,7% ao mês (enquanto a inflação interanual chegou perto de 290% em abril e foi reduzida para 107% em outubro — dado mais recente disponível).

Enquanto isso, o dólar— a outra obsessão dos argentinos — permanece estável. E os títulos e ações do país registram preços recordes.

Ao mesmo tempo, os argentinos viveram um dos anos mais difíceis de sua história, com a pior recessão da América Latina, uma queda acentuada no consumo de massa (caiu 15% entre janeiro e novembro, segundo a Assembleia de Pequenas e Médias Empresas) e o maior salto da pobreza desde a crise econômica de 2001-2002, o que significa que mais de 5 milhões de pessoas passaram a viver em situação de pobreza desde que Milei assumiu o cargo.

Em termos de segurança, as mortes na cidade de Rosário, que havia se tornado a “capital dos homicídios” da Argentina devido à violência relacionada ao narcotráfico, foram drasticamente reduzidas.

E quase não há mais “piquetes” (ou protestos com bloqueios de estradas), que durante anos foram um pesadelo diário para aqueles que precisavam transitar pelo movimentado centro de Buenos Aires.

A ministra da Segurança de Milei, Patricia Bullrich, que foi sua concorrente na corrida presidencial, conseguiu reduzir a violência relacionada ao narcotráfico em Rosário e acabar com os ‘piquetes’

Tudo isso explica porque, um ano após assumir o cargo, Milei mantém a popularidade — ele foi eleito no segundo turno com 56% dos votos, e hoje tem índices de aprovação entre 53% e 56%, de acordo com as últimas pesquisas da Opina Argentina e da Poliarquía, respectivamente.

A BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, faz uma retrospectiva do primeiro ano de governo do líder libertário — e conta quatro coisas inéditas que ele fez e que representam uma mudança radical para a Argentina.

1. Presidente sem partido

Na história argentina, nunca houve um outsider da política que, em apenas dois anos e sem estrutura partidária, conseguisse chegar ao cargo mais alto do país.

“Uma das leis de ferro da política argentina era que era preciso ter um partido político para garantir a vitória em uma eleição presidencial”, diz De Luca.

Mas Milei não tinha. A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), seu grupo político, nasceu como uma coalizão eleitoral formada por vários partidos para promover a candidatura do economista a deputado pela cidade de Buenos Aires em 2021.

A LLA só obteve o status legal de partido nacional em setembro deste ano, depois que Milei já era presidente.

Karina Milei, irmã do presidente e secretária da presidência, foi a responsável pelo lançamento do LLA como partido nacional em setembro

No entanto, o economista libertário conseguiu se impor devido a dois fatores, de acordo com o analista: primeiro, a decepção diante do fracasso dos dois últimos governos, liderados por partidos tradicionais (o kirchnerismo peronista e o macrismo).

“E segundo, pela figura do próprio Milei, alguém com um discurso mais voltado para as redes sociais do que para as formas tradicionais de fazer política”, afirma De Luca.

Mas, embora este domínio do mundo digital tenha permitido a ele construir uma base de seguidores fervorosos — especialmente homens com menos de 35 anos, que o tornaram viral, ganhando destaque nacional —, a ausência de uma estrutura partidária o prejudicou.

Embora tenha conquistado a presidência, o “mileísmo” não ganhou um único cargo de governador e obteve menos de 10% das cadeiras no Senado, e apenas 15% na Câmara dos Deputados.

Com estes resultados, muitos analistas previram que o grande problema de Milei seria a governabilidade.

No entanto, logo no primeiro ano de mandato, ele conseguiu que suas principais propostas fossem aprovadas.

Como ele fez isso?

Marcos Novaro, diretor do Centro de Pesquisas Políticas (Cipol), explicou à BBC News Mundo que o presidente soube aproveitar a fragmentação dos partidos políticos tradicionais para governar com minoria.

“Contribuiu muito seu pragmatismo, seu jogo de cintura para negociar e chegar a pontos em comum com uma grande maioria de legisladores da oposição que estavam fragmentados em muitos termos, com grande dificuldade de coordenação entre si”, afirmou.

Mas, para alguns, o fator mais determinante foi o fato de ele ter aproveitado uma ferramenta que os presidentes anteriores já haviam usado para governar com minoria no Congresso: os Decretos de Necessidade e Urgência (DNU) e os vetos presidenciais, que permitiram a ele contornar legalmente o Parlamento.

Os críticos advertem que governar por decreto e desconsiderar o Congresso coloca em risco a divisão de poderes e enfraquece a democracia.

“Milei quer governar como um monarca, com vetos e DNU. É preciso impedi-lo”, denunciou o deputado socialista Christian Castillo no X (antigo Twitter).

Milei, sem experiência política, conseguiu governar com minoria

Mesmo assim, Milei, um economista sem experiência em gestão pública, demonstrou grande habilidade política, destaca Novaro.

“É um político muito intuitivo, muito astuto, tem uma enorme capacidade de construir poder e instinto suficiente para preservá-lo”, acrescenta.

2. Novo estilo presidencial

Não foi apenas o uso — ou abuso — de decretos que levantou questionamentos sobre a forma como Milei governa. Ele também é altamente criticado por sua maneira de agir e constantes ataques contra muitos daqueles que pensam diferente dele.

Em sua conta pessoal no X — em que se define apenas como “economista” —, o presidente costuma criticar e desqualificar outras pessoas, seja diretamente ou por meio de curtidas ou republicações de mensagens de seus seguidores, e em um tom que está muito distante da moderação tradicional associada ao seu cargo.

Sua ampla variedade de postagens contra todo tipo de gente, desde economistas ou políticos que o questionam até líderes universitários, funcionários públicos, artistas, cientistas e acadêmicos — a maioria deles progressistas e muitos afetados por seus cortes orçamentários —, costumam incluir palavrões e referências escatológicas.

Ele também foi criticado por mensagens homofóbicas e por usar a palavra “deficiente” como insulto.

O estilo de afronta de Milei não está restrito apenas ao mundo digital.

Em entrevistas e discursos, ele chama as lideranças de esquerda de “baratas”, e já insultou outros presidentes, como Luiz Inácio Lula da Silva, Andrés Manuel López Obrador (México) e Gustavo Petro (Colômbia).

Milei se encontrou com Lula pela primeira vez há algumas semanas, na cúpula do G20, e ainda não se reuniu a sós com o líder do principal parceiro comercial da Argentina

Nem sequer os integrantes do próprio governo foram poupados do temperamento tempestuoso do presidente, que em seu primeiro ano já demitiu dezenas de funcionários, incluindo seu chefe de gabinete, o ministro da Infraestrutura e a ministra das Relações Exteriores.

Seu relacionamento com a vice-presidente, Victoria Villarruel, que ele definiu como uma pessoa que “não tem nenhum tipo de interferência na tomada de decisões”, também esfriou.

Os críticos de Milei advertem que seus discursos contra aqueles que pensam diferente — muitas vezes virais por conta de seus seguidores no X —, podem fomentar a violência política. E alertam que as constantes demissões afetam a estabilidade do governo.

Também é motivo de preocupação para muitos analistas os constantes ataques à imprensa.

Milei já chamou os jornalistas de “corruptos, sujos, prostituídos, mentirosos, extorsivos” e de “criminosos de microfone”, comentários que renderam a ele uma série de denúncias das principais organizações de imprensa.

“Graças às redes sociais, o privilégio de casta que vocês tiveram por tanto tempo e exerceram de forma tão violenta acabou. Portanto, aceitem que o mundo mudou para melhor e que seu monopólio das palavras acabou”, escreveu ele no X em 20 de novembro.

O radialista Marcelo Longobardi, um profissional de prestígio que costuma ser alvo de ataques libertários, afirmou que “Milei é um autocrata que diz e faz qualquer coisa”.

Mas os seguidores do presidente afirmam que ele é simplesmente alguém genuíno que diz o que pensa.

Os apoiadores de Milei celebram o estilo disruptivo do presidente, enquanto seus críticos o veem com preocupação

Eles também celebram suas outras excentricidades, como usar o cabelo bagunçado (ele é chamado de “el Peluca”) ou cantar músicas de rock em seus comícios, todas características que o tornaram famoso antes de entrar na política e que hoje o distinguem da tradicional “casta política” que ele afirma desprezar.

“Do contrário, não seria eu”, justifica-se Milei toda vez que se afasta das formalidades de seu cargo.

3. ‘O maior ajuste da história da humanidade’

Milei não só chegou à presidência de uma forma inédita — ele tem um estilo de governar inédito. Também fez coisas que ninguém havia feito antes.

Para começar, cumprir desde o primeiro dia uma promessa eleitoral: acabar com o déficit fiscal.

O economista libertário pegou a “motosserra” metafórica que usou como símbolo durante sua campanha e cortou os gastos públicos em 35% no primeiro semestre do ano — o equivalente a 5,6 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) —, algo sem precedentes na história moderna da Argentina.

De acordo com o próprio Milei, este foi o “maior ajuste da história da humanidade”, e seu objetivo era fazer com que a Argentina deixasse de ter mais despesa do que receita (ou seja, déficit fiscal), um problema que assola o país há 113 dos últimos 123 anos, e que explica seus constantes problemas de inflação.

Ao mesmo tempo, as medidas causaram uma onda de greves de trabalhadores que se opunham às políticas de austeridade.

Embora muitos duvidassem que o governo conseguisse sustentar o superávit fiscal — ter mais receita do que despesa —, ele conseguiu mantê-lo, o que tem sido fundamental para reduzir a inflação, de acordo com especialistas, uma vez que diminuiu a emissão monetária (a impressão de cédulas para cobrir gastos maiores), que impulsionava os preços.

Alguns críticos do presidente, porém, acusam o governo de fazer um “malabarismo financeiro” que simplesmente “esconde” o déficit.

Na visão do ex-assessor de Milei e economista Carlos Rodríguez, isso se daria porque o governo argentino não teria superávit se não fosse financiado com títulos do Tesouro, conhecidos como Lecap e LEFI.

Esses títulos permitem o adiamento do pagamento de juros uma vez que estes são pagos apenas no vencimento do título da dívida.

Segundo Rodríguez, essa dívida remunerada que vai se acumulando “não aparece no déficit financeiro do Tesouro nem no cuasifiscal (nome oficial do déficit do Banco Central)”.

Ao reduzir os gastos, Milei diminuiu o ritmo da impressão de pesos, o que está reduzindo a inflação

Milei também tirou do vermelho as reservas do Banco Central, que herdou com saldo negativo.

E está recuperando a credibilidade financeira da Argentina: o chamado “risco-país”, indicador que classifica o quão arriscada a dívida pública é considerada para os investidores estrangeiros, está em seu ponto mais baixo em cinco anos.

Tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto o Banco Mundial preveem que, até 2025, a Argentina será o país que mais vai crescer na região: impressionantes 5%.

No entanto, o preço que os argentinos pagaram por este ajuste sem precedentes foi enorme.

Na verdade, parte do motivo pelo qual o crescimento do próximo ano vai ser maior do que o do restante das economias latino-americanas é que a Argentina vai começar em último lugar.

A recessão causada pelas medidas de Milei fez com que este ano o país fosse o que mais contraiu economicamente: 3,4%, de acordo com as duas organizações internacionais.

E essa freada na economia exacerbou a pobreza, que aumentou 11 pontos percentuais desde a chegada de Milei ao poder, o maior salto em 20 anos.

Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec), sete em cada dez crianças argentinas são pobres. E mais da metade da população — quase 53% — não consegue satisfazer suas necessidades básicas.

A desnutrição infantil também tem causado estragos na saúde da população que representa o futuro da Argentina.

Norma Piazza, pediatra especializada em nutrição, disse à agência de notícias Reuters que algumas crianças estavam sendo hospitalizadas com problemas neurológicos e convulsões devido à deficiência de vitaminas, como a B12, algo associado à falta de consumo de carne.

Embora o governo atribua essa deterioração às políticas anteriores do kirchnerismo, foi o realinhamento de preços feito por Milei ao assumir o cargo, incluindo uma súbita e brutal desvalorização do peso — que perdeu metade de seu valor em relação ao dólar, cuja cotação estava muito defasada —, que tornou o aumento tão acentuado.

Milei reconheceu que a “honestidade de preços” fez com que a pobreza aumentasse para 57% no primeiro trimestre. Mas ele garante que, desde então, as correções econômicas que está fazendo estão gerando uma queda nas taxas de pobreza, fato com o qual o Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica da Argentina (UCA) concorda.

No início de novembro, Milei também anunciou que “a recessão acabou” — e prometeu que “de agora em diante, tudo o que resta é crescimento”.

Muitas famílias, principalmente de classe média, ainda sofrem com o ajuste fiscal de Milei

Apesar do seu otimismo e da boa situação macroeconômica, as pesquisas mostram que quase metade da população desaprova sua gestão, um reflexo do fato de que muitos ainda não veem melhorias em sua situação econômica, e outros desaprovam seus constantes ataques a ícones das áreas de educação, cultura, ciência e jornalismo.

4. Peso forte

Talvez a coisa mais inesperada que Milei fez em seu primeiro ano de governo foi valorizar o peso, moeda que ele chamou de “excremento” durante a campanha eleitoral.

Duas das políticas que o distinguiram como candidato foram suas propostas de dolarizar a economia e “dinamitar” o Banco Central.

Portanto, foi uma surpresa que, longe de destruir o peso e a instituição encarregada de administrar a política monetária, Milei os tenha fortalecido.

Fausto Spotorno, diretor do Centro de Estudos Econômicos da consultoria Orlando J. Ferreres e ex-membro do Conselho de Assessores Econômicos do governo, disse à BBC News Mundo que o presidente “decidiu adiar” seus planos porque se deparou com um problema: a enorme dívida que o Banco Central havia contraído com bancos privados em governos anteriores.

“Se ele dinamitasse o Banco Central com toda essa dívida, o que aconteceria é que ele teria um problema com o sistema bancário”, afirmou.

O economista explicou que “ao resolver o problema do Banco Central e o déficit do Tesouro, dois dos maiores problemas que o peso argentino tinha, a moeda começou a valorizar”.

O governo deixou de emitir pesos, o que fez com que o seu valor aumentasse, segundo ele.

No entanto, Milei garante que seu projeto original continua de pé. Em um discurso para empresários, ele afirmou que seu plano é que haja uma “dolarização endógena” que acabaria tornando o Banco Central desnecessário.

“Isso significa permitir o uso do dólar ou de qualquer outra moeda de troca em uma livre concorrência de moedas”, explica Spotorno.

“O peso está desaparecendo porque a moeda de poupança dos argentinos é basicamente o dólar.”

Milei afirma que os argentinos vão adotar o dólar e, em seguida, vai fechar o Banco Central

Mas esta nova estratégia de Milei trouxe um problema inesperado: a Argentina ficou cara em dólares.

Isso não apenas aumenta o custo de vida dos argentinos, como também preocupa o setor de turismo, que já não recebe mais a onda de visitantes estrangeiros dos últimos anos, e prevê uma temporada de verão bastante complicada, com um êxodo de argentinos para países vizinhos, como Brasil, Chile e Uruguai.

Isso também tem gerado preocupação na indústria, uma vez que a produção, tanto para o mercado local quanto para exportação, ficou mais cara.

Segundo o economista Diego Giacomini, ex-apoiador de Milei, “é um câmbio que não serve nem a quem produz para o mercado interno nem a quem exporta. Portanto, o nível de atividade está condenado a ser ruim”.

Mas, apesar do consenso de que o valor do dólar oficial — aquele que é controlado pelas autoridades — está defasado em relação à inflação, o governo garante que não vai voltar a fazer uma grande desvalorização do peso que fortaleceria a moeda americana.

O ministro da Economia, Luis Caputo, disse que o plano é que o dólar oficial e o dólar “blue” (ou dólar livre) — a principal referência de preços no país, cujo valor caiu nos últimos meses — convirjam.

Uma vez que isso aconteça, e o governo termine de sanar as dívidas do Banco Central, vão estar criadas as condições para o próximo grande desafio de Milei: suspender os controles de capital (ou “cepo”) que hoje limitam o acesso ao dólar americano, e cuja eliminação é vista pelos analistas como um passo essencial para atrair investimentos e restabelecer a confiança na Argentina.

Pix bate recorde e registra mais de 250 milhões de transações em um único dia

Sistema de pagamento desenvolvido pelo Banco Central, o Pix registrou 250,5 milhões de transações no Brasil na última sexta-feira (6/12). O resultado é o maior alcançado desde o início da utilização deste método de pagamento, em novembro de 2020. O recorde anterior havia sido registrado no último dia 29 de novembro, quando houve 239,9 milhões de transações, ao todo.

O volume total transacionado na sexta passada atingiu R$ 124,3 bilhões. Na visão do BC, o resultado indica “mais uma demonstração da importância do Pix como infraestrutura digital pública, para a promoção da inclusão financeira, da inovação e da concorrência na prestação de serviços de pagamentos no Brasil”.

No primeiro semestre de 2024, as transações feitas por Pix cresceram 61%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com um levantamento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em 2023, os pagamentos com Pix representaram 39% de todas as operações financeiras do Brasil e ficaram pouco abaixo dos cartões de crédito/débito, que responderam por 41% desse total.

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A favor do Brasil e dos brasileiros

» JUSCELINO FILHO, Ministro das Comunicações

Desde 2009, a China se firmou como o maior parceiro comercial do Brasil, uma relação que se fortalece a cada ano. A recente visita do presidente chinês, Xi Jinping, à capital brasileira não só reforça o prestígio do Brasil no cenário internacional, mas também sublinha a importância estratégica dessa parceria para ambos os países. Celebramos, neste ano, meio século de relações diplomáticas, um marco que atesta a solidez e a longevidade dessa cooperação.

No âmbito das telecomunicações, o Ministério das Comunicações deu um importante passo ao assinar acordos com a empresa chinesa SpaceSail e com a Administração Nacional de Dados do país asiático. Esses acordos visam impulsionar a conectividade e a economia digital no Brasil, áreas cruciais para o desenvolvimento socioeconômico do país. No entanto, é importante esclarecer que essa parceria não deve ser vista como uma escolha entre tecnologias chinesa ou americana, como a da Starlink, mas, sim, como uma estratégia para ampliar a concorrência com mais opções disponíveis aos brasileiros.

A tecnologia de internet via satélites de baixa órbita apresenta uma solução inovadora para levar internet de alta velocidade a regiões remotas do Brasil, onde as infraestruturas tradicionais de conexão são limitadas ou inexistentes. Estamos falando de moradores de regiões rurais, territórios indígenas, comunidades ribeirinhas e quilombolas, onde, muitas vezes, é muito difícil a chegada de cabos de fibra óptica por causa de uma série de dificuldades. Se não é possível levar a infraestrutura de internet por terra, então é necessária a alternativa satelital. O Brasil, com sua vasta extensão territorial e diversidade geográfica, enfrenta desafios únicos em termos de conectividade. Portanto, é essencial que busquemos todas as opções disponíveis para superar essas barreiras e promover a inclusão digital.

A Starlink já oferece seus serviços no Brasil e continuará a expandir sua presença, com 224,5 mil conexões registradas, das quais um terço está na Região Norte. O Brasil é um grande mercado consumidor, com um potencial significativo de crescimento. Portanto, a introdução da SpaceSail no cenário brasileiro nos próximos anos não deve ser vista como uma competição, mas como uma oportunidade de diversificação e fortalecimento da infraestrutura digital do país. Afinal, nenhum mercado é sadio quando apenas uma empresa domina.

Além da empresa chinesa, outra companhia americana, a Amazon, com seu projeto Kuiper, pretende lançar a sua constelação de satélites de baixa órbita e oferecer seus serviços de conectividade no Brasil. A direção nacional da empresa nos procurou neste segundo semestre para apresentar seu projeto e a intenção de operar no país.

Uma maior concorrência pode impulsionar melhorias nos serviços oferecidos e fomentar a inovação tecnológica e a redução de custos, tornando a internet de alta velocidade mais acessível para todos. Queremos garantir que todos os cidadãos, independentemente de sua localização, tenham acesso a serviços de internet de alta qualidade e a preços justos.

Isso é fundamental para dar acesso a uma série de serviços públicos e privados, além de inserir essa população na economia digital, que é a economia do futuro. Não apenas para poderem realizar compras em lojas on-line e receberem em suas casas, como também para abrir a possibilidade de novas oportunidades de geração de emprego e renda, seja por meio de um trabalho remoto seja pelo empreendedorismo, com a venda de seus produtos para clientes de todo o Brasil.

O Ministério das Comunicações não trabalha em defesa de outras nações nem a favor de empresas ou tecnologias específicas. Nosso compromisso é — e sempre será — com o povo brasileiro. Acreditamos que, ao promover a diversidade de opções e incentivar a presença de mais empresas operando no país, quem realmente ganha é a população. E é isso que continuaremos a fazer: buscar incessantemente soluções que beneficiem o povo brasileiro.

O Fundo Constitucional do DF e o risco à diplomacia

» PACO BRITTO, Secretário de Relações Internacionais do Distrito Federal

O debate em torno do corte no Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) transcende as fronteiras locais e ameaça a reputação do Brasil no cenário internacional. Com 170 representações diplomáticas, organismos internacionais e mais de 1.500 diplomatas vivendo em Brasília, a capital brasileira é muito mais do que uma simples sede administrativa. É uma vitrine para o mundo.

A proposta de reduzir os recursos destinados à manutenção da segurança, saúde e infraestrutura do DF, apresentada pelo governo federal, pode desencadear consequências que ultrapassam o impacto sobre os moradores locais, afetando diretamente as relações diplomáticas e a imagem do país.

Criado em 2003, o FCDF é vital para garantir serviços públicos que atendem tanto à população quanto às necessidades de uma cidade que desempenha um papel estratégico globalmente. O fundo financia áreas essenciais, como segurança pública, saúde e educação, todas indispensáveis para a operação de embaixadas e organismos internacionais.

A proposta de alterar o critério de reajuste do fundo, substituindo a Receita Corrente Líquida (RCL) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pode levar a uma redução significativa de recursos. Essa revisão, colocada em pauta novamente, desconsidera o consenso alcançado em 2023, quando, após intenso debate, os recursos foram mantidos.

Brasília abriga embaixadas, consulados e escritórios de organismos internacionais que dependem de serviços públicos de qualidade para operar eficazmente. Um corte no fundo comprometeria a segurança pública, uma das áreas mais sensíveis para essas representações. A proteção diplomática, o policiamento ostensivo e a capacidade de resposta rápida a emergências são cruciais para a confiança das nações representadas no Brasil. Qualquer enfraquecimento nesse sistema pode levar a questionamentos sobre a capacidade do Brasil de cumprir suas obrigações como anfitrião da comunidade diplomática global.

Além da segurança, a redução dos serviços de saúde e infraestrutura urbana impactaria diretamente a qualidade de vida dos diplomatas e de suas famílias. A percepção de que Brasília não oferece condições adequadas para acolher representações estrangeiras pode levar à redução de operações ou até mesmo ao afastamento de representantes internacionais. Isso afetaria não apenas as relações diplomáticas, mas também a dinâmica de comércio exterior e cooperação internacional, áreas cruciais para o desenvolvimento do país.

Ao retomar um tema já amplamente debatido e resolvido em 2023, o governo federal transmite um sinal de instabilidade. A proposta de revisão do FCDF reflete um descompromisso não apenas com os moradores do DF, mas também com as responsabilidades internacionais do Brasil. Personalidades públicas, como o ex-presidente José Sarney, já destacaram que o fundo é uma “causa nacional” e que preservá-lo é essencial para garantir a funcionalidade da capital e a estabilidade do país. Tal revisão, além de prejudicar serviços essenciais, representa uma afronta ao status de Brasília como símbolo de modernidade e unidade nacional.

Brasília é mais do que a capital do Brasil; é o coração diplomático do país e uma das poucas capitais planejadas do mundo. A deterioração de seus serviços públicos envia ao mundo uma mensagem de descaso e falta de compromisso com as responsabilidades de um ator global. O corte no Fundo Constitucional ameaça essa imagem e pode enfraquecer a posição do Brasil como potência emergente e líder regional.

O governo federal precisa reavaliar essa proposta, considerando não apenas os impactos locais, mas também as repercussões globais. Proteger Brasília não é apenas uma questão administrativa; é uma estratégia essencial para garantir a influência e o respeito do Brasil no cenário internacional.

Taxa de desemprego em AL recua e atinge mínima histórica pelo 2º trimestre

A taxa de desemprego em Alagoas recuou 0,4% na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano e atingiu 7,7%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada na sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da menor taxa da história, desde que o órgão iniciou o levantamento, em 2012.

Este é o segundo trimestre consecutivo em que Alagoas registra mínima histórica na taxa de desocupação. No trimestre entre abril e junho, a taxa de desemprego atingiu 8,1%, até então a menor da série.

De acordo com o IBGE, entre julho e setembro, havia 107 mil alagoanos fora do mercado de trabalho, contra 113 mil desempregados entre abril e junho. Em números absolutos, significa que seis mil trabalhadores voltaram para o mercado de trabalho entre um trimestre e outro.

No terceiro trimestre, o rendimento médio do trabalhador alagoano foi de R$ 2.273, um crescimento de 6,3% na comparação com o trimestre anterior, e de 11,6% na comparação com o mesmo período de 2023.

Carteira assinada

A Pnad Contínua também mostra que Alagoas apresentou a segunda maior alta do Nordeste em número de trabalhadores com carteira assinada, com 61,8%. O percentual fica atrás apenas do Rio Grande do Norte, com 64,9%.

Depois de Alagoas, Pernambuco aparece com 60,2%, o mesmo índice de Sergipe. Na região, o Piauí é o último do ranking, com 49,2%.

O analista da pesquisa do IBGE, William Kratochwill, a tendência de queda na taxa de desocupação pode ser atribuída à chegada do segundo semestre do ano, período em que as indústrias iniciam o ciclo de contratações voltado à produção e formação de estoques, visando a atender ao aumento do consumo no final do ano.

Em Alagoas, a melhora na taxa de desocupação é resultado direto dos investimentos feitos pelo Governo do Estado em diversas áreas, entre eles segurança pública, infraestrutura e turismo, que possibilitou a chegada de grandes empreendimentos e, consequentemente, a geração de mais empregos.

Em 2012, quando o IBGE iniciou a série histórica, a taxa de desocupação no estado era de 11,3% – 3,6 pontos percentuais a mais do que o índice atual. Segundo a Pnad Contínua, o desemprego em Alagoas atingiu o maior nível no quarto trimestre de 2020 – durante a pandemia de Covid-19 -, chegando a 20,4%. Naquele ano, o número de pessoas desocupadas chegou a 260 mil, mais do que o dobro dos atuais 107 mil trabalhadores fora do mercado de trabalho.

Taxa de desemprego em AL recua e atinge mínima histórica pelo 2º trimestre

A taxa de desemprego em Alagoas recuou 0,4% na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano e atingiu 7,7%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada na sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da menor taxa da história, desde que o órgão iniciou o levantamento, em 2012.

Este é o segundo trimestre consecutivo em que Alagoas registra mínima histórica na taxa de desocupação. No trimestre entre abril e junho, a taxa de desemprego atingiu 8,1%, até então a menor da série.

De acordo com o IBGE, entre julho e setembro, havia 107 mil alagoanos fora do mercado de trabalho, contra 113 mil desempregados entre abril e junho. Em números absolutos, significa que seis mil trabalhadores voltaram para o mercado de trabalho entre um trimestre e outro.

No terceiro trimestre, o rendimento médio do trabalhador alagoano foi de R$ 2.273, um crescimento de 6,3% na comparação com o trimestre anterior, e de 11,6% na comparação com o mesmo período de 2023.

Carteira assinada

A Pnad Contínua também mostra que Alagoas apresentou a segunda maior alta do Nordeste em número de trabalhadores com carteira assinada, com 61,8%. O percentual fica atrás apenas do Rio Grande do Norte, com 64,9%.

Depois de Alagoas, Pernambuco aparece com 60,2%, o mesmo índice de Sergipe. Na região, o Piauí é o último do ranking, com 49,2%.

O analista da pesquisa do IBGE, William Kratochwill, a tendência de queda na taxa de desocupação pode ser atribuída à chegada do segundo semestre do ano, período em que as indústrias iniciam o ciclo de contratações voltado à produção e formação de estoques, visando a atender ao aumento do consumo no final do ano.

Em Alagoas, a melhora na taxa de desocupação é resultado direto dos investimentos feitos pelo Governo do Estado em diversas áreas, entre eles segurança pública, infraestrutura e turismo, que possibilitou a chegada de grandes empreendimentos e, consequentemente, a geração de mais empregos.

Em 2012, quando o IBGE iniciou a série histórica, a taxa de desocupação no estado era de 11,3% – 3,6 pontos percentuais a mais do que o índice atual. Segundo a Pnad Contínua, o desemprego em Alagoas atingiu o maior nível no quarto trimestre de 2020 – durante a pandemia de Covid-19 -, chegando a 20,4%. Naquele ano, o número de pessoas desocupadas chegou a 260 mil, mais do que o dobro dos atuais 107 mil trabalhadores fora do mercado de trabalho.