Comercial Norte pede socorro: população reclama de problemas em Taguatinga

O comércio no centro de Taguatinga Norte movimenta a cidade financeiramente, mas a Avenida Comercial enfrenta problemas que atrapalham a vida dos frequentadores, além de desvalorizar a região. Desníveis e buracos nas calçadas dificultam o tráfego de pedestres, o acúmulo de lixo causa mau cheiro em pontos de coleta e comerciantes têm denunciado aumento de roubos e violência.

Os idosos estão entre os mais afetados pelos problemas. Valmir de Oliveira, de 75 anos, reclama das condições que encontra na avenida quando caminha até a casa da irmã, que fica na região. De acordo com ele, o trajeto tem sido cada vez mais incômodo e até as paradas de ônibus estão se tornando dor de cabeça, com falta de espaço por conta do lixo espalhado.

Valmir de Oliveira reclama do acumulo de lixo e demora na sua coleta

“Tem três dias que esse lixo está aí. Eu passei aqui na segunda-feira e ele já estava ali, do mesmo jeito. Na outra esquina também tinha muito lixo. Atrapalha muito para caminhar por aqui”, relatou o aposentado.

Funcionárias de uma malharia na avenida, Amanda Cristina, 23, e Marileide Pereira, 35, dizem que a insegurança dos comerciantes da região aumentou com a reforma da Praça do Relógio, que teria feito com que pessoas em situação de rua deixassem o local rumo à Avenida Comercial.

Francisco Xavier, de 54 anos, cuida de uma loja de materiais elétricos na região com o filho Hebert Vinícius, de 25 anos. Pai e filho também sentem a insegurança crescendo na região. Eles compartilham a ideia de que isso se deve ao crescente número de pessoas em situação de rua, mas acham que isso tenha sido causado pela mudança de endereço do Centro POP de Taguatinga, que teria feito com que um número maior de pessoas passassem pela região.

O comerciante Francisco Xavier se preocupa com a segurança da região

“Geralmente eles dormem na porta das lojas e de manhã, às vezes, acabamos tendo problemas por isso. Tem um homem que passa do outro lado da rua de vez em quando com uma faca, gritando. Então, tem muita gente que se assusta”, denunciou Hebert.

Manoel Alves, de 67 anos, acha que os desníveis, buracos e escadas irregulares podem ser problemas para pessoas mais velhas, como ele. “Se uma pessoa cai, pode se machucar. Sempre que estou aqui, eu passo por esta avenida e tem sido cada vez pior. Eu ainda não tive nenhum problema, porque enxergo bem e tenho boa locomoção, mas para as pessoas da terceira idade são muitos obstáculos nas calçadas”, opinou.

Ele reclama do lixo acumulado, mas acredita que esse problema é comum em todos os grandes centros urbanos. Aposentado, ele diz optar por fazer as suas compras sempre no período da tarde, por acreditar que à noite o local não é seguro.

Lixo espalhado ajuda com desvalorização do comércio ao afastar clientes

A aposentada Luzia Feitosa, de 72 anos, também sente dificuldades para fazer suas compras no setor por problemas com a infraestrutura. Com idade mais avançada, ela lamenta que seja mais fácil andar de carro para frequentar o comércio, em vez de poder caminhar com tranquilidade.

“Nas escadas da calçada tem uma diferença grande nos degraus, um mais alto do que o outro. Ao longo da comercial tem muitos buracos e carros estacionados em cima das calçadas também. Isso tudo atrapalha para caminhar. Passo com muita frequência aqui nos comércios, mas aqui é melhor dirigir do que andar a pé”, lamentou a idosa.

Obstáculos nas calçadas prejudicam o dia a dia de idosos que frequentam os comércios

A Administração Regional de Taguatinga reconheceu que, ainda que faça operações tapa-buracos diariamente, o setor comercial ainda apresenta empecilhos para o trânsito de pedestres e motoristas. O órgão afirma que o setor QNE receberá reparos, nos quais serão identificados pontos onde é preciso fazer ajustes.

Com relação ao acúmulo de lixo, a admiministração afirma que a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) faz coletas e varrições diárias na cidade. O órgão garantiu que irá enviar uma equipe ao local para atender aos pedidos e reforçar a manutenção e a conservação das vias.

Sobre os problemas com pessoas em situação de rua, a administração informou que monitora as demandas do tipo e está em constante diálogo com os órgãos responsáveis, com o objetivo de garantir que as devidas medidas sejam adotadas. “Nos últimos meses, diversas operações de acolhimento foram realizadas em conjunto com diversos órgãos do GDF, visando oferecer apoio e soluções para essas pessoas em situação de vulnerabilidade”, sustentou a administração em nota.

A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) informou que não pretende mudar o Centro Pop de local e que ele está instalado em uma área central de fácil acesso à população de rua, conforme preconiza a política pública do Sistema Único de Assistência Social (Suas). A pasta frisou que não faz remoção de pessoas em situação de rua, mas se esforça para garantir os direitos de uma população vulnerável e bastante estigmatizada.

A secretaria acompanha, sistematicamente, as pessoas em situação de rua do DF, incluindo as que vivem na região de Taguatinga e na Praça do Relógio, por meio de 27 equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) organizadas nas regiões administrativas. As equipes podem ser acionadas pela população por meio da Ouvidoria, no 162.

*Estagiário sob supervisão de Eduardo Pinho

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