‘Não quero tomar chuva, quero ser meu patrão’: o que leva pedreiros a desistir da profissão e provoca alerta no setor

Durante 45 anos, o pai de Rodrigo Silva exerceu a profissão de armador na construção civil. Com mãos ágeis, José Pereira da Silva moldava as estruturas de concreto e aço de grandes obras da cidade de São Paulo.

Ser armador era valorizado na maior e mais rica cidade da América Latina, e José ensinou a Rodrigo tudo sobre a atividade, que ele seguiu por uma década.

Mas, há dois anos, Rodrigo, hoje com 38 anos, trocou o canteiro de obras pelas ruas paulistanas, fazendo entregas com sua moto. Foi o ponto final de um ciclo.

“Não quero mais acordar cedo, passar frio e tomar chuva para ser pressionado por encarregado e supervisor”, diz Rodrigo à BBC News Brasil.

“Hoje, ganho mais do que antes, folgo quando quero e sou meu patrão.”

O ex-armador e agora entregador diz que outro fator que o fez trocar de profissão foi a instabilidade.

“Você começa a receber bem, mas logo depois dizem que estão tendo prejuízo e te demitem”, diz Rodrigo.

A mudança, explica ele, foi pensando no seu próprio bem-estar e da sua família.

“Meu pai falava para eu não me apegar a nenhuma obra e nem à profissão. Dizia que, se aparecesse algo melhor, era para eu ir”, afirma.

Ainda assim, Rodrigo fez questão de viajar à Nova Soure, na Bahia, onde seu pai mora atualmente, para perguntar se ele o autorizava a mudar de área.

“Ele concordou na hora.”

‘Apagão’ de mão de obra

A história da família de Rodrigo ajuda a entender por que lideranças da indústria e profissionais do setor ouvidos pela BBC News Brasil apontam para uma falta de mão obra na construção civil em São Paulo.

As fontes concordam, no entanto, que não há números exatos sobre esse eventual déficit no Estado, que representa cerca de um terço do mercado nacional, segundo o sindicato que representa os trabalhadores do setor.

De acordo com dados do Sistema do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil encerrou o ano de 2023 com um saldo anual positivo de 158,9 mil contratações na construção civil.

Mas, no longo prazo, o número de trabalhadores no setor vem caindo.

O país tem atualmente 2,6 milhões de pessoas trabalhando diretamente na área. Em 2010, eram 3,2 milhões, quase 19% a menos.

Outro termômetro em números vem da pesquisa nacional Sondagem da Construção, feita mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O levantamento de fevereiro apontou que 25,7% dos empresários do setor estavam preocupados com a escassez de mão de obra no país.

Para David de Fratel, coordenador do SindusCons-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil), que representa as empresas do setor no Estado de São Paulo, há falta de profissionais especializados, ainda que ele não conheça levantamentos confiáveis para confirmar a percepção.

“O que existe é um déficit causado pela falta de interesse de novos entrantes”, diz Fratel.

“O jovem de hoje não quer mais a construção civil. Ele quer ser motorista de aplicativo e trabalhar em um carro com ar condicionado ou algo ligado à tecnologia”, complementa.

A visão de Fratel é reforçada por um estudo do SindusCon, feito com quase 800 mil profissionais da construção civil em 22 Estados.

O levantamento apontou que houve entre 2016 e 2023 um aumento da média de idade das pessoas que trabalham na construção de 38 para 41 anos.

“O que está acontecendo é muito grave e pode causar um apagão nas obras”, diz Fratel.

“Nossa pirâmide etária lembra a de países desenvolvidos, com entrada de poucos jovens e bastante gente mais velha. Falta atratividade e melhores condições de trabalho para atrair mão de obra.”

Renato de Sousa Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), concorda.

Ele afirma que os mais jovens estão se desinteressando pelo setor da construção por causa da exigência física da atividade.

“A pessoa precisa carregar saco pesado nas costas, tomar sol. Esse é o ponto”, diz Correa.

O presidente da CBIC reforça que não há uma pesquisa que indique a falta de trabalhadores na construção, mas afirma que, “em todas as áreas, está faltando mão de obra e vai piorar”.

No momento, o Brasil assiste ao aquecimento do mercado de trabalho em geral.

De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o trimestre encerrado em janeiro de 2024 fechou com uma taxa de desemprego de 7,6% no Brasil.

Essa é a menor taxa para um trimestre desse período desde 2015, quando o país registrou 6,9%.

“É muito difícil ter um índice de desemprego da construção, porque a pessoa está temporariamente na profissão, mas quando sai do emprego não faz mais parte do setor. Ela pode ser o que ela quiser, padeiro, motorista etc. Portanto, acho muito difícil haver um dado segmentado de desemprego”, diz Correa.

Ele ressalta outra característica do setor, a informalidade: “Hoje, temos 7,5 milhões de pessoas no setor, mas apenas 2,6 milhões são CLT”.

Ressaca pós-pandemia, eleição, novo PAC

Entre as lideranças dos trabalhadores, o diagnóstico não muda muito.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de São Paulo (Sintracon-SP), Antônio Ramalho, também usa o termo “apagão” para falar da falta de profissionais.

Ramalho diz que faltam tanto incentivos para a entrada de novos trabalhadores como treinamento para desempregados que queiram tentar a sorte na construção.

Ele aponta ainda outro fator que torna o fenômeno ainda mais evidente: o aumento da demanda a partir do fim de 2023.

“Desde novembro, houve uma retomada de obras públicas pelo governo federal e, quando você pega as prefeituras, vê que São Paulo virou um canteiro de obras”, afirma Ramalho.

Ana Maria Castelo, professora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), afirma que a construção civil está demonstrando resiliência e cita como outro fator de aumento da demanda o fato de 2024 ser um ano eleitoral.

“Esse mercado também está aquecido por conta de um novo ciclo de leilões de infraestrutura, obras do metrô e o anúncio do Novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, diz Castelo.

Em agosto passado, o governo Lula relançou o PAC, que marcou seu segundo mandato e a gestão Dilma Rousseff (PT), para alavancar os investimentos em infraestrutura e gerar empregos.

A promessa é investir R$ 371 bilhões do Orçamento da União em quatro anos.

O programa, somado às obras típicas de períodos eleitorais, como recapeamento, promete movimentar um setor que viveu altos e baixos nos últimos anos.

A construção civil teve um forte crescimento no início desta década, mas enfrentou uma queda acentuada de produção em 2023 até o novo impulso no fim do ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) do setor disparou 12,6% em 2021, reflexo das pequenas reformas domésticas durante a pandemia, e manteve-se alto em 2022, ainda que em um patamar mais baixo, com avanço de 6,8%.

Mas, em 2023, houve uma retração de 0,5%, segundo o IBGE — enquanto isso, o PIB brasileiro cresceu 2,9%.

Ainda assim, no quarto e último trimestre do ano passado, o setor cresceu 4,2%, e a expectativa é que volte a crescer em 2024.

Baixos salários e esforço físico

Adriano José Cordeiro, de 40 anos, que trabalha como pedreiro e azulejista confirma que o mercado está aquecido e não falta serviço, mas reclama dos baixos salários.

Mesmo assim, ele não pensa em deixar a profissão, porque diz amar o que faz.

“Eles pagam diárias de R$ 150 há alguns anos. Tem muita gente pulando fora por causa disso”, diz.

“Na pandemia, só trabalhei com aplicativo (de entregas). Mas, agora, eu consegui um emprego registrado na construção e só faço entrega nas horas vagas.”

Segundo o IBGE, cerca de 1,5 milhão de brasileiros trabalhavam com aplicativos e plataformas digitais em 2022, como serviços de entrega e transporte de passageiros.

Esse número era o equivalente a 1,7% da mão de obra do setor privado.

O engenheiro civil Denis Sousa coordena as obras de três condomínios que estão sendo erguidos na Zona Leste de São Paulo e também percebe transformação nos canteiros de obras em que trabalha.

“As novas gerações têm mais acesso a outras oportunidades, e esse ensinamento de pai para filho na construção está se perdendo”, diz.

Sousa diz que, na sua percepção, os trabalhadores que mais abandonaram os canteiros foram aqueles de áreas que fazem mais esforço e correm mais risco, como carpinteiro e armador, a antiga função de Rodrigo Silva, que prefere ser entregador em tempo integral.

“O armador carrega muito peso e trabalha sob sol ou chuva. Já o eletricista raramente trabalha em locais sem cobertura e não pega tanto peso. É um trabalho que não sacrifica tanto”, explica.

O engenheiro diz que, por enquanto, o impacto principal tem sido sentido principalmente nas obras em fase inicial, quando essas funções são mais requisitadas.

Mas aponta que isso é um alerta de que também pode faltar mão de obra nos canteiros mais para a frente.

“Esse é um sinal de que em um ou dois anos isso também vai se refletir no mercado de pintores e gesseiros, por exemplo”, diz Sousa.

‘Leilão’ de pedreiros

Com o mercado aquecido e a pressão para terminar as obras antes do prazo, empresas têm feito um leilão informal por pedreiros em São Paulo, segundo Antonio Ramalho, do Sintracon-SP.

“Isso tem acontecido constantemente. A concorrência precisa do trabalhador e vai até a obra do vizinho oferecer 30% a mais para ele trabalhar na dele”, diz.

Trabalhadores de canteiros de obras em São Paulo visitados pela reportagem confirmam que as ofertas de empregos fazem parte da rotina de trabalho.

Eles contam que são frequentemente sondados por outras construtoras no canteiro de obras. Alguns chamam de “oportunidade”, outros de “leilão”.

“Quase toda semana tem encarregado esperando a gente sair na calçada para perguntar se a gente aceita ir para outra obra por um salário melhor”, diz um dos profissionais.

“Esse leilão é um sinal de que eles estão desesperados. De vez em quando, eu aceito para me valorizar.”

Outro trabalhador, que dá expediente na mesma construção, disse que nega os convites que recebe.

“Eu fico com pé atrás. Vai que eu largo meu trabalho fixo para ir para o incerto, e a obra para. Minha família fica como?”, afirma.

“Deixo isso para os mais jovens que podem se arriscar.”

Ramalho afirma que as empresas têm buscado saídas para a falta de pedreiros.

“Uma das mais usadas é muito perigosa. Estão fazendo os funcionários trabalharem 12 horas por dia, aos feriados e fins de semana para compensar essa falta de trabalhadores e não atrasar as obras”, diz Ramalho.

“Os funcionários ganham mais dinheiro, mas, por outro lado, sofrem mais lesões e problemas de saúde. As obras também ficam mais caras por conta do pagamento de tantas horas extras.”

O sindicalista defende uma qualificação em massa de profissionais para atuar na construção civil e afirma estar debatendo com empresários e governos para criar o programa “Escola Canteiro”.

Segundo ele, pela iniciativa, trabalhadores desempregados ou que recebem seguro-desemprego aprenderiam a profissão fazendo obras em bairros periféricos.

Já a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que reúne 75 companhias do setor, informou em nota à reportagem que a “falta de mão de obra especializada é um ponto de atenção”.

Mas diz que treina constantemente seus colaboradores para que as obras avancem “sem interrupções significativas”.

Especialização e futuro da construção

Com o atual panorama, os especialistas do setor ouvidos pela BBC News Brasil afirmaram que as construtoras passaram a buscar saídas em mudanças na produção.

“Vemos uma busca pela industrialização da construção civil, com materiais pré-moldados e até módulos inteiros”, diz Ana Maria Castelo, professora da FGV.

A transformação diminuiria a necessidade de profissionais nas obras e agilizaria o processo de construção, apontam os especialistas.

O azulejista Adriano afirma que pretende se especializar para crescer na profissão e aproveitar o bom momento do mercado.

“Talvez eu faça um curso de mestre de obra para ser promovido e me tornar encarregado”, diz Adriano.

O azulejista avalia que, mesmo com os baixos salários oferecidos pelo mercado, não haverá escassez de mão de obra, pois muitos profissionais aceitam ganhar o que as empresas oferecem.

“Eu participo de muitos grupos de WhatsApp (com ofertas de emprego). E, sempre que aparece uma vaga, por menor que seja o salário, alguém sempre aceita”, diz.

Já Rodrigo Silva, que está há dois anos longe da construção civil, conta que já recebeu muitas ofertas para trabalhar novamente como armador e negou todas.

“Já me chamaram muitas vezes para voltar. Mas eu não tenho mais paciência para trabalhar em local fechado e com muita gente querendo mandar”, diz.

Questionado se ensinaria a profissão de armador ao filho, Rodrigo Silva diz que, se for necessário, ensinará “com muita honra”.

“Meu filho tem 2 anos e não sei como estará a construção civil quando ele crescer, mas vou tentar colocar ele para trabalhar com outra coisa. Quero ele na frente do computador.”

‘Quando super-ricos não pagam impostos, é o resto da população que paga’, diz economista Gabriel Zucman

O trabalho do economista francês Gabriel Zucman, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, têm sido um dos principais pilares de sustentação dos argumentos em defesa da tributação de grandes riquezas nos últimos anos.

Uma de suas publicações mais recentes, o relatório global sobre evasão de impostos de 2024, mostrou que um imposto global de 2% sobre a fortuna de bilionários poderia arrecadar US$ 250 bilhões (R$ 1,24 bilhão) – tributando menos de 3 mil pessoas em todo o mundo.

Discípulo do economista francês Thomas Piketty, Zucman defende que sistemas tributários que facilitam que os super-ricos não paguem impostos levam à instabilidade política e à corrosão das instituições democráticas no longo prazo.

“Quando os super ricos conseguem não pagar pagar impostos, é o resto da população que paga, e isso é insustentável”, diz o economista, que também é diretor do Observário de Impostos da União Europeia, em entrevista à BBC News Brasil.

“Grande concentração de riqueza é também grande concentração de poder, o que corrói a democracia.”

Vencedor de prêmios como a prestigiada medalha John Bates Clark para jovens economistas, Zucman tem sido convocado em diversos países para dar conselhos sobre políticas econômicas – notoriamente, foi considerado o “guru tributário” dos candidatos presidenciais americanos Bernie Sanders e Elizabeth Warren, que concorreram às primárias em 2020.

Na última semana, o economista esteve em São Paulo a convite do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para dar uma palestra em um dos encontros do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo.

Ele discursou para ministros da Economia dos países do grupo com o objetivo de convencer líderes mundiais das vantagens de um imposto global mínimo a ser pago pelos super-ricos.

Em entrevista à BBC News Brasil pouco antes do encontro, Zucman defendeu não apenas as vantagens de uma medida do tipo, mas também a viabilidade de tal acordo.

Ele diz que já existem experiências econômicas internacionais bem-sucedidas e que pesquisas recentes mostram onde os países erraram em tentativas de tributar bilionários no passado.

O economista diz ainda que não haveria um impacto negativo de um imposto sobre riquezas para a grande maioria da população e refuta argumentos de que isso poderia prejudicar o crescimento econômico.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida por Zucman à BBC News Brasil.

BBC News Brasil – Em seu trabalho o sr. propõe um imposto mínimo sobre grandes riquezas, um imposto global de pelo menos 2%. Qual a diferença entre cobrar imposto sobre riqueza e imposto de renda?

Gabriel Zucman – Essa é uma questão importante. Um ponto de partida é que, de acordo com estudos feitos em diversos países, os super-ricos pagam muito menos imposto proporcionalmente do que o resto da população. O motivo é que, quando você é muito rico, é muito fácil estruturar sua riqueza de forma que ela não gere o que é considerado renda.

Por exemplo, indivíduos como Jeff Bezos [fundador da Amazon] ou Elon Musk [presidente da Tesla], algumas das pessoas mais ricas do mundo, às vezes não têm nenhuma renda passível de tributação. Porque a noção de renda não é muito bem definida para os ricos, eles podem minimizar sua renda.

Então, nossa proposta é que haja um imposto global mínimo sobre riqueza, porque a riqueza é mais bem definida. Se você é bilionário, isso normalmente significa a soma do valor de mercado de todos os seus ativos menos a dívida.

Então, para as pessoas que pagam imposto de renda, não haveria cobrança a mais, mas, para os super-ricos, a cobrança seria uma porção da sua riqueza.

BBC News Brasil – Isso se aplicaria somente aos bilionários? Qual seria o ponto de corte?

Zucman – A ideia é um imposto mínimo global para os muito ricos, e quem entraria nessa categoria é algo que precisa ser discutido. Mas, para começar, cobrar 2% sobre a riqueza dos bilionários é algo que afetaria menos de 3 mil pessoas no mundo todo e geraria uma receita de US$ 250 bilhões.

Conceitualmente, não há nenhum motivo para taxar somente os bilionários, poderíamos taxar pessoas com centenas de milhões de dólares. Mas a ideia geral é ser um imposto para os super-ricos. Não é um imposto para quem só está bem de vida.

BBC News Brasil – Um acordo internacional do tipo é viável? É uma proposta bastante ambiciosa.

Zucman – É viável, com certeza. Quais são as principais dificuldades? Existe o risco de evasão fiscal. Mas a gente pode aproveitar uma iniciativa de grande sucesso em cooperação internacional da última década: a criação do sistema automático de troca de informações bancárias. Isso tornou mais difícil para os ricos esconderem ativos.

Existe a questão de como medir a riqueza, mas, para isso, só precisamos formalizar regras comuns para a avaliação da riqueza, e isso é factível. Outro risco é a competição tributária [quando países ou Estados diminuem os impostos para atrair os ricos], mas um acordo internacional diminui as chances de países “perderem” residentes, porque vai haver um imposto mínimo global.

BBC News Brasil – Mesmo se houver uma cooperação internacional para um imposto mínimo, pode haver países que decidam não aderir. O que impede os super-ricos de se mudarem para esses países? Isso seria algo que precisaria ser unânime para dar certo?

Zucman – Com certeza, haveria países que ficariam de fora do acordo. Mas não precisamos de um consenso global, porque nunca vai haver um consenso realmente global. É possível ter um grande número de países, como aconteceu em 2021, quando 130 países concordaram com um imposto mínimo de 15% para multinacionais.

Alguns países não ratificaram o acordo, mas há uma cláusula que diz que os países que ratificam o acordo têm o direito de tributar as empresas multinacionais dos países que não cooperarem para que a sua taxa efetiva de imposto também atinja 15%, então, poderíamos aplicar essa lógica na tributação dos super-ricos.

É possível que um grande número de países concordem, mas mesmo que alguns não concordem, isso não seria um problema, porque sempre podemos arrecadar os impostos que os outros países não arrecadam. Os países podem dizer, ‘olha, mesmo que você se mude para um paraíso fiscal, vamos continuar cobrando o imposto, então a mudança nem faz mais sentido’. Cria-se um mecanismo que, se um país não arrecadar aquele imposto, vai ter mais dinheiro na mesa para os outros arrecadarem.

BBC News Brasil – Como isso funcionaria?

Zucman – Haveria dificuldades se fosse um acordo somente de países pequenos. Mas, se grandes países do G20 concordarem e uma grande massa crítica aderir, não seria um problema se alguns outros países não aderissem, porque os países que aderissem poderiam cobrar os bilionários até atingir 2% da riqueza total – na medida em que eles têm necessariamente investimentos nos países que ratificaram ou durante o tempo em que passam nesses países.

Hoje, os muito ricos obtêm sua riqueza por possuírem empresas que têm clientes em todo o mundo e produzem em todo o mundo. Foi assim que se resolveu o problema da competição tributária no acordo para o imposto mínimo sobre multinacionais.

O resumo é que é possível criar esse imposto de uma forma que os ricos não poderiam evitá-lo se mudando. É muito importante entendermos que a competição tributária internacional não é uma lei da natureza. É uma escolha política. Podemos escolher tolerar isso ou não.

BBC News Brasil – Falamos de dificuldades operacionais e soluções, mas e as dificuldades políticas?

Zucman – A gente vê que há um caminho político em muitos países para isso. Um exemplo marcante são os Estados Unidos. Olha a evolução, é bem incrível. Em 2019, 2020, o presidente Joe Biden fez campanha contra um imposto sobre muito ricos. E, agora, ele apresentou um imposto de 25% sobre a renda de bilionários – com uma noção bem abrangente do que é renda.

Se você olhar para pesquisas de opinião de muitos países, vê que existe um apoio popular enorme para um sistema tributário mais progressista. Estamos falando de 70% a 80% de apoio entre pessoas de diversas orientações políticas.

Hoje, existe um entendimento melhor do que precisa ser feito concretamente para lidar com imposto sobre grandes riquezas. Muitos países tiveram impostos sobre riqueza no passado, mas que foram muito mal desenvolvidos, havia muita evasão fiscal, e os países toleravam a competição fiscal. Mas, desde então, tem havido muita pesquisa para entender essa experiência histórica, para aprender com os erros que alguns países cometeram. Então existem condições ideais para isso em muitos países grandes.

BBC News Brasil – Um argumento frequentemente usado por quem se opõe a essa ideia é que o imposto poderia desencorajar o crescimento econômico e diminuir o ritmo de geração de riqueza.

Zucman – O impacto negativo de um imposto sobre grandes fortunas seria zero para a grande maioria dos contribuintes e seus negócios. O impacto sobre o crescimento econômico seria, na verdade, positivo, porque a arrecadação poderia ser usada para ampliar o acesso à educação e à saúde e ampliar a infraestrutura, que são a chave do crescimento econômico.

Para a sociedade, o efeito seria muito positivo não só pelos investimentos possíveis gerados pela arrecadação, mas por outras razões. Quando os super-ricos conseguem não pagar impostos, é o resto da população que paga, e isso não é sustentável.

Um acordo reforçaria a confiança nas instituições democráticas e tornaria a globalização mais aceitável. E, com isso, os bilionários teriam benefícios, e seus negócios também. Eles deveriam apoiar – alguns apoiam.

BBC News Brasil – Quais são as áreas que criam mais oportunidades para evasão fiscal? Em seu relatório, o sr. citou o mercado imobiliário.

Zucman – Sim, o mercado imobiliário é uma das áreas, porque não está incluído no sistema de troca automática de informação bancária. É um ponto cego, mas a solução é muito simples: basta incluir propriedades imobiliárias no sistema.

BBC News Brasil – E as outras áreas? Hoje há uma preocupação com criptomoedas.

Zucman – Há evasão no mercado de criptomoedas com certeza. Mas, hoje, a principal forma dos muito ricos de evitar pagar impostos é criar empresas fantasmas, holdings artificiais que administram os negócios para evitar qualquer imposto de renda.

É um tipo de planejamento tributário, uma zona cinzenta entre evitar impostos e evasão fiscal. Essas empresas não têm nenhuma atividade econômica de fato. Esse é um problema que um imposto mínimo global sobre riquezas ajudaria a resolver.

BBC News Brasil – No Brasil, não são cobrados impostos sobre lucros e dividendos. O que o sr. pensa sobre isso?

Zucman – É um erro. Quase todos os países que têm imposto de renda também tributa dividendos. O problema de fazer isso é que dividendos são uma das principais formas de renda dos muito ricos, então, o que está acontecendo é que você não está tributando os mais ricos, o que é muito injusto.

O outro problema é que cria uma forma de evitar o pagamento de impostos. Uma das regras para uma legislação tributária eficiente é tributar diferentes formas de renda da mesma forma, assim as pessoas não podem estruturar sua renda para pagar menos impostos.

BBC News Brasil – A escola de pensamento que o sr. e Thomas Piketty seguem argumenta que o aumento da desigualdade vai gerar instabilidade política no longo prazo. Seu trabalho é uma crítica ao capitalismo ou uma maneira de “salvá-lo”?

Zucman – Meu trabalho é uma crítica ao capitalismo, no sentido de que há necessidade de uma crítica, porque sempre podemos fazer melhor. A forma como tributamos neste momento tem esse problema muito óbvio e gritante: o fato de favorecer a concentração de riquezas e a desigualdade. Concentração de riqueza significa também concentração de poder, o que corrói a democracia.

Estou muito focado em corrigir esse problema específico. Não vai consertar o capitalismo. Mas, junto com um imposto de renda progressivo, junto com um imposto sobre grandes heranças, pode ter um efeito grande.

O imposto sobre grandes riquezas não vai salvar o capitalismo, mas é um primeiro passo.

Os mapas sonoros que protegem onça-pintada de caçadores ilegais

As cataratas do Iguaçu ficam na Floresta Atlântica do Alto Paraná. No lado brasileiro, fica o Parque Nacional do Iguaçu. E, no lado oposto, o Parque Nacional Iguazú, na Argentina.

A região abriga mais de 2 mil espécies de plantas e uma imensa variedade de animais, incluindo a tão popular onça-pintada.

Para os mais de um milhão de turistas que visitam o local todos os anos, o cenário pode parecer apenas uma amostra de uma área que seria imensa e repleta de biodiversidade.

Mas, para as pessoas que conhecem bem a região, como a bióloga Yara de Melo Barros, os dois parques nacionais da região das cataratas, na verdade, são apenas “uma ilha de vida em meio ao desmatamento”.

Barros é coordenadora do projeto de conservação da onça-pintada chamado Onças do Iguaçu.

Ela ensina que, em 140 mil quilômetros quadrados da Mata Atlântica, existem apenas 300 onças-pintadas. E até um terço delas vive agora no estreito corredor de 2,4 mil km² protegido pelos parques nacionais do Brasil e da Argentina, na região das cataratas do Iguaçu.

Atualmente, a onça-pintada enfrenta alguma forma de ameaça em quase todo o seu habitat, que vai do sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. E um estudo da Cites – a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Selvagem – indica que essas ameaças estão aumentando.

À medida que o desmatamento se amplia e aumentam as incursões das estradas e da agricultura na floresta, a quantidade de presas diminui e os caçadores ilegais ganham cada vez mais acesso às áreas mais remotas.

E não são apenas os grandes felinos que estão enfrentando os riscos causados pelo desmatamento e pela caça ilegal. As populações de animais selvagens monitorados na América Latina e na região do Caribe como um todo diminuíram em catastróficos 94% nas últimas décadas, segundo o relatório Living Planet de 2022, elaborado pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigla em inglês).

“A caça precisa ser controlada com urgência” afirma Barros. “Os caçadores entram para caçar outros animais e acabam matando a onça-pintada.”

Mas evitar a caça ilegal de qualquer criatura não é uma tarefa fácil, especialmente quando os parques mantêm relativamente poucos funcionários, frequentemente responsáveis pelo patrulhamento de grandes áreas.

Por isso, os pesquisadores e os funcionários dos parques da região das cataratas passaram a explorar novos meios para prever onde podem estar agindo os caçadores ilegais. E eles estão buscando ajuda em novas tecnologias de mapeamento.

Mapeando o problema

No início dos anos 2000, os guarda-parques ainda preenchiam relatórios de campo manualmente, segundo Cecilia Belloni. Ela trabalha há muito tempo como guarda-parque na fronteira leste do Parque Nacional Iguazú, na Argentina.

“Agora, usamos telefones via satélite na floresta, além do sistema Smart (sigla em inglês para Ferramenta de Monitoramento e Relatório Espacial) e do Sistema de Informações Geográficas Quantum para análises espaciais”, explica Belloni.

Segundo ela, “os Sistemas de Informações Geográficas podem aumentar a eficiência das patrulhas dos guarda-parques”, pois permitem que as equipes florestais registrem melhor os dados e quantifiquem qualquer informação relevante que seja observada.

Esses dados podem incluir desde incêndios até desmatamento e mudanças do uso da terra, dentro e fora das áreas protegidas.

O aplicativo Smart nos celulares ou tablets ajuda os guarda-parques a selecionar e padronizar todos os novos dados registrados. Esse software livre, de código aberto, e suas ferramentas de análise foram especialmente projetados para auxiliar os gerentes de conservação no seu trabalho de vigilância.

O aplicativo foi disponibilizado para os guarda-parques argentinos pela primeira vez em 2014, durante uma viagem de treinamento para a Tailândia, e foi testado em seguida no Parque Nacional Iguazú.

Atualmente, 20 dos 50 parques nacionais argentinos adotam o sistema Smart, segundo o técnico de serviços de informações geográficas Leónidas Lizarraga, da Administração de Parques Nacionais da Argentina (APN).

Lizarraga explica que, ao registrar fotos geolocalizadas de cada cápsula de munição encontrada, os guarda-parques podem definir uma trilha de caça.

“[Isso] acaba permitindo que eles sigam a trilha e encontrem pessoas que estão além das áreas de visitação pública”, afirma ele.

Os caçadores ilegais também costumam usar árvores frutíferas como isca, segundo Belloni, como o timbó, que serve de alimento para as antas.

Marcando (ou “geolocalizando”) no software a localização dessas árvores e sua estação de frutificação, os guarda-parques também podem planejar melhor suas patrulhas.

A APN pretende expandir o uso do Smart para todos os parques nacionais argentinos no início deste ano, segundo o guarda-parque Federico Rodríguez Mira, encarregado de operações do Parque Nacional Iguazú.

“A APN pretende adquirir equipamentos eletrônicos como smartphones e tablets resistentes a condições meteorológicas extremas, para aprimorar substancialmente a coleta de dados de campo e auxiliar na tomada de decisões”, explica ele.

Ouvindo a floresta

Mas a utilidade da tecnologia Smart depende dos dados disponíveis para alimentar o sistema.

Após 18 anos de monitoramento da população de onças-pintadas nos parques nacionais do Iguaçu, o número desses animais atingiu um pico de 105 em 2018. Desde então, a população de onças vem caindo e já atingiu cerca de 93.

“A situação operacional como um todo melhorou muito, mas a realidade é que [ainda] enfrentamos um alto número de caçadores”, segundo Belloni. E os conservacionistas da região das cataratas procuram constantemente novas formas de mapear e prever onde estarão os caçadores ilegais.

Existe ainda uma outra ferramenta de mapeamento baseada no som. Em agosto de 2018, pesquisadores brasileiros e argentinos começaram a usar métodos de monitoramento acústico para mapear os locais de caça nos dois lados da fronteira.

Apoiados pelo Projeto Yaguareté (o equivalente argentino do Onças do Iguaçu), a equipe de pesquisa instalou 20 gravadores de áudio dentro e fora da região das cataratas. O experimento durou sete meses.

A bióloga argentina Julia Martínez Pardo registra as coordenadas de um gravador automático que irá ajudar sua equipe a monitorar a atividade de caça de animais silvestres.

O estudo cobriu uma enorme área sem precedentes – 4.637 km². Posicionando os gravadores automáticos no alto das árvores, fora da visão dos caçadores, os pesquisadores conseguiram gravar os sons de tiros disparados a uma distância de até 2 km de cada local.

Ao final dos sete meses, eles haviam registrado tiros em 43 dos 90 locais de monitoramento – e cada uma dessas 43 estações registrou de um até 68 tiros.

Os pesquisadores usaram as informações para elaborar um mapa de previsão da atividade de caça ilegal. Eles também validaram seu modelo com viagens de campo em busca de evidências físicas, como cartuchos de balas e cortes de vegetação.

Essa validação confirmou que o mapa teve 82% de confiabilidade, segundo a líder do projeto, a bióloga de conservação Julia Martínez Pardo, do Instituto de Biologia Subtropical de Misiones, na Argentina.

No futuro, a aplicação prática desse sistema poderá ajudar ainda mais os guarda-parques a patrulhar com mais eficiência.

Pardo afirma que, cruzando os dados de monitoramento acústico com as trilhas de patrulha, os guarda-parques podem determinar se as suas patrulhas coincidem com os locais com maior incidência de tiros. E, se os mapas não coincidirem, as operações podem ter seus trajetos alterados.

O designer e engenheiro eletrônico Sergio Moya, da Universidade Nacional de Misiones, foi o criador do algoritmo usado pela equipe de Julia Martínez Pardo.

“Hoje em dia, a quantidade de recursos alocados à conservação é muito escassa”, segundo ele. “Por isso, precisamos inevitavelmente confiar na tecnologia, para otimizar as ações e concentrar os esforços onde eles são realmente necessários.”

Já existem outras provas de que essa combinação de fontes de dados pode produzir resultados concretos.

Desde 2017, a ONG internacional Panthera vem desenvolvendo uma técnica similar de monitoramento acústico no seu trabalho de combate à caça ilegal na Guatemala e em Honduras. E, em três anos, as autoridades locais conseguiram usar os dados acústicos para prender três caçadores.

A coordenadora do Panthera para a Guatemala, Bárbara Escobar, explica que seu trabalho na região de Sierra del Caral, na fronteira com Honduras, é especialmente importante para as onças-pintadas.

Estudos genéticos demonstram que a conectividade da espécie na América Central e no México está sendo perdida.

“Embora tenhamos descoberto que a caça na região se concentra nas presas da onça-pintada, ela também é uma ameaça para o grande felino”, afirma Escobar, “pois a perda das presas e o desmatamento do seu habitat contribuem para a perda de conectividade.”

Além do mapa

Voltando às cataratas do Iguaçu, a combinação de sensores visuais e acústicos ajudaria as equipes de guarda-parques a concentrar seus esforços, segundo Federico Rodríguez Mira. Da mesma forma, a adoção de drones também pode ajudar a vigilância em áreas de difícil acesso.

Por isso, Rodríguez Mira afirma que a APN argentina tem planos de incorporar estas e outras tecnologias em 2024. A esperança é que os novos equipamentos ajudem a orientar seu trabalho de vigilância da caça ilegal e liberem tempo dos funcionários para que possam monitorar e auxiliar os mais de um milhão de visitantes que visitam o parque nacional todos os anos.

O estudo de Julia Martínez Pardo também concluiu que melhorar o mapeamento e o patrulhamento pode ser muito útil para reduzir a caça ilegal.

Seu modelo demonstrou que os principais fatores determinantes da ocorrência de caça foram a distância até os postos de controle dos guarda-parques (que servem de entraves para a atividade ilegal) e a proximidade e fácil acesso a assentamentos humanos, que são locais convenientes para os caçadores. Quando o acesso às cidades e vilarejos é mais fácil, a atividade de caça aumenta.

Por isso, também é essencial combater as ameaças à vida selvagem na fonte – especialmente depois da posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, que pretende enfraquecer a proteção ambiental.

O estudo de Pardo recomenda, entre outras medidas, melhorar a situação socioeconômica dos moradores locais. O turismo pode trazer novas fontes de renda, mas também aumenta as dificuldades, já que a infraestrutura turística ajuda os caçadores.

No Brasil, o analista ambiental Ivan Carlos Baptiston, ex-chefe do Parque Nacional do Iguaçu, destaca que os recentes planos de reabertura da Estrada do Colono, que atravessa áreas protegidas do Parque Nacional do Iguaçu, foram suspensos. Por outro lado, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro assinou uma nova concessão para o parque em 2022.

“As novas propostas ainda estão em discussão, mas elas autorizariam novos mirantes e pontes no já saturado circuito das Cataratas, que divide a floresta em volta das quedas d’água”, explica Baptiston. Ele está preocupado com o impacto dessas medidas sobre a biodiversidade da região.

Os métodos adotados pelos caçadores também estão ficando cada vez mais sofisticados. Yara Barros destaca que, no Brasil, eles usam temporizadores para liberar iscas e atrair as presas, além de silenciadores para despistar as patrulhas e, em alguns casos, até GPS e walkie-talkies.

As multas para os infratores podem ser consideráveis. Em 2023, um caçador foi multado na Argentina em 3,77 milhões de pesos – o equivalente a quase US$ 11 mil (cerca de R$ 53,6 mil), ou 29 vezes o salário mínimo médio da Argentina, na época.

Ainda assim, muitos caçadores ainda se livram da prisão, segundo Nicolás Lodeiro Ocampo, um dos fundadores e diretor-executivo da ONG argentina Red Yaguareté.

“Na Argentina, as sentenças de menos de três anos de prisão por qualquer delito são cumpridas em liberdade”, afirma ele. “Por isso, precisamos aumentar as penas para pelo menos quatro ou oito anos.”

A coordenadora do Programa Paisagens Terrestres da Fundação Vida Silvestre Argentina, Lucía Lazzari, acredita que os esforços para introduzir novas ferramentas tecnológicas, como o sistema Smart e o monitoramento acústico, devem sempre fazer parte de um conjunto maior de ações de conservação ambiental.

Estas ações devem incluir o trabalho de conservação, restauração e conexão de habitats, além do combate ao desmatamento ilegal e à degradação da floresta, bem como a promoção de práticas de produção sustentáveis.

“O desmatamento é a ameaça mais importante enfrentada pela nossa floresta hoje em dia”, afirma Lazzari. “[Ele] afeta não só os animais, como a onça-pintada, mas também as pessoas que vivem e dependem dos serviços do ecossistema [da floresta].”

Para Yara Barros, o uso de mapas de alta tecnologia para melhorar as patrulhas dos guarda-parques deve ser combinado com o trabalho junto às comunidades locais. E, se não houver mudanças, ela teme pelo pior.

“Não quero viver em um mundo onde os olhos dourados da onça-pintada não existem mais”, conclui a bióloga.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

“Brasil é parceiro estratégico fora da Ásia”, diz Alberto Ninio

O brasileiro Alberto Ninio, depois de 20 anos trabalhando no Banco Mundial, deixou o Ocidente para embarcar em um novo desafio em Pequim, na China, ao aceitar fazer parte de um novo projeto, que nasceu gigante: o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês).

Comandando a área jurídica do AIIB, é o único diretor brasileiro da instituição, e um dos três brasileiros que atuam em todo o banco, que tem a sede na capital chinesa. Em viagem ao Brasil, junto com o presidente do AIIB, Alberto Ninio conversou com o Correio e contou que o banco asiático tem cerca de R$ 75 bilhões no caixa para investimentos fora do continente e espera que o Brasil se torne um parceiro estratégico da instituição.

Com dinheiro no caixa e vontade de participar de investimentos no Brasil, o AIIB está pronto para financiar obras do PAC e projetos de energia limpa. Duas iniciativas que estão em discussão com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) podem significar uma injeção de R$ 2,5 bilhões (US$500 milhões) na instituição brasileira de fomento.

A diretoria do banco, que esteve em São Paulo para as reuniões do G20, deve fazer um giro pelo país antes de voltar para Pequim e se encontrar com autoridades brasileiras, incluindo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (PSD).

O AIIB é o segundo maior banco multilateral do mundo. O que vocês têm de diferente?

Temos o DNA dos bancos multilaterais que a gente conhece, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe). Mas o AIIB é de uma safra mais jovem, ele nasceu em 2015, no mesmo ano do Banco dos Brics (New Development Bank), e é um banco focado na infraestrutura, na conectividade com a Ásia. Mas nasceu com um capital bastante robusto, de US$ 100 bilhões, é o segundo maior banco em termos de capital (o Banco Mundial é o primeiro). É também o segundo maior em número de membros: tem 109 países-membros hoje e o Brasil é um membro fundador. Nosso banco tem foco em infraestrutura e conectividade, dentro da Ásia, mas também com a África, América Latina e Europa, fazendo a conectividade com a Ásia.

O Brasil pode pegar dinheiro emprestado?

O Brasil é um sócio-fundador, ele pode tomar recursos do banco, da mesma forma que toma recursos do BID e do Banco Mundial. É um sócio pleno, tem direito a voto e pode receber recursos, sim. A gente é uma mistura de banco que faz negócios com o setor público e com o setor privado. Nós investimos no foco de infraestrutura e temos três pilares. O primeiro é a economia verde e as mudanças climáticas, o segundo pilar é conectividade na Ásia e com a Ásia, e o terceiro pilar é o desenvolvimento do setor privado.

Onde estão os projetos do AIIB no Brasil?

A gente ainda tem ainda poucos projetos por aqui, mas com base na plataforma de infraestrutura na linha do setor privado. A gente tem um projeto com Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), que é um banco público, que foi feito durante a época da pandemia, centrado na cadeia de produção em Minas com foco na Ásia; e temos dois projetos em fundos de investimento em infraestrutura. Um é o fundo privado de investimento em infraestrutura baseado no Rio de Janeiro, e o outro é com um fundo de investimento privado gerido pelo Banco BTG Pactual.

E quanto o AIIB pode emprestar ao país?

Hoje nós temos investidos US$ 350 milhões de dólares: o BDMG são US$ 100 milhões, BTG recebeu US$ 200 milhões e o fundo 20, US$ 50 milhões. Nós temos uma destinação estratégica que até 15% do capital do banco pode ser investimento fora da Ásia, ou seja, estamos falando de US$ 15 bilhões de dólares do capital total de US$ 100 bilhões. Mas se você juntar tudo que nós já investimos fora da Ásia, não só no Brasil, a gente não chega nem perto disso, porque é um banco ainda muito novo. Então ainda tem muito espaço no banco para investir no Brasil.

O banco pretende financiar o PAC?

Perfeitamente, acho que isso cabe exatamente dentro dos nossos três pilares de hoje. Nossas diretrizes guardam uma correlação com os interesses brasileiros. Investimento, infraestrutura, investimento via setor privado, investimento na economia verde. Tem muita coisa dentro do PAC que cabe nisso, só para te dar alguns exemplos do que seriam projetos que teriam uma conexão importante com a estratégia do AIIB e a estratégia do governo brasileiro, número um é a transição energética, a energia eólica, a energia solar; segundo a situação do nosso setor de infraestrutura, a questão de portos, aeroportos, ferrovias, tudo isso poderia se beneficiar de recursos do banco, porque encontra um encaixe muito importante com a conectividade com a Ásia e também com a transição energética.

E dos US$ 15 bilhões, quanto pode ser destinado ao PAC?

Da nossa parte, não existe um teto, não existe um número. O Brasil é um país elegível, a gente vê projeto por projeto, se for um projeto que corresponda na análise financeira, na análise socioeconômica e na análise de impacto ambiental, são projetos perfeitamente elegíveis, para financiamento do banco, sendo ou não encaixados dentro do PAC.

O governo brasileiro organizou a sua agenda de infraestrutura dessa forma e nós estamos indo a Brasília. O presidente do banco visitará Brasília amanhã e terça-feira, justamente para se aprofundar no diálogo e conhecer as necessidades do Brasil para tentar transformar esse diálogo em parceria.

É possível uma parceria com o BNDES?

Isso já está em construção, existem dois projetos sendo preparados com o BNDES. Um com a garantia do governo federal e outro sem a garantia do governo federal, que é justamente um fundo de investimento para o financiamento da infraestrutura brasileira. Então nós estaremos com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ainda na terça-feira. Vamos não apenas aprofundar essas conversas nesses dois projetos já identificados, mas também fazer um memorando de entendimento, pois a gente quer ter uma relação realmente mais institucional com o BNDES.

E qual será o aporte?

Com o BNDES está se discutindo a possibilidade de US$ 500 milhões de dólares, nos dois projetos. Ainda está cedo para dizer o que seria um, o que seria outro, isso a gente vai conversar na semana que vem. De resto, existe essa predisposição muito positiva das duas organizações trabalharem juntas. O BNDES já enviou uma missão para Pequim no ano passado, agora a gente está retribuindo.

Cerca de R$ 2,5 bilhões? Esses investimentos podem ser a fundo perdido, em inovação, em energia verde?

O valor é esse, quanto aos projetos, o BNDES tem muito daquilo que se encaixa com os nossos três pilares, mas ainda estamos no desenho do conceito, agora que a gente vai se aprofundar nos detalhes. Estamos muito confiantes nessa parceria com o BNDES, que deve se aprofundar e seguir em frente.

Além do BNDES, onde mais o AIIB pode estar no PAC?

O banco aposta em ampliar a atuação no Brasil?

Sendo do PAC ou fora do PAC, o que se encaixar com os três pilares, seja do setor privado, seja do setor público, na área de infraestrutura, nós estaremos dispostos a dialogar nesse sentido.

Existe realmente o interesse do banco, que vê o Brasil como um parceiro estratégico fora da Ásia. Não há dúvida, pelo tamanho do Brasil, pelo posicionamento do Brasil, pela sua conectividade com a Ásia, então é um ponto pacífico que há interesse do banco em aprofundar esses laços.

Participamos do diálogo nessa reunião do G20, em São Paulo, sobre a melhoria e a reforma do sistema de bancos multilaterais. Ver os bancos multilaterais como um sistema, fazê-los maiores, melhores e mais eficientes, trabalhando de uma maneira mais rápida para que o recurso chegue mais cedo na ponta.

O AIIB é como um banco público? Quais são os cuidados?

Temos certos cuidados, como banco público, com recursos públicos, que nós tomamos, mas temos uma margem de risco, pois lidamos também com o setor privado. Temos regras que nos permitem tomar certos riscos, mas são limitados. Por exemplo, a gente não investe mais de 30% do valor total de um projeto. Também fazemos a diligência ambiental, que segue os padrões ambientais do banco, são padrões socioambientais para o investimento, o nosso ESG. Além disso, o recurso que é auferido das operações se reverte em novas operações, porque é um banco sem fins lucrativos.

O governo chinês comanda o banco?

Respondendo diretamente a sua questão, a China não tem o poder estatutário, pelo percentual que ela detém, de bloquear ou de impor projetos. Mas a China tem seus 26%, a Europa tem 22%, mas o que nós temos hoje é uma governança para equilibrar essa percepção, principalmente em momentos de tensão geopolítica como a gente vive, que se equipara a outros bancos multilaterais.

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Serra Pelada: Um destino sustentável com visão de futuro, inovação e desenvolvimento!

Em abril de 2023, a Associação Empresarial e Agropastoril de Curionópolis, onde se encontra o distrito de Serra Pelada, no estado do Pará, implantou de forma corajosa e futurista, a Câmara Empresarial de Turismo – CETUC em sua estrutura administrativa, com uma composição, que pinça associados advindos da cadeia produtiva de serviços, que abastecem a movimentação turística no município.

Esta iniciativa se deu em parceria com uma empresa mineradora que atua no território e que disponibilizou uma consultoria técnica para assessorar o empresariado local, no que tange às discussões necessárias a diversificação econômica naquele pequeno município, que por hora respira os benefícios da atividade mineradora, mas que tem um empresariado atento à necessidade de se planejar o futuro econômico!

De olho no turismo

De lá para cá, mensalmente tenho acompanhado presencialmente a evolução das discussões da Câmara Empresarial de Turismo da Associação Comercial de Curionópolis e fica nítida a compreensão de todos sobre o que tem representado a movimentação em torno da atividade turística nas últimas décadas, sendo o turismo visto como uma das mais promissoras atividades econômicas mundiais, geradora de postos de trabalho e de divisas.

Reunião Câmara Empresarial (Foto: CETUC)

O turismo gera atividades indiretas que atingem os mais variados setores da economia, desde a indústria até a agricultura. O setor de turismo é muito reconhecido por gerar empregos em variados segmentos e por demandar mão de obra intensivamente, sendo muitas vezes a porta de entrada de muitos trabalhadores para o mercado de trabalho, portanto, a atividade turística, é pauta para o setor empresarial.

É notório, que a atividade turística tem impactos econômicos positivos de fácil avaliação e mensuração. Provoca um aumento das receitas para quase todos os tipos de serviços, com um incremento direto na renda dos moradores.

Sobre Curionópolis e Serra Pelada

Curionópolis, hoje tem uma população de aproximadamente 19 mil habitantes e está localizado a 753 quilômetros da capital do Pará, Belém e está localizada bem ao lado da progressista Parauapebas na região de Carajás.

Hoje a economia local se consolida na geração de emprego dos projetos de mineração em implantação e de uma boa fatia do comercio local, onde é real uma significativa geração de empregos. O comercio se configura principalmente nos gêneros alimentícios, de vestuários, hotelaria, combustíveis e serviços diversos.

Ou seja, Curionópolis é uma cidade pacata, com um quotidiano rotineiro e que vê na atividade turística uma oportunidade de fomento, que contribui com a autoestima e com sentimento de pertencimento de suas belezas naturais, suas tradições e de seu ímpeto empreendedor, afinal por lá já é consenso, que o turismo “Resgata tradições culturais e identidade locais e valoriza o saber fazer”, de acordo com opiniões de moradores.

Cava principal de Serra Pelada, hoje inundada (Foto: Ubiraney Figueiredo)

Curionópolis percebe como seu maior atributo, o distrito de Serra Pelada, local, que foi palco da mais fascinante passagem sobre o garimpo no Brasil, onde uma legião de garimpeiros se arriscavam, com esforços dos mais rudimentares para tentar lucrar com uma pequena parte, das toneladas de ouro, que eram garimpadas na grande cava. Há relatos de que em 1983 a exploração alcançou uma produção estimada de mais de 17 toneladas de ouro, considerado o recorde da exploração em Serra Pelada.

Enfim, uma passagem intrigante, alarmante, emocional, desafiadora e muito instigante do desenvolvimento social e econômico daquela região, que merece ser revista, em um capítulo especial por aqui.

Vou tentar, em algum momento, resgatar essa passagem importante da história contemporânea do Brasil.

Um novo produto turístico

Por hora, voltemos ao brilhantismo da iniciativa da implantação da Câmara Empresarial de Turismo da Associação Comercial de Curionópolis, porque já se aproximando o primeiro aniversário de sua implantação, caminha a passos largos, firmando parcerias consistentes, que incluem, dentre outros atores o SEBRAE, vislumbrando apresentar em breve, o seu primeiro produto turístico para o mercado,

Este novo produto chegará com uma pegada socialmente responsável e confirmando que Serra Pelada, com todo o seu arcabouço histórico, social, econômico e emocional, será mostrado como um destino sustentável, no estado do Pará, que colaborará com a conservação ambiental, contribuindo com o acesso aos recursos naturais dentre outros atributos e vocações locais a futuras gerações.

Já dizia a Organização Mundial do Turismo, que “Os impactos socioculturais do turismo nas cidades de destino e na vida dos residentes são o resultado das relações sociais cultivadas durante a permanência dos turistas, cuja intensidade e duração dependem de fatores espaciais e temporais restritos (OMT, 2001)”.

A movimentação turística, consolida-se como atividade geradora de emprego, renda e desenvolvimento econômico, principalmente, em territórios, que apostam nesse ramo de atividade e realizam investimentos de todas as ordens, agregando capacitações profissionais, revitalizações tanto de áreas públicas quanto privadas, além da oferta de novas experiências.

A atividade turística é uma das mais importantes no setor econômico e da geração de emprego e renda, assim como a criação de novos negócios e aumento da produção de bens e serviços, uma vez que traz com ela, desenvolvimento às localidades, e possíveis melhorias na infraestrutura, trazendo benefícios aos turistas e promovendo a qualidade de vida das comunidades!

É inegável, que a atividade turística ordenada e bem planejada, tem uma oferta “democrática” de empregos, gera renda e oportunidades e fomenta o senso de pertencimento local e o desenvolvimento intelectual e econômico das comunidades!

Ainda é precoce falarmos de maneira mais profunda sobre este novo produto turístico, mas de fato, as decisões vêm sendo tomadas por lá!

Um relato consciente da empresária Iraídes

Vejam o que diz a empresária Iraídes Campos, que também é a atual Presidente da Associação Comercial de Curionópolis: “Como Presidente da Associação Comercial e Agroindustrial de Curionópolis (ACAC), vejo a criação da Câmara Empresarial de Turismo dentro da nossa estrutura como um passo estratégico e visionário.

Este movimento não é apenas uma aposta no turismo como vetor de desenvolvimento econômico, mas também um reconhecimento do potencial inexplorado de nossa região. A qualificação da cadeia produtiva local, em sintonia com a valorização das nossas potencialidades turísticas, reflete nosso compromisso com a sustentabilidade e a geração de oportunidades. Estamos diante de uma possibilidade real de transformar Curionópolis em um destino reconhecido pela sua oferta turística diferenciada e responsável, fomentando assim, não só o crescimento econômico, mas também a inclusão social e a preservação ambiental.

Cava principal de Serra Pelada (Foto: Ubiraney Figueiredo)

Além disso, não podemos esquecer o papel fundamental que a história e a cultura do garimpo desempenham em nosso município, especialmente em Serra Pelada. O legado econômico e social dessa era marcada pela força e determinação de nossos antepassados, constitui uma rica herança que pretendemos valorizar e compartilhar com o mundo.

Ao integrar a narrativa do garimpo à nossa proposta de turismo, reafirmamos a identidade única de Curionópolis e criamos uma conexão autêntica com visitantes em busca de experiências significativas. A ACAC está comprometida em liderar esse movimento, visando não apenas o engrandecimento econômico, mas também a preservação da nossa história e a promoção de um futuro mais próspero e sustentável para todos.”

Fantástico, concordam? Fico maravilhado, depois de tantos anos militando nos processos de desenvolvimento responsável do turismo no Brasil, ouvir o segmento empresarial ter tamanha clareza do seu fundamental papel neste processo.

Planejamento turístico é essencial

Dentre outras questões, essa percepção traz à tona a importância do planejamento turístico. Nada se transforma “da noite pro dia”, como se diz no bom mineirês!

Trata-se de um exercício de alinhar o trabalho dos diferentes atores ligados ao turismo, de forma a obter um conjunto integrado de ações que contribuam como o desenvolvimento e melhoria dos produtos e serviços turísticos e, consequentemente, melhore a qualidade de vida e aquece a economia local;

Por isso criar uma Câmara Empresarial de Turismo na estrutura da Associação Comercial de Curionópolis, foi uma tacada de mestre, uma vez que a própria entidade cuidou de se instrumentalizar para o desenvolvimento de uma nova matriz econômica, promovendo a gradativa diversificação na economia local.

O ponto positivo para a Câmara Empresarial de Turismo é que o Brasil só teve uma aventura social chamada Serra Pelada e ela está em Curionópolis. Já o contraponto está no fato de que a mesma Câmara Empresarial de Turismo não pode e não vai errar!

Entenda as Câmaras Empresariais

As Câmaras Empresariais são órgãos colegiados, consultivos, de apoio e intermediários nas representações, promoções e defesa dos interesses do desenvolvimento econômico local. Com estas ferramentas implementadas no meio comercial, ganham o setor dos meios de hospedagem, alimentos e bebidas, transporte, gastronomia típica, artesanato, setor cultural, dentre outros tantos.

Uma Câmara Empresarial de Turismo bem gerida é uma importante instituição que cumpre o objetivo de promover o turismo local e garantir o desenvolvimento sustentável do setor, contribuindo para a geração de emprego e renda e para a valorização da cultura e dos recursos naturais da região, que aliás são inúmeros.

O fato de a Associação Comercial instituir um foro de discussão, em nível de integração, entre o mercado e a atuação dos agentes econômicos privados e os trabalhadores no município, cria um canal significativo para que se promova um desenvolvimento local e este, alinhado com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, que são um forte apelo à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e assegurar que todas as pessoas tenham paz e prosperidade.

Não menos importante é o fato de que se torna primordial que a Câmara Empresarial de Turismo em Curionópolis atue como agente intermediário nas representações, promoções e defesa dos interesses do desenvolvimento sustentável da cidade, incentivando a qualificação de mão de obra, gerando fóruns de discussões, que estreitarão diálogos com empresários da cadeia produtiva e a sociedade local.

Daniel Soares, empresário e gestor da entidade

Um dos entusiastas e pessoa que cumpriu um papel importante na decisão de se implantar a Câmara Empresarial de Turismo na estrutura da Associação Comercial e Agropastoril de Curionópolis, o empresário e gestor da entidade, Daniel Soares comenta, “Vislumbramos no turismo não apenas uma fonte de renda adicional, mas uma poderosa ferramenta para qualificar a cadeia produtiva local. Através do desenvolvimento de serviços turísticos de qualidade, capacitando os empreendedores locais e promovendo a preservação dos recursos naturais, podemos impulsionar o crescimento econômico de forma sustentável. Além disso, reconhecemos as potencialidades únicas de nosso município como um destino turístico sustentável.

Monumento ao garimpo (Foto: Ubiraney Figueiredo)

Curionópolis possui uma rica história e paisagens deslumbrantes, que podem atrair visitantes em busca de experiências autênticas e contato com a natureza. Através da promoção e valorização desses atrativos, podemos diversificar nossa economia e criar oportunidades para a comunidade local.

É impossível falar sobre o potencial turístico de Curionópolis sem mencionar a força histórica e social do movimento do garimpo em nosso distrito de Serra Pelada. Essa trajetória única deixou um legado econômico e cultural que ainda ressoa em nossa comunidade. Ao reconhecer e preservar essa herança, podemos não apenas atrair visitantes interessados em conhecer nossa história, mas também gerar oportunidades de emprego e desenvolvimento para nossos cidadãos.

Portanto, vemos na implantação da Câmara Empresarial de Turismo uma oportunidade de unir esforços e recursos em prol do desenvolvimento sustentável de Curionópolis. Ao trabalharmos juntos para promover nosso destino e qualificar nossa oferta turística, estamos construindo um futuro mais próspero e inclusivo para todos os envolvidos.”

Pois é, preciso caminhar para o fechamento desse texto, mas antes, é necessário ressaltar que mesmo repetindo insistentemente a força propulsora na economia, que pode ser impulsionada por meio da atividade turística, todas as vezes, que me deparar com tomadas de decisões assertivas em favor do desenvolvimento de territórios lançando mão deste segmento que prezo tanto, como foi o caso da Associação Comercial de Curionópolis, implantando um colegiado específico para discutir o tema turismo, farei questão de trazer ao destaque.

Acompanhem o município de Curionópolis daqui pra frente e observem a transformação, que está só começando!

Viva a Região Norte e viva o Brasil!

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Serra Pelada: Um destino sustentável com visão de futuro, inovação e desenvolvimento!

Em abril de 2023, a Associação Empresarial e Agropastoril de Curionópolis, onde se encontra o distrito de Serra Pelada, no estado do Pará, implantou de forma corajosa e futurista, a Câmara Empresarial de Turismo – CETUC em sua estrutura administrativa, com uma composição, que pinça associados advindos da cadeia produtiva de serviços, que abastecem a movimentação turística no município.

Esta iniciativa se deu em parceria com uma empresa mineradora que atua no território e que disponibilizou uma consultoria técnica para assessorar o empresariado local, no que tange às discussões necessárias a diversificação econômica naquele pequeno município, que por hora respira os benefícios da atividade mineradora, mas que tem um empresariado atento à necessidade de se planejar o futuro econômico!

De olho no turismo

De lá para cá, mensalmente tenho acompanhado presencialmente a evolução das discussões da Câmara Empresarial de Turismo da Associação Comercial de Curionópolis e fica nítida a compreensão de todos sobre o que tem representado a movimentação em torno da atividade turística nas últimas décadas, sendo o turismo visto como uma das mais promissoras atividades econômicas mundiais, geradora de postos de trabalho e de divisas.

Reunião Câmara Empresarial (Foto: CETUC)

O turismo gera atividades indiretas que atingem os mais variados setores da economia, desde a indústria até a agricultura. O setor de turismo é muito reconhecido por gerar empregos em variados segmentos e por demandar mão de obra intensivamente, sendo muitas vezes a porta de entrada de muitos trabalhadores para o mercado de trabalho, portanto, a atividade turística, é pauta para o setor empresarial.

É notório, que a atividade turística tem impactos econômicos positivos de fácil avaliação e mensuração. Provoca um aumento das receitas para quase todos os tipos de serviços, com um incremento direto na renda dos moradores.

Sobre Curionópolis e Serra Pelada

Curionópolis, hoje tem uma população de aproximadamente 19 mil habitantes e está localizado a 753 quilômetros da capital do Pará, Belém e está localizada bem ao lado da progressista Parauapebas na região de Carajás.

Hoje a economia local se consolida na geração de emprego dos projetos de mineração em implantação e de uma boa fatia do comercio local, onde é real uma significativa geração de empregos. O comercio se configura principalmente nos gêneros alimentícios, de vestuários, hotelaria, combustíveis e serviços diversos.

Ou seja, Curionópolis é uma cidade pacata, com um quotidiano rotineiro e que vê na atividade turística uma oportunidade de fomento, que contribui com a autoestima e com sentimento de pertencimento de suas belezas naturais, suas tradições e de seu ímpeto empreendedor, afinal por lá já é consenso, que o turismo “Resgata tradições culturais e identidade locais e valoriza o saber fazer”, de acordo com opiniões de moradores.

Cava principal de Serra Pelada, hoje inundada (Foto: Ubiraney Figueiredo)

Curionópolis percebe como seu maior atributo, o distrito de Serra Pelada, local, que foi palco da mais fascinante passagem sobre o garimpo no Brasil, onde uma legião de garimpeiros se arriscavam, com esforços dos mais rudimentares para tentar lucrar com uma pequena parte, das toneladas de ouro, que eram garimpadas na grande cava. Há relatos de que em 1983 a exploração alcançou uma produção estimada de mais de 17 toneladas de ouro, considerado o recorde da exploração em Serra Pelada.

Enfim, uma passagem intrigante, alarmante, emocional, desafiadora e muito instigante do desenvolvimento social e econômico daquela região, que merece ser revista, em um capítulo especial por aqui.

Vou tentar, em algum momento, resgatar essa passagem importante da história contemporânea do Brasil.

Um novo produto turístico

Por hora, voltemos ao brilhantismo da iniciativa da implantação da Câmara Empresarial de Turismo da Associação Comercial de Curionópolis, porque já se aproximando o primeiro aniversário de sua implantação, caminha a passos largos, firmando parcerias consistentes, que incluem, dentre outros atores o SEBRAE, vislumbrando apresentar em breve, o seu primeiro produto turístico para o mercado,

Este novo produto chegará com uma pegada socialmente responsável e confirmando que Serra Pelada, com todo o seu arcabouço histórico, social, econômico e emocional, será mostrado como um destino sustentável, no estado do Pará, que colaborará com a conservação ambiental, contribuindo com o acesso aos recursos naturais dentre outros atributos e vocações locais a futuras gerações.

Já dizia a Organização Mundial do Turismo, que “Os impactos socioculturais do turismo nas cidades de destino e na vida dos residentes são o resultado das relações sociais cultivadas durante a permanência dos turistas, cuja intensidade e duração dependem de fatores espaciais e temporais restritos (OMT, 2001)”.

A movimentação turística, consolida-se como atividade geradora de emprego, renda e desenvolvimento econômico, principalmente, em territórios, que apostam nesse ramo de atividade e realizam investimentos de todas as ordens, agregando capacitações profissionais, revitalizações tanto de áreas públicas quanto privadas, além da oferta de novas experiências.

A atividade turística é uma das mais importantes no setor econômico e da geração de emprego e renda, assim como a criação de novos negócios e aumento da produção de bens e serviços, uma vez que traz com ela, desenvolvimento às localidades, e possíveis melhorias na infraestrutura, trazendo benefícios aos turistas e promovendo a qualidade de vida das comunidades!

É inegável, que a atividade turística ordenada e bem planejada, tem uma oferta “democrática” de empregos, gera renda e oportunidades e fomenta o senso de pertencimento local e o desenvolvimento intelectual e econômico das comunidades!

Ainda é precoce falarmos de maneira mais profunda sobre este novo produto turístico, mas de fato, as decisões vêm sendo tomadas por lá!

Um relato consciente da empresária Iraídes

Vejam o que diz a empresária Iraídes Campos, que também é a atual Presidente da Associação Comercial de Curionópolis: “Como Presidente da Associação Comercial e Agroindustrial de Curionópolis (ACAC), vejo a criação da Câmara Empresarial de Turismo dentro da nossa estrutura como um passo estratégico e visionário.

Este movimento não é apenas uma aposta no turismo como vetor de desenvolvimento econômico, mas também um reconhecimento do potencial inexplorado de nossa região. A qualificação da cadeia produtiva local, em sintonia com a valorização das nossas potencialidades turísticas, reflete nosso compromisso com a sustentabilidade e a geração de oportunidades. Estamos diante de uma possibilidade real de transformar Curionópolis em um destino reconhecido pela sua oferta turística diferenciada e responsável, fomentando assim, não só o crescimento econômico, mas também a inclusão social e a preservação ambiental.

Cava principal de Serra Pelada (Foto: Ubiraney Figueiredo)

Além disso, não podemos esquecer o papel fundamental que a história e a cultura do garimpo desempenham em nosso município, especialmente em Serra Pelada. O legado econômico e social dessa era marcada pela força e determinação de nossos antepassados, constitui uma rica herança que pretendemos valorizar e compartilhar com o mundo.

Ao integrar a narrativa do garimpo à nossa proposta de turismo, reafirmamos a identidade única de Curionópolis e criamos uma conexão autêntica com visitantes em busca de experiências significativas. A ACAC está comprometida em liderar esse movimento, visando não apenas o engrandecimento econômico, mas também a preservação da nossa história e a promoção de um futuro mais próspero e sustentável para todos.”

Fantástico, concordam? Fico maravilhado, depois de tantos anos militando nos processos de desenvolvimento responsável do turismo no Brasil, ouvir o segmento empresarial ter tamanha clareza do seu fundamental papel neste processo.

Planejamento turístico é essencial

Dentre outras questões, essa percepção traz à tona a importância do planejamento turístico. Nada se transforma “da noite pro dia”, como se diz no bom mineirês!

Trata-se de um exercício de alinhar o trabalho dos diferentes atores ligados ao turismo, de forma a obter um conjunto integrado de ações que contribuam como o desenvolvimento e melhoria dos produtos e serviços turísticos e, consequentemente, melhore a qualidade de vida e aquece a economia local;

Por isso criar uma Câmara Empresarial de Turismo na estrutura da Associação Comercial de Curionópolis, foi uma tacada de mestre, uma vez que a própria entidade cuidou de se instrumentalizar para o desenvolvimento de uma nova matriz econômica, promovendo a gradativa diversificação na economia local.

O ponto positivo para a Câmara Empresarial de Turismo é que o Brasil só teve uma aventura social chamada Serra Pelada e ela está em Curionópolis. Já o contraponto está no fato de que a mesma Câmara Empresarial de Turismo não pode e não vai errar!

Entenda as Câmaras Empresariais

As Câmaras Empresariais são órgãos colegiados, consultivos, de apoio e intermediários nas representações, promoções e defesa dos interesses do desenvolvimento econômico local. Com estas ferramentas implementadas no meio comercial, ganham o setor dos meios de hospedagem, alimentos e bebidas, transporte, gastronomia típica, artesanato, setor cultural, dentre outros tantos.

Uma Câmara Empresarial de Turismo bem gerida é uma importante instituição que cumpre o objetivo de promover o turismo local e garantir o desenvolvimento sustentável do setor, contribuindo para a geração de emprego e renda e para a valorização da cultura e dos recursos naturais da região, que aliás são inúmeros.

O fato de a Associação Comercial instituir um foro de discussão, em nível de integração, entre o mercado e a atuação dos agentes econômicos privados e os trabalhadores no município, cria um canal significativo para que se promova um desenvolvimento local e este, alinhado com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, que são um forte apelo à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e assegurar que todas as pessoas tenham paz e prosperidade.

Não menos importante é o fato de que se torna primordial que a Câmara Empresarial de Turismo em Curionópolis atue como agente intermediário nas representações, promoções e defesa dos interesses do desenvolvimento sustentável da cidade, incentivando a qualificação de mão de obra, gerando fóruns de discussões, que estreitarão diálogos com empresários da cadeia produtiva e a sociedade local.

Daniel Soares, empresário e gestor da entidade

Um dos entusiastas e pessoa que cumpriu um papel importante na decisão de se implantar a Câmara Empresarial de Turismo na estrutura da Associação Comercial e Agropastoril de Curionópolis, o empresário e gestor da entidade, Daniel Soares comenta, “Vislumbramos no turismo não apenas uma fonte de renda adicional, mas uma poderosa ferramenta para qualificar a cadeia produtiva local. Através do desenvolvimento de serviços turísticos de qualidade, capacitando os empreendedores locais e promovendo a preservação dos recursos naturais, podemos impulsionar o crescimento econômico de forma sustentável. Além disso, reconhecemos as potencialidades únicas de nosso município como um destino turístico sustentável.

Monumento ao garimpo (Foto: Ubiraney Figueiredo)

Curionópolis possui uma rica história e paisagens deslumbrantes, que podem atrair visitantes em busca de experiências autênticas e contato com a natureza. Através da promoção e valorização desses atrativos, podemos diversificar nossa economia e criar oportunidades para a comunidade local.

É impossível falar sobre o potencial turístico de Curionópolis sem mencionar a força histórica e social do movimento do garimpo em nosso distrito de Serra Pelada. Essa trajetória única deixou um legado econômico e cultural que ainda ressoa em nossa comunidade. Ao reconhecer e preservar essa herança, podemos não apenas atrair visitantes interessados em conhecer nossa história, mas também gerar oportunidades de emprego e desenvolvimento para nossos cidadãos.

Portanto, vemos na implantação da Câmara Empresarial de Turismo uma oportunidade de unir esforços e recursos em prol do desenvolvimento sustentável de Curionópolis. Ao trabalharmos juntos para promover nosso destino e qualificar nossa oferta turística, estamos construindo um futuro mais próspero e inclusivo para todos os envolvidos.”

Pois é, preciso caminhar para o fechamento desse texto, mas antes, é necessário ressaltar que mesmo repetindo insistentemente a força propulsora na economia, que pode ser impulsionada por meio da atividade turística, todas as vezes, que me deparar com tomadas de decisões assertivas em favor do desenvolvimento de territórios lançando mão deste segmento que prezo tanto, como foi o caso da Associação Comercial de Curionópolis, implantando um colegiado específico para discutir o tema turismo, farei questão de trazer ao destaque.

Acompanhem o município de Curionópolis daqui pra frente e observem a transformação, que está só começando!

Viva a Região Norte e viva o Brasil!

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Diversa, Brasília quer se tornar um dos principais destinos turísticos do país

Lisboa — Brasília quer ser muito mais do que a capital da arquitetura brasileira aos olhos dos turistas estrangeiros. Por isso, adotou uma estratégia agressiva para se promover na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), um dos principais eventos de turismo do mundo. A meta, segundo Bruno Tempesta, subsecretário de Produtos e Política de Turismo do Distrito Federal, é mostrar todas as faces da sede da República, reconhecidamente um museu a céu aberto, com uma gastronomia riquíssima, cercada por belezas naturais e recheada de eventos o ano inteiro.

“Todos sabem que a arquitetura de Brasília é icônica, mas há muitos outros atrativos oferecidos pela cidade. Temos a vertente religiosa, a vertente esportiva, a vertente rural. Além disso, a cidade respira vida, respira festivais. Acabamos de retomar o Rali dos Sertões, que estava fora do nosso calendário havia anos”, afirma Tempesta. “É esse potencial que precisa ser explorado juntos aos turistas estrangeiros, que, cada vez mais, estão desembarcando na cidade”, complementa. “Não podemos esquecer que Brasília é o único destino turístico do Brasil listado pelo New York Times para este ano.”

Segundo o subsecretário, toda a promoção das belezas de Brasília estão casadas com a atração de mais voos internacionais. Há, hoje, uma rota diária ligando a capital a Lisboa, o que tem facilitado a atração de viajantes europeus. Recentemente, a cidade passou a ser conectada com Lima, no Peru, e, em julho, terá uma rota direta com Santiago, no Chile. “Nós conseguimos ainda, com as grandes companhias aéreas, a possibilidade do stopover em Brasília. Ou seja, os turistas podem parar alguns dias na cidade sem custo adicional nas passagens, antes de se deslocarem para outras localidades”, conta.

Essa parada estratégica é um diferencial dentro de um mercado cada vez mais competitivo. “Promovemos Brasília como um destino turístico diferente dos tradicionais, como Rio de Janeiro, Bahia e outras cidades do Nordeste. Não podemos negar que o Brasil é um país maravilhoso, com muita coisa para visitar, mas Brasília tem todo um diferencial “, reforça Tempesta. “Além disso, temos toda a segurança e a mobilidade que o turista exige, inclusive com um aeroporto que é o segundo hub do país.”

Outra vantagem para os visitantes é a oportunidade de conhecerem cidades históricas que ficam no entorno de Brasília, como Pirenópolis, e de desfrutar da beleza natural da Chapada dos Veadeiros, com todas as suas cachoeiras. Não só: como única cidade moderna considerada patrimônio da humanidade, a capital do país tem um céu espetacular e uma cena musical de fazer inveja. “Ou seja, Brasília é um destino completo”, frisa o subsecretário.

Ele reconhece que são muitos os desafios para colocar Brasília no roteiro definitivo dos turistas, inclusive dos estrangeiros. “Mas estamos dispostos a fazer um trabalho de excelência. Estamos negociando mais voos internacionais, melhorando a infraestrutura da cidade, reforçando a segurança e participando de feiras no exterior. Já estivemos na Argentina e na Espanha, e a receptividade foi muito boa”, relata.

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No Caribe, Lula diz que não discutirá Essequibo com Guiana e Venezuela

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (29/2) não ter conversado com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, sobre o conflito com a Venezuela envolvendo a região de Essequibo. O petista afirmou ainda que não irá tratar do tema com Nicolás Maduro, com quem deve se reunir amanhã (1º/3).

De acordo com o brasileiro, o tema não foi tratado por não estar na pauta da reunião com Ali, que discutiu especialmente investimentos e projetos de desenvolvimento e infraestrutura na região. Lula destacou, porém, que o Brasil defende uma saída pacífica e que está disponível para participar das negociações.

“Não era o momento de discutirmos (Essequibo), era uma reunião bilateral para discutir desenvolvimento, para discutir investimentos. Mas o presidente Irfaan sabe, como sabe o presidente Maduro, que o Brasil está disposto a conversar com eles a hora que for necessário, quando for necessário, porque nós queremos convencer as pessoas que é possível, através de muito diálogo, encontrar a manutenção da paz”, respondeu Lula ao ser questionado por jornalistas após a reunião.

O encontro não foi a portas fechadas, e contou com ministros brasileiros e guianenses. Entre os presentes estavam Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Desenvolvimento Regional (Waldez Góes) e Renan Filho (Transportes).

“Da mesma forma, eu não foi discutir com o presidente Maduro essa questão, porque a reuniao não é para isso. Vou discutir a Celac [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos]. Vou encontrar o Maduro lá. Não pretendo discutir [Essequibo]”, disse ainda Lula. Em sua visão, a disputa não se resolverá tão cedo, já que perdura há mais de um século.

O governo de Maduro quer anexar Essequibo, região pertencente à Guiana. A disputa não é recente e já foi arbitrada pela Corte Internacional de Justiça, que decidiu a favor da Guiana. Porém, o contencioso se acirrou após a descoberta de grandes reservas de óleo e gás na região, o que impulsionou a economia guianense.

No ano passado, Maduro chegou a ameaçar uma invasão militar. O Brasil agiu para intermediar a crise, assim como outros países da região, incluindo São Vicente e Granadinas. Desde então, não houve escalada.

“O Brasil tem uma decisão de que o mundo não comporta mais atrito. O mundo precisa encontrar paz, para a gente poder construir um mundo mais humanitário, mais solidário, com menos sofrimento”, destacou o presidente Lula.

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Rafael Brito é empossado presidente da Frente Parlamentar da Educação

O deputado Rafael Brito (MDB-AL) tomou posse nesta quarta-feira (28/2) como novo presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação da Câmara dos Deputados. O ministro Camilo Santana esteve presente na ocasião.

“Temos uma série de novos desafios para 2024. O novo ensino médio está batendo na nossa porta. Precisamos de uma vez por todas amarrar os laços para que a gente possa entregar ao Brasil o que ele merece, um novo ensino médio para que a gente vire a página”, afirmou Brito durante discurso.

Ele ainda comentou “assuntos latentes na educação”, como a alimentação escolar e a valorização dos professores. “A alimentação justa (e) uma infraestrutura adequada é um desafio que escutamos há muito tempo, mas que tenho uma confiança muito grande nessa legislatura, neste governo, nesta gestão do Ministério da Educação, para que a gente resolva”, complementou o parlamentar.

O ministro da Educação, Camilo Santana, deu boas vindas a Brito e falou de aproximação do ministério com o Congresso Nacional. “Quero que a gente possa criar sistemática de aproximar mais o MEC da Frente Parlamentar Mista da Educação para que a gente possa debater projetos importantes para a educação nacional”, afirmou Santana.

O senador Flávio Arns (PSB-PR) também tomou posse como vice-presidente durante a cerimônia. Deixa o posto da presidência a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP).

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Uma capital qualquer

Superquadras subdivididas em blocos, totens que orientam motoristas e pedestres em meio à paisagem repetitiva, arquitetura modernista, vias largas (cidade rodoviarista), arborização pesada. O temperamento frio e distante do brasiliense é outro aspecto evocado por aqueles que veem Brasília como uma cidade distante da realidade das outras grandes capitais brasileiras.

A renda significativamente mais alta do que qualquer outra unidade da federação também deslumbra. Em levantamento recente, o Lago Sul saiu como campeão entre os bairros mais ricos do país. A frota náutica, maior do que a de muitas metrópoles costeiras, beira o inacreditável.

De fato, a capital do país guarda muitas peculiaridades, o que faz com que muitos a achem pouco representativa daquilo que consideramos o arquétipo de cidade brasileira. No entanto, com olhos e ouvidos atentos, vemos que é exatamente o contrário: a capital da República é uma representação máxima do projeto de desenvolvimento do Brasil.

Como maior canteiro de obras do planeta no século passado, Brasília atraiu famílias de todas as regiões do país para que o sonho de Juscelino Kubitschek fosse, literalmente, concretizado. São pessoas que largaram tudo, casa, amigos, familiares, vizinhança, cultura, para tentar uma vida melhor na capital então em gestação. Quem já ouviu pioneiros contando as histórias da viagem de seus locais de origem até o Planalto Central sabe que a missão era nada fácil. Eram dias de pau-de-arara, famílias inteiras dividindo barracos minúsculos, jornadas extenuantes de trabalho, falta de infraestrutura e outros percalços que não foram suficientes para interromper a construção de Brasília.

No entanto, nem mesmo essas jornadas heroicas impediram que o Brasil continuasse sendo o Brasil, mesmo nas remotas e pouco habitadas terras da região central. No início dos anos 1970, milhares de famílias de operários foram removidas da Vila do IAPI, que era localizada onde hoje é o início da EPNB, para Ceilândia. “Peguem suas trouxas de roupas, utensílios e tábuas e vão para bem longe daqui”, imagino a ordem.

E foram para mais de 20 quilômetros do centro de Brasília, local onde não havia água tratada, luz elétrica, pavimentação e transporte público quase nulo. No caso da Vila Amaury, submersa pelo Lago Paranoá, o plano era manter um exército de operários para as construtoras até que a água do lago, que subia lentamente, se encarregasse de enxotar naturalmente todos dali. Nem parecia que se tratava de gente: homens, mulheres, crianças e idosos.

São histórias que poderiam ser de qualquer outra grande cidade brasileira. Não há novidades. Brasília é apenas a continuação do sonho daqueles que sempre comandaram o país: higienizada, apartada, cara e inacessível.

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