Por que Brasília não tem prefeito?

Neste 27 outubro, 51 cidades definirão seus prefeitos em segundo turno (acompanhe aqui a apuração e notícias em tempo real) para completar o quadro das eleições municipais 2024, quando 5.569 municípios brasileiros escolheram seus governantes e vereadores — mas Brasília e outras regiões administrativas do Distrito Federal, também chamadas “cidades-satélites”, não estão nesta conta.

A área tem uma organização política distinta por que o Distrito Federal acumula características de município e Estado, e suas “cidades-satélites” não são tratadas como municípios.

“Quando Brasília foi inaugurada, em 1960, o modelo administrativo estabelecido se assemelhava um pouco mais a um Estado, englobando responsabilidades que, em outras regiões, seriam divididas entre prefeitos e governadores estaduais. Assim, o título de ‘prefeito’ foi substituído por ‘governador'”, explica o historiador Matheus Rosa, mestre pela UnB e pesquisador da história regional.

E como capital federal, diz Rosa, a ideia era que Brasília pudesse funcionar de maneira independente e imparcial, sem o impacto de disputas regionais.

Mas, ainda que haja semelhanças com administrações estaduais, o Distrito Federal tem características únicas que, há décadas, resultam na falta de eleições municipais.

Para entender as divisões políticas diferentes do resto do Brasil, é preciso olhar para trás, na década de 1950, quando a discussão de transferir a capital federal para o interior do Brasil, que remonta ao início do século 19, começou a ser retomada.

O que é um Distrito Federal – e por que não pode ser considerado um Estado

Diferentemente dos Estados, o Distrito Federal possui uma estrutura administrativa singular, com maior centralização de algumas funções no governo federal.

Embora o DF tenha um governador e uma câmara legislativa própria, algumas funções, como segurança pública e assuntos judiciais, são geridas ou supervisionadas pelo governo federal.

Aspectos como tributação e regulação do transporte coletivo entre municípios e Estados vizinhos, por exemplo, que normalmente seriam responsabilidade do governo estadual, no DF ficam a cargo da União.

A ideia de um Distrito Federal no Brasil vem desde o Império, quando, em 1834, foi criado o “município neutro”.

O objetivo era separar a administração do Rio de Janeiro, então capital do Império, para garantir uma gestão especial por ser sede do governo.

“Já havia, então, essa ideia de que a capital do país deveria ter uma administração local com status diferenciado das demais Províncias ou regiões do Brasil”, diz Rosa.

Na prática, explica o historiador, o município neutro funcionava como um município comum, com sua Câmara Municipal e prerrogativas.

“Porém, alguns serviços essenciais, como polícia e corpo de bombeiros, eram controlados diretamente pelo governo central. Com a Proclamação da República, esse conceito evoluiu para o Distrito Federal, nome que refletia a influência do modelo republicano americano, especialmente na questão federativa.”

O Centro-Oeste como escolha do DF

O Rio de Janeiro foi a capital do Brasil entre 1793 e 1960. Durante os 167 anos como sede, a ideia de transferir o poder nacional para o centro do Brasil era comum a vários goverantes.

De acordo com o historiador Matheus Rosa, não existe um único motivo para essa transferência — ela foi impulsionada por diferentes razões em épocas distintas.

“Um dos principais fatores sempre foi a questão da segurança nacional. O Rio de Janeiro, sendo uma cidade litorânea, era considerada vulnerável tanto a invasões estrangeiras quanto a revoltas internas, devido à crescente urbanização e nova visão do local como uma ‘cidade de proletários’ ao longo do século 19 e início do século 20.”

O professor Antônio Carpintero, do Departamento de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo da UnB, descreve o primeiro estudo da área que viria a se tornar o Distrito Federal.

“O governo de Floriano Peixoto nomeou uma comissão, chamada Comissão Cruls, em 1890, que fez um relatório detalhado sobre a região. O relatório localizou um retângulo no Planalto Central para a criação do Distrito Federal. Mas o assunto ficou em suspenso. Floriano Peixoto deixou o relatório pronto para Prudente de Morais, que acabou arquivando o projeto.”

O plano sofreu mudanças e atualizações nos governos seguintes, até que ganhou mais tração a partir do governo de Getúlio Vargas e, especialmente, do de Juscelino Kubitschek, o presidente que de fato efetivou a transferência da capital do Rio para a recém construída Brasília.

“Quando lançou sua candidatura, Kubitschek conciliou as diferentes leituras do projeto e deu prioridade à mudança da capital, apesar da oposição de alguns setores políticos que queriam que continuasse no Rio”, lembra Carpintero.

A mudança passou a ser vista como uma forma de descentralizar a população, que estava majoritariamente concentrada no litoral, e ocupar o interior, especialmente o Centro-Oeste.

“O processo de integração nacional também envolvia a ocupação de terras que, embora consideradas ‘desocupadas’, já eram habitadas por povos indígenas e populações tradicionais”, diz Matheus Rosa.

“Assim, Brasília simbolizava não só a expansão econômica para o interior, impulsionada pelo agronegócio, como também a criação de uma rede de infraestrutura que incluía rodovias, ferrovias e aeroportos, promovendo a integração do território e a expansão do mercado interno.”

A integração também envolvia a criação de uma infraestrutura robusta, que incluía energia, transportes — como rodovias, ferrovias e aeroportos —, facilitando a integração do território e a expansão do mercado interno.

“A expansão do mercado interno era vista como uma forma de superar a condição de exportador de matérias-primas e transformar o Brasil em uma nação industrializada, moderna, segundo a visão do século 20 sobre o que seria uma nação desenvolvida. Isso incluía explorar as riquezas minerais e agrícolas do interior e ampliar o consumo dessas regiões.”

Nos anos 1930 e 1940, durante a expansão demográfica e econômica, foram pensadas várias soluções e tamanhos diferentes para o Distrito Federal.

O formato atual, de 5.760 km² e dividido entre regiões administrativas — e não municípios —, foi concebido em 1955 por meio de uma comissão militar, que se encarregou de localizar a cidade de Brasília dentro do Distrito Federal e definir seus limites geográficos.

“No contexto brasileiro, o distrito é a menor circunscrição territorial autônoma, com uma relativa autonomia, mas com tamanho menor do que vários municípios brasileiros. Sua criação visou evitar que um Estado tivesse precedência sobre os outros, garantindo que a capital fosse neutra e independente”, descreve Antônio Carpintero, do Departamento de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo da UnB.

Para comparação, vale ressaltar que a área do Estado de São Paulo é 43 vezes maior do que a área do Distrito Federal. o Rio de Janeiro tem área 7 vezes maior do que a do DF e por sua vez o Estado de MInas Gerais é 100 vezes maior.

O território do DF chega ainda a ser menor que mais de 150 municípios do país.

A área, significativamente menor do que outras unidades federativas, também contribui para uma governança mais centralizada.

Brasília se tornou oficialmente a capital federal em 1960

A prefeitura que durou 9 anos

Embora não exista mais atualmente, Brasília teve uma prefeitura entre 1960, ano de sua criação, e 1969.

Conforme explica o historiador Matheus Rosa, o termo “prefeitura do Distrito Federal” já era usado no Rio de Janeiro quando era a capital, e foi transferido para Brasília.

“A administração do Distrito Federal, após a transferência, foi inicialmente regida por uma lei de 1960, semelhante ao que se tinha até então, ou seja, um prefeito nomeado pelo presidente da República e uma Câmara de vereadores funcionando à parte.”

Em 1969, durante a ditadura militar, uma emenda à Constituição de 1967 extinguiu a figura do prefeito. A partir dali, o comando mudou.

“O que aconteceu em 1969 foi a mudança do nome de ‘prefeito’ para ‘governador’, sem alterar muito na prática”, diz o historiador. Essa situação se mantém até hoje.

Uma possível razão para essa mudança, segundo Rosa, seria uma equiparação entre o Distrito Federal, no Planalto Central, e o Estado da Guanabara, criado em 1960, quando o Rio de Janeiro perdeu o status de capital federal.

“O Estado da Guanabara era uma situação especial, pois era um Estado formado por um único município, com o governador acumulando funções de prefeito. A emenda constitucional que instituiu o ‘governador’ do Distrito Federal também consolidou esse acúmulo de funções na Guanabara.”

Em 1975, quinze anos depois, a Guanabara se fundiu com o Estado do Rio de Janeiro.

Outra hipótese, explica Rosa, é que essa mudança buscava conferir mais prestígio político à figura do governante de Brasília, já que, na época, muitos dos ministérios e órgãos do governo federal ainda operavam no Rio de Janeiro.

“A partir do governo Médici, em 1969, houve uma determinação maior para transferir essas estruturas para Brasília. Assim, a mudança de prefeito para governador pode ter sido uma tentativa de conferir a Brasília um status maior.”

Ainda que hoje a prefeitura não exista mais, os cidadãos do DF ainda podem ser convocados para serem mesários, já que existe a necessidade de voto para pessoas que residem na área, mas estão registradas em outros locais.

“Também vale dizer que parte dos residentes de Brasília estão de olho nas eleições dos municípios de Goiás, já que a proximidade geográfica faz com que muitos utilizem serviços ou frequentem locais dessas cidades”, aponta o historiador.

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Imersão de Dubai foi um sucesso e a CCIM fecha acordo com Omã

A Câmara de Comércio Internacional para Municípios (CCIM), em parceria com a Governance Consultoria, firmou um acordo pioneiro para prefeituras brasileiras beneficiárias, promovendo uma nova etapa de cooperação internacional e atração de investimentos.

A quarta edição da Imersão Dubai aconteceu na segunda semana de outubro, trazendo empreendedores brasileiros para uma experiência enriquecedora com foco no desenvolvimento socioeconômico nos Emirados Árabes Unidos. O evento proporcionou oportunidades únicas de networking e acesso às práticas mais recentes do setor, permitindo que os participantes expandissem suas estratégias e conexões internacionais.

Após o evento, a comitiva do CCIM avançou para Omã, onde participou de reuniões com entidades governamentais, culminando no fechamento de um acordo histórico no dia 20 de outubro.

A CCIM, representada pela sua Presidente Sarah Castro, pelo Secretário de Relações Institucionais Rodrigo Baltazar, pelo Diretor Financeiro José Tenório e por Eduardo Acioli, CEO da EA Consultoria, reuniu-se com a Autoridade de Investimentos de Omã, o Ministério de Investimento, o Ministério de Habitação e Urbanismo e Ministério de Agricultura, Pescas e Recursos Hídricos.

Sarah Castro, Presidente da CCIM, enfatizou o Oriente Médio como um parceiro estratégico: “Estabelecer relações com autoridades de alto nível comprova a capacidade da CCIM de promover interações relevantes para os municípios e empresários associados. Saímos daqui com ótimas perspectivas e estamos certos de que as prefeituras poderão colaborar com o projeto visão Omã 2040.”

“O acordo com o governo de Omã abrirá grandes portas para o desenvolvimento das prefeituras brasileiras em diversas áreas da infraestrutura”, destacou Rodrigo Baltazar, Secretário de Relações Institucionais.

“O alinhamento estratégico do CCIM com os objetivos do projeto Visão Omã 2040 será o foco desta parceria”, concluiu José Tenório, Diretor Financeiro.

Eduardo Acioli, CEO da EA Consulting e negociador internacional , ressaltou a importância desse acordo: “Essa parceria com Omã é um marco para a CCIM e para as prefeituras associadas. As oportunidades que surgem a partir desse relacionamento internacional têm o potencial em levar investidores brasileiros para Omã e estabelecer um acordo bilateral de cooperação para as prefeituras.

O acordo faz parte do projeto Visão Omã 2040, que busca desenvolver setores-chave no país. Que tem grande interesse em receber produtos e serviços brasileiros, além de dar especial atenção aos projetos desenvolvidos pelas prefeituras conveniadas à CCIM.

A próxima edição da Imersão Dubai está programada para abril de 2025, com foco em tecnologia, sustentabilidade e turismo inteligente. Prefeitos de todo o Brasil serãoconvidados para participar dessa experiência transformadora e descobrir como essas inovações podem ser aplicadas em suas cidades. Garanta sua participação e esteja à frente das tendências que vão moldar o futuro da gestão pública.

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Crise climática é desafio e oportunidade para o turismo no Brasil

Enchentes no Rio Grande do Sul, queimadas no eixo Sudeste e Centro-Oeste e secas históricas que afetaram o país por toda a sua extensão. O Brasil experimentou ao longo deste ano uma série de fenômenos intensificados pelas mudanças climáticas, e a perspectiva de aumento na frequência desses eventos extremos colocou de vez o tema da sustentabilidade no centro dos projetos ligados ao turismo.

O contexto desafiador é visto ao mesmo tempo como oportunidade, já que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil pela presidência deste ano do G20 — grupo dos 20 países mais ricos do mundo, que fará sua cúpula no Rio de Janeiro, no mês que vem — e por receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, no próximo ano.

A visão das autoridades é de que a agenda de eventos internacionais no Brasil coloca o país na liderança das discussões sobre o tema, sendo capaz de acelerar suas metas de sustentabilidade social, econômica e ambiental no turismo.

No Ministério do Turismo, a adoção do termo “ecoturismo sustentável” tem pautado uma série de ações desempenhadas pela pasta. A modalidade compreende o turismo como um instrumento para preservação da floresta e das comunidades, com base em práticas que se preocupam com o uso de energia renovável desde o transporte de turistas até o tratamento dos resíduos pela hotelaria, explicou o ministro Celso Sabino:

— A tendência global vai nessa direção e isso vai nos ajudar a trazer ainda mais turistas preocupados com a responsabilidade social e ambiental — disse ele, ao citar o Brasil como principal destino mundial para prática de ecoturismo, segundo ranking da revista Forbes.

O ministro participou na segunda-feira de live sobre o turismo, ao lado de outras autoridades do setor, em debate da série “Caminhos do Brasil”, iniciativa de O Globo e Valor Econômico e da Rádio CBN, com patrocínio do Sistema Comércio, através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.

Uma das ações recentes da pasta é o mapeamento de comunidades indígenas que desenvolvem atividades baseadas nos princípios do turismo comunitário. Até o próximo dia 31, comunidades e organizações podem preencher formulário no site do governo para facilitar a coleta dessas informações. Uma vez identificadas essas comunidades, a iniciativa vai permitir a criação e a promoção de produtos turísticos mais sustentáveis e alinhados com a cultura local.

Carta do turismo

Outro avanço importante foi a recente reunião do grupo de trabalho (GT) de Turismo do G20, realizada em Belém no mês passado, que reforçou o compromisso global com a resiliência climática e a qualificação profissional no setor. As discussões do grupo resultaram em uma carta assinada pelos membros de mais de 40 países, com propostas que serão avaliadas na cúpula do G20, programada para ocorrer no Rio entre os dias 18 e 19 de novembro.

Entre as recomendações estão a ampliação do financiamento para pequenas empresas do setor de turismo e linhas de crédito via organizações multilaterais e internacionais para quatro áreas prioritárias: resiliência climática, desenvolvimento social, criação de novos produtos turísticos em comunidades locais e desenvolvimento de infraestrutura turística compartilhada.

Anfitrião do G20 e natural do Pará, Sabino comemorou o fato de o Brasil estar no centro dos debates globais ao sediar a cúpula:

— Pela primeira vez na História vamos ter uma concentração tão grande, de um nível tão alto de tomadores de decisões globais. Vamos receber xeques, reis, ministros, presidentes, príncipes, chefes de estado. (…) Um evento como esse (COP 30) nos ajuda e muito a passar a imagem do Brasil como ele é.

A decisão do governo federal de realizar a COP30 em Belém, longe do eixo metropolitano Rio-São Paulo, corrobora para que o país assuma ainda mais protagonismo no debate da sustentabilidade, avaliou Marcelo Freixo, presidente da Embratur.

— Realizar a COP em Belém desloca o olhar para a Amazônia, que é central. Ela precisa se transformar em destino — destacou ele.

O ministro do Turismo garantiu ainda que o país está preparado para receber os visitantes que participarem da COP30 em 2025 e considerou a questão do gargalo em hospedagem como superada. Sabino destacou a criação da secretaria extraordinária vinculada à Casa Civil para coordenar ações de preparo da capital paraense para receber a conferência da ONU.

O órgão monitora obras necessárias para a promoção do evento, além de gerir contratos e articular ações de segurança, saúde, mobilidade urbana, acesso aéreo e capacidade de carga turística.

— Temos a perspectiva de aportar dois grandes navios no porto de Belém e temos áreas do governo destinadas à construção de hotéis. Um grande prédio da Receita Federal que estava abandonado no centro de Belém vai ser um hotel da Rede Tivoli. E tem outro hotel que está sendo construído no porto da cidade, do Vila Galé, além de outros grupos investindo na construção ou ampliação de leitos na cidade.

Centro de resiliência

Para o ministro, as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul serviram de alerta às autoridades brasileiras sobre a necessidade de uma resposta mais ágil a emergências climáticas. O episódio motivou, inclusive, a criação do Centro de Resiliência que será implantado no RS até dezembro.

Inspirado em boas práticas de países como a Jamaica e o Japão, o espaço servirá para articular respostas rápidas a eventos extremos. A ideia é que o gabinete auxilie não só na proteção de vidas e na recuperação de infraestruturas, mas dê suporte aos empreendedores do setor de turismo, garantindo que a retomada das atividades seja rápida e eficiente, explicou Sabino.

— Essa é a resiliência turística que vamos implantar no Brasil.

O setor privado também tem seu papel na mobilização em prol de práticas mais sustentáveis, ressaltou Ana Carolina Medeiros, presidente do conselho da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) Nacional, que vibrou com a reabertura antecipada do Salgado Filho na última segunda-feira, a tempo de promover os destinos da Serra Gaúcha, como o Natal Luz.

Segundo ela, a Abav tem trabalhado a conscientização de seus associados sobre a importância de práticas sustentáveis por meio da “Jornada 2030”, que destaca cases de sucessos ligados à temática.

— O que podemos fazer para evitar tragédias como as que aconteceram em 2024? Temos que contribuir, participar, vigiar, denunciar e nos prevenir. Não podemos repetir o que aconteceu neste ano — disse ela, ao reforçar que a iniciativa privada está engajada com o poder público para garantir a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável do turismo.

Hotelaria estará fortemente presente na 13ª BTM

Hotelaria estará fortemente presente na 13ª BTM (BTM 2023 em Fortaleza/ CE (Foto: reprodução/ Instagram BTM))

Nesta quinta-feira (24) terá início um dos maiores eventos do setor de Turismo da região Nordeste: A BRASIL TRAVEL MARKET (BTM). A 13ª edição do evento acontece pelo quarto ano consecutivo em Fortaleza (CE) após vários anos realizada em João Pessoa (PB). A partir de 2021 o evento passou a acontecer em Fortaleza e além dos profissionais de todo Brasil, passou a receber “hosted buyers” (compradores) de vários países. Áreas Luxury e de tecnologia/MICE também estarão presentes na Feira.

Este ano, a cada vez mais prestigiada feira reunirá cerca de 230 expositores e 6 mil profissionais interessados em acompanhar o lançamento de produtos e tendências do setor que a cada ano aumenta sua relevância ante o crescimento do turismo nacional em índices notoriamente superiores aos da economia como um todo. A importância do incentivo ao turismo nacional está refletida nos dados do turismo relativos a 2023. Sequer a metade da população do país viaja para nossos destinos domésticos. São ainda somente 100 milhões de brasileiros considerados nesta estatística. Precisamos trabalhar fortemente a atratividade do turismo interno, incentivando nossos destinos nacionais e a indústria do turismo como um todo.

A união das diversas áreas será de suma importância para o desenvolvimento sustentado do Turismo no país. “Desenvolver, qualificar e promover são os três verbos essenciais para o turismo crescer. Estar na BTM é utilizar a oportunidade de impulsionar os produtos que estão desenvolvidos e aprender formas de qualificar e melhorar o setor onde existem evidentes gargalos”, explica Mílton Zuanazzi (Secretário Nacional de Planejamento, Sustentabilidade e Competitividade) e profundo estudioso do turismo.

13ª BTM – A feira Brasil Travel Market

Com a retomada das atividades do turismo e o forte interesse dos fornecedores em conquistar novos mercados, a BTM contará com a participação de mais de 30 caravanas de agentes e parceiros de turismo de todo o Brasil, além da promoção de inúmeras Rodadas de Negócios, capacitações e networking.

A BTM acontece no belíssimo Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. Equipamento do Governo do Estado e administrado pela Secretaria de Turismo (SETUR) do Ceará. Durante os dois dias do prestigiado evento, a feira será também palco das reuniões com a presença de vários secretários estaduais e municipais de turismo de todo o Brasil.

Hotelaria na BTM

Por se tratar de uma das mais importantes feiras B2B (Business To Business) do turismo do Brasil o segmento hoteleiro se fará intensamente presente na feira. Todas as redes hoteleiras que atuam no Nordeste através de seus resorts e hotéis situados em áreas urbanas confirmaram participação com seus “heads” comerciais e de desenvolvimento em busca de oportunidades de investimentos no florescente mercado de lazer compreendido pelos nove Estados do Nordeste.

Desde as praias norte maranhenses até o extremo sul da Bahia são 3.338 km de extensão litorânea (sem contar as baías) o que equivale a 44% de toda costa brasileira, praticamente todas banhadas por águas límpidas e mornas, praias acessíveis e com infraestrutura de serviço que melhora a cada temporada, sem falar nas emergentes cidades interioranas e inúmeros recantos serranos nordestinos.

“A BTM é uma oportunidade valiosa para compartilhar a visão sobre hospitalidade e fortalecer o relacionamento da Blue Tree Hotels com os parceiros do setor. Acreditamos que a inovação e a qualidade são fundamentais para proporcionar experiências excepcionais aos nossos hóspedes e impactar positivamente o turismo”, explica Chieko Aoki, Presidente da Blue Tree Hotels.

Adriana Alves (Diretora comercial, Marketing e Novos Negócios) da Bristol Hotéis & Resorts, sediada em Curitiba que detém 17 operações no Brasil, onde um de seus hotéis em Fortaleza (Bristol Guararapes) está situado à apenas 1 km da BTM afirma que, “A feira é uma grande oportunidade para apresentar nossa convicção no enorme potencial a ser desenvolvido no mercado da hospitalidade que transcende fronteiras regionais e em especial pelo fato de já termos contrato assinado para nossa terceira operação em Fortaleza (quinta no Nordeste). Um magnífico hotel em área nobre com 264 apartamentos e um rooftop com vista panorâmica da capital cearense”.

Programação da 13ª BTM

A BTM deste ano trará programação intensa de capacitação, com curadoria de Thiago Akira e palestras de especialistas como: Daniel Turbox (Automação e IA no Turismo), Saulo Boccanera (Specific Soluções) e Thais Medina (CEO da agência de Marketing Business Factory). A formação de agentes e operadores é essencial para fortalecer o turismo no Brasil.

• Crescimento do turismo regional: Com a participação de empresas e associações de turismo nacionais e internacionais, o evento destaca o papel central do Nordeste como destino estratégico. Claudio Junior, CEO da BBC Eventos, destacou o aumento na comercialização de estandes e a expectativa de maior movimentação turística na região nos próximos meses..

• Parcerias estratégicas: A Azul Linhas Aéreas oferecerá desconto de 15% nas passagens para facilitar o acesso ao evento. Além disso, a parceria com a Integração Trade e a Frontur Operadora ampliará a presença de agentes de viagem de Minas Gerais, entre outros estados.

• Conexões e negócios: A feira contará com expositores como CVC, Expedia, Schultz e Noronha Brasil, além de promover rodadas de negócios e discussões sobre inovação e turismo sustentável. A BTM será também palco de reuniões de entidades importantes como a ABAV N/NE reforçando seu papel de integração no setor.

• Impacto econômico: A BTM consolida o Ceará no turismo nacional. A movimentação de profissionais e o destaque na mídia impulsionam a economia e a visibilidade do estado como destino de grandes eventos.

• Visibilidade para o setor: Com a participação de grandes marcas e lideranças, o evento coloca Fortaleza e o Nordeste no centro das atenções, promovendo não apenas o turismo de lazer, mas também o de negócios.

Novidade Disney: A BTM de 2024, terá uma área exclusiva da Disney, com capacitações para 80 agentes de viagens. A iniciativa visa proporcionar uma imersão completa no universo da Disney, preparando os participantes para oferecer experiências estratégicas aos seus cliente”.

Breno Mesquita, organizador da BTM, destaca a importância da parceria: “A Disney é uma das marcas mais reconhecidas do mundo e ter uma área exclusiva dedicada à capacitação dos nossos profissionais é um grande diferencial da BTM 2024. Essa iniciativa demonstra o nosso compromisso em oferecer as melhores oportunidades de aprendizado e desenvolvimento para o setor”.

“Caravanas de 16 estados, 214 expositores e cerca de 280 agentes participantes nas rodadas de negócios. Um público estimado em seis mil pessoas é esperado pela organização”, diz à coluna Yrwana Albuquerque (Secretária de Turismo do Ceará). A Secretária destaca o papel do portentoso Centro de Eventos do Ceará como um importante indutor do turismo de negócios, recebendo feiras que impulsionam o desenvolvimento econômico da região Nordeste e do Brasil. “Temos um equipamento estratégico que cumpre brilhantemente seu papel como referência no turismo de negócios. “O CEC está pronto para receber o público da BTM em mais uma edição que será um sucesso”, enfatiza Yrwana

“A BTM está consolidada no calendário nacional como um dos eventos mais importantes do setor, promovendo a integração, capacitação e a apresentação de novos produtos para a nossa indústria, que se destaca como uma das maiores geradoras de emprego e renda no país”, destaca também Ivana Bezerra (Presidente da ABIH-CE) que congrega um total de 53 hotéis e resorts associados a entidade

“A BTM organizada pela BBC Eventos, é um ponto de encontro vital para o setor, promovendo a integração e a atualização de tendências que beneficiam todo o mercado de viagens incluindo a hotelaria”.

Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria)

Instagram: mvsluys e-mail: mvsluys@gmail.com WhatsApp: (31) 98756-3754

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Renovação da FCA: compromisso com o futuro

Davi Barreto*

Não há dúvida sobre as vantagens das renovações antecipadas dos contratos de concessão de ferrovias. Concebidas em 2015 e concretizadas a partir de 2020, as prorrogações contratuais impulsionaram investimentos privados no setor ferroviário brasileiro, que ultrapassaram R$ 10 bilhões em 2023. Para o triênio 2024-2026, a expectativa é de que os investimentos cheguem a mais de R$ 45 bilhões, configurando um dos maiores ciclos de investimento da história do país.

Os investimentos em ferrovias são vitais para o desenvolvimento econômico do país. Ao reduzir os custos de frete, a modernização da infraestrutura e do transporte ferroviário não só aumenta a competitividade do Brasil no cenário global, mas também cria milhares de empregos e impulsiona o crescimento da indústria ferroviária nacional, promovendo tecnologia e inovação que fortalecerão ainda mais o setor.

Ademais, a ferrovia emite 85% menos gases de efeito estufa em comparação ao transporte rodoviário, o que a torna uma solução ambientalmente sustentável. Assim, de um lado, a expansão do transporte ferroviário contribui para o desenvolvimento econômico e social; de outro, desempenha um papel decisivo na luta contra o aquecimento global.

Nesse contexto, a retomada do processo de renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) é um passo crucial para o fortalecimento da infraestrutura ferroviária nacional. Aproveitando a expertise da operadora, que opera em uma malha centenária com um sistema logístico integrado e eficiente, estão previstos investimentos de R$ 30 bilhões. Esses recursos serão direcionados para a modernização da malha, incluindo a construção e ampliação de pátios, a instalação de sistemas de sinalização e a manutenção dos ativos.

Não é pouco. A FCA, a maior ferrovia do Brasil, está presente em cerca de 250 municípios e desempenha um papel fundamental na logística nacional ao conectar diferentes regiões do país. Com a renovação, espera-se um ganho expressivo em todo o sistema ferroviário, com impactos significativos, especialmente no transporte de carga geral.

A transformação logística que a renovação proporcionará, com foco em qualidade, segurança e eficiência, será essencial para o transporte de cargas, especialmente em dois eixos estratégicos: Santos e Espírito Santo. A FCA, ao ser modernizada, não apenas reforça a importância do Porto de Santos, um dos mais movimentados do Brasil, como também destaca o papel crescente do Espírito Santo como um hub logístico vital.

Além disso, parte significativa dos investimentos será destinada à resolução de conflitos urbanos e a projetos estruturantes, fundamentados em políticas públicas definidas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pelo Ministério dos Transportes.

Outro aspecto relevante da renovação é a devolução de trechos e a nova destinação para a ferrovia, que contempla a criação de shortlines e projetos de interesse público, como o que está em andamento na Estrada de Ferro Leopoldina. Essas iniciativas visam otimizar a utilização dos trechos ferroviários e atender às demandas locais e regionais, promovendo um desenvolvimento econômico mais equilibrado.

Diante das dimensões continentais do Brasil, é imprescindível uma matriz de transporte de cargas mais equilibrada, em que a participação do transporte sobre trilhos aumente dos atuais 21% para um patamar próximo a 40%. É necessário enfrentar desafios e superar gargalos logísticos históricos. Após diversas rodadas de discussões nos últimos anos, o processo de renovação da FCA chegou a um estágio maduro, pronto para avançar. Portanto, dar continuidade a esse processo é indiscutivelmente a melhor forma de atender ao interesse público, promover um desenvolvimento mais eficiente e sustentável para o país e reafirmar o compromisso com o futuro do transporte ferroviário no Brasil.

Diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários*

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Surpresa positiva da Moody’s não tira o foco do ajuste fiscal

Reginaldo Nogueira*

Samuel Barros**

O mercado foi positivamente surpreendido por um upgrade da nota de crédito brasileira pela agência de rating Moody ‘s. Esse movimento colocou a nota de crédito do país em Ba1 na escala da agência, a apenas um degrau do grau de investimento, o qual havia sido conquistado pelo país em 2008 e perdido em 2015. As outras duas grandes agências mundiais de rating, Standard & Poor’s e Fitch, mantêm o Brasil dois degraus abaixo da Moody’ s.

Em seu comunicado, a Moody’s deu destaque para a resiliência da economia brasileira, que tem mostrado um crescimento mais robusto do que o esperado. Realmente, o resultado do PIB no segundo trimestre superou as expectativas de mercado, com um crescimento de 1,4% sobre o trimestre anterior. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a economia cresceu 3,3%. Esse desempenho positivo se deve, em parte, a setores como o agronegócio e a indústria, que têm mostrado recuperação e contribuído para a geração de empregos.

Além disso, a Moody’s comentou sobre os avanços institucionais dos últimos anos, como a aprovação da lei de autonomia do Banco Central, e o novo arcabouço fiscal. A autonomia do BC é realmente uma conquista significativa, pois garante maior independência na formulação e implementação da política monetária, reduzindo a influência política nas decisões econômicas. No entanto, é na questão fiscal e no cumprimento das regras do arcabouço que reside a grande surpresa do mercado com a revisão da nota: os dados não têm se mostrado positivos, e nem mesmo em processo de melhora.

Os resultados fiscais divulgados recentemente pelo Banco Central reforçam o cenário de dificuldade de controle dos gastos e de crescimento da dívida pública. O deficit primário de agosto para o setor público consolidado foi de R$ 21,4 bilhões. Em 12 meses, o deficit acumulado alcançou R$ 256,3 bilhões, ou 2,26% do PIB, pouco diferente daquele visto nos meses anteriores. Ao somarmos o pagamento dos juros da dívida pública, chegamos a um deficit nominal em 12 meses de 9,81% do PIB. Com isso, a dívida bruta manteve crescimento, atingindo R$ 8,9 trilhões, ou 78,5% do PIB. Em geral, esses dados fiscais vão em direção oposta ao esperado para um movimento de melhora da nota de crédito.

Dado esse cenário, o que se viu após a decisão foi uma movimentação tímida no mercado. O país tem visto nos últimos meses pressões sobre a taxa de câmbio e os juros futuros, e uma luta permanente por melhora das expectativas. O Banco Central, em especial, tem sido uma voz insistente no pedido de prudência e maior rigor fiscal, o que facilitaria seu trabalho no controle das expectativas de inflação. A inflação é um dos grandes desafios econômicos do Brasil, e o controle fiscal é essencial para manter a estabilidade dos preços e a confiança dos investidores.

Além disso, é importante destacar que a melhora na nota de crédito pela Moody’s não deve ser interpretada como um sinal de que todos os problemas econômicos do país estão resolvidos. O Brasil ainda enfrenta desafios significativos, como a necessidade de reformas estruturais, a melhoria do ambiente de negócios e a redução das desigualdades sociais. A aprovação de reformas previdenciárias e tributárias são exemplos de medidas que podem contribuir para a sustentabilidade orçamentária a longo prazo.

Nesse sentido, é preciso tomar cuidado para que a surpresa positiva desse upgrade não tire o foco da necessidade de encaminhamento de um sério ajuste. A manutenção da responsabilidade fiscal é crucial para a credibilidade do país junto aos investidores internacionais e para a atração de investimentos estrangeiros diretos, que são fundamentais para o crescimento econômico sustentado.

O governo precisa continuar buscando formas de equilibrar o orçamento, controlando gastos e aumentando a eficiência na arrecadação de impostos. Investir em infraestrutura e educação, além de promover políticas que incentivem a inovação e o empreendedorismo, são caminhos importantes para fortalecer a economia brasileira e garantir um futuro mais próspero para todos.

*Diretor nacional do Ibmec

**Reitor do Centro Universitário Ibmec-RJ

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Governo Lula envia ao Congresso socorro às aéreas de R$ 4 bi fora da meta fiscal

O governo Lula encaminhou nesta quarta-feira (16) ao Legislativo um projeto de lei destinando R$ 4 bilhões do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) para socorrer as companhias aéreas. O texto enviado pelo Palácio do Planalto deixa claro que, uma vez aprovado, o socorro bilionário às empresas com recursos do fundo setorial não será considerado no cálculo da meta fiscal.

O financiamento terá como agente financeiro o BNDES, presidido por Aloizio Mercadante. O projeto ainda não foi tornado público, mas a equipe da coluna teve acesso ao teor. Segundo fontes do Congresso, o fomento das aéreas com dinheiro do FNAC foi costurado pessoalmente pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), junto a Lula e a articulação política do governo.

Lira teria se empenhado pelos recursos por compromissos firmados com o setor no passado e com o aval do presidente. O deputado alagoano preside a Câmara até fevereiro e não pode disputar um terceiro mandato.

As companhias aéreas enfrentam dificuldades financeiras desde a pandemia de Covid-19, que representou um baque no fluxo de passageiros, e ainda não recuperou os patamares pré-coronavírus. A Gol Linhas Aéreas, por exemplo, entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos, recurso que já havia sido adotado pela Latam Airlines.

Na prática, o projeto de Lula representa uma espécie de drible fiscal, porque o considera a concessão do crédito de R$ 4 bilhões para companhias privadas como de caráter suplementar, ou seja, isenta de contabilização na meta fiscal de 2024, que prevê um déficit de R$ 28,8 bilhões. O montante destinado às aéreas, se contabilizado, teria impacto relevante nas contas do governo.

“No que tange aos limites individualizados para as despesas primárias, vale mencionar que o crédito em questão está de acordo com o art. 3º da Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023, por não ampliar as dotações orçamentárias sujeitas aos mencionados limites, salientando que parte do crédito, no valor de R$ 4.000.000.000,00 (quatro bilhões de reais), se refere à suplementação de despesas financeiras, não contabilizadas no cálculo dos referidos limites”, diz trecho do PLN.

Traduzindo: a lei do arcabouço fiscal define que todas as despesas primárias sejam incluídas na meta, o que incluiria os fundos setoriais, mas o texto da proposição do governo Lula considera os créditos que serão disponibilizados pelo FNAC como uma despesa financeira suplementar.

Mudança na lei

O Fundo Nacional de Aviação Civil é composto pelas taxas pagas pelos passageiros na compra de passagens aéreas.

O uso de fundos setoriais para financiar diretamente as companhias aéreas não era permitido porque a verba deveria ser necessariamente aplicada em infraestrutura, como obras em aeroportos. Mas a manobra passou a ser viável no mês passado, quando o presidente Lula sancionou uma mudança na Lei Geral do Turismo autorizando o uso do FNAC para a concessão de crédito às companhias.

Essa brecha tem despertado preocupação em alas do Congresso e do próprio mercado, por reeditar o temor de que o governo do PT adote mecanismos para maquiar as contas públicas como na era Dilma Rousseff.

O ceticismo em torno do arcabouço fiscal delineado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a do Planejamento, Simone Tebet, no ano passado já vinha em viés crescente pelos sinais dúbios de Lula sobre a gestão fiscal e as prioridades de investimentos e gastos do governo.

Oficialmente, o objetivo do PLN é fortalecer as empresas aéreas no Brasil, mas o financiamento também poderá subsidiar a compra de querosene de aviação em aeroportos situados na Amazônia Legal.

O PLN ainda precisa passar pela Comissão Mista de Orçamento e pelo plenário do Congresso Nacional. Mas, com o apadrinhamento de Lira, o socorro às aéreas não deve enfrentar qualquer turbulência no horizonte próximo.

Eleições em São Paulo: ‘Apesar de civilizado, debate deve mudar pouca coisa na campanha’

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Análise: apagão desnuda São Paulo como uma “sociedade de risco”

Os sintomas já estavam em toda parte, os mais gritantes na Cracolândia, no centro de São Paulo, e na multidão de moradores de rua, na violência cotidiana nas periferias e no trânsito cada vez mais caótico, mas foi o apagão provocado pela tempestade deste fim de semana que tornou esse assunto um tema central no debate eleitoral de São Paulo: o risco de colapso urbano existe. Tanto que o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, e o candidato de oposição, Guilherme Boulos (PSol), se digladiaram na tevê e trocaram acusações mútuas sobre as responsabilidades pelo colapso do sistema de distribuição de energia, que veio abaixo com as árvores derrubadas pelo vento.

Foi uma tempestade perfeita. De acordo com a Defesa Civil, as rajadas de vento chegaram aos 87 quilômetros por hora na estação meteorológica da Lapa e Vila Leopoldina, na zona oeste da cidade, na noite de sábado. O aeroporto de Congonhas teve as operações de pousos e decolagens suspensas das 19h53 às 20h12. O “evento extremo” numa cidade como São Paulo mostrou uma nova realidade: bairros como Morumbi, Butantã, Vila Maria, Pinheiros, Perdizes, Barra Funda e Bela Vista ficaram sem energia, não foi apenas a periferia. A mesma coisa aconteceu nas cidades da Grande São Paulo. Milhares de residências continua sem energia, os prejuízos econômicos são imensos.

São Paulo não está preparada para eventos extremos, tanto quando Porto Alegre durante as enchentes do Rio Grande Sul. A prefeitura não faz a poda de árvores (deve existir um contrato para isso a ser fiscalizado); a Enel, a distribuidora de energia, não tinha um plano de contingência e não fez os investimentos que deveria em infraestrutura (provavelmente seus transformadores, sobrecarregados, entraram em colapso); a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não cumpriu seu papel fiscalizador. O governo federal é responsável pela concessão. Trocando em miúdos, os cidadãos paulistas estão se dando conta de que a vivem numa “sociedade de risco”.

Esse conceito surgiu com a publicação do livro Risikogesellschaft, de Ulrich Beck, em 1986, alguns meses antes do acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, que viria a dar dimensão factual ao texto. Mesmo assim, no Brasil, somente foi publicado 20 anos depois, sob o título Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade (Editora 34). A gravidade do que ocorreu àquela época na usina nuclear colocou em xeque a “guerra fria” entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética e levou o líder comunista Mikhail Gorbatchov a pôr fim à corrida nuclear. Ganhou o Nobel da Paz de 1990.

O fenômeno se repetiu por ocasião do tsunami de 11 de março de 2011, no Japão, que sofreu sua maior catástrofe desde as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Um terremoto fortíssimo no Oceano Pacífico provocou um tsunami também devastador, contra o qual mesmo as sólidas defesas japonesas não tiveram chance. A fúria do mar, por sua vez, provocou um acidente nuclear na usina de Fukushima, 260 quilômetros ao norte de Tóquio. Mais de 18 mil pessoas foram mortas pelo tsunami, e o acidente em Fukushima forçou a retirada de 160 mil pessoas que moravam nas imediações.

Na concepção de Beck, perigos são fabricados de forma industrial, exteriorizados economicamente, individualizados no plano jurídico, legitimados no plano das ciências exatas e minimizados no plano político. Seu ponto de partida é a modernização reflexiva: as consequências do desenvolvimento científico, industrial e tecnológico implicam riscos que não podem ser contidos espacial ou temporalmente. Mais ainda: como a riqueza, esses riscos são distribuídos socialmente. Na sociedade industrial, até poderiam ser administrados de acordo com as relações de poder.

Com a ultrapassagem da sociedade industrial, na qual os riscos eram administrados e, geralmente, prejudicavam os mais pobres, o risco é transversal a todas as classes sociais. A pandemia de covid-19 é um exemplo. Grosso modo, riscos são administrados de cima para baixo, de acordo com análises de cientistas e peritos, e administrados politicamente, de acordo com a posição econômica e social. Não é mais assim. O desenvolvimento científico e tecnológico perdeu o controle sobre os riscos ambientais, biológicos, químicos e nucleares. A percepção e a consciência dos riscos pelos cidadãos comuns, porém, não são irracionais ou desinformadas, mas produtos de processos complexos que definem o que é aceitável, o que é digno, o que está de acordo com as suas maneiras de ser, pensar e agir.

Ter uma cultura de risco implica possuir conhecimentos que permitem a prevenção de situações de risco e a autoproteção em caso de perigo. O risco está cada vez mais presente no nosso cotidiano. O que mais impressiona na crise atual de São Paulo é que o risco de uma ventania pôr em colapso a cidade era previsível desde o primeiro apagão provocado pela queda de árvores.

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Em meio a protestos, Grupo Conceição assume gestão do Hospital Federal de Bonsucesso

O Grupo Hospitalar Conceição, estrutura vinculada ao Ministério Saúde e que rege a rede pública do Sul do país, assumiu oficialmente a gestão do Hospital Federal de Bonsucesso. Uma portaria da pasta sobre a transferência da gestão da unidade foi publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União. Com a mudança, a prioridade do grupo é abrir a emergência, salas para cirurgias e mais de 200 leitos, para retomada gradativa de todos os serviços.

Órgãos infectados: Laboratório foi contratado para fazer mais de 160 mil exames em quatro UPAs da Zona Oeste do Rio XEC: Nova variante da Covid-19 é detectada em dois moradores da capital

Segundo o Ministério da Saúde, o processo será realizado em etapas, incluindo descentralização da gestão, abastecimento de insumos, infraestrutura e contratação de pessoal. No primeiro momento, mais de 2 mil novos trabalhadores, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e funcionários administrativos, serão contratados por meio de processo seletivo. A pasta reforça que os direitos ficam garantidos para todos os servidores efetivos.

Em entrevista ao Bom Dia Rio, a ministra da Saúde Nísia Trindade destacou que o objetivo da mudança é dar capacidade plena ao hospital, criando uma gestão eficiente:

— É um grupo de excelência que mostrou isso no Rio Grande do Sul e vai dar essa contribuição fundamental no Rio de Janeiro. Como eu disse, a direção do Hospital Federal de Bom Sucesso, a partir de hoje, está com a doutora Elaine Lopes, que é uma profissional que estava na Secretaria Municipal de Saúde de Niterói com ampla experiência no Rio. Então não estamos desprezando a experiência daí, mas estamos trazendo o que temos de melhor na gestão hospitalar no Brasil.

Há semanas, funcionários da unidade estão protestando contra a mudança na gestão da unidade. Na portaria publicada hoje, o Ministério da Saúde detalhou que, em até 90 dias contados da publicação do documento, o órgão consultaria servidores públicos pertencentes ao quadro efetivo da pasta e lotados no Hospital Federal do Bonsucesso, acerca de sua intenção em compor a força de trabalho do GHC, no hospital.

No mesmo período também seria feita a “alteração de exercício dos servidores públicos pertencentes ao quadro efetivo do Ministério da Saúde e que manifestarem interesse em compor a força de trabalho” do grupo. Na entrevista na TV Globo, a ministra também foi indagada sobre o que ocorrerá com os funcionários atuais, com a mudança na gestão:

— O direito do trabalho dos servidores é um compromisso nosso. Em relação a outros vínculos, nós vamos abrir um processo seletivo e avaliar as necessidades, a qualidade, o que significa que muitos profissionais que hoje estão lá poderão continuar. Isso tudo vai ser o trabalho realizado nesses próximos 40, 45 dias — disse.

Nos bastidores do Ministério da Saúde, a transferência da unidade para o Grupo Conceição seria a saída da União para tentar reverter o sucateamento do hospital. Concretizada a mudança, uma filial da empresa pública seria aberta no Rio até o fim deste ano. Os detalhes do projeto foram aprovados pelo conselho de administração do grupo. E, no site do GHC, agendas de treinamento e visitas às instalações da unidade federal foram marcadas durante o mês de setembro.

Servidores ocupam a direção do hospital. Os manifestantes temem que a nova administração resulte em demissões, precarização das condições de trabalho e a possível terceirização de serviços. Os trabalhadores também afirmam que o foco da solução deveria estar no aumento de investimentos e na reestruturação da gestão pública da unidade.

Notícias do Rio:

Laboratório investigado por órgãos infectados por HIV teve contrato milionário com prefeitura da Baixada Fluminense Criança de 8 anos, que teve o braço reimplantado após acidente de ônibus, recebe alta médica Em meio a protestos, Grupo Conceição assume gestão do Hospital Federal de Bonsucesso Polícia procura suspeito de agredir, com cassetete, idoso protetor de gatos no Rio

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Praias desconhecidas do Rio ganham o selo Bandeira Azul, prêmio internacional de qualidade; confira quais

Doze praias desconhecidas do estado do Rio de Janeiro foram premiadas com o selo internacional Bandeira Azul, um dos mais renomados para áreas costeiras no mundo. As novatas a receber o reconhecimento global são as praias de Tucuns, em Búzios, Grumari, na cidade do Rio, e a praia lagunar Caiçara, em Arraial do Cabo. O prêmio existe há 35 anos e avalia critérios rigorosos que incluem qualidade da água, gestão ambiental e infraestrutura turística.

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As outras nove praias do estado que já tinham sido premiadas no ano passado e conseguiram renovar o título na temporada 2024-2025 são: Praia da Reserva no trecho Nelson Mandela, e Prainha, na Zona Oeste da cidade do Rio; Praia do Forno e praias da Azeda e Azedinha, em Búzios; Praia do Peró, em Cabo Frio; Praia de Ubás, em Iguaba Grande; Praia das Pedras de Sapiatiba, em São Pedro da Aldeia, e a Praia de Itaúna, no trecho Pedras de Itaúna, em Saquarema. O estado do Rio é o segundo com mais quantidade de praias com o selo, ficando atrás de Santa Catarina, no Sul do Brasil.

No quintal do carioca, a Praia de Grumari é mais uma que entra para o rol das premiadas. Localizada entre o maciço da Pedra Branca, e banhada pelo Oceano Atlântico, a praia faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Grumari. A preservação tem ainda outra frente de proteção, que pode explicar o prêmio — além da beleza, claro: ela está dentro do Parque Natural Municipal de Grumari, uma área florestal de proteção permanente, que proíbe qualquer tipo de construção, além das estruturas já existentes que servem para a manutenção da área e servindo aos frequentadores, em especial surfistas.

Praia de lagoa

Pouco conhecida, a Praia do Caiçara, em Arraial do Cabo, é uma praia da Lagoa de Araruama, a maior laguna hipersalina em estado permanente do mundo. Com pouco mais de um quilômetro de extensão de areia clara e restinga, está inserida em parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Massambaba. Por estar localizada mais ao interior da Região dos Lagos, ela sofreu menos intervenção humana e urbanização, tem clima familiar, e águas cristalinas, claras e calmas.

A Praia do Caiçara fica na Lagoa de Araruama, mais precisamente em Arraial do Cabo — Foto: Divulgação

Com o turismo concentrado nas praias oceânicas do Centro, o município de Arraial do Cabo viu na premiação uma possibilidade de distribuir o fluxo de turistas para outras regiões, como as praias lagunares. Em julho do ano passado, a gestão municipal inscreveu a Praia do Caiçara e deu início ao processo de análise e coleta das amostras das águas.

— A gente tem visto outros pontos chamarem atenção dos turistas, como a Ponta da Acaíra, a Ponta da Massambaba, onde tem o Caminho de Moisés, pela beleza e a transparência das águas da lagoa. No verão de 2022 para 2023, o fluxo de pessoas que acessavam o centro da cidade era muito grande, e passamos a divulgar melhor esses locais. É uma forma de valorizar mais as praias lagunares — afirma o secretário de Turismo de Arraial do Cabo, Genival Junior.

Praia de Tucuns, em Búzios, ganhou o selo Bandeira Azul de qualidade — Foto: Hudson Pontes/Agência O Globo

A Praia de Tucuns, em Búzios, é outra que recebe o prêmio pela primeira vez. Pérola da natureza da região, a praia é conhecida pelas dunas e restingas ainda preservados. Pelo mar agitado, é mais famosa entre os surfistas e frequentada pela comunidade local.

O Bandeira Azul é um programa global, presente em todos os continentes do mundo e é uma premiação — e não uma certificação — que valoriza ações de boas práticas a cada ano. O Júri Internacional responsável pela análise e concessão do prêmio é composto por entidades nacionais e internacionais de turismo e meio ambiente.

A temporada de 2024-2025 começa no dia 1º de novembro, quando será instalada a sinalização com a marca do município e da Bandeira Azul. Os locais premiados passam pelo crivo de uma gestão avaliadora ao longo de toda a temporada e só obtém a renovação do prêmio se mantiverem e apresentarem as boas condições de qualidade e preservação ambiental.

Lista das praias do Rio premiadas:

Praia Lagunas Caiçara, Arraial do Cabo. Praia de Tucuns, Búzios. Grumari, Rio de Janeiro. Praia do Forno, Búzios. Praia da Azeda-Azedinha, Búzios. Praia do Sossego, Niterói. Peró, Cabo Frio. Praia de Ubás, Iguaba Grande. Prainha, Rio de Janeiro. Praia da Reserva, Trecho Nelson Mandela, Rio de Janeiro. Praia das Pedras de Sapiatiba, São Pedro da Aldeia. Trecho Pedras de Itaúna, Saquarema.

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